segunda-feira, 28 de novembro de 2011

BOM JESUS DE IPOJUCA

A DEVOÇÃO AO BOM JESUS DA MATRIZ DE IPOJUCA, A MAIS ANTIGA DO BRASIL?


O que pouca gente sabe (até mesmo entre os frades) é que a devoção ao Senhor Bom Jesus ou Senhor Santo Cristo de Ipojuca vem sendo guardada e celebrada sem interrupção desde o seu início no ano de 1663. Seria a a segunda mais antiga devoção ao BOM JESUS de todo o Brasil, já que a do Senhor Santo Cristo ou Bom Jesus de Iguape (São Paulo) teve o seu culto público aberto a 2 de novembro de 1647 (veja na Internet, pesquisa Google).

Pesquisando mais as fontes históricas, hoje Frei José Milton não tem a menor dúvida: a devoção, documentadamente (!) mais antiga do Brasil ao Senhor Bom Jesus foi a do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca, que remonta a 1606!

A fonte principal que o levou a esta conclusão é o historiador Pereira da Costa nos Anais Pernambucanos.

Pereira da Costa considera fato verossímel que a Freguesia de São Miguel de Ipojuca tenha sido criada em 1595 pelo Bispo Diocesano Dom Frei Antônio Barreiros, com sede na Bahia, naquele ano de Visita Pastoral em Pernambuco.
Já Frei Venâncio Willeke admite que a Visita Pastoral se deu de 1584 a 1585, ou, segundo alguns, de 1586 a 1587, ocasião em que teria sido criada a Freguesia de São Miguiel de Ipojuca.
As Denunciações do Santo Ofício de Pernambuco e da Bahia fornecem autos que nos permitem concluir que em 1589 ou, no máximo, em 1590, já existia a Freguesia de São Miguel de Ipojuca.
É possível, que ela tenha sido criada na década de 1580.
Segundo Pereira da Costa, a partir da Visita Pastoral de Dom Antônio Barreiros, “não são raros os documentos que aparecem sobre o assunto [isto é, a Freguesia de Ipojuca]" .
E aponta, nomeadamente, a escritura pública lavrada em 11 de agosto de 1607, pela qual Dona Margarida Alves de Castro fez doação de terras ao Senhor Bom Jesus da igreja matriz de Ipojuca.
Segundo Pereira da Costa, Fernando Pereira Rego era patrono da Capela do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca em 1606. A Capela se erguia do lado da epístola (lado direito) e tinha suas armas esculpidas no topo do arco. Nela também se via o seu jazigo e da família. Nela foi realmente sepultado. Casou este senhor em 1606 com Dona Margarida Salgado. Vê-se que as duas senhoras Dona Margarida Alves de Castro e Dona Margarida Salgado são a mesma pessoa, citada primeiro com o nome de solteira e, depois, com o de casada.
Sabemos que a Matriz de Ipojuca de que trata a Escritura é a que foi consumida pelo incêndio de 29 de janeiro 1814, a que se refere Pereira da Costa, fato que levou o Vigário Miguel Nunes de Andrade a transferir os atos paroquiais para a Igreja do Livramento dos Homens Pardos, que desde então, até hoje, ficou como Matriz.
Mas, o que nos interessa mais nesta postagem é a descoberta de que, documentadamente, a devoção ao Senhor Bom Jesus mais antiga do Brasil foi a do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca. É possível que a imagem seja a mesma que se encontra na atual Matriz (igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos).
Se a imagem for a mesma, já não vamos dizer que, documentadamente, a devoção ao Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca FOI, mas sim, que É a mais antiga do Brasil.
Observemos ainda que o objeto da doação feita pelo casal Fernando e Margarida não se destinava a São Miguel mas ao Bom Jesus da Matriz, para a conservaçãoe e manutenção de sua Capela e culto, contribuição dos doadores para terem direito a jazigos e sufrágios previstos pelo Direito. Destruída a Matriz e não mais restaurada com a Capela do Bom Jesus,
certamente se perdeu o referido patrimônio. Pereira da Costa o afirma várias vezes.

Brevemente voltaremos ao assunto com mais detalhes.