segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA

Igreja de Nossa Senhora das Neves de Olinda
Azulejos da Anunciação














 Frei Matias Teves, ex-catedrático da Escola de Belas Artes de Pernambuco, deixou-nos algumas páginas de grande valor sobre a história da Provincia Franciscana de Santo Antônio do Brasil.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA





 Sobre a igreja do Convento Franciscano de Olinda (então Convento de Nossa Senhora das Neves), escreve em síntese admirável:














COMO OS HALANDESES VIAM O CONVENO FRANCISCANO DE OLINDA:
GRAVURA MARIN  D´ÓLINDA

“ Entrando nela, tem-se logo a impressão de um ambiente sagrado e formoso. Toda ornada de painéis de mestres cujos nomes continuam ignorados, vêm-se as paredes cobertas até altura de uns três metros de ricos azulejos, apresentando em quadros sucessivos cenas da vida de N. Senhora. O mesmo acontece nos painéis de cores que no teto, enfaixados em ricas molduras, descrevem as glórias de Maria Santíssima. Muito bem lavrados são os altares, esculpidos e dourados onde chamam a atenção do visitante antigas e belíssimas imagens esculpidas em madeira, destacando-se a do orago N. Sra. Das Neves e a de São Francisco no Altar-mor, assim como a de N. Sra. Da Conceição, respectivamente a de S. Antônio, nos altares laterais. É interessante ainda uma pintura na igreja do Convento [igreja N. Sra. Das Neves], no plafond por baixo do coro dos religiosos, célebre painel em estilo arquitetônico, com admirável estudo de perspectiva, O conjunto é evocativo e piedoso."

CLAUSTRO DO CONVENTO S. FRANCISCO DE OLINDA


















JOVENS FRADES NA CISTERNA DO CONVENTO
AO PÉ DO RELÓGIO DE SOL

sábado, 3 de novembro de 2012

A CAPELA CAPITULAR DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
Na década de 30 Frei Matias Teves voltava a Olinda como Professor de Filosofia. Possivelmete dessa época são os seus escritos sobre o Convento de Olinda: história, arquitetura, pinturas, azulejos...
Desta vez, vamos transmitir o que ele nos legou sobre a “Capela Capitular” ou, como é mais conhecida, a “Capela do Capítulo”.
É uma pequena capela, único resto do primitivo Convento. Com azulejps de duas cores com desenhos geométricos; no fundo, entre duas janelas, destaca-se o altar de Nossa Senhora, ladeada de São Francisco e de santo Antônio. As obras de talha, em parte estragadas, em parte renovadas no mesmo estilo, revelam o desejo dos religiosos de zelar as obras antigas e, por outro lado, a falta de recursos, porque  “a verba solicitada por Frei Matias” (destaque nosso) há poucos anos, e obtida do Governo, não era suficiente para levar a termo o trabalhão iniciado de restauração.
Dignos de nota são ainda os painéis do teto, assim como a lápide de mármore em frente ao altar que, desde o ano de 1656 tem guardado os restos mortais do patrono da Capela: Capitão Francisco do Rego Barros e de sua esposa Dona Arcanja da Silveira. Além dos dizeres alusivos, o epitáfio ostenta em relevo o seu brasão d´darmas.
Até aqui o que devemos a Frei Matias Teves. Na mesma década de trinta, como catedrático da Escola de Belas Artes de Pernambuco (ele foi um dos fundadores) recebeu muitas veze o encargo de pedir auxílio financeiro ao Presidente Getúlio Vargas, para não ver a Escola fechar as portas. Em 1940 vai pessoalmente ao Rio para angariar recursos da Presidência para a  Escola de BelasArtes. Estava, pois tarimbado para conseguir verba para o seu querido Convento de Olinda.
 Aqui, gostaríamos de emitir uma opinião sobre o costume de adotar patronos para as obras de arte dos Conventos.
Os religiosos não contavam com meios financeiros para a coservação do patrimônio artístico. Recorriam a benfeitores ricos que patrocinavam um altar ou uma capela, como legado, obtendo o direito de sepultura com lápide, recebendo, os benefícios espirituais garantidos pelo Direito da Igreja e da Ordem.
Muitas vezes, porém, os herdeiros não cumpriam suas obrigações, caindo muitos legados no esquecimento.
Temos o exemplo de Ipojuca: o benfeitor Francisco Dias Delgado (doador do terreno para Não seria a imagem primitiva de Nossa Senhora das Neves? Veja que tem a cabeças descoberta com os cabelos grandes, os traços indígenas são evidentes. Pelo estilo, deve remontar ao século XVI. Consta que a a imagm primitiva foi obra dos índios que aqui tinham o seu seminário (colégio) e a veneravam com cantos e músicas (procure isto em Frei Jaboatão). 
a construção do Convento) e sua Esposa D. Catarina Moreno fizeram doação ao Convento de Ipojuca de muitas léguas de terra, com gado vacum, em Porto de Galinhas e Oiteiro de Maracaípe para manutenção do Convento, especialmente da sustentação do culto à imagem milagrosa do Senhor Santo Cristo. Os herdeiros se negaram a realizar a vontade dos doadores e os frades perderam tudo.







Até o terreno do Convento extramuros foi roubado pelo dono de um Engenho vizinho que mudou a posição dos marcos e nunca devolveu a escritura que um Guardião ingenuamente lhe confiara, acreditando que iria servir para confirmar os limites, sobre os quais haveria a dúvidas.
Se o Convento ainda fosse possuidor dessas terras, hoje poderia reparti-las do com os pobres como gostaria de fazê-lo.
Frei Fulgêncio (soube isto de um grande amigo dele advogado), vigário de mão cheia em Ipojuca na década de 50, conseguiu boa soma de dinheiro na Alemnha, para a construção de casa para os pobres de Ipoojuca. Não chegou a levantar uma única casa. A razão: o usineiro da Usina Salgado que também era Prefeito, não cedeu um palmo de terra para o projeto do Vigário. O dinheiro foi devolvido aos doadores.
Nossa Senhora do Oiteiro passou ao Patrimônio Diocesano.
Já os Currais de São Miguel, foi doação feita ao Patrimônio do Padroeiro da Paróquia e ainda hoje rende em benefício  da Paróquia de Nossa Senhora do Ó (!), embora sua administração tenha sido confiada ao Vigário de Ipojuca.
Voltando à Capela do Capílulo, e pensando em outras riquezas arquitetônicas do Convento, poderíamos perguntar de onde vinha tanto dinheiro para essas obras que hoje admiramos.
Quem nos vai responder é a escritora Sylvia Tigre de Hollanda Cavalcanti, no livro, fruto de sua pesquisa e texto:  O Azulejo na Arquitetura Religiosa de Pernambuco - Séculos XVII e XVIII (São Paulo, 2006, Metalivros), quando, à página 16, escreve: “O grande repertório do acervo de azulejos é o Nordeste, com destaque para Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara associa os círculos econômicos nordestino à profusão dos nossos azulejos, A região era mesmo próspera e rica nos séculos em que a arte se propagou” (pg. 16).
Mas, não se pode explicar tudo pela riqueza de Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara, acrescenta ainda três fatores: o social, o político e o geográfico.
Os templos pernambucanos são beneficiados pelo fator social: o surto de ufanismo, a renovação do sentimento religioso católico. Mas não batava isso: a riqueza advinda da cana de açúcar e o propósito dos senhores de engenho de manter sempre boas relações o com a Igreja Católica “de marcante presença na sociedade daquela época foi fundamental para o recebimento pelas Ordens religiosas, de grandes doações financeiras, heranças em testamento etc. Os recursos se refletiam no embelezamento dos templos religiosos como o ouro que tanto enriquece as talhas da igrejas e capelas, na imaginária e nas pinturas e, claro, Também na azulejaria” (p. 17).
Já na Bahia predominou o fator político. Capital da Colônia desde 1763, esteve em liderança durante todo o período de expansão da arte de azulejaria. Claro que isto beneficia sobejamente os patrimônios históricos e artísticos baianos, em quantidade e qualidade, opina Dora Alcântara.




sexta-feira, 2 de novembro de 2012

“CARTA DE MAREAR” E “LAMENTAÇÃO


DE FREI ANTÔNIO DO ROSÁRIO

“As AVES, diz Santo Agostinho, proferem vozes que parecem humanas”.

Umas aprendem a falar; outras, sem as ensinarem, falam, como são os pássaros que nesta terra [de Ipojuca] cantam, dizendo clara e distintamente:

- Bem-te-vi! Bem-te-vi!

Outros dizem:

-Já é dia! Já é dia!

E outros:

- Triste dia! Triste Dia!



Mas de todas as aves músicas que voam e cantam por este emisfério, o Sabiá da Praia é o Mestre da Capela pelo muito que arremeda o Melro e Rouxinol de Portugal.

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Mas o Sabiá da Praia, como anacoreta ou eremita mais retirado do mundo, nas solidões e desamparo das praias, nas inclemências e rigores do tempo, passa a vida cantando e chorando.

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Se a nossa alma, diz o mesmo David, é como pássaro tirado do laço; se arrependida e agradecida quiser cantar, ou para melhor dizer, chorar, suspirar e lamentar (que é para Deus o melhor cantar), faça-se Sabiá da Praia. No suave e enternecido canto desta retirada Ave, lamente, chore, clame à Divina Misericórdia, que gosta muito dessa música.

E se o Seráfico São Boaventura Doutor faz da alma devota filomela, um Sabiá da Praia, que é o rouxinol do Brasil, por que não fará a figura de uma alma penitente, por nos não tirarmos de Ave?

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Eu me contentara já que meus olhos fossem rios, mas daqueles que levantam vozes a Deus em favor dos pecadores. Estes rios, pelo que devo e espero da Virgem do Rosário, que hão de entrar e sair por aquele mar que se compõem de quinze mistérios, como de quinze rios.

Por isto convocarei Quinze Rios dos mais celebrados na terra em que habito [Pernambuco], para que, saindo pelos meus olhos, façam um mar que possa desfazer os altíssimos muros de areias e pecados, que são mais que as areias do mar.

Não pago com chorar sobre os rios da terra; é-me necessário chorar os rios da terra em lágrimas:

BEBERIBE.

CAPIBARIBE.

AFOGADOS.

JANGADA.

ALGODOAIS.

POIUCA.

SERINHAÉM.

RIO FERMOSO.

UNA.

TATUAMUNHA.

CAMARAJIBE.

S. ANTÔNIO GRANDE.

S. ANTÔNIO MIRIM.

RIO DE S. MIGUEL.

RIO DE S. FRANCISCO.
 

                                                                RIO TATUAMUNHA - Santuário do peixe- boi.
                                                                   Encontro com o mar em Porto de Pedras / AL


Rios sagrados, Rios misteriosos, por me representares os Quinze Rios do Mar do Rosário. Rios da terra que o Céu ameaça com os ais do Apocalipse. Rios fermosos, Rios caudalosos, correi, correi pelos meus olhos. O vosso correr seja o meu chorar. O vosso murmurar, o meu gemer e suspirtar.

Correi pelos meus olhos para o Mar do Rosário!

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Aplaquem-se os raios do Céu com as contrições da terra!

Se Ezequiel vos não pode obrigar a desistir do castigo das Relíquias de Israel, Joel vos obrigará a que perdoeis o povo de Pernambuco, só por uma razão: porque é vosso povo. Pedoai ao vosso povo!”


O CONVENTO SANTO ANTÔNIO DE IPOJUCA


ACOLHEU FREI ANTÔNIO DO ROSÁRIO

 






AJUDANDO A ENTENDER


Maria do Carmo Tavares de Miranda tem alguma coisa a nos comunicar para melhor aproveitarmos os excertos que transcrevemos de Frei Antônio do Rosário, concebidos na solidão sonora do Convento de Ipojuca, próximo às matas e ao mar.

“Cremos que nada fala melhor sobre o Franciscanismo e seu amor efetivo a Deus, e, em Deus, à terra e ao povo...

É a Lamentação de um Cristão, arrependido no suave canto do Sabiá da praia, rouxinol ou melro do Brasil.

Esta Lamentação é o terceiro ensaio da obra Carta de Marear da autoria de frei Antônio do Rosário, composto à sobra do Convento de Ipojuca, e publicado em Lisboa em 1698.

Se a Carta de Marear diz o viver do homem cristão, como o do homem do mar, viandante e em perigos, atento e precavido para todos os embates com que se defronta, e é apenas uma cartilha de oração mental, a Lamentação é o murmúrio do frade, em encantos pela terra, deslumbrado por ela e amante a chorar e gemer com o irmão Sabiá a tomar sobre si as culpas e pecados do povo, doando-se a Deus, clamando Seu Amor, ele que terreno, é desta terra e deste povo, e eles são de Deus. E a Virgem Mãe de Misericórdia é a advogada”.

                                               IPOJUCA - CLAUSTRO COM PARREIRA


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A HORTA DO CONVENTO FRANCISCANO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA NOS FINS DO SÉCULO XVI
Vamos primeiro aos Anais da Bibl. Nasc. Vol XXIV (1902) pg. 301-310:
“ No Capítulo XVI das “Glórias de Pernambuco” em que D. Domingos de Loreto Couto trata dos religiosos naturais de Pernambuco que na Ordem Seráfica floresceram em virtude e doutrina, lemos este preâmbulo:
Horto chamou a Ordem Seráfica o Sumo Pontífice  Nicolau III, e com muita propriedade, porque nos hortos,  à  diferença dos campos,  em todas as estações do ano, nascem novas plantas e se produzem novos frutos, e a Ordem Seráfica desde sua fundação, em todos os tempos, está dando novas plantas para delícia da devoção e exemplo das virtudes.
Esta maravilhosa fecundidade se admirou sempre no célebre Convento de Nossa Senhora das Neves da Cidade de Olinda, terreno feliz, que tem dado à Religião  maravilhosos frutos em religiosos que, com suas virtudes, edificaram não somente esta cidade e Província de Pernambuco, mas todas as partes de nosso Brasil (detaque nosso).
Com a palavra agora  o historiador José Antônio Gonçalves de Mello em sua obra Diario de Pernambuco: Arte e Natureza no 2º Reinado (Recife – Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 1985, p. 205):
“O Convento Franciscano de Nossa Senhora das Neves, de Olinda, teve também a sua boa horta, a cujo trato se ofereceu  Frei Pedro de Mealhada, mais cohecido como Frei Pedrinho, nos fins do século XVI, o qual dedicou seu trabalho ao jardim e à horta do Convento, ´plantando flores e hortaliças´.[i] 
Outro Franciscano, Frei Antônio do Rosário, (1647-1704), autor de livro intitulado Frutas do Brasil numa nova e ascética monarquia (1702), mandado imprimir em Lisboa às custas de um ´mascate´ do Recife, relaciona 36 árvores de fruto aqui cultivadas, várias das quais exóticas, mas perfeitamente aclimatadas. Com esse livro a flora brasileira, sobretudo a do Nordeste, entra na literatura alegórica de intenção religiosa” (grifo nosso).

 
                                              Berinjela à mostra

                                                                                                                                                
 FLOR DE BAUNILHA




                                                                                                                                                      FRUTOS DE BAUNILHA

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na década de 1990, no Convento de Olinda, os frades cultivam verduras e plantas medicinais. Tinham um laboratório fitoterápico muito procurado sobretudo pelas camadas menos favorecidas de Olinda. Não são poucos os que ainda hoje (ricos, remediados e pobres)  agradecem terem ficado bons de seus males graças áqueles medicamentos naturais.
    
Plantavam berinjelas, nabo, alface, rúcula, cenoura, beterraba, tomates, açafrão de batata (gengibre-doce), mostarda, coentro, acelga, gengibre, feijão guandu, chicória...
Entre as plantas medicinais merecem destaque: o chapéu-de-couro (echinodorus macrophillus;  chá mineiro), cana-do-brejo, losna, agrião-do-pará (jambu), maracujá-açu, alfavaca, sambacaitá (sambacuité ou alfazema brava), erva macaé, beladona, baunilha... 
Cultivavam minhocas para garantir o adubo; plantavam gergelim para afastar as formigas (as folhas do gergilim levadas por elas não permitiam a formação do mofo de que se alimentam e , assim, as obrigavam a procurar outras paragens).



Falamos acima em Frei Antônio do Rosário. Gostaríamos de transcrever um trecho de um escrito dele maravilhoso tanto pelo conteúdo místico, como pela poesia da  linguagem.
Mas antes o que sobre ele escreve a Professora Maria do Carmo Tavares de Miranda:
“Frei Antônio do Rosário é português, natural de Lisboa. Primeiramente tomou o hábito de agostiniano descalço no Convento do Monte Olivete, tendo então sido Lente de Filosofia, Pregador e Visitador Geral de sua Ordem. Posteriormente torno-se sacerdote secular e missionário e assim é que o vemos, inicialmente, no Brasil. Ingressa após , em 1686, na Ordem dos Frades Menores, onde professa durante a gestão de Frei Domingos Archangelo, ‘Provincial intruso das partes de Pernambuco’, como diz Jaboatão, e esta a razão pela qual deveu ratificar os votos a 2 de junho de 1689, no Convento de Olinda. Homem de virtuso saber, é apóstolo zeloso para o pastoreio das almas, e renomado missionário volante. Tem como fim conduzir o homem nos caminhos de Deus e reconquistar para o aprisco divino as ovelhas desgarradas. É Autor de várias obras, muitas escritas ainda em Lisboa, e como agostiniano descalço, e outras já no Brasil e como franciscano, convindo que destaquemos entre estas também o livro Frutas do Brasil, em uma nova e ascética Monarquia, publicada em três edições: 1702, 1828 e 1830. Faleceu a 8 de setembro de 1704, no Convento da Bahia.
Na sobriedade  e austeridade do Convento de Ipojuca, realçando a beleza arquitetônica e o estilo próprio do franciacano que intui a paisagem para dar a forma de vida aos seus conventos e igrejas, Frei Antônio do Rosário é o suave poeta que deixa transparecer o pregador e missionário,  cantor e profeta, que suplica, implora, aponta ameaças e castigos; é terno e apocalítico ao mesmo tempo.
Lamentação  que termina em Ato de Contrição: os seus pecados a chorar são prantos por amor à terra e ao povo, é pedido de clemência ao Deus e Senhor a quem crê, espera e ama.
É o franciscano que formou o Brasil: nada tendo, dando-se totalmente, assumindo a terra e o povo, amando, não só pela admiração de uma beleza ou de um pitoresco, mas amando até o fazer-se da terra e do povo, carregando consigo as culpas e os pecados, como pai que aos filhos repreende, ama e se doa, e, repetindo com Francisco de Assis, em Cantos e Louvores, a alegria e amor a cada coisa, e o amor de Deus em tudo, até ao “é morrendo que se vive para a vida eterna” .
 (Maria do Carmo Tavares de Miranda: Os Franciscanos e a Formação do Brasil, Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 1969, pgs. 281-282).
Na próxima postagem, transcreveremos de Frei Antônio do Rosário o escrito poético e místico de falamos.



[i]  JABOATÃO, Frei Antônio de Santa Maria, Novo Orbe Seráfico Brasílico 5 vols, (Rio de janeiro 1858 -1862) II p. 317.