quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

RECORDAR É VIVER

Hoje meu pensamento se volta para meu saudoso Pai (+ 21-03-1994). Abro a Imitação de Cristo, o célebre livro de Tomás de Kempis (Alemanha, 1380 – 1471), obra que através de tantos séculos tem derramado por toda parte inefáveis consolações, como leio no prefácio desta edição que Papai me ofereceu, por ocasião da despedida de minhas últimas férias, antes de entrar no Noviciado Franciscano.
Ele adquiriu em Maceió um exemplar da última edição das VOZES DE PETRÓPOLIS para presentear-me. Que delicadeza de Papai! Ele tinha gestos assim na hora certa.
Vejam a riqueza do oferecimento, escrito na hora da despedia, me lembro bem:
Ao nosso querido Miltinho, com os corações traspassados de saudades, uma lembrança das últimas férias que passaste ao nosso lado. que Deus recompense o sacrfício da dura separação, fazendo de ti um santo sacerdote franciscano. Neste livro tão pequeno, encontrarás lenitivo nas horas de sofrimentos. Receba com nossas bênçãos os corações saudosos de teus pais
Heriberto e Inês.
Fernão Velho, 5-2-1955.

Na página em branco, ao lado, escrevi:
Entrada no noviciado: 14-08-55
1ª Profissão: 15-o8-56
Profissão solene: 15-08-59
Presbiterato: 22-07-61
Bodas de Prata de religioso: 15-07-80
Bodas de prata sacerdotais: 22-07-86
Bodas de Prata de casamento de meus pais: 20-12-58
Bodas de Ouro de casamento de meus pais: 20-12-83
+ Papai: 21-03-94
+ Mamãe: 31-12-99
Poderia ter acrescentado:
Bodas de Diamante de casamento de meus pais: 20-12-1993. Celebrei em Bezerros, mas sem festa, pois papai se achava muito doente.
UMA PERDA IRREPARÁVEL - Nunca cesso de lamentar ter perdido o precioso devocionário que Papai me ofereceu (juntamente com Mamãe) no dia de minha partido para o Colégio Seráfico de Ipuarana, 27 de janeiro de 1946. Eu havia completado 11 anos em outubro! Aquela despedida foi a mais dura de minha vida e sei também que da vida deles. A dedicatória de Papai refletia essa dor, mas, ao mesmo tampo, a esperança de ver um dia o filho frade franciscano e sacerdote. Que livrinho precioso aquele que Papai guardava para aquela hora! Era uma edição portuguesa (do Porto), de uma delicadeza extraordinária: um livrinho que só podia ter sido editado para presente: em encadernação luxuosa, cujas capas se fechavam como que guardando um segredo. Em papel finíssimo, em arte primorosa. Tudo leva a crer que fora adquirido numa dessas passagens por Bezerros de um agente da Boa Imprensa de Portugal. Foi nesse livrinho que eu trazia aos domingos no bolso do palitó e todos os dia levava para a missa, que, pela primeira vez, descobri o drama da Paixão de Cristo no Salmo 21 (“Meus Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” ). Lia-o muitas e muitas vezes com os olhos rasos dágua. Foi, através desse livrinho, o meu primeiro contacto com a Bíblia. Foi através dele também que descobri a riqueza da Missa, a beleza da devoção a Nossa Senhora e aos Santos, coisa que eu já sabia e o devocionário me ajudou a compreender melhor. Até que um dia... Após a oração da noite no sábado, eu o deixei no banco, no lugar que eu ocupava, não sabendo que, no domingo de madrugada a igreja ficava cheia com o povo da Paróquia de Lagoa Seca. Quando nos dirigimos à igreja para a missa dos alunos, às 06:00 h, e que procurei meu devocionário... o canto mais limpo! Em 1962, já sacerdote, fui transferido para o Seminário de Ipuarana. Em contacto permanente com os paroquianos na sede e nas capelas, nunca deixei de indagar pelo livrinho de estimação. Quem sabe se não teria ido parar em alguma família que freqüentava a igreja do Convento? No próprio Convento eu busquei em todos os lugares onde ele poderia estar, sem resultado, desde a sacristia até a biblioteca, pois me informaram que talvez o sacristão tivesse recolhido antes da missa com o povo o que pertencia aos alunos.
Só me resta agora buscar, nos Sebos de Portugal, pela internet, o que hoje não deixaria de ser uma raridade bibliogáfica. Mas esqueci o nome do devocionário, o que dificulta a pesquisa mas não a torna impossível. Algumas característica do livrinho são inconfundíveis: por exemplo, a sua riqueza bíblica. O Salmo 21. Mas a internet jamais me devolverá a a dedicatória de Papai!!!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

FREI MATIAS TEVES E A CLASSE MÉDICA

OS 170 ANOS DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE PERNAMBUCO FAZ-ME PENSAR EM FREI MATIAS TEVES, UM NOME QUE ENGRANDECE A ORDEM FRANCIOSCANA E A CULTURA NORDESTINA, SOBRETUDO PERNAMBUCANA. NO RECIFE, JÁ EM 1907, O JOVEM FREI MATIAS SE DESTACAVA JUNTO ÀS LIDERANÇAS ESTUDFANTIS DA ÉPOCA, QUE SE REUNIAM COM ELE NO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO, NA RUA DO IMPERADOR, NÃO SÓ PARA APRENDER ALEMÃO, MAS TAMBÉM PARA DEBATEREM IMPORTANTES TEMAS RELIGIOSOS E ROBLEMAS QUE AFETAVAM A VIDA SOCIAL DO RECIFE. FOI ASSIM QUE SURGIU O CENTRO CATÓLICO E A ESCOLA DE BELAS ARTES. NÃO QUE FOSSE ELE O ÚNICO FUNDADOR DESTAS INSTITUIÇÕES; MAS SEM ELE , TALVEZ NÃO TIVESSEM NASCIDO TÃO CEDO NEM TIVESSEM O DESENVOLVIMENTO QUE ALCANÇARAM.
UM DE SEUS CARISMAS ERA O QUE O LEVAVA A APROXIMAR-SE DOS MÉDICOS PARA AJUDÁ-LOS A SE POSICIONAR CRISTÃMENTE DIANTE DOS DESAFIOS QUE A PROFISSÃO ENCONTRAVA. FOI ASSIM QUE SURGIU A ASSOCIAÇÃO MÉDICA SÃO LUCAS, CUJA HISTÓRIA AINDA ESTÁ PARA SER CONTADA. FOSSE NO RECIFE , FOSSE EM CAMPINA GRANDE, FOSE NA BAHIA , VEMOS FREI MATIAS TEVES BRILHAR COMO CONFERENCISTA, FOCALIZANDO TEMAS DE PRIMEIRA GRANDEZA NA SOCIEDADE DE ENTÃO.
TRANSCREVO ALGUMA COISA DO QUE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA VÊM PUBLICANDO SOPBRE OS 170 ANOS DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE PERNAMBUCO, POIS QUERO CRER QUE FREI MATIAS NÃO PODE TER FICADO INDIFERENTE A ELA.
QUEM SABE SE NOS ANAIS DA ASSOCIAÇÃO NÃO VAMOS ENCONTRAR O NOME DE FREI MATIAS COMO CONFERENCISTA OU CONSULTOR EM QUESTÕES ÉTICAS?
O FATO DE SE ACHAREM SEDIADOS NA ILHA DO LEITE, ONDE SE ENCONTRA A RUA OU AVENIDA FREI MATIAS TEVES, O EMPRESARIAL ALBERT EINSTEIN, A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DE SPINELLI PACHECO JÚNIOR, HOSPITAIS E POSTOS DE SAÚDE, ANÁLISES PATOLÓGICAS, E SSOS MÉDICOS, HOSPITAL ALBERT SABIN, HOSPITAL DE OLHOS, HOSPITAL ESPERANÇA, QUEM SABE, REPETIMOS, SE NOS LEVAM A PENSAR QUE ISTO NÃO ACONTECE POR PURA COINCIDÊNCIA. ANTIGAMENTE A RUA FREI MATIAS TEVES FICAVA NAS IMADIAÇÕES DO CAMPO DO ESPORTE, SEM NENHUM RELEVO. MERECE ENCÔMIOS A INICIATIVA DE A TRANSFERIREM PARA A ILHA DO LEITE. E FRE MATIAS BEM QUE O MERECIA, POIS BOA PARTE DE SUA VIDA FOI DEDICADA À CAUSA MÉDICA.
Rua Oswaldo Cruz, 393 - Boa Vista - Cep: 50.050-220 - Recife / PE
Fone: 0XX-81-3423-5473 - Fax: 0XX-81-3423-6186 - E-mail: somepe.ampe@hotmail.com ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE PERNAMBUCO
Filiada à AMB
170 anos da Associação Médica de Pernambuco
Pernambuco tem história. Não só a história da resistência ao estrangeiro no século 17. Ou a história da insubmissão pelo ideal republicano no século 18. Ou a história da revolução pela tese federalista no século 19.
Pernambuco tem história também por suas instituições científicas e sociais. O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano – IAHGP foi fundado em 1862. O Diário de Pernambuco é mais que sesquicentenário. E a Associação Médica de Pernambuco funcionou a partir de 1841.
Na medicina, por exemplo, Pernambuco tem o que contar. Porque produziu, desde aquela época, e continua a produzir contribuições expressivas a sua gente. Desde as políticas sanitárias e de infraestrutura, com Otávio de Freitas, até a política antecipatória de psiquiatria social de Ulysses Pernambucano. Passando pela vocação de pesquisa nutricional de Nelson Chaves e o espírito empreendedor com Fernando Figueira.
É uma história rica do ponto de vista de visão científica em avanços que foram feitos nas políticas de saúde por Amaury de Medeiros. Como também de prática terapêutica em medicina tropical por Ruy João Marques. O conjunto dessas contribuições forma um painel que projeta a ciência para destino socialmente legítimo.
Esta construção está contada na edição da Associação Médica de Pernambuco, 170 anos de História e Contribuição Social, pela Editora Universitária. São doze textos de profissionais da medicina que descrevem os Primórdios, por Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque; o desempenho da antiga Sociedade de Medicina, por Miguel Doherty e Waldenio Porto; o roteiro dos Congressos Médicos, por Claudio Renato Pina Moreira; a entrega da medalha Maciel Monteiro, fundador da Associação, por Gildo Benício; o registro da Sociedade dos Internos por Gilson Edmar Gonçalves e Silva e Nair Cristina de Almeida; a imprensa médica por Geraldo Pereira; a Associação no cenário nacional por José Luiz do Amaral; a Sociedade de Medicina, em tempos recentes, por Jane Lemos, José Falcão e Sílvia Costa Carvalho; a relação com o CREMEPE por Helena Maria Carneiro Leão; a relação com o sindicalismo médico por Silvio Sandro Rodrigues; e a interface com instituições médicas no Estado por Assuero Gomes.
O livro, que será lançado em dezembro de 2011, é um documento que olha o passado e lança o futuro. Pelas lições de fazer que ele contém. Escrita por profissionais que souberam e que sabem o que cuidar das pessoas.
Luiz Otávio Cavalcanti
Rua Oswaldo Cruz, 393 - Boa Vista - Cep: 50.050-220 - Recife / PE
Fone: 0XX-81-3423-5473 - Fax: 0XX-81-3423-6186 - E-mail: somepe.ampe@hotmail.com

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

GENEALOGIA BEZERRENSE

FRANCISCO XAVIER DE LIMA E A ÍNDIA - POR QUE NÃO?
Continuação, 21-12-2011.

O PRECONCEITO RACIAL E SOCIAL CONTRA O ÍNDIO

Estive, na década de 60, em Algodão, município de Remígio (PB), para conhecer a Pedra do Caboclo. Foi lá que a polícia de Areia provocou um genocídio que ficou esquecido dos historiadores. Os remanescentes indígenas (em sua reserva!) foram massacrados pela polícia do brejo de Areia: os que escaparam dos tiros, morreram de fome dentro da Pedra. Para as autoridades eram ladrões, pois tiravam o que não era seu. Na verdade, para não morrer de fome, recorriam, às escondas, ao “furto”.
Conversei com um senhor de lá que, na juventude, conseguiu penetrar na loca onde encontrou, na areia, cerca de umas 60 rótulas dos joelhos daqueles que morreram à míngua.
Peço vênia à Prof.ª Dr.ª. Carla Mary S. Oliveira, Coordenadora do PPGH-UFPB (biênio 2011 / 2013), Departamento de História, Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa / PB, que tive o prazer de conhecer em visita a nosso Convento de Ipojuca em companhia de seu namorado, o Prof. Antônio Carlos, para registrar nesta postagem o que me disseram sobre a Pedra do Caboclo: também estiveram lá e confirmam o que acabei de dizer sobre o genocídio daquele remanescente indígena. Seu namorado disse-me ter conseguido descer pela abertura da Pedra, confirmando a versão que ouvi do senhor sobre o qual falei anteriormente.
Pergunto eu agora: se, ao invés de terem sido caboclos as vítimas do genocídio, fossem quilombolas, teriam caído no ostracismo? Creio que não. Teria acontecido o mesmo que se dá em Alagoas com os negros de Zumbi dos Palmares na Serra da Barriga, em União dos Palmares: estariam imortalizados, passariam ao calendário nacional com dia próprio: o Dia da Consciência Negra.
Já dos remanescentes indígenas de Alagoas, pouco se fala.
Vejamos o mais conhecido, em Palmeira dos Índios / AL,
nome: Xucuru-Kariri - Fazenda Canto
etnia: kariri
língua falada: tupi guarani
cacique: não consta ((!)
reconhecida desde: não consta (!)
população: 499 indivíduos (Censo Funai 2000 !)
endereço: Zona Rural de Palmeira dos Índios
contato: não consta (!)
localização: Palmeira dos Índios - Alagoas - Região do Sertão.
histórico: Os Geripancó são da etnia kariri, como a maioria das tribos indígenas em Alagoas. Possuem 1 escola com 144 alunos e 5 professores que ensina a cultura da tribo para os mais novos.
Pensemos em Jorge de Lima, um dos maiores poetas do Brasil, autor de “Essa negra Fulô”: quais das jovens brasileiras não gostariam de ser “Essa negra Fulô” ?

E o nosso Gonçalves Dias? Já universalmente conhecido como poeta e homem público, volltou do Rio a sua terra, Caxias, no Maranhão, para rever a jovenzinha Ana Amélia, pela qual se apáixonara há anos atrás, encontrando-a, desta vez, em, 1852, mais bela ainda, em pleno viço da juventude, um encanto de mulher, a quem dedica os mais lindos poemas (uma destas poesia ela gravou com o próprio sangue em cartão especial!). Resolve pedi-la em casamento. O que ambos temiam aconteceu: malgrado toda a consideração que aquela família lhe dedicava, venceu o preconceito de raça e de casta: a família dela, graças à ascendência mestiça do escritor, rejeitou com vigor o pedido.
O poeta e a amada sofreram a vida toda as conseqüências daquela refutação. Ele morreu solteiro; ela casou, mas sempre lhe lançava em rosto o que consioderava uma covardia.
Sabemos quie Gonçalves Dias era fruto de uma união não oficializada de um português e de uma cafusa brasileira. Ele se gloriava de ter em suas veias o sangue das três raças produtoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra.

Um dos grandes poemas da literatura de Língua Portuguesa é o “I-Juca-Pirama” (aquele que deve morrer) de Gonçalves Dias.
O negro, o africano, não deviam morrer. A nação precisava deles.

A raça indígena há muito fora condenada à morte. Hoje, com que dificuldades não se luta para preservar o espaço aos remanescentes indígenas! Basta darmos uma olhada na Internet para nos convencermos de quanto estamos longe de chegar àquela terra sem males sonhada pelos indos das Américas?

Em minha família existe, camuflado, o preconceito de cor contra os negros. No que toca à nossa ascendência indígena, vem preservada com orgulho pelos cavalcanti, albuquerque, arcoverde ... Minha avó materna se gloriava
de ser parenta do Cardeal Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti.

Já em se tratando de algum ascendente negro... Minha saudosa tia Marieta, vendo-me pesquisar a genealogia da família disse-me certa vez: - Miltinho pensa quie vai encontrar algum antepassado nosso negro. Pode ficar certo que os morenos da família vêm dos índios.
Foi ai que meu primo Geraldo Amorim se saiu com esta:
- Agora sei de onde vem essa minha preguiça!
Então perguntei a Mamãe: - A senhora gostaria que eu encontrasse sangue negro em nossa família?
Ao que Mamãe foi logo respondendo:
- Eu preferia que fosse sangue indígena!

Por volta de 1960, os frades de Triunfo / PE estavam preparando um menino índio que aparecera na cidade, vindo talvez da tribo dos fulni -ô de Águas Belas / PE.
Houve na cidade quem fizesse medo ao garoto, dizendo que, na hora do batismo, ele seria obrigado a comer um quilo de sal. O menino fugiu, ninguém sabe para onde.
Será que teriam feito isso se ele fosse negro? Não, pois sempre havia batizado de negros.
Em Gravatá do Cumbe, Paróquia de Lagoa Seca / PB, descobri um cemitério de índios. Eram vários montículos de barro tão duro que nem de picareta conseguimos quebrar. Vi logo que não eram formigueiros como alguns pensavam. Não sofre dúvida de que eram sambaquis, guardando no seu interior os potes com as múmias ou os ossos dos falecidos. Quando falei nisso, pareceu-me que não me deram crédito. Não estava vendo que aquilo não era terra de índios?
Encontrei restos de cerâmica, alguns com pintura. Disseram-me logo que eram louças dos antigos escravos.
Na África já havia a escravdão. As tribos competiam entre si, procurando se avantajar nesse comérci0. A escravidão era vista aqui no Brasil como coisa muito natural. Isso não fazia vergonha.
Uma das obras de Vito Hugo "Os Trabalhadores do Mar" foi traduzida por Machado de Assis. Basta isso para atestar a importância do livro. Na apresentação que redigiu em 1866, escreve Vito Hugo: "A religião, a sociedade, a natureza: tais são as três lutas do homem. Estas tyrês lutas são ao mesmop tempo as suas três necessidades: precisa crer (...), precisa criar (...). precisa viver (...). Mas há três guerras nestas três soluções. (...) Tríplice fatalidade pesa sobre nós: a fatalidade dos dogmas, a fatalidadfe das leis, a fatalidde das coisas.
.
“Na Notre-Dame de Paris, o autor denunciou a primeira; nos Miseráveis, mostrou a segunda; neste livro (Os Trabalhadpores do Mar), indica a terceira. A estas três fatalidades que envolvem o homem, junta-se a fatalidade interior, a fatalidade suprema, o coração humano.”
Isto quer dizer que a vida é um grande desafio, ou como diz muitas vezes um dos personagens de Grande Sertão - Veredas, de Guimarães Ross, viver é perigoso.
Mas voltemos a Vito Hugo no mesmo livro.
Quando o velho Reverendo Dr. Jaquemin Herodes comparece no escritório da Durande com o fito de apresentar aos notáveis, especialmente a Mess Lethierry, seu sucessor na paróquia, o Reverendo jovem Padre Ebenezer Caudray, estabelece-se uma conversa entre o empresário da Durande e dois Reverendos Padres que representavam a Alta Igreja “que é mais ou menos um papismo sem papa”. “O Dr. Jaquemin Herodes era desse matiz anglicano, que é quase uma variação romana”. Aferrado à letra da Bíblia, o Reverendo Herodes manifesta pesar pela tragédia do naufrágio que destruíra, como pensavam, o navio a vapor Durande, apontando, ao mesmo tempo, para os desígnios da Providência Divina que sabe tirar o bem do que nos parece um mal. Ao mesmo tempo, sugere se empregue o capital restante da Durande num negócio que ele, o Dr. Reverendo abrira: “empregara capitais em uma magnífica operação que se realizava em Sheffield; se Mess Lethierry, com os fundos que lhe restavam, quisesse entrar nesse negócio, podia fazer a fortuna; era um grande fornecimento de armas ao czar pra reprimir a Polônia. Ganharia 300 por cento.
Estamos agora chegando ao âmago da questão:
“ A palavra czar pareceu despertar Lethierry, que interrompeu o Dr. Herodes:
- Não quero nada com o czar.
- Mess Letjhierry, os príncipes são aceitos por Deus. Deus escreveu: Dai a César o que é de César.
Lethierry, meio absorto na cisma, murmurou:
- Quem é César? Não conheço.
O Reverendo Herodes continuou a exortação. Não insistiu por Sheffield. Não aceitar César era ser republicano. O Reverendo compreendia que um homem fosse republicano. Nesse caso, compreendia que Mess Lethierry se voltasse para uma república. Mess Lethierry podia estabelecer a fortuna nos Estados Unidos, melhor do que na Inglaterra. Se quisesse decuplicar o que lhe restava, bastava-lhe tomar ações na grande campanha de exploração das plantações do Texas, que empregava mais de 20000 negros.
- Não quero nada com a escravidão, disse Lethierry.
- A escravidão - replicou o Reverendo Herodes – é de instituição sagrada. Está escrito: “Se o senhor bater o escravo, nada lhe será feito, porque bate o seu dinheiro”.
“(...) o Reverendo Ebenezer aproximou imperceptivelmente a sua cadeira da cadeira do Reverendo Jaquemin, e disse-lhe de modo que não fosse ouvido senão por ele::
- O que este homem diz é-lhe ditado..
-Por quem? – perguntou no mesmo tom o Reverendo Herdes.
- Pela consciência.
O Reverendo Herodes meteu a mão no bolso, tirou um grosso volume em 18.º, encadernado com fechos, pô-lo na mesa e disse em voz alta:
- A consciência é isto.
O livro era a Bíblia.”

E vai por aí...

Com esta postagem encerramos a assunto do silêncio testamentário de Dona Theresa de Jesus sobre a adoção da filha de um índia na família.
São muitas as questões que surgem em torno disto, todas elas merecedoras de consideração.
Chegamos quase a esgotar o assunto, colocando-nos favorável à tese da adoção.
O testemunho da tradição oral não pode mentir.
Apelamos para a fatalidade suprema do coração humano (Vito Hugo).
O coração tem razões que a razão desconhece (Pascal: Penssées).


Os grifos são nossos.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

GENEALOGIA BEZERRENSE

VOLTANDO ÀS RAÍZES


Em meu livro “Em Busca das Raízes – Genealogia de Famílias Bezerrenses” (Livro Rápido, Olinda – PE, 2011),
Sustentei a tese de que várias famílias de Bezerros e do Agreste pernambucano descendem da união do Comandante Francisco Xavier de Lima com a índia a quem ele deu o seu nome: Francisca Xavier de Lima .

Resumidamnte, temos p o seguinte quadro:

FRANCISCO XAVIER DE LIMA E FRANCISCCA XAVIER DE LIMA (ÍNDIA DA CAMARATUBA)

Pais biológicos de:

F1 (ÙNICA) – Maria Francisca Lima ou Maria Conceição Lima. Nasceu cerca de 1813. Casou, em data anterior a 1638, pois neste ano é testemunha de casamento da cunhada Teresa, com o Alferes Joaquim José Bezerra da Silva.Maria Francisca faleceu a 11.10.1880, com 67 anos. Em 1842 é batizado escravo do Tenente Joaquim José Bezerra da Silva, sendo padrinho Francisco Xavier de Lima, da Sapucaia. O major Joaquim faleceu em 1877, com 68 anos. No inventário de Francisco Xavier de Lima, de 1879, ambos eram falecidos, sendo representados por 9 filhos:
1. Rufina Francisca Pais de Lira.
2. Maria Francisca, casada com Manoel Francisco Paes de Mello.
3. Joaquim José Bezerra e Silva, Coronel Quincas Joça.
4. Major Francisco Apolinário Bezerra e Silva, casado com Maria Nazaré Bezerra e Silva.
5. Major Miguel Arcanjo Bezerra e Silva.
6. Antonia Maria Bezerra e Silva, casada com Francisco Coelho.
7. Ana Bezerra da Silva, casada com José Francisco da Silva Vieira.
8. Joaquina Bezerra e Silva, casada com José Pantaleão Xavier de Lima.
9. Maria Laurinda (seg. Yony, Lourença) Bezerra da Silva , solteira, de maior, por ocasião do Inventário. A mesma Tia Quina,Tia Lô de Socorro laurentino, casadfa com José Fautino Paes de Lira (Tio Zumba), pais de Zumbinha (José Fautino) e de Dionísio Pantealeão,
Pais de:
N1 – Rufina Francisca Pais de Lira. Casou com José Faustino Pais de Lira.
N2 – Joaquim José Bezerra da Silva Júnior (Quincas Jaca). Nasceu cerca de 1839. Em 1872 era Tenente Quarte – Mestre do Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional de Bezerros. Ainda como Tenente era proprietário do Engenho Sapucaia, com 100 escravos, em 1882. Primeiro prefeito de Bezerros. Faleceu a 5.8.1918, com 87 anos. Casou com Joaquina Francisca Bezerra e Silva. Faleceu a 15.3.1881.
N3– Manoel. Batizado com 15 dias, a 25 de março de 1840, sendo padrinhos José Rodrigues Leão e Antonia Marcella da Silva, moradores no Riachão. Deve ter falecido criança.
N4 – Maria Francisca. Casou com Manoel Francisco Paes de Mello.

N5 – Antonia Maria Bezerra e Silva. Batizada a 9.10.1842, na matriz de Bezerros, com 10 dias, filha de Joaquim José Bezerra da Silva e Maria Francisca Lima, moradores na Sapucaia, sendo padrinhos Manoel Bezerra dos Santos e Rufina Josefa de Freitas Lima. Casou com o Capitão José Francisco Coelho, Cazuza, filho de João Francisco Vieira de Mello Coelho.

N6 – Major Miguel Arcanjo Bezerra e Silva. Batizado a 28.12.1843, com 8 dias, filho do Major Joaquim José Bezerra da Silva e Maria Francisca Lima moradores na Sapucaia, sendo padrinhos .... Xavier dos Santos, morador na ..., e Delfina Maria, solteira. Faleceu a 21.4.1912. Casou com Olímpia Pulcidônia da Silva Lima, filha de João Antônio Pinheiro Paes de Lyra e Theotônia Francisca Lima. Pais de:
Bn1– Arcemina Olympia Bezerra da Silva. Faleceu a 31.10.1919. Casou com Manoel Francisco Coelho, nascido a 18.5.1872 e falecido a 11.1.1934. Avós de Frei José Milton

N7 – Major Francisco Apolônio Bezerra e Silva. Faleceu a 21.2.1894. Casou com Maria Nazaré Bezerra e Silva. Dele diz Nelson Barbalho;” agricultor-proprietário em Bezerros, e tão habilidoso que naqueles tempos brabos sem médicos e dentistas na região, receitava a matutada ao redor e arrancava dentes do povo com incrível habilidade”. (Barbalho, 10 Famílias de Caruaru). Pais de filhos e filhas, dos quais Nelson cita dois:
- Umbelina Bezerra da Silva. Casou com Valdevino Xavier de Lima, de São Caetano da Raposa.
– Dorival Xavier de Lima. Foi gerente de campo da Usina Lajinha, em União dos Palmares, Alagoas. Casou com Edilia Espósito de Lima, havendo muitos filhos do casal, inclusive:
– Genésio Espósito de Lima. Poeta, solteiro, residente em Caruaru, amigo de Nelson Barbalho.

N8 – Ana Bezerra da Silva. Casou com José Francisco da Silva Vieira.
N9 – Joaquina Bezerra e Silva. Casou com José Pantaleão Xavier de Lima.
N10 – Maria Lourença da Silva. Solteira. CITADA POR YONY.

NOTE BEM: MARIA FRANCISCA LIMA, CONFORME HIPÓTESE DE FREI JOSÉ MILTON, TERIA SIDO ADOTADA COMO FILHA POR THEREZA MARIA DE JESUS, ESPOSA DE FRANCISCO XAVIER DE LIMA.


Vejmos o que diz o primo Yony, após tratar dos troncos remotos Pedro Pais de Lira e João Pais de Lira:

"Frei José Milton desdobra parte da descendência destes Sargento-mor Pedro Pais de Lira e Capitão-comandante João Pais de Lira, acima citados, a qual forma parte do núcleo central povoador de São José dos Bezerros.
Assim, a história que se conta, com franciscana paciência, obstinada fé e amor filial aos ancestrais, une os pioneiros a uma civilização agrestina que se espraia e se amplia em muitas famílias. Que molda o desenvolvimento de toda uma região, dando-lhe tessitura, engenho humano que amplia as oportunidades e faz surgir o progresso.
Frei José Milton busca as origens, esclarece parentescos, identifica as muitas contribuições no definir as feições da Bezerros de hoje, ou talvez mais propriamente da religiosa São José dos Bezerros, nascida e crescida em volta da primitiva capela que se torna Curato no distante 1768.
Com paciência franciscana traz à luz registros perdidos em livros de batismo, casamento e óbito iniciados no século XVIII. Acresce notas de inventários e de outros processos amarelecidos em arquivo cartorial. Mas também com amor ouve os mais velhos, anota histórias e lendas nunca escritas, mas guardadas na tradição oral. Algumas não confirmadas pelos documentos mas acaso reveladoras de fatos próximos, aproximações ou tradições de ainda maior antiguidade, pois onde há fumaça há fogo. Aos poucos vai-se descortinando um panorama social e político que dá continuidade a essa gente que aqui se estabeleceu com propósitos duradouros e que mantém vivo o sangue dos pioneiros ao longo dos séculos XVIII ao atual XXI que se inicia.
Mas, como povo acolhedor, sempre ampliando os laços, torna antigos, pelo entrelaçamento, os novos emigrados que aqui vêm para trabalhar e contribuir para o avançar dessa gente e dessa terra.”
Mas o primo discorda de minha tese, baseada na tradição oral, segundo a qual grandes famílias de Bezerros e da região descendem da união do Comandante Francisco Xavier de Lima com uma índia da Serra da Camaratuba, na Sapucaia, a quem deu o seu próprio nome: Francisca Xavier de Lima.
São dignos de toda consideração os argumentos apresentados por Yony Sampaio, com vasta experiência adquirida no campo genealógico e a cultura advinda do manuseio permanente de documentos de cartórios, de igrejas, de fórum.
Vejamos o que me diz por e-mail:
Caro primo:
Encontrei este testamento de Teresa Maria de Jesus. Nele ela detalha os 12 filhos que constam do inventário, sendo 11 vivos e uma ùnica falecida.
De olhar documentos antigos sei da seriedade com que os mesmos eram encarados. Até no registro civil, filhos naturais de casais que coabitavam, viviam maritalmente ou amancebados eram registrados como naturais, mesmo quando declarados os pais; outras vezes só as mães eram identificadas.
Testamento, nos quais a pessoa se encomendava a Deus, tinham toda a solenidade de uma última declaração, pela situação já encarando a prosperidade. Assim, dificimente a verdade não seria declarada. Vi muitos testamentos nos quais os autores declaram filhos naturais, filhos nascidos em periodo de viuvez ou quando solteiros.
Assim, quando Teresa declara que "é viúva do Coronel Francisco Xavier de Lima de cujo casamento existem os filhos seguintes.... e os filhos de sua falecida filha Maria Francisca Lima, acho dificil não serem filhos do casal.
Não é uma prova definitiva mas creio ser outra forte evidência. Não acompanhei a memória oral da tradição da india da serra, para saber quais as fontes, sua extensão e antiguidade. Quanto mais espalhada a história, pelos vários ramos da família, e quanto mais antigas as primeiras versões, mais credibilidade. Nesta epoca, 1810 a 1820, restavam muito poucos indios na área, a maioria tinha entrado para o interior em epoca mesmo anterior ao quilombo dos Palmares, antes de 1700. Pouquissimos são os registros de indios nos livros eclesiasticos, embora existam pardos, já mistura de sangue. Devemos sim, ter sangue caboclo, nas nossas raizes, mas com mais certeza em meados do seculo anterior (XVIII).
Enfim, as interpretações são livres, mas segue o documento.
Grande abraço,
Yony “

Em nova edição da Genealogia, conservarei a minha tese, mas não deixarei de transcrever, a bem da verdade, a hipótse de Yony Sampaio. Merecem muita consideração os argumentos de Yony. Podería alguém perguntar: Por que não mencionar no Testamento que o marido tinha aquela filha da Índia? Por que chamar Maria Franciosca Lima " minha falecida filha"? Por que não dizer "minha filha adotiva?" Por que esconder que era filha de uma índia?

Eu poderia responder que na época era, talvez, vergonhoso dizer que alguém era índio, uma vez que os remanescentes indígenas não gozavam de nenhuma automia e viviam, como em Calcaia (CE) bêbados e jogados no lixo, ao contrário dos remanescentes negros que sabiam preservar sua idetidade quilombola.
Era praxe declarar alguém como filho natural, filho adulterino. Normalmente ninguém seria descriminado por isso. Mas dizer que era índio talvez já soasse bem diferente. Conheci no Ceará a comunidade de Uruburetama (Diocese de Itapipoca), onde se perdera totalmente a consciência de serem remanescentes indígenas. Não havia necessidade de se recorrer á história ou a etnologia para se constatar que estávamos diante de uma povoação indígena; via-se na fisionomia dos habitantes, nos seus hábitos e costumes. Quando me referi a isto em conversa com pessoas de lá, notei o desagrado ou a indiferença das mesmas. Não admira que hoje se sintam anchas se consideradas quilombolas.
A população de lagoa Seca na Paraíba vem de ancestrais indígenas. Há 30 anos atrás era mais visível este antecedente racial. Mas, culturalmente também, Lagoa seca ou Ipuarana ou Ipauarana se aproximava bastante do modelo indígena. Ainda vi nas casas a manipueira sendo espremida no tipiti de palha. O próprio nome Ipuarana ou Ipauarana (falsa lagoa) visava a traduizir para o tupi Lagoa Seca, a fim de evitar dois municipios no Brasdil com o mesmo nome (consta que por sugestão do jornalista pernambucano Mário Mello). Procurava-se também conservar a origem indígena do lugar.
Mas quem de Lagoa Seca (o nome antigo voltou) tem idéia de sua origem tupi? Creio aceitarem com mais facilidade uma origem africana que indígena. Ainda conheci em Lagoa Seca mulheres com cabelos que chegavam às ancas. Hoje certamente não faltam os cabelos à moda africana, com todos os requintes dominados pelas cabeleireiras em seus salões. As índias saem de lá anchas, com requebros africanos.
Cabelos grandes já era.


Diziam os antigos que todas as famílias da Sapucaia eram descendentes do casal Francisco Xavier de Lima e da índia da Serra da Camaratuba Francisca Xavier de Lima.
Diz ainda Socorro Laurentino que sua tataravó Maria Francisca de Lima está sepultada também na Matriz de S. José de Bezerros e que era da Sapucaia.
Trata-se da sepultura de Maria Francisca Leite e de José Joaquim Bezerra da Silva, que deram origem à grande família Bezerra e Silva de Bezerros e do Agreste pernambucano. De acordo com a tradição destas famílias, Maria Francisca Leite era a filha única da índia Dona Francisca Xavier de Lima e do Comandante Francisco Xavier de Lima que a batizou e lhe deu o próprio nome. Ainda novinha, teria sido adotada por Theresa Maria de Jesus, com quem o Comandante se casou talvez no mesmo ano do nascimento da menina. (Fr. F. M. Genealogia, Ed. Definit. III, pg. 109).
Não é preciso ser especialista em genealogia ou etnografa para perceber a importância geográfica de lugares como, por exemplo, a Sapucaia, a Serra Negra. Muitas famílas do Agreste pernambucano tiveram seu berço nessas paragens, ainda hoje muito belas e férteis. Fazem lembrar o paraíso bíblico tanto pela sua beleza como pela gênesis de tantas famílias que aí tiveram o seu berço. A Sapucaia é um berço privilegiado como demonstramos em nossa “Genealogia”, trazendo à baila personagens, de primeira grandeza uns, humildes e quase anônimos outros, dos quais descendem quase todas as famílias mais antigas de Bezerros e da região.
Voltarei ao blog com mais detalhes.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

BOM JESUS DE IPOJUCA

A DEVOÇÃO AO BOM JESUS DA MATRIZ DE IPOJUCA, A MAIS ANTIGA DO BRASIL?


O que pouca gente sabe (até mesmo entre os frades) é que a devoção ao Senhor Bom Jesus ou Senhor Santo Cristo de Ipojuca vem sendo guardada e celebrada sem interrupção desde o seu início no ano de 1663. Seria a a segunda mais antiga devoção ao BOM JESUS de todo o Brasil, já que a do Senhor Santo Cristo ou Bom Jesus de Iguape (São Paulo) teve o seu culto público aberto a 2 de novembro de 1647 (veja na Internet, pesquisa Google).

Pesquisando mais as fontes históricas, hoje Frei José Milton não tem a menor dúvida: a devoção, documentadamente (!) mais antiga do Brasil ao Senhor Bom Jesus foi a do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca, que remonta a 1606!

A fonte principal que o levou a esta conclusão é o historiador Pereira da Costa nos Anais Pernambucanos.

Pereira da Costa considera fato verossímel que a Freguesia de São Miguel de Ipojuca tenha sido criada em 1595 pelo Bispo Diocesano Dom Frei Antônio Barreiros, com sede na Bahia, naquele ano de Visita Pastoral em Pernambuco.
Já Frei Venâncio Willeke admite que a Visita Pastoral se deu de 1584 a 1585, ou, segundo alguns, de 1586 a 1587, ocasião em que teria sido criada a Freguesia de São Miguiel de Ipojuca.
As Denunciações do Santo Ofício de Pernambuco e da Bahia fornecem autos que nos permitem concluir que em 1589 ou, no máximo, em 1590, já existia a Freguesia de São Miguel de Ipojuca.
É possível, que ela tenha sido criada na década de 1580.
Segundo Pereira da Costa, a partir da Visita Pastoral de Dom Antônio Barreiros, “não são raros os documentos que aparecem sobre o assunto [isto é, a Freguesia de Ipojuca]" .
E aponta, nomeadamente, a escritura pública lavrada em 11 de agosto de 1607, pela qual Dona Margarida Alves de Castro fez doação de terras ao Senhor Bom Jesus da igreja matriz de Ipojuca.
Segundo Pereira da Costa, Fernando Pereira Rego era patrono da Capela do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca em 1606. A Capela se erguia do lado da epístola (lado direito) e tinha suas armas esculpidas no topo do arco. Nela também se via o seu jazigo e da família. Nela foi realmente sepultado. Casou este senhor em 1606 com Dona Margarida Salgado. Vê-se que as duas senhoras Dona Margarida Alves de Castro e Dona Margarida Salgado são a mesma pessoa, citada primeiro com o nome de solteira e, depois, com o de casada.
Sabemos que a Matriz de Ipojuca de que trata a Escritura é a que foi consumida pelo incêndio de 29 de janeiro 1814, a que se refere Pereira da Costa, fato que levou o Vigário Miguel Nunes de Andrade a transferir os atos paroquiais para a Igreja do Livramento dos Homens Pardos, que desde então, até hoje, ficou como Matriz.
Mas, o que nos interessa mais nesta postagem é a descoberta de que, documentadamente, a devoção ao Senhor Bom Jesus mais antiga do Brasil foi a do Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca. É possível que a imagem seja a mesma que se encontra na atual Matriz (igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos).
Se a imagem for a mesma, já não vamos dizer que, documentadamente, a devoção ao Senhor Bom Jesus da Matriz de Ipojuca FOI, mas sim, que É a mais antiga do Brasil.
Observemos ainda que o objeto da doação feita pelo casal Fernando e Margarida não se destinava a São Miguel mas ao Bom Jesus da Matriz, para a conservaçãoe e manutenção de sua Capela e culto, contribuição dos doadores para terem direito a jazigos e sufrágios previstos pelo Direito. Destruída a Matriz e não mais restaurada com a Capela do Bom Jesus,
certamente se perdeu o referido patrimônio. Pereira da Costa o afirma várias vezes.

Brevemente voltaremos ao assunto com mais detalhes.

sábado, 13 de agosto de 2011

PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL

"UMA PROVÍNCIA CHEIA DE HISTÓRIA!
06:24 Postado por Erick Sávio
A Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil tem uma história riquíssima e que condiz com sua condição de primeira fraternidade franciscana a plantar suas raízes em terras de Santa Cruz.A 12 de abril de 1585, há 422 anos, chegaram a Olinda os oito frades fundadores da presença franciscana na Colônia portuguesa.O grupo de frades foi crescendo e tornou-se uma árvore frondosa a ponto de no dia 24 de agosto de 1657, portanto há 350 anos, tornar-se Província autônoma em relação à Província-mãe de Portugal.Conhecemos momentos cruciais de diminuição drástica do número de frades, mas fomos restaurados pela Província Franciscana da Santa Cruz da Saxônia, da Alemanha, com a chegada dos primeiros frades restauradores no dia 12 de dezembro de 1889. Já em 1901 a Província ressurgia "dos mortos". A partir daí vemos um período de crescimento e a multiplicação de novas presenças no Norte e Nordeste do Brasil.E hoje? Podemos falar de crise, mas compreendida e enfrentada com esperança. Há uma crise que perpassa a humanidade, comprometendo as chances de construirmos uma convivência humana em que todos sejamos beneficiários do progresso científico, da produção de alimentos, da democracia, do diálogo cultura e religioso! Também a natureza está profundamente ameaçada e com comprometimentos irreparáveis! E o que dizer da violéncia que atinge escalas inimagináveis?Temos chances de reverter o quadro negativo e ameaçador porque também a humanidade nunca ansiou tanto pela paz, pela justiça e pela igualdade!Dentro deste panorama, vemos a possibilidade de continuar marcando presença na construçáo da história humana, contribuindo com a riqueza do Carisma de São Francisco de Assis do qual somos depositários.Se formos fiéis ao nosso ideal de vida evangélico recebido do seráfico Pai Francisco, também não nos faltarão vocações. Talvez não na proporção necessária para nos garantir todas as presenças que hoje mantemos no Norte, Nordeste e na Alemanha. Mas certamente o suficiente para criar o impacto profético que a Igreja e a humanidade precisam.Além de estarmos caminhando para o ano de 2009, que assinalará os 800 de fundação do Carisma franciscano, nossa Fraternidade provincial, neste ano, faz memória de dois acontecimentos importantíssimos de sua história: os 35 anos do Documento de Bispos e Superiores Religiosos do Nordeste chamado "EU OUVI OS CLAMORES DO MEU POVO", do qual fomos signatários, em 6 de maio de 1973, no auge da ditadura militar; e os 25 anos da realização no território de nossa Província, em Salvador - BA, do Conselho Plenário da Ordem (CPO), que nos deu um documento fundamental para a missão evangelizadora de nossa Ordem "O EVANGELHO DOS DESAFIA" (25 de junho de 1983).Não nos faltam referências históricas para motivar nossa Fraternidade provincial a continuar marcando presença e construindo uma história protagonizada pelos pobres e excluídos de nossa pátria e de nossa América Latina.Nunca esqueço uma frase atualíssima de nosso teólogo maior Gustavo Gutiérrez: "Conhecer a história e descobrir o Deus que nela se revela, nisto consiste a fé bíblica".É preciso continuar contribuindo para construir a história alternativa à história dos grandes e poderosos deste mundo, como fez Francisco de Assis no século XIII.Quereremos fazer nossa parte! "

quarta-feira, 27 de julho de 2011

UMA DOUTRINA FRANCISCANA

O PRIMADO ABSOLUTO DE CRISTO

São Francisco empregava as palavras “fraternidade” e “irmão” num sentido bastante original, como observa o franciscano Eric Doyle em sua obra Francisco de Assis e o Cântico da Fraternidade Universal (Edições Paulinas , São Paulo, 1985).
É que S. Francisco tinha muito presente em seu espírito e coração, o mistério da Encarnação do Filho de Deus.
Escreve Doyle:
Francisco de Assis não foi teólogo. Contudo, é responsável por uma doutrina teológica sobre a razão da encarnação do Filho de Deus, razão que, desde o tempo de Duns Escoto, leva a característica da teologia franciscana.” Acha Eric Doyole “que a formulação dessa doutrina no início d século XIV é o resultado lógico da mística totalmente cristocêntrica de São Francisco”.
Para ele, as palavras de S. Franciaco na Admoestação nº 6, onde afirma explicitamente que o corpo humano foi criado e formado segundo a imagem do Filho Jesus, são, “claramente, uma formulação embrional da razão da encarnação, expressa teologicamente como o primado incondicional de Cristo” (obra citada, p. 79).
Santo Antônio, São Boaventura e Duns Escoto deram expressão teológica ao ensinamento de S. Francisco.
Em termos simplificados, podemos resumir assim essa doutrina:
- Em termos negativos, se recusa a aceitar que o pecado possa explicar suficientemente a razão da encarnação no Filho de Deus.
- Em termos positivos, ensina que a razão da encarnação é primordialmente a livre decisão de Deus, desde toda a eternidade, de amar a si mesmo em outros fora de si e ser louvado e amado de modo perfeito por um outro fora de Deus.
“Por isso Deus prevê a união entre o Verbo e a Criatura Cristo que lhe deve supremo amor, mesmo que jamais tivesse havido a queda” (ob. cit. p. 80).
“Só em último lugar [Duns Escoto] vê o Cristo como Mediador vindo para sofrer e redimir o seu povo por causa do pecado [...]. Não se trata de negar o valor redentor dos sofrimentos de Cristo. Trata-se de inverter a ordem das prioridades. A encarnação do Filho de Deus, como centro orgânico e propósito final da criação, não teria sido menos necessária em termos do amor de Deus (que se explica por si mesmo), se jamais tivesse existido o pecado. Por toda a eternidade, é vontade amorosa de Deus unir em Cristo toda a criação. O mal nem causou nem deu ocasião para essa vontade amorosa” (ob. Cit. pg. 80).
Assim podemos entender porque Francisco se sentia irmanado não só a todos os homens, mas a toda e qualquer criatura. É porque ele sentiu no momento de sua conversão o elo que o unia a Jesus Cristo como seu irmão. Para Francisco Cristo era seu irmão, era um frade ou frei, lembra Eric Douyle. E cita a Carta aos Fiéis: “Quão santo[...] é ter um irmão como esse” , inspirado em Mt 12, 50 (vide: Escritos, Vozes, 1981, pg. . 20).
Francisco recupera para a Igreja o Jesus Cristo do Evangelho, o Deus-Conosco, o Emanuel. E nele a razão mais profunda da fraternidade entre os homens e entre estes e as demais criaturas, vistas agora não mais como objetos do domínio do homem sobre elas, mas como irmãos e irmãs por causa de Cristo, Primogênito de todas as criaturas.
Precisamos de regatar para nós mesmos, irmãos de Francisco, o pensamento dos grandes líderes da Teologia do primado de Jesus Cristo:
-Santo Antônio de Pádua (+ 1231) a nos dizer que Cristo está no centro de cada coração, no centro de todas as coisas;
- São Boaventura (+1274) a proclamar Cristo como princípio fundamental de todo conhecimento, [...] desde a investigação racional até a união contemplativa com Deus;
- João Duns Escoto (+ 8 de novembro de1308). com a sua doutrina sobre o lugar ocupado por Cristo no universo, ou seja, a doutrina do primado absoluto de Jesus Cristo (obra citada pg. 79).
Não foi sem razão que Warren G. Hansen [em livro publicado em Chicago em 1971] deu a S. Francisco o título de Patrono do meio ambiente. Francisco reinterpreta o dominai toda criatura do Gênesis (1, 27) não no sentido tradicional que, na prática, lhe deram os cristãos de usar e abusar da matéria e da vida, mas no sentido bíblico de gerir, administrar, para o bem delas e dos homens, as criaturas de Deus. Trata-se de um domínio de amor, não de escravização.“Não foi apenas a simpatia e amor pelas criaturas que moveu Francisco a escrever o Cantico do Irmão Sol, o egoísmo dos seres humanos também o motivou a fazê-lo, como esclarece o texto: Quisera [...] fazer um novo Cântico de Louvor ao Senhor pelas suas criaturas que usamos diariamente e sem as quais não poderíamos viver. Ofendendo-as, a raça humana ofende gravemente o Criador (“Espelho da Perfeição”, 100, em “Escritos de São Francisco”, Vozes, 1981, pg. 975; veja também Eric Doyle, pg. 87).
Vejamos como tudo isso se coaduna com o que escreve São Paulo aos Romanos: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o Primogênito numa multidão de irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também chamou. E aos que chamou,também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou” (Rm 8, 28-30).
Vemos aí que não foi Cristo que tomou a nossa imagem, mas nós que fomos concebidos segundo à imagem do Verbo. Assim ele é o Primogênito de todas as criaturas, as Primícias da humanidade e do universo que, por isso mesmo, se tornam seus irmãos. Esta irmandade brota do fato de Cristo no ter feito seus irmãos.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

TOMBAMENTO DO CONVENTO SANTO ANTÔNIO DE IPOJUCA

“O Convento de Santo Antônio de Ipojuca tem alto significado religioso, artístico e patriótico”, escreve o historiador Frei Venâncio Willeke, OFM. [1]
Por isso mesmo não poderia de ser tombado junto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (SPHAN).
O tombamento do Convento Franciscano de Ipojuca aconteceu de acordo com o Decreto-lei Nº 25 de 30 de novembro de 1937. Acha-se registrado no Livro do Tombo do Patrimônio sob o N.º 003 – T – 1938, de 21-03-1985.
“Infelizmente, existe um erro quanto ao nome do Convento que foi grafado como Convento de São Francisco de Ipojuca, quando na realidade é Convento de Santo Antônio de ipojuca.” [2]

Frei Venâncio transcreve o documento em apreço: [3]

“SERVIÇO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL


Rio de Janeiro, 19 de Janeiro de 1938


Illm.º Sr. Frei Venancio Willeke
D. Guardião do Convento de São Francisco de Ipojuca

De acordo com o Decreto-lei n.º 25, de 30 de Novembro de 1937, comunico-vos, para os devidos fins, que foi determinado o tombamento, no Livro do Tombo a que se refere o artigo 4.º , n.º 3 do citado Decreto-lei, da seguinte obra de architectura religiosa, sob a vossa guarda: o Convento de São Francisco de Ipojuca. Aguardando vossa resposta anuindo à presente notificação, nos termos do artigo 7.º do mesmo Decreto-lei, subscrevo-me, atenciosamente,


(a) Rodrigo M. F. Andrade, Director


Notificação n.º 86”.






[1] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Convento de Stº Cristo de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Vol. 13 – Rio de Janeiro, 1956, pg. 64.
[2] D’ ALMEIDA, Ivo -, p. 32.
[3] WILLEKE, Frei Venâncio -, OFM, Organizador de O Santuário do Senhor santo Christo de Ipojuca, Ediççao commemorativa do Jubileu do Santuário (1663 – 1938) – Editores Religiosos Franciscanos , Ipojuca / PE, 1938, p. 20.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

LANÇAMENTO DE LIVROS













Frei José Milton de Azevedo Coelho, ofm, estará em breve lançando dois livros em Bezerros, sua terra natal: o romance Saburá - o doce-amago da saudade e Em busca das raízes - Genealogia de famílias bezerrenses. Os livros estão no prelo e serão editados pela Livro Rápido / Elógica, de Peixinhos - Olinda.


A Capa de Saburá é trabalho de Edvaldo S. Medeiros, de Ipojuca, tendo como base foto da tela "Moça com Flores de Mulungu"de José Cláudio, cedida pelo pintor para o romance de Frei José Milton.

A Capa de Genealogia é de Edvaldo S. Medeiros. Tem como suporte foto dos pagens Mateus e Ana Cecília (quando crianças), sobrinhos-netos do autor do livro, e, como pano de fundo, vista da Pedra da Índia, na Serra da Camaratuba, em Bezerros, onde um dos antepassados da família encontrou a índia com quem conviveu, união da qual provêm muitas famílias bezerrenses.












terça-feira, 5 de abril de 2011

IGREJAS E CAPELAS COM SEUS PADROEIROS AOS CUIDADOS DOS FRANCISCANOS DE IPOJUCA
O 1º Livro de Crônica do Convento de Ipojuca apresenta uma lista das igrejas e capelas aos cuidados dos frades: Matriz de São Miguel: (e Na. Sra. do Livramento), Santuário do Santo Cristo: (Convento Santo Antônio), Igreja de . Sra. do Ó: (ou da Expectação), Capela Sra. dos Oiteiros: (Na. Sra. da Conceição), Capela da Usina Salgado: (N. Sra. de Nazaré e S. João), Capela da Usina Ipojuca: (N. Sra. da Conceição), Capela de Camela (S. Antônio). Capela do Engenho Maranhão: (Na. Sra. da Penha), Engenho Pará: (Na. Sra. das Vitórias), Engenho Gaipió: (São José), Engenho Belém: (Na. Sra. da Conceição), Engenho Bonfim: (Nosso Senhor do Bonfim), Capela do Engenho Pindoba: (São Tomé), Engenho Fernandes: (Na. Sra., da Conceição), Engenho Sibirozinho: (Sagrada Família) Engenho Cachoeira: (Na. Sra. da Conceição), Capela do Engenho Água Fria: (Na. Sra. da Conceição), Engenho Arimbi: (Sant’Ana), Capela do Engenho Tapera: (Cosme e Damião), Capela do Engenho Penderama: (N. Sra. da Conceição), Capela do Engenho Ilha das Mercês: (Sra. das Mercês), Capela da Praia do Cupe: (São Sebastião), Capela da Praia de Maracahype: (S. Francisco de Assis), Capela do Cemitério de Na. Sra. do Ó, Capela do Engenho Jundiá: (Escada), Engenho Esmeralda (Escada).


AS CAPELAS – Sebastião Galvão enumera as seguintes capelas ou templos da Freguesia de Ipojuca: De Santo Antônio, do Convento Franciscano do mesmo nome (e não de São Francisco como o chama Sebastião Galvão; hoje, Santuário do Senhor Santo Cristo), de Nossa Senhora da Conceição de Camela ( engano; deveria ter dito “de Santo Antônio de Camela); do Senhor Bom Jesus, no Cemitério de Ipojuca; do Senhor do Bonfim, no Engenho Salgado [hoje: Nossa Senhora de Nazaré e São João Batista); de Nossa Senhora das Mercês, no Engenho Mercês; de Nossa Senhora da Penha, no Engenho Maranhão; de Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Genipapo; de São Tomé, no Engenho Pindoba; de Nossa Senhora da Conceição, nos Engenhos Caeté, Utinga de Baixo, Sibiró de Santa Cruz, do Cavalcante e Fernandes; dos Santos Cosme e Damião, no Engenho Tapera; de Santo Antônio, no Engenho Caetés; de Jesus, Maria, José, no Engenho Saco; de Nossa Senhora da Coceição, nos Engenhos Água Fria, Penderama e Cachoeira; da Piedade, no Engenho Bom Fim; de Nossa Senhora do Desterro, no Engenho Matas do Ipojuca; de Nossa Senhora do Rosário, no Engenho do Meio; de Nossa Senhora da Ajuda, no Engenho Utinga; de Sant´Ana nos Engenhos Arendepe e Arimbu; de Nossa Senhora da Guia, no Engenho Boassica; de Nossa Senhora da Estrela, no Engenho Ilha do Álvaro; de São José, “do pequeno povoado de Gaipió”; de Sant´Ana, de Serrambi; de Nossa Senhora de Maracaípe (hoje, de São Francisco, em ruínas); Nossa Senhora do Outeiro, no Porto de Galinhas.


NOVA LISTA DOS ENGENHOS E COMUNIDADES ORGANIZADA PELO ADMINISTRADOR PAROQUIAL FREI CARLOS ALBERTO BREIS, COM A TABELA DS MISSAS:

3º DOMINGO, ÀS 19 HORAS: ALTO DA BELA VISTA.

4º DOMINGO, ÀS 19 HORAS: ENGENHO GAIPIÓ (COMUNIDADE S. JOSÉ).

2ª TERÇA—FEIRA, ÀS 17 HORAS: ENGENHO S. PAULO (COMUNIDADE S. PAULO) .

2ª QUARTA-FEIRA, ÀS 19 HORAS: EMGENHO ARIMBI.

3ª QUARTA-FEIRA, ÀS 19 HORAS: ENGENHO TABATINGA (COMUNIDADE SANTA LUZIA).

4ª QUARTA-FEIRA, ÀS 19 HORS: ENGENHO CACHOEIRA (COMUNIDADE SANTOS COSME E DAMIÃO).

2ª QUINTA-FEIRA, ÀS 17 HORAS: COUNIDADE DA RUA CALIFÓRNIA.

2ª QUINTA-FEIRA,ÀS 19 HORAS: ENGENHO PINDORAMA (COMUNIDADE N. SENHORA DA CONCEIÇÃO).

3ª QUINTA-FEIRA, ÀS 19 HORAS:

NO MÊS PAR: ENGENHO SIBIRÓ DO MATO (COMUNIDADE N. SENHORA DE LOURDES).

NO MÊS ÍMPAR: SIBIROZINHO (COMUNIDADE SAGRADA FAMÍLIA)

4ª QUINTA-FEIRA, ÀS 19 HORAS: ENGENHO TAPERA.

SÁBADO, ÀS 19 HORAS: ENGENHO GRAUASSU.


OUTROS ENGENHOS E COMUNIDADES COM ASSISTÊNCIA MENSAL NÃO FIXA: CASTELO;

FORTALEZA,;

JUSSARAL;

MARANHÃO;

PIEDADE;

QUELUZ;

TAMANQUEIRO.







sexta-feira, 1 de abril de 2011

ENGENHO BERTIOGA DE IPOJUCA

DESCOBERTA DE RUÍNAS

NO ENGENHO BERTIOGA DE IPOJUC A


Caro Edvaldo, você está mais do que de parabéns. Até hoje, que eu saiba, não existe nada na Internet nem na literatura, mesmo na especializada em achados arqueológicos, sobre ruínas no Engenho Bertioga de Ipojuca. Procure nos meus Blogs e o que você encontra: "- Engenho Bertioga. Foi confiscado e vendido a seu proprietário, João Tenório, que ficou do lado dos holandeses.Estava em funcionamento, movido a água."

O que escreve Sebastião Galvão em seu célebre Dicionário (Volume I, A-O: Bertioga, pg. 63):

"Bertioga - Engenho do município de Ipojuca, a oéste e 9 1/2 kilms. de N. S. do Ó, séde do município (em linha reta), fica situado à marg. dir. do rio Ipojuca, entre os engenhos Crauassú, Mirador, Conceição Velha, e Bem-fica. Foi Fundado, segundo parece, pelo sargento-mór João Baptista Jorge, casado com D. Fernandina Rosa Lourenço Tenorio, antes da invasão holandeza." E só. Cita também o lugar Bertioga no município de Olinda, à beira-mar, onde moravam pescadores. Navegando na Internet, chegaremos a Bertioga em São Paulo: "Bertioga - Guia de viagem, dicas e onde ficar Férias Brasil Porta de entrada para o badalado Litoral Norte de São Paulo, Bertioga reúne atividade e programas para turistas de variados estilos, em especial... "

Prezado Edvaldo, veja só: Bertioga dos pobres pescadores em Olinda (será que ainda existe?) e Bertioga paulista, para a alta classe, no "Guia de Viagens e de Férias no Brasil"!

E o nosso Engenho Bertioga, não longe de Nossa Senhora do Ó, (que no tempo de Sebastião Galvão era sede do município), já existente em pleno funcionamento antes da chegada dos holandeses que, como novos donos da terra, o venderam ao seu dono, uma maneira polida de dizer (eufemismo) que de dono ele passou a servo da Companhia das Índias Ocidentais!

Os tempos mudaram e o nosso Bertioga, comido pela industrialização, deixou de ser engenho com vantagem: de fornecedor de cana a usineiros, é hoje - com seus quase 400 anos de existência, um verdadeiro paraíso. Pegunte ao pessoal da Capela de Santa Clara no Campo do Avião, aqui em Ipojuca. Foi lá que me deleitei com as melhores mangas que já vi. Puro mel! E de onde eram? Dos sítios de Bertioga! (Desculpem, me enganei. Já tinha escrito isto quando me informei melhor: as mangas eram de Muro Alto! De qualquer forma, eram aqui de nossa região e de gente que mora em Bertioga! Aí as terras não dão mangas, mas as jacas de lá são um sabor!) Mas mesmo sem as mangas, as laranjas e os cajus, há a beleza das árvores centenárias, o encantamento das paisagens e as ruínas seculares que você fotografou como ninguém. Para isso saiu daqui de madrugada, subiu em desceu morros e vales, atravessou rio, riachos e cachoeiras, passou de quatro pés em ponte de tronco de árvore (depois ficou sabendo que havia jangada), varou mata-virgem, nada passando despercebido à sua máquina fotográfica, nem um pássaro, nem uma cigarra, nem um garfanhoto ou libélula e não havia viva alma a quem perguntar as coisas que você já sabia de longe em conversa com o povo.

Até que... se deparou com as ruínas ... Bem, paremos aqui, porque você mesmo oportunamente nos vai contar e mostrar o tesouro encontrado, ou melhorm dizendo, encantado de Bertioga. E saber que tudo isso corre perigo de devastação, com as obras de SUAPE, como você e outros mostraram na Assembléia Paroquial de abertura da CF/2011.

Temos que levar os próprios moradores a valorizarem o que é deles e nosso também. Do seu ponto de vista (foi isso que mais calou em mim) só há, realmente, um caminho: é abrir o paraíso e criar o cartão de visita que vai trazer mais turistas que a Bertioga de São Paulo. Para isso não se precisa esperar pelo público. O povo tem o direito de exoplorar financeiramente (no bom sentido da expressão) as belezas que Deus deixou para serem administradas com senso de justiça e solidariedade. Fique a sugestão para o Agir da Campanha da Fraternidade / 2011: VALORIZAR O PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE IPOJUCA, TÃO RICO E TÃO POUCO CONHECIDO, FAZENDO COM QUE O PRÓPRIO POVO POSSA DESFRUTAR AS SUAS VANTAGENS E ALCANÇAR MELHORIA DE VIDA PARA SUAS FAMÍLIAS.

Sugestão que ouvi de uma pessoa do Campo do Avião, com quem tratei do assunto: Que os moradores de lá tornem mais fácil o acesso a Bertioga pelo rio e cobrem um tacha de quem atravessa na jangada!

E continuem as pesquisas sobre as fabulosas ruínas, onde, segundo se diz por lá (e você mesmo ouviu e viu), há um tanque que desemboca no Convento...

OK?!


terça-feira, 29 de março de 2011

A PROPÓSITO DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE IPOJUCA

HOJE É O ANIVERSÁRIO DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE IPOJUCA. 165 ANOS. COMO ESTÁ SENDO BONITA A PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS, JOVENS E ADOLESCENTES DA CIDADE E DA ZONA RURAL NESTAS COMEMORAÇÕES. MERECEM DESTAQUE AS PESQUISAS PROMOVIDAS PELAS ESCOLAS E COLÉGIOS SOBRE A HSISTÓRIA IPOJUCANA. NÓS FRADES FOMOS ABORDADOS ESTES ÚLTIMOS DIAS POR GRUPOS E MAIS GRUPOS DE ADOLESCENTES, COM PRANCHETA E CANETA ÀS MÃOS, COM CÂMARAS FOTOGRÁFICAS, DE SIDES E ATÉ DE FILMADORAS EM PUNHO PARA FALARMOS SOBRE OS MAIS VARIADOS TEMAS COM QUE ESSAS TURMAS NOS ASSEDIAVAM, NÃO NOS PERMITINDO DIGRESSÕES, FICANDO RIGOROSAMENTE PRESOS AOS ASSUNTO PROPOSTOS. JÁ ABORDAMOS NESTAS POSTAGENS O PAPEL DE IPOJUCA NA INSSURREIÇÃO PERNAMBUCANA, QUE AQUI TEVE SUAS PRIMICIAS. NÃOÉ FÁCIL CONSEGUIR TODOS OS NOMES DOS 18 HERÓIS QUE ASSINARAM O COMPROMISSO IMORTAL EM QUE A PALAVRA PÁTRIA, CONFORME CONSTA NA HISTÓRIA DE IPOJUCA, APARECE PELA PRIMEIRA VEZ NA AMÉRICA LATINA. ESTAMOS TENTANDO COMPLETAR ESSA LISTA. MAS UM NOME NÃO PODE FALTAR: O DE AMADOR DE ARAÚJO, SENHOR DO ENGENHO TABATINGA. NESTA POSTAGEM DE HOJE, TRANSCREVEREI UM DOS DOCCUMENTOS DO ARQUIVO NACIONAL DE HAYA (HOLANDA) EM QUE SE PODE VER O QUANTO ELE FEZ SOFRER AS TROPAS BATAVAS ALOJADAS EM NOSSA REGIÃO, ATÉ CONSEGUIR, COM OS DEMAIS PATRIOTAS, A EXPULSÃO DELES DA MATA SUL PERNAMBUCANA, RECUPERANDOM O CONVENTO DE IPOJUCA E DEVOLVENDO-O AOS FRANCISCANOS EM 1645. AQUI VAI A TRANSCRIÇÃO EM PORTUGUÊS DA CARTA DE UM DOS ANCESTRAIS DOS VANDERLEY DE IPOJUCA:
Carta de Gaspar van der Ley e Johan Hick de 08/07/1645 Dirigida aos Altos Conselheiros em Recife "Excelentíssimos, Digníssimos, Sábios e mui Prudentes Senhores. Depois de oferecer as devidas homenagens a Vossas Excias., comunicamo-lhes o seguinte. Diariamente podemos observar que todos os moradores desta região se vão rebelando contra o nosso Estado, sendo seu coronel Pedro Marinho. Eles mandam buscar os jovens em suas casas, e quem não passa para eles voluntariamente obrigam-nos a faze-lo à força, de modo que todos os jovens de mais de 14 anos de idade já se reuniram a eles. 0 inimigo tem seu quartel aqui atrás, no Engenho Novo, perto da casa do caldeireiro, onde os seus ficam à vontade, cozinham e fumam diante de nossos olhos, sem que possamos impedir-lhes isto, pois não dispomos de gente bastante. Por isto pedimos humildemente a Vossas Excias. queiram a tempo tomar providencias, porque eles tentam bloquear todos os caminhos e cortar o nosso abastecimento. Amador de Araújo apoderou-se novamente da freguesia de Ipojuca e tomou o lugar, ou passo chamado Penderama, onde lutamos com ele em outra oportunidade, de modo que não se pode mandar cartas ao tenente (Flemming) em Ipojuca, como Vossas Excias. podem ver na que vai inclusa, por nós mandada ao tenente, e que Amador de Araújo nos mandou de volta, ainda fechada, do que Vossas Excias. podem concluir que, se isto continuar assim, o tenente será obrigado a entregar-lhes o convento. 0 inimigo torna-se aqui todo dia mais forte e está nos cercando. Pedimos, pois, a Vossas. Excias. queiram, a tempo tomar providências e mandar-nos tropas para não ficarmos sitiados, e por tanta gente no campo quanto for possível e chamar o resto dos brasilianos. Ao nosso ver deve-se abandonar Porto Calvo, para deste modo reunir mais gente, porque este lugar poderemos em qualquer ocasião recuperá-lo. Sendo senhores do campo poderemos obter mantimentos para todas as tropas e, ao nosso ver, é melhor nós mesmos comermos o gado, do que deixá-lo para o inimigo. Na noite passada mandamos uma tropa com uma parte dos brasilianos para o Engenho Novo, para saber o que lá se estava fazendo, mas já se tinham retirado para a casa do caldeireiro, num morro; diante deles está um pântano, onde se estabeleceram em emboscada. Eles contam com mais de trezentos homens e tornam-se diariamente mais fortes, de modo que nós não temos gente para expulsá-los dali, o que nos pesa muito, porque gostaríamos de prestar bons servigos a Vossas Excias. mas sem tropas nada podemos fazer. Recebemos agora notícia que o inimigo se encontra no engenho do senhor Paulus Vermeulen e que o capitão Antonio de Crasto ai matou os porcos e levou açúcares da casa de purgar. Pedimos, pois, a Vossas Excias. mandar-nos logo resposta e enviar-nos mecha holandesa de boa qualidade, da qual estamos tão necessitados quanto de comida. Referimos isto a Vossas Excias. e esperamos ser atendidos com brevidade. Vossas Excias. queiram mandar também algumas armas para os civis, porque aqui há muitas pessoas sem elas. O dito Amador de Araújo enforcou em Ipojuca um homem que se recusou a tomar as armas, numa forca que ai levantou. Santo Antonio do Cabo em 8 de julho de 1645." Esta documentação pode ser encontrada pela pesquisa GOOGLE, na internet, acessando-se :

PESQUISA GOOGLE: GASPAR VAN DER LEY



PLACA EXISTENTE NA FACHADA DO CONVENTO:



"COMPROMISSO IMORTAL 23 DE MAIO DE 1645 “NÓS, ABAIXO ASSINADOS, NOS CONJURAMOS E PROMETEMOS EM SERVIÇO DA LIBERDADE NÃO FALTAR A TODO O TEMPO QUE FOR NECESSÁRIO, COM TODA AJUDA DE FAZENDAS E DE PESSOAS, CONTRA QUALQUER INIMIGO, EM RESTAURAÇÃO DE NOSSA PÁTRIA; PARA O QUE NOS OBRIGAMOS A MANTER TODO O SEGREDO QUE NISTO CONVÉM. SOB PENA DE QUEM CONTRÁRIO FIZER SERÁ TIDO COMO REBELDE E TRAIDOR E FICARÁ SUJEITO AO QUE AS LEIS EM TAL CASO PERMITAM”. 18 LÍDERES PATRIOTAS."

segunda-feira, 14 de março de 2011

SANTA LUZIA DE TABATINGA












A PEDRA DO MILAGRE


A Capela nova














Imagem de Santa Luzia venerada na Capela Nova.











Contam os mais antigos de Ipojuca que em Tabatinga se venera o milagre de Santa Luzia na " Pedra do Milagre".



À entrada da mata que leva à antiga capela




Coisa semelhante acontece em Santo Antônio do Monte, no Cabo de Santo Agostinho: a capela é no alto, mas o milagre é em baixo: a água pinga de gota em gota, é acumulada num pequeno tanque. Era costume ser procurada esta água pelas mães, trinta dias após o parto, para tomarem aí o primeiro banho frio,uma vez que em casa só podiam tomar banho com água morna quinze dias após darem à luz. Lembramos o que já postamos neste blog sobre Santo Antônio do Monte, em cujo engenho trabalhava Frei Cosme de São Damião (mártir da guerra holandesa) antes de entrar na Ordem Franciscana em Ipojuca.

Ruínas da antiga capela





ão sabemos se havia o mesmo costume na Pedra do Milagre de Tabatinga. Consta que havia também uma fonte milagrosa.



Tijolo da primeira Capela









Mais um motivo para se abrir ao público as ruínas da primitiva capela. O Governo Municipal de ipojuca está perdendo uma grande chance de favorecer o turismo religioso nas paragens de Tabatinga. Com pouco gasto, a Secretaria de Cultura poderia fazer de Tabatinga um dos pontos turísticos do Município. Voltaremos ao assunto.







Apresentemos mais algumas imagens de Tabatinga, da Câmara de Edvaldo S. Medeiros.



Grande pedra talhada da primeira igreja.







Dentro da mata.






































































RELÍQUIA DO PASSADO FRANCISCANO


Guardo com muito carinho um pequeno folheto em que se lê:
REGRA PARA O ALUNO SERÁFICO
O ALUNO SERÁFICO É COMO SÃO FRANCISCO DE ASSIS:
1. nobre no pensar e cortês no agir, cônscio de sua vocação;
2. piedoso e sincero perante Deus que é seu Senhor e Pai;
3. respeitoso para com o sacerdote e religioso, pois é ministro de Deus;
4. puro de alma e corpo, pois presta serviço de anjo no altar;
5. satisfeito com pouco, pois aspira à riqueza de alma e espírito;
6. obediente aos superiores, dócil e prontamente;
7. consciencioso no estudo, pois é seu dever de estado;
8. aos colegas amigo prestimoso, espontaneamente;
9. alegre e jovial no recreio, jamais perturba um jogo;
10. patriota, ama com fé e orgulho a terra em que nasceu;
11. Atenciso e reservado para com estranhos;
12. Amigo da natureza, nada destrói nem maltrata por capricho.
COMENTÁRIO – Que primor ! Que síntese de tudo de bom que nos ensinavam no Colégio Seráfico de Ipuarana! Não falta nem o aspecto ecológico, tão franciscano e tão universal, e tão presente nos dias de hoje!
Relíquia para ser guardada não num escrínio, mas no coração.
Tenho-a desde minha entrada no Colégio Seráfico de Ipuarana a 28 de janeiro de 1946, aos 11 anos de idade.
Gostaria que os ex-alunos franciscanos comentassem esta postagem.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

IPOJUCA ENGENHO TABATINGA



MARTÍRIO DO CAPELÃO
A vida nos engenhos daquela região canavieira da Mata Sul de Pernambuco, apesar dos sofrimentos trazidos sobretudo pela escravidão, tinha o seu lado alegre que fazia esquecer um pouco as agruras da opressão dos pequenos pelos que detinham o poder. A moagem era um tempo em que os senhores de engenho e os trabalhadores braçais usufruíam os benefícios da cana-de-açúcar. Todo mundo esperava com ansiedade a festa da botada. Os pobres viviam de barriga cheia, não faltava o caldo-de-cana, o mel-de-engenho, o alfinim, a rapadura. Muitos escravos, é bom lembrar, compravam a alforria com a venda dos produtos dos seus trabalhos, vantagens que perderam com a Lei Áurea, a 13 de maio de 1888. O abolicionista Joaquim Nabuco já temia que isso viesse a acontecer, se a Abolição não se fizesse acompanhar de uma legislação complementar que nunca veio.
Falávamos da alegria do tempo da moagem.
Pois bem:
[...] O invasor, porém, acabara com tudo aquilo.
[...] C0m a invasão holandesa, cessara a moagem em toda aquela rica zona açucareira de Sirinhaém, Rio Formoso, Cabo, Ipojuca. [...] Os engenhos ficaram parados e tristes. Os escravos sem trabalho. As casas-grandes assustadas e sem defesa. Os bois à toa pelo cercado ou destruindo as plantações. Os carros abandonados nos pátios. E os holandeses cometendo violências.
O Capelão do engenho, homem de bondade e de fé, poderia ter fugido à aproximação do estrangeiro, mas não quis fazê-lo.
Preferiu ficar com os seus fiéis [...]
Embora fossem os batavos de credo diferente [calvinistas radicais], o sacerdote, no dia seguinte, um domingo, logo de manhã, preparou-se para dizer a sua missa, ele próprio subindo a colina verde para tanger o sinosinho da Capela, chamando os trabalhadores.
No silênci0 da madrugada, o sino cantou alegremente, espalhando sons pelos campos desertos, engenhos parados, estradas abandonadas...
Acordando de brusco, o comandante holandês pulou do leito, mandou tocar a reunir. Era homem dsconfiado e mau. Aqueles toques de sino lhe pareceram, não convite religioso, porém sinal ao inimigo.
Os oficiais concordaram e o exército ocupante formou em atitude de batalha, esperando ordens. O próprio comandante dirigiu-se à Capela para prender quem estivesse puxando a corda do campanário.
Lá encontrou apenas o Padre. Deu-lhe voz de prisão, disse-lhe ir mandar matá-lo como traidor.
O sacerdote, sereno, pediu somente deixassem-no celebrar a missa pela última vez.
E subiu ao altar.
Quando terminou, foi fusilado no pátio do engenho.
(Mário Sette, Terra Pernambucana, São Paulo, 9ª Edição, pags. 44-46).

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ENGENHO TABATINGA DE IPOJUCA

A capela atual do Engenho Tabatinga situa-se numa pequena colina com longa escadaria, mas tão bem feita que os portadores de bengalas ou mesmo muletas sobem por ela com prazer.
Aí se venera Santa Luzia, cuja festa acontece a 13 de dezembro. Tudo leva a crer que a pequena imagem barroca, muito linda, que se vê no altar seja a original do século 17. Mas a capela não é mais a primitiva cujas ruínas ainda hoje se conservam dentro de uma das matas (que encantadoras matas!) a que se pode chegar a pé ou carro (se o tempo não for de chuva). Todos os anos a procissão sai da atual capela com a imagem, percorrendo cerca de 3 km (ou uma çlégua de ida e volta) subindo e descendo ladeiras, passando pelas ruínas da primitiva igreja cujas pedras ciclópicas e bem talhadas ali se amontoam de mistura com tijolos de cerca de 2 palmos por um de tamanho e aproximadamente 8 cm de espessura, pesando não menos de 5 kl. Ainda podem ser vistos restos das paredes em meio aos troncos de árvores centenárias num emaranhado galhos de todos os tamanhos e grossura, recamados de musgos, avencas, líquens, bromélias e orquídeas, numa festa de sombras e de luzes tropicais, ao estrídulo das cigarras, ao canto dos sabiás e aos zumbidos de milhares de insetos de cores as mais variegadas, voejando para todos os lados. Aqui e ali, as clareiras que nos deixam descortinar os vales cobertos de canaviais e encimados por restos da mata atlântica escapos à furia dos machados e tratores. Creio que ainda se podem ver o mar, a barra de SUAPE, a orla marítima de Porto de Galinhas, Maracaípe, Nossa Senhora do Oiteiro. Podem ser vistos também um açude e a barragem que abastece de água potável a região.
UMA HISTÓRIA A SER RESGATADA - Voltando a algumas das nossas postagens:
EGENHOS DA FREGUESIA DE IPOJUCA
CONFORME RELATÓRIO HOLANDÊS
DOS ANOS DE 1637 A 1639. Documento 5,
[1]
[1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 83 ss.
- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente.

DO DOCUMENTO 4 DOS RELATÓRIOS HOLANDESES:
INVENTÁRIO DE TODOS OS ENGENHOS SITUADOS ENTRE O RIO DAS JANGADAS E O RIO UMA, EM PERNAMBUCO, FEITO PELO CONSELHEIRO WILLEN SCHOTT EM 1636. - Sobre o Engenho Tabatinga:
Engenho de Tabatinga, de Santa Luzia, pertencente a Cosme Dias da Fonseca, que fugiu, situado calculadamente duas milhas distante do Cabo. Mói com água e tem um belo açude. A casa de purgar e a casa das caldeiras são de alvenaria, mas muito velhas e começam a decair. Tem também cerca de uma milha e meia de terra com uma boa várzea, bem plantada com canavial, que anualmente pode produzir cerca de 5.000 a 6.000 arrobas de açúcar; as caldeiras e os tachos foram todos retirados.” [3]
- Sobre o Engenho dos Salgados: “...do mesmo Cosme Dias, situado uma milha e meia distante do antes citado engenho, tem cerca de uma milha de terra, na maioria várzeas, das quais se obtêm boas canas.. Mói com bois e tem duas moendas e, pela comodidade do rio Ipojuca, que corre bem perto, pode moer o ano inteiro. Tem fornecido 5.000 arrobas e paga de recognição 30 arrobas de açúcar branco e encaixado; a casa de purgar tem paredes de taipa, mas está totalmente destruída, como também as moendas; as caldeiras foram retiradas e escondidas.” [4]
[1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp.142 a 143,
[2] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 47 ss.; sobre Ipojuca: pp. 61 ss.
[3] Id. Ibd. p. 61.
[4] Id. Ibd. p.61.- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente.

PESQUISA GOOGLE: “ AMADOR DE ARAÚJO DO ENGENHOTABATINGA”!
ABRINDO:
PDF]
IPOJUCA
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Visualização rápidade Ipojuca já contava com muitos engenhos de açúcar, ... O encontro com as forças pernambucanas ocorreu no dia 23 de julho de 1645, no engenho Tabatinga. ... seguida, o capitão-mor Amador de Araújo e sua tropa marcharam até a Várzea, ...www.portais.pe.gov.br/c/document_library/get_file?folderId

ABRINDO:

"Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM
Município IPOJUCA
Prefeitura Municipal
Prefeito: PEDRO SERAFIM DE SOUZA FILHO
Vice-prefeito: Fernando Eduardo Alves da Silva
Endereço da Prefeitura Municipal de IPOJUCA
Rua Cel. João de Souza Leão, s/n CEP: 55.590-000
Fone: (81) 3551 1156/1147 Fax: (81) 3551 0207
E-mail: ipojuca@zaz.com.br
Site: www.ipojuca.pe.gov.br
Eleitorado
Número de eleitores – 2008
Total Masculino Feminino Não informado
56.606 28.127 28.444 35
Fonte: TRE.
Aspectos Históricos
Criação da vila de Ipojuca: 09/05/1864 Lei Provincial nº 587
Data cívica (aniversário da cidade): 30/03
A povoação da área do município de Ipojuca é bastante remota; embora não se possuam dados exatos acerca da
fundação da localidade, supõe-se que tenha surgido ainda no primeiro século da colonização, através da doação de
sesmarias. Entre as famílias que se estabeleceram inicialmente na várzea do Ipojuca mencionam-se: Lacerda,
Cavalcanti, Rolim e Moura.
O distrito foi criado anteriormente a 1608, com a denominação de Nossa Senhora do Ó de Ipojuca, confirmado pela
Lei Municipal nº 2, de 12 de novembro de 1895. Por ocasião da invasão holandesa, toda a região do atual município
de Ipojuca já contava com muitos engenhos de açúcar, graças à fertilidade de suas terras, ricas em massapê. Em 17
de julho de 1645 começou a luta em Ipojuca para a expulsão dos batavos, dirigida pelo capitão-mor Amador de Araújo
que dispunha de apenas 16 homens armados. A luta teve início em decorrência de um incidente entre um judeu e um
morador da localidade, aproveitando-se os habitantes desse fato para combater os invasores. O destacamento
holandês tentou manter a ordem, mas o povo, incentivado por Amador de Araújo, mesmo sem armas apropriadas,
incendiou o quartel holandês e matou muitos soldados. Do Recife foi enviado um reforço holandês, comandado pelo
coronel Haus. O encontro com as forças pernambucanas ocorreu no dia 23 de julho de 1645, no engenho Tabatinga.
Nesse dia, os revoltosos de Ipojuca atacaram os holandeses numa emboscada, derrotando-os completamente. Em
seguida, o capitão-mor Amador de Araújo e sua tropa marcharam até a Várzea, a fim de se juntar às forças de
Fernandes Vieira. Posteriormente, tomaram parte no combate de Tabocas."

O MARTÍRIO DO CAPELÃO - Em seu livro "Terra Pernambucana" (São Paulo, 9ª Edição), o escritor Mario Sette, no Capítulo "O Sino da Capela", nos conta a história do trucidamento pelos holandeses do capelão de um engenho situado em Ipojuca. O inimigo havia descido de Sirinhaém, ocupando as terras do engenho de Ipojuca. Não diz o nome do engenho. Mas não pode ser outro, a não ser o Engenho Tabatinga, na éppoca, do bravo Amador de Araújo. Era o único Engenho de Ipojuca a manter um Capelão morando no lugar.
Sabemos que em 24 de janeiro de 1594 já era falecido o primeiro vigário de Ipojuca de que temos conhecimento, o Padre Gaspar Neto, que desde 1589 regia a Freguesia, ocupando o seu lugar o Padre Paulo Róiz de Távora. Este permanece à frente da Paróquia até 1608. Seu sucessor foi o Padre Domingos Vieira de Lima de 1646 a 1650, seguido do Padre José Vieira de Melo. São dados colhidos por Frei Venâncio Willeke e que figuram na breve história da Paróquia constituído pelo Capítulo IV de sua obra "Convento de Santo Antônio de Ipojuca" (Rio de Janeiro, 1956). Serviu de fonte a Frei Venâncio principalmente o livro "Denunciações de Pernambuco", do Tribunal da Inquisição, órgão eclesiástico encarregado de averiguar os casos de heresia. Consta nesse livro o nome de vários Capelães do Engenho Tabatinga de Ipojuca. Pelõs autos das várias denunciações citadas ´por Frei Venâncio, "verifica-se que já em 1591, havia, além do viogário,.um Capelão com residência no Engenho de Santa Luzia (Tabatinga)".
O Padre Paulo Róiz de Távora e o Padre Cosme Neto eram respectivamente, Vigário de ipojuca Capelão de Santa Luzia de Tabatinga em 1594.
Já vimos, pelos relatórios holandeses, que em 1636 eles já haviam tomado o Engenho Tabatinga. Nessa época o Vigárioo de SãoMigueel de Ipojuca era o Padre Sebastião Rodrigues. O Engenho Tabatinga pertrencia, então, a Cosme Dias da Fonseca, que fugiu commatias de Albuquerque para Alagoa do Sul (hoje Marechal Deodoro).
Voltemos ao que já foi por nós citado nesta postagem:
"EGENHOS DA FREGUESIA DE IPOJUCA CONFORME RELATÓRIO HOLANDÊS DOS ANOS DE 1637 A 1639. Documento 5,[1] [1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 83 ss.
- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente. "
Creio que o martírio do capelão se deu entre 1636 e 1639. Quem teria sido o Capelão martirizado?
Teria sido o Padre o Padre Cosme Neto, aquele que em fevereiro de 1594 era o Capelão de Santa Luzia em Tabatinga?
Suponhamos quie, como capelão, ele tivese de 30 a 33 anos de idade (se ordenavam muito moços então!).
Se o trucidamento do capelão se deu entre 1636 a 1639, ele teria
sido morto entre os 72 e 74 anos de vida, o que me parece razoável. Na próxima postagem contaremos como se deu o martírio do capelão, fato giuardado na memória de alguns ipojucanos.