segunda-feira, 15 de junho de 2009

ESCRAVOS DE IPOJUCA I

OS ESCRAVOS NA FREGUESIA DE IPOJUCA / PE– Encontra-se, no arquivo do Convento de Ipojuca, a capa de um antigo livro paroquial que assim se intitula: “24 – A, Freguezia de São Miguel de ipojuca Livro de Assentos dos filhos de mulher escrava, nascidos da dacta da Lei de 28 de Setembro, Anno 1881 – N.º 2 (1881-1887).
Onde estará o Livro? Provavelmente no Arquivo Paroquial.
O que é certo é que Ipojuca era um dos Municípios com maior número de escravos em Pernambuco.
Documentos holandeses se referem à falta de escravos durante a Guerra, pois muitos morreram, muitos fugiram. Os judeus se aproveitavam da situação de carência para traficar escravos por somas fabulosas, inflacionando o mercado. Vejamos:
No Documento 4 (Texto), de dezembro de1641 a24 de janeiro de 1642:
- A 17n de janeiro de 1642, em Santo Antônio do Cabo:
- “Com João Paes Cabral falei da mesma maneira que com os antecedentes; disse que nesta safra nada podia pagar pois que lhe tinham morrido negros avaliados em mais de 18.000 florins, pelo que não podia moer. Prometeu, depois de ser exortado, cumprir o seu compromisso.” [1]
- A 18 do mesmo (mês de janeiro de 1642, em Ipojuca, depois de visitar o Convento de Santo Antônio:
- “Ali, como em outros lugares, ouvi gerais queixas dos senhores de engenho, sobre a falta de negros, -por ter morrido grande número deles, de tal modo que todos os engenhos dificilmente poderão começar ou continuar a trabalhar. A maior parte dos senhores de engenho queixa-se de que os negros que aqui desembarcaram são comprados em leilões pelos judeus do Recife, aos quais, se quiserem comprá-los, têm de oferecer altos preços, o que não lhes é possível fazer. Dizem, ainda, que os Judeus, sabendo que os senhores de engenho têm necessidade deles, valorizam-nos tanto que lhes parece melhor não fazer trabalhar os engenhos do que adquiri-los a tão altos preços. Comprometeram-se a fazer uma exposição desses fatos para que pudessem ser tomadas providências a respeito.” [2]
É bom ter em mente que muitos negros fugiram para os Palmares, onde fundaram sua República.

[1] Apud, Mello, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, Companhia Editora de Pernambuco – CEPE – Recife, 2004, pg. 150.
[2] Apud, Mello, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, Companhia Editora de Pernambuco – CEPE – Recife, 2004, pg. 152.

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