sexta-feira, 3 de maio de 2013



FREI JOSÉ FRANCISCO DE GUADALUPE MOJICA

NOME ARTÍSTICO: FREI MOJICA


A foto com Frei Marcelo Gorken (na época professor de grego em Ipuarana), foi na chegada ao nosso colégio ou no aeroporto de Campina Grande.



Corria o ano de 1950. Eu cursava o 2º ano Ginasial, como de dizia na épova, do Colégio Seráfico de Santo Antônio de Ipuarana (em Lagoa Seca – PB) a cerca de 9 km de Campina Grande. Como seminarista franciscano eu só tinha um desejo: tornar-me um Missionário Franciscancano, como Frei Emanuel que me encaminhou para o Colégio Sertáfico, quando pregava Santas Missões na Paróquia de Bezerros, coração do Agreste pernambucano. Eu tinha 11 anos, quando papai me confiou a Frei Artur Reekers em Ipuarana. Ele e mamãe curtiram imensa saudade, dor que ofereciam a Deus pela vocação do filho. Jamais se arrependeram do passo que deram. O mesmo posso dizer de mim mesmo.

Corria o ano de 1950, repito. A alegria tomou conta do Colégio Seráfico, quando ficamos sabendo que o o grande astro de Hollywood que trocara o vida de artista pela vida franciscana, vinha visitar o nosso Seminário.

Quase de improviso, no grande salão de recreio, realizamos em sua homenagem uma Sessão Magna, com a presença dos frades, dos alunos, das Irmãs franciscanas que trabalhavam para nós, e de visitantes da comitiva de Frei José Mojica. Provavelmente não faltava o jornalista e empresário Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, natural de Umbuzeiro (PB), mas que, em menino, frequentava a casa das tias residentes no Sítio Amaragi, do nossa paróquia de Lagoa Sêca.

A saudação a Frei Mojica foi pronunciada por João Batista dos Santos, o futuro Frei Demétrio, de saudosa memória.

Mojica vinha a convite de Chateaubriand participar do show da TV Tupi-PRF3, em São Paulo.

Noticiava-se: a Televisão no Brasil tem sua pré-estréia no dia 3 de Abril de 1950 com a apresentação de Frei José Mojica, padre cantor mexicano. As imagens não passam do saguão dos Diários Associados na Rua 7 de Abril em São Paulo, onde há alguns aparelhos de TV instalados.

“O Frei José Mojica cantou acompanhado por um franciscano peruano, o pianista Pacifico Chirino e pela orquestra Tupi. Na inauguração da TV, ele fez um discurso muito bonito, declarando: "Todos os aplausos e todos os prazeres não dão a paz, nem valem o que vale uma hora de serviço ao Cristo"!



“Feliz com os resultados da experiência, o Assis Chateaubriand, dono da Rádio Tupi, da TV que estava nascendo - que tantos julgavam ser um ato de loucura, da Revista O Cruzeiro e dos Diários Associados entre outros -, publicou, na manhã seguinte, a noticia do êxito da experiência da televisão, que minha mãe leu em voz alta para eu ouvir e convidou o Frei Mojica para uma segunda apresentação da TV experimental no dia 7 de julho” .



“Chatô, como era chamado, espalhou monitores de TV nos cruzamentos das ruas 7 de Abril e Bráulio Gomes, para que a população pudesse assistir, pois as pessoas ainda não tinham aparelhos de televisão em casa.



Nessa época, eu circulava direto nesse meio por fazer parte do grupo de arte da Mary Buarque, com seu programa Pequenópolis e do Clube Papai Noel que, logo após a inauguração oficial da TV no dia 18 de setembro, passou a ser apresentado na Rádio Tupi e também na TV aos domingos pela manhã. Por isso, conhecia todo mundo.



O programa televisionado foi realizado no Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista, às 17 horas, apresentando o frei cantor, como diziam, para uma seleta platéia convidada. Eu estava lá, com meus pais, e o ouvimos declarar: "Em verdade, nunca pensei que após entrar para a vida religiosa, algum dia voltasse a apresentar-me em atividades radiofônicas, como agora". Nesse dia, eu ganhei uma bela foto dele, sempre vestido de frade, autografada e dedicada a mim com palavras de estímulo e elogios aos meus estudos musicais.



A belíssima voz do Frei José Mojica tornou-o o primeiro tenor da Ópera de Chicago, logo após ter sido apresentado pelo incomparável Caruso. Tornou-se conhecido e famoso cantando clássicos da música popular em seus filmes de galã, como Maria La-Ô e Jura-me, antes de assumir a vida religiosa.



O Frei Mojica, considerado um dos grandes artistas latinos do século, antes de entrar para a vida religiosa, não pretendia retornar à vida artística, mas os frades o autorizaram a voltar a cantar, para arrecadarem fundos para as obras da Igreja, pois ele havia sido o galã mais bem pago de Hollywood nos seus tempos de artista, quando morava com a mãe numa mansão cor-de-rosa, com quadra de tênis e piscina, conforme aparecia nos jornais da época - um luxo bastante incomum.



Apesar do sucesso que atingiu, - pois além da voz belíssima ele era muito bonito, como já disse -, nunca se ouviu falar de farras e namoradas e foi por causa de uma doença da mãe que ele prometeu abandonar tudo e sagrar-se frade” (anamariamortari@bol.com.br).

Voltando a Ipuarana, com que emoção eu toquei no 3º violino na orquestra.

Estavam ali, a nossa frente, Frei Mojica e o franciscano peruano, Frei Pacifico Chirino, seu pianista.

Que alegria ter a confirmação do que Jesus nos diz no Evangelho sobre aqueles que deixam tudo para segui-lo: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos ou irmãs, ou pai, ou mãe, por amor o meu nome, receberá 100 vezes tanto nesta vida e herdará a vida eterna” (Mt 19, 29).

Frei Mojica nos mostrou como em sua vida aconteceu exatamente como Jesus predissera: deixou tudo e encontrou tudo e muito mais, pois no mundo inteiro ele tem casa, pai, mãe. irmãos, amigos, pois em todo canto ele encontra presente a Ordem Frenciscana, onde é sempre bem acolhido.

Nós cantamos para Mojica:

Juventude franciscana,

Eia, avante com ardor!

Neste mundo nada engana

Nosso coração em flor.

E o estribilho:

Nossa peleja de guarda juvenil

É pela Igreja, pelo Brasil!

Eu já conhecia o Frei Mojica do cinema (assistira à “Canção do Milagre”. Depois assisti ao filme “Eu Pecador” (lera também sua autobiografia na revista “O Cruzeiro).











quinta-feira, 2 de maio de 2013

BEZERROS: CRUZEIRO DA PASSAGEM DO SÉCULO


Sabemos que na passagem do século XIX para o século XX houve em toda a Diocese de Olinda-Recife uma festa muito bem organizada promovida pelo Governo Diocesano com a participação de todas as Paróquias.

De todos os povoados e sítios foram trazidos cruzeiros que foram abençoados e voltaram em procissão para serem “plantados” às entradas de cada lugar.

Consta que em Bezerros havia um “cruzeiro do século” nas principais entradas ou saídas da cidade.


Um destes cruzeiros se erguia perto do antigo matadouro. E aconteceu que um “nova-seita” (protestante) derrubou o referido Cruzeiro, provocando a indignação dos paroquianos. O Delegado de Bezerros o obrigou a fazer outro Cruzeiro que veio do Retiro em procissão e foi solenemte colocado no lugar do demolido.

É justamente isto que vemos na fotografia.

Quem me contou o fato foi Maria da Casa-grande (a 30 de março de 1994), de saudosa memória, pois ninguém dos mais velhos sabia explicar a fotografia que encontrei numa das gavetas do quarto-do-santos. Em que época se deu isso? Talvez pelo modo de vestir do povo se possa chegar a alguma conclusão.

Fica aqui registrado para a história.