sábado, 13 de junho de 2009

A PARÓQUIA DE S. MIGUEL DE IPOJUCA

ANTIGUIDADE DA PARÓQUIA


Ipojuca é uma das mais antigas freguesias da Capitania de Pernambuco. [1] Documentadamente, consta sua existência em 1589. “... a 24 de janeiro de 1594 já era falecido o vigário Gaspar Neto”[2] , o primeiro vigário da Paróquia de que temos conhecimento.
“Em um auto [Denunciações de Pernambuco, do Santo Ofício] de 09 de janeiro de 1594, lê-se: freguesia de São Miguel, em Pojuca além do Cabo cuja anexa é a capela de St.ª Luzia na Fazenda de Pero Dias da Fonseca, ou seja, o engenho Tabatinga.” [3]
O Padre Paulo Roiz de Távora, em documento de 08 de fevereiro de 1594, consta como vigário de São Miguel de Ipojuca ou Pojuca (o segundo), a qual tinha anexa a capela filial de Santa Luzia de Tabatinga, com um capelão, o Padre Cosme Neto, nela residente. [4]
“A paróquia de Ipojuca estendia-se pelo menos de Tabatinga e da aldeia de N. S.ª da Escada até a aldeia de Uma (limites de Alagoas) , esta, também chamada de S. Miguel de Iguna. A aldeia deN. S.ª da Escada foi fundada logo depois de 1589, pelos padres jesuítas, enquanto a aldeia de Uma, já em fins de 1593, era curada pelos franciscanos.” [5] A povoação de Ipojuca, sede da Paróquia ou Freguesia de São Miguel, era, de há muito, familiar aos franciscanos, pois estava no seu itinerário das Missões.
E Frei Venâncio adianta: “... nada impede que mais ou menos pelos anos de 1580 tenha sido criada a paróquia de São Miguel de Ipojuca.” [6]
Com base nesse informe, a Paróquia comemorou em 1980 o seu 4º Centenário, como veremos adiante.
PADROEIRO – É o Arcanjo São Miguel, celebrado a 29 de setembro, juntamente com os Arcanjos Gabriel e Rafael. São os três Arcanjos cujos nomes significam:
-Miguel, “quem como Deus?”;
-Gabriel, “força de Deus“ ou “aquele que está diante de Deus” ;
-Rafael, “Deus cura” ou “medicina de Deus”.
O Arcanjo São Miguel foi constituído por Deus como “guarda e protetor da nação israelita, como se lê no profeta Daniel: Surgirá Miguel, o grande Príncipe, que guardará o teu povo (Dan 10, 13-21 E 12,1).
É, portanto, “o Anjo da Guarda do Povo, é o chefe do exército celeste, que combate ao seu lado até à vitória definitiva”, como diz Frei Carlos Alberto Breis (Beto) na apresentação do programa da festa de 2004.
A Festa deste ano de 2006, preparada pelo Vigário Frei Wellington Reis e sua equipe, teve como tema: Com a proteção de São Miguel, levanta-te e vem para o meio!
O tema retoma o espírito da Campanha da fraternidade / 2006: é um convite a nos colocar ao lado dos pequenos e marginalizados, especialmente ao lado das pessoas especiais.
Frei Wellington Reis, OFM, é o atual vigário da paróquia de São Miguel. Os demais frades da Comunidade Franciscana de Ipojuca são os seus colaboradores mais próximos na evangelização do nosso povo,
O tema de 2007: São Miguel, ajuda-nos a defender a vida.
“O tema da festa deste anos (2007), sugerido em Assembléia Pastoral, traz consigo uma sintonia com o tema e lema da Campanha da Fraternidade deste ano: Vida e Missão neste chão. Defender a Vida, duas palavras fundamentais do tema (da Festa ) deste ano sintonizam-se também com a mensagem bíblica da figura do Arcanjo Miguel.” [7]

A Matriz de São Miguel – a primitiva Matriz, segundo Ivo d´Almeida, historiador ipojucano, em seu livro inédito DE UMA LENDA À VERDADE, foi destruída por um incêndio em 1814 e parcialmente reconstruída em 1857 (pg. 23). Depois ruiu totalmente. Ficava na parte mais alta da cidade, onde hoje se encontra o cemitério.
A partir de então, a Matriz passou a funcionar na igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos (provavelmente dos “escravos libertos”), para onde foi levada a antiga imagem de São Miguel. É um pouco mais acima do Convento, entre este e a primitiva Matriz.
Havia ainda a igreja do Rosário, provavelmente “dos homens pretos” , uma vez que, conforme o costume do tempo, próximo à igreja do Livramento, se erguia a do Rosário dos escravos. Ficava “no mesmo lado da igreja do Livramento, no local logo mais acima onde hoje está localizada a COMPESA. Sua principal festa era a de São Benedito. Essa igreja desmoronou há muito tempo, bem antes da Matriz de São Miguel se incendiar em 1814. Da construção ficou apenas o cruzeiro que passou a servir de local para orações dos [pretos] devotos de São Benedito... e com o tempo passou a ser utilizado por todas as pessoas que não queriam ou não podiam ir ao cemitério mas queriam reverencias os mortos com orações, velas acesas e flores em finados” [8]. Não sabemos de quando é a igreja do Livramento. Segundo Ivo d´Almeida é muito antiga, pois em 1814 passou a servir de Matriz.
Muitos atos religiosos são celebrados na igreja de Santo Antônio, do Convento do mesmo nome, conhecida também como igreja do Senhor Santo Cristo, por abrigar a milagrosa imagem do Crucificado que aí é venerada desde 04 de novembro de 1663.

Uma igreja de S. Roque? - Segundo uma tradição de ipojuca, endossada por Ivo d`Almeida, havia mais uma igreja: a S. Roque, incendiada por volta de 1800; dela nada teria restado, pois “suas pedras foram levadas para o Convento pela população quando da reconstrução da igreja após o incêndio de 1935, e hoje estão incorporadas às paredes do Convento de Santo Antônio de Ipojuca.” [9]

Frei Venâncio Willeke desconhece a existência dessa igreja e cita Frei Jaboatão, segundo o qual havia no Convento os Terciários, dos quais o primeiro Comissário foi nomeado na Congregação de 16 de junho de 1703, que tinham por titular o Glorioso S. Roque, cuja imagem se achava no altar do Senhor Santo Cristo (na Capela lateral do Bom Jesus), sem que lhe construíssem capela própria (“sem até agora fazerem capela”)[10]. Não havia Ordem Terceira em Ipojuca antes daquela nomeação. Quando Frei Jaboatão se refere a Francisco Dias Delgado como “ nossos irmãos da confraternidade”, “não significa ter este pertencido à Ordem Terceira, mas ao número dos benfeitores filiados à Ordem Primeira.” [11]
Não se sabe de onde veio a tradição de uma igreja de São Roque em Ipojuca, quando Frei Jaboatão, em meados do século XVIII, já dizia que os devotos de São Roque tinham uma imagem (que hoje se encontra na igreja do Convento), mas que nunca lhe construíram uma capela.
No entanto, não deixa de merecer a atenção dos historiadores a possibiliade de uma igreja de São Roque, pois a memória do povo geralmente tem algum fundamento na realidade. Do lado direito do cemitério de Ipojuca ateria havido um nicho de S. Roque e o bairro tem o seu nome. Este autor visitou aquela área neste mês de outubro de 2007. Conversando com os moradores mais antigos, constatou não existir nenhuma tradição sobre uma capela ou nicho de São Roque naquelas redondezas. Indo pelo beco, à direita do cemitério, chega-se ao chamado Bairro de S. Roque, muito escarpado, vendo-se, mais abaixo, uma puxada em alvenaria da casa em anexo, que, segundo o dono, era onde os paroquianos, anos atrás, pensavam em construir uma Capela em honra de S. Roque. Não sabiam dizer também porque o bairro se chamava de S. Roque.

[1] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, p. 12.
[2] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, obra citada, p. 13..
[3] Id. ibd. p. 13.
[4] Id. Ibd. p. 13.
[5] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, p. 13 (cfr. também p. 84, nota 17 ao Cap. IV.
[5] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, p. 13 (cfr. também p. 84, nota 17 ao Cap. IV.
[6] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, p. 12.

[7] Programa da Festa de São Miguel de 2007.
[8] Cfr. D´ALMEIDA, Ivo -, DE UMA LENDA À VERDADE, Copyright 2005, pp. 23 a .24.
[9] D´ALMEIDA, Ivo -, DE UMA LENDA À VERDADE, Copyright 2005, p .24.
[10] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, pp. 42 a 43.
[11] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, p. 42.

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