domingo, 27 de dezembro de 2009

FOSÉ LINS DO REGO E OS MISSIONÁRIOS FRANCISCANOS

FREI MARTINHO NAS OBRAS DE JOSÉ LINS DO REGO

No livro inédito de Frei José Milton de Azevedo Coelho "FEI CASIMIRO BROCHTRUP, O APÓSTOLO DOS MOCAMBOS - DA MEMÓRIA À PROFECIA", há um capítulo em que o autor focaliza a presença do missionário francisano Frei Martinho Jansweit, OFM, em algumas obras do romancista José Lins do Rego.
A partir de uma conferência de Frei Martinho por ocasião do Encontro dos Padres Comissários da Ordem Terceira Franciscana, em 1928, Frei José Milton nos leva ao pensamento do romancista José Lins do Rego sobre as Santas Missões, especialmente sobre o Apóstolo da Paraíba, o santo missionário alemão (de alma brasileira) Frei Martinho Jansweit.
Naquele encontro dos Comissários da Ordem Terceira Franciscana dizia Frei Martinho:
“Não há nada mais próprio para garantir o sucesso das Missões do que a Ordem Terceira. É sabido que as Missões, sendo dias de entusiasmo e de graças, abrasam, entre o nosso povo, o fogo de um novo fervor, embora, geralmente, não continue por muito tempo, e, extinguindo-se pouco a pouco, surta diminutos resultados permanentes. Sigamos os exemplos dos antigos conquistadores. Tomado um país ou uma fortaleza, em breve a marcha vitoriosa continuava. O conquistador, porém, bem sabia que, para garantir os primeiros sucessos, era preciso avassalar o espírito do povo submetido. Eis as guarnições, a assegurarem as novas possessões. O mesmo caminho se abre ao Missionário. Reconquistada uma paróquia para Cristo, coloquemos nela a guarnição da Ordem Terceira. O que se pode alcançar com o povo brasileiro, atesta o exemplo do grande Apóstolo da Paraíba, Padre Ibiapina. Acaso, poderemos desejar, para nós, um espírito mais apostólico na fundação de fraternidades terciárias?” (Destaque nosso).
E como calhou, lindamente, a referência de Fr. Martinho ao maior Missionário do Nordeste, o Padre José Antônio Maria Ibiapina, cujo processo de canonização, em nossos dias, se acha em pleno andamento! Nenhum Missionário, entre nós, realizou até hoje, um apostolado tão marcado, conscientemente, por obras como as do Padre Ibiapina, visando aos frutos concretos das Santas Missões: Casas de Caridade (com suas “Beatas”, prédio próprio, patrimônio, hospitais, açudes, cemitérios...) a não ser, o Missionário Apostólico Pe. Francisco José Correia de Albuquerque, precursor e do Padre Ibiapina, falecido em Bezerros / PE, em 1847 ou 1848, e de quem Ibiapina foi continuador, na mesma linha missionária apostólico-social.
Permitam-me trazer à baila algumas reflexões a partir do que o escritor José Lins do Rego nos deixou em páginas sobre as Santas Missões. Primeiro, da obra Meus Verdes Anos. Se nos socorremos desse livro autobiográfico, ficamos sabendo da impressão negativa que as Santas Missões deixaram na mente da criança:
“Se chegavam frades para as santas missões, o povo corria para o regaço de Deus. Os franciscanos, ou os padres da Penha [os Capuchinhos], apareciam nas cidades do interior e arrebatavam dos vigários as rédeas do governo espiritual. As missões aterravam o povo que se agregava para ouvir os pregadores, como se corresse para uma briga. O Deus dos frades gritava, enfurecia-se, maltratava os matutos que tremiam de medo.” [1]
Mas não era só. O menino José Lins ouvia, em casa, freqüentes críticas aos padres. O avô e a família não praticava a religião. As tias não tinham feito nem a Primeira Comunhão.
“O meu avô não tomava conhecimento dos mexericos. Nunca a tia Maria entrou num confessionário. Nada de conversas com padre. (...) Para mim, aquelas irreverências a padres me fizeram desacreditar em muita coisa. O padre Severino concorreu em muito para secar-me a alma de fé (com sua vida escandalosa). Só mais tarde me chegaram os momentos de crença.[2]
Certamente o menino ainda não tinha ouvido falar de Frei Martinho. Nada transparece em Meus Verdes Anos da ação daquele Missionário que palmilhou todos os recantos da Paraíba, pregando Missões populares, substituindo vigários, acompanhando os Bispos nas Visitas Pastorais, construindo igrejas.
Agora, a experiência do adolescente “Doidinho”, o mesmo Carlinhos, neto de José Paulino (ambos personagens de “Menino de Engenho”. No romance Doidinho, o menino é quem fala:
Estava pregando na igreja um frade franciscano. O padre Fileto viera pedir ao diretor para levar o colégio às práticas. Eu ouvia falar nos frades que faziam missões. As negras dos engenhos caminhavam léguas atrás dos missionários, e vinham contando horrores dos capuchinhos de barbas grandes. Davam nas mulheres com os cordões dos hábitos e as palavras desses homens soavam aos ouvidos delas como vozes de santos. Por isso, quando ouvia falar das missões me vinham logo à cabeça as latadas de palha, os frades de pé no chão, os pecadores apanhando de corda, os amancebados que se casavam na hora. E naquela noite ia eu ver pela primeira vez um frade em carne e osso, um daquele brabos servidores de Deus.
A igreja já estava cheia quando lá chegamos. Um púlpito armado no meio do templo esperava o pregador. E ele chegou, alto, louro, com um hábito escuro, de alpercata nos pés. Ajoelhou-se, e a igreja ajoelhou-se com ele. Fez o pelo-sinal com os braços longos e a voz compassada. Começou a falar. Falava manso, uma palavra doce, sem gritos e sem gestos. Ouvi o dr. Bidu dizendo para o seu Maciel: - E mais um conferencista do que um pregador. Fosse o que fosse, o certo é que o que ele dizia eu tomava para mim.
Ele se voltava para os setenta meninos do colégio: - "Uma vez Jesus ia pelo caminho, e um bando de meninos alegres procurou o Mestre para falar com ele. Os Apóstolos botaram para trás as crianças, com palavras ásperas. E Jesus lhes disse: Deixai os meninos, deixai que eles venham a mim, porque deles é o reino dos céus.” E depois deitou a mão pelas cabeças dos inocentes, e se foi dali.
O frade botava os olhos azuis para nós todos, e só falava para o colégio. Jesus amava os meninos porque eles eram a virgindade da vida. Eram a inocência, a alegria feliz, a alma limpa de culpa e de pecados. Mas nem todos os meninos eram assim. Havia os de coração imundo, crescidos no vício como adultos, meninos que empestavam os outros, que fediam à distância. Era doloroso que se ofendesse a Deus justamente com as flores que devíamos deitar a seus pés em oferenda. Sim, havia rosas sujas de lama, rosas imundas, emporcalhadas pelo mundo. Mas quem deixa os porcos invadirem o jardim do Senhor? Os pais, as mães, os educadores. E repetia as palavras do Evangelho, aquelas que se referem aos que escandalizam os pequeninos. Melhor seria, dizia o Senhor, que lhes amarrassem uma pedra no pescoço e os deitassem ao rio. “Procurem os colégios, entrem nos lares de hoje, e é Deus quem falta em tudo, ou é Deus que é ali mesmo esbofeteado sacrilegamente.”
E a prédica continua a se referir à educação dos nossos dias, à impiedade das escolas públicas e dos colégios particulares.
Quem não gostou de nada foi o Diretor do internato, o sádico professor Maciel, torturador profissional de crianças. Já no princípio da pregação de Frei Martinho, Doidinho ouvira o que o Dr. Bidu cochichara para ele. No outro dia, na hora do café, Doidinho prestou atenção à conversa do Diretor com D. Emília:
- A prédica de ontem foi para mim. Eu conheço muito bem o Fileto. Botou na cabeça de frei Martinho aquelas indiretas para o meu colégio.
Não me botaram aqui meninos para aprender a rezar.
E a mulher confirmando:
- Eu é que não vivo em igreja, feito barata tonta de sacristia.
Na hora da aula foi logo chamando o sobrinho do padre. Ia com sede nele. (...) O sobrinho do padre ficou chorando.
– Era o que me faltava. Não sabe a lição e ainda me vem com choro. Passe-se para cá.
E o bolo aliviou a raiva da véspera, da prédica do frade. (...) E o bolo cantava na sala.” [3]
Frei Martinho se ordenou sacerdote em 1900 e faleceu em João Pessoa a 29-7-1930. Os primeiros romances do ciclo da cana de açúcar de José Lins do Rego têm como alvo a Zona da Mata paraibana do final do século XIX e princípio do século XX, berço do romancista. Fr. Martinho já atuava então como jovem sacerdote naquelas regiões. No romance Doidinho, Frei Martinho surge como um Missionário cheio de compaixão e acolhimento, defende as crianças, denuncia os maus tratos e os escândalos de que são vítimas na família e nas escolas, ameaça com as penas eternas os que escandalizam os pequeninos do Evangelho.
Por fim, vamos a um capítulo do romance Cangaceiros.
Em poucas páginas, cheias de poesia e emoção, José Lins do Rego evoca, a seu modo, o Missionário Frei Martinho, quando põe na boca do cantador Dioclécio, a solução para o amor de Bentinho e Alice:
“ - Agora é marcar o casório. Tem missões em São José [do Egito], do Frei Martinho. Dona Severina, porém, cortou a palavra: - Tem missão, é verdade, mas esta moça vai se casar é com banho. Vim aqui pra dizer isto, a menina não tem pai e não tem mãe; nós vamos fazer as vezes dos entes que estão faltando. A gente é pobre mas tem condições para tanto. [...]
- Rapaz, para que tanto alvoroço? Tudo está feito como deve ser. A gente vai amanhecer bem longe daqui e com mais uma pisada estamos em Floresta. As missões vai de manhã à noite. O casamento feito, tu toma destino melhor. É. Eu fico contigo. Vou te deixar no roteiro certo. [...]
Casariam em Floresta, nas missões do Frei Martinho e de lá mesmo ganhariam para longe. [...] E saíram pela mataria rasteira. A noite cobria-os de proteção. O céu estrelado, pinicando. Aí Dioclécio, baixinho, foi dizendo: - Tu tens que ir lá para baixo para trazer a moça, conforme o combinado. A gente toma a direção de Floresta e vai caminhar o resto da noite toda.
- Seu Dioclécio, estou com o dinheiro amarrado no cós da calça.
- Tu vai te casar e depois a gente encontra um jeito. O diabo é a moça fraquejar. [...] Bento falou calmo:
- Seu Dioclécio, foi Deus quem mandou o senhor para a nossa vida.
- Qual nada, menino. Temos ainda que andar o resto da noite. O frei Martinho casa os romeiros na missa da madrugada. [...]
Bento e Alice, conduzidos pelo cantador, fugiam da terra dura e assassina. [...]
- Está vendo? Vamos de rota batida. Se não, vem chegando a força e pega a gente. Isto é o sertão, rapaz. Chegando em Floresta, tenho que cortar este cabelo. Estou que nem um penitente. Vamos embora! [4]
Só que o Missionário por excelência de Floresta, era Frei Casimiro Brochtrup, confrade e contemporâneo de Frei Mrtinho. Liberdades de romancista, ainda mais paraibano, do torrão marcado pelos suores apostóloicos de Frei Martinho Jansweid... E sob “o impulso de forças que ele (o romancista) não pode controlar”...[5]
Nos romances, a figura dos padres é tratada com muito respeito, diria mesmo, com carinho, por José Lins do Rego. Que pessoa, por exemplo, a do Padre Amâncio, em Pedra Bonita! E em Doidinho, como o escritor transfere para o menino a imagem que ele mesmo faz do Missionário ideal!
José Lins do Rego, perpetuou na Literatura a memória do Apóstolo da Paraíba, cujo túmulo é venerado no Convento de Nossa Senhora do Rosário, em Jaguaribe, João Pessoa. Naquelas páginas finais do romance do cangaço, como repisa (é de seu estilo) sobre as missões de Frei Martinho! E no romance “Doidinho”, toma o Apóstolo da Paraíba como arquétipo do Missionário Popular, numa síntese artística que ultrapassa as fronteiras do Nordeste e mesmo do Brasil. É o universalismo da Arte e da Fé. No fundo, o Arquétipo por excelência: Jesus Cristo. Logo depois, o santo sem fronteiras: Francisco de Assis, no seu amor ao Cristo cósmico do Cântico das Criaturas, no abraço do leproso, no cuidado com o Irmão Lobo...[6] É possível que também à influência do Missionário Frei Martinho se possam atribuir “aqueles momentos de crença” do homem José Lins do Rego a que o autor se refere em Meus Verdes Anos.



[1] REGO, José Lins do -, Meus Verdes Anos, José Olympio Editora, Rio de Janeiro, ano 2000, 6.ª edição. Cf. pp. 192, 193.
[2] Id. Ibd. p. 192.
[3] REGO, José Lins do -, Doidinho, José Olympio Editora, 38.ª edição, Rio de Janeiro, ano 2000, pp. 68 a 71.
[4] REGO, José Lins do -, CANGACEIROS, José Olympio Editora, 10 edição, Rio de Janeiro, RJ, 1999), pp.238 – 240. Cf. também in COELHO, Nely Novaes -, na sobrecapa da 10ª ed. de CANGACEIROS, sobre o estilo de J. Lins do Rego.
[5] COELHO, Nely Novaes -, ibd.
[6] Vide, aqui, o que José Lins do Rego falou sobre o Irmão Lobo aos alunos seráficos de Ipuarana (Lagoa Seca / PB), quando da inauguração do seu busto no Pilar, sua terra Natal: Livro III, Cap. V, 12.
Na década de 1950, José Lins do Rego visitou o nosso Colégio Seráfico de Santo Antônio em Ipuarana (Lagoa Seca /PB), acompanhado da esposa e vários intelectuais de Campina Grande e João Pessoa, ocasião em que fora inaugurar um monuento em sua honra em Pilar I(PB). O nosso seminário lhe prestou uma homenagem muito simples, dado o imprevisto da visita. Nosso coral entoou para os visitantes vários canções da autoria de frei Adriano Hipolito, futuro bispo de Nova Iguaçu. José Lins do Rego agradeceu com palavras cheias de gratidão e que refletiam a grande simpatia pela presença franciscana ali no alto da Borborema. Disse da alegria de ter diante de si os rostos de tantos jovens de todos os rincões do Nordeste. E nos incentivou a perseverar na vocação franciscana certos de que "o irmão lobo" estava à nossa espera!" Foram palavras que até hoje ecoaram no meu coração. Mas não é por causa disso que o considero o maior romancista brasileiro dos tempos modernos. O mais nordestino, sem dúvida nenhuma!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INTEGRADAS


Mosaico de proteção
Unidades de conservação integradas
POSTADO ÀS 14:01 EM 16 DE Agosto DE 2009
Frei Sinésio Araujo (*)
O litoral sul do nosso Estado existe cinco unidades de conservação de diferentes categorias ligadas institucionalmente ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), do Governo Federal. Tais unidades, para terem alcançados seus objetivos, precisam de uma boa gestão e de trabalho coordenado entre elas. Isso é facilitado pela sua localização geográfica, já que estão em municípios vizinhos. A saída para uma gestão integrada seria a constituição de um Mosaico de Unidades de Conservação, previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação através da lei 9985/2000, Cap. III, arts 8,9,10,11. Mosaico, na linguagem artística, é um desenho feito com pequenas pedras de várias cores, geralmente azulejos. São, portanto, pedaços separados, mas que formam um todo. Trata-se de uma composição de várias unidades de conservação que compõem uma área importante. O conceito de mosaico, na área ambiental, é um fator essencial para a promoção e defesa ambiental em termos biológicos, geográficos, sociais e principalmente administrativos.
Unidades de conservação do Litoral Sul de Pernambuco
RPPN Ipojuca – ICMBio – categoria: uso sustentável. Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com objetivo de conservar a diversidade biológica. É permitida a pesquisa científica, visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
Resex Sirinhaém/Ipojuca, na fase final de criação – ICMBio – categoria: uso sustentável. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja à subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
APA dos Corais - Tamandaré, Rio formoso estendido até o Estado de Alagoas – ICMBio – categoria: uso sustentável. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas, e tem como objetivo básico proteger a diversidade biológica,disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Reserva Biológica -Tamandaré – ICMBio – categoria: proteção integral. Tem como objetivo básico a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais
RESEX - Rio Formoso na fase de criação – ICMBio – categoria: uso sustentável.
(*) Secretário de Justiça, Paz e Ecologia dos franciscanos no Nordeste
Postado por Verônica Falcão Artigos 1 Comentários permalink imprimir enviar topo
Postado do Blog Ciência e Meio-Ambiente do Jornal do Commercio em 16.8.2009 -
Artigo de Verônica Falcão
Reserva Extrativista da Barra de Sirinhaém – Continuidade de um Trabalho em favor da Justiça, Paz e Ecologia.


Residiu no Convento de São Francisco da Cidade de Sirinhaém, Estado de Pernambuco nos anos 80 do século passado, um frade franciscano, chamado Frei Francisco Hilton Botelho juntamente com frei Marconi Lins de Araújo vigário da Paróquia e guardião do convento e mestre dos postulantes à vida religiosa franciscana. Frei Hilton conheceu a população tradicional dos pescadores do estuário do rio Sirinhaém que habitava nas 17 ilhas, eram aproximadamente 53 famílias que viviam da pratica da pesca artesanal estuarina associada com a criação de animais de pequeno porte. Tais famílias sofreram várias ameaças para deixarem seu lugar tradicional de moradia e trabalho no qual sempre contaram com a colaboração e apoio deste frade. Um problema latente que perdura até hoje é o crescente derramamento do vinhoto, no estuário, oriundo da produção do etanol, prática esta que causa impactos ambientais e se torna visível pela mortandade dos peixes. Tal prática criminosa tipificada na lei dos crimes ambientais anda perdura. Temos notícias que na época foram feitas várias denúncias aos órgãos ambientais. Frei Hilton sempre contou com a colaboração e “compreensão” dos frades e da pastoral social da Paróquia de Sirinhaém neste importante trabalho de cidadania e responsabilidade sócio- ambiental.

Com a transferência de Frei Hilton para Cairu, Bahia, o trabalho foi continuado com o apoio da Pastoral dos Pescadores, o ex - frei Bernardo Siry e frei Sinésio Araújo. Nesta época não contávamos com uma legislação ambiental capaz de assegurar a permanência dos ilhéus no seu habitat. Infelizmente, através de acordos forçados, ameaças físicas e psicológicas muitos dos ilhéus foram expulsos e só duas famílias ainda resistem na ilha do Constantino. Poderíamos citar inúmeras ameaças que frei Hilton sofreu juntamente com os ilhéus, mas fica o nosso registro deste frade compromissado com os princípios da justiça, paz e ecologia.

O advento da publicação da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – 9985/2000 foi a saída para resolver o conflito pela posse do estuário, já que as 17 ilhas ainda estão aforadas à Usina Trapiche através da Gerencia Regional do Patrimônio da União que sempre ignorou a presença dos nativos. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação versa sobre a existência das Unidades de Conservação de uso Sustentável a exemplo das Reservas Extrativista e Reserva de Desenvolvimento Sustentável que asseguram a presença da comunidade tradicional no seu habitat. Entra em cena nesta nova conjuntura a Pastoral da Terra que juntamente com a Diocese dos Palmares, através de Dom Genival e duas entidades ambientalistas a ASPAN e a ECOS protocolaram no IBAMA, de Recife pedido para criação de uma Reserva Extrativista. Tal pedido voltou a incomodar a Usina Trapiche, os políticos locais, pois tal proposta empodera os pescadores no sentido que eles terão autonomia junto com os órgãos ambientais na gestão da área através da criação do conselho deliberativo da Unidade de Conservação.

A consulta pública organizada pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade no dia 21 de agosto de 2009, na Barra de Sirinhaém, para a apresentação dos estudos sócio-ambientais da Unidade de Conservação foi marcada pela participação expressiva da categoria dos pescadores e de várias entidades que se posicionaram totalmente favorável
à iniciativa mesmo com toda a articulação contraria da Usina Trapiche, do Governo do Estado e da Prefeitura local. Este episódio pode ser em breve abordado.Frei Sinésio Araújo durante a realização da consulta pública foi alvo de críticas infundadas, e sem ambasamento técnico, a saber, que a Reserva Extrativista iria dificultar o desenvolvimento da Cidade. Contudo, muito ao contrario, ela será a indutora da economia sustentável no que beneficiará inúmeros pescadores associada à proteção do ecossistema, pois políticas públicas podem ser atraídas para esta Unidade de Conservação. Para acessar o estudo sócio-ambiental da Reserva Extrativista basta consultar o sitio: www.icmbio.gov.br no link consulta pública ( RESEX de Sirinhaém). Neste estudo temos a realidade social, econômica dos pescadores e os estudos biológicos com caracterização da fauna e flora costeira.

Frei Sinésio Araújo, OFM






sábado, 12 de dezembro de 2009

JUBILEU - 7O ANOS

O Colégio Seráfico de SANTO ANTÔNIO de
Ipuarana (lagoa seca /PB) -1939 – 1971.


I. As primeiras tentativas vocacionais
O mais grave desafio que se apresentava aos Restauradores da Província Franciscana de Santo Antônio foi, sem dúvida, o das vocações franciscanas. Desde o reconhecimento pela Santa Sé, em 1901, da autonomia da Província Franciscana de Santo Antônio restaurada, que se faziam tentativas vocacionais. As três primeiras décadas (1901 – 1939) desse renascimento foram marcadas pela busca de vocações brasileiras.
Houve várias experiências de abertura de um “Colégio Seráfico”:
1. O Colégio Seráfico de Salvador / BA (a 4 de fevereiro de 1900).
2. O Colégio Seráfico de S. Cristóvão / SE, para onde foi transferido o de Salvador a 15 de fevereiro de 1903.
3. O Colégio Seráfico de Olinda, em 1904, foi também de curta duração; pouco tempo depois foi transferido com seus professores Frei Pascoal Reuss e Frei Ciríaco Hielscher para a Colônia de Blumenau, no Estado de Santa Catarina.
3. O Colégio Seráfico de Vila de São Francisco, no Recôncavo baiano, para onde foi mudado em 1908, o de S. Cristóvão.

II. A partir de 1929 houve fundações vocacionais de maior porte, como o Colégio Seráfico de S. Antônio, com curso ginasial (João Pessoa, 1929-1940) e o Colégio Apostólico Diocesano-Seráfico de Canindé / CE, a partir de 1923 ao qual se agregou o Juvenato S. José para formação dos Irmãos leigos franciscanos(transferido para Penedo em 1970). Em vésperas de completar 70 anos, fechou as portas o Colégio Diocesano-Seráfico, como aconteceu a tantos outros seminários do Brasil. Anexo ao Convento franciscano funcionou uma escola Apostólica para enviar alunos a Ipuarana.
As Escolas com curso primário: Escola Apostólica de São Pedro Gonçalves (João Pessoa, 1941-1960); a Escola Apostólica Dom Frei Eduardo (Paripe /BA, 1940-1942); a Escola Apostólica Frei Camilo de Lelis (Penedo/AL, 1943-1845); a Escola Apostólica de S. José (Tianguá /CE, 1940-1960); a Escola Apostólica de Canindé; a Escola Apostólica de S. Boaventura (Triunfo / PE, 1947-1960).

III. O Colégio Seráfico de Santo Antônio de Ipuarana

A solução definitiva para o problema vocacional da Província Franciscana de Santo Antônio só viria com a fundação de um grande seminário.
O Congresso Definitorial de janeiro de 1939 criara uma comissão integrada pelo Ministro Provincial Frei Humberto Triffterer, Frei Matias Teves e Frei Norberto Holl para estudar o plano de ação. No dia 4 de agosto de 1939 Frei Pedro Westwemann e Frei Matias se deslocavam para Lagoa Seca quase sem esperança e “quase unicamente movidos pela responsabilidade”, como escreve Frei Pedro em sua crônica. “Grande foi a surpresa – diz Frei Pedro - de encontrarem um local ótimo, com todas as condições desejadas, no lugarejo de Lagoa Seca, à época também chamado de Ipauarana. Em 26 de setembro de 1939 era realizada a compra do terreno por 9 contos de réis (correspondendo à metade do preço, porque um dos proprietários renunciara à sua parte em benefício dos frades)” . Frei Pedro foi a pessoa escolhida para dirigir os trabalhos de construção. Ele mesmo elaborou um, anteprojeto, que foi desenvolvido por um arquiteto do Recife, , Heitor Maia Filho. A 28 de novembro de 1939, uma Terça-feira, Frei Pedro e Frei Lamberto [Hoetting, falecido na Alemanha a 16-2-1978, com 48 anos de vida religiosa] mudaram-se para o local a fim de dar início aos trabalhos, e a eles associou-se, no mês de janeiro, Frei Manfredo, estes três constituindo a primeira comunidade franciscana de Ipuarana.
Surgia, assim, o Colégio Seráfico de Santo Antônio, em Ipuarana (ou Ipauarana, hoje, Lagoa Seca / PB), nas proximidades de Campina Grande, numa das colinas mais bonitas da Serra da Borborema. A 28 de janeiro de 1940 – em plena Guerra – o Senhor Arcebispo da Paraíba, Dom Moisés Coelho, procedia à Bênção da primeira Pedra, com a presença do Clero de Campina Grande, do representante do Interventor Federal Argemiro de Figueiredo, do Prefeito de Campina Grande, Bento Figueiredo, e de uma multidão de moradores de Lagoa Seca e dos sítios vizinhos.
Em 22 de março de 1941, a construção já estava em condições de abrigar os primeiros alunos, não os do Curso Secundário, a que era destinado, mas sim de duas classes preparatórias, num total de 19 meninos, sob os cuidados de Frei Gervásio Michels [falecido em Canindé, a 5-12-1994, com 57 anos de sacerdócio] e Frei Artur (e foi assim que o primeiro dos ipuaranenses vivos [Fr. Artur] a ocupar seu posto foi também o último a não abandoná-lo – ali permanecendo até o dia de hoje [...]. No final do ano, 11 destes alunos foram promovidos ao 1º Ano Secundário (entre eles , Simão Arruda – o “Frei Felício” -, primeiro aluno na matricula - e João Poluca, o “Frei Roberto”). Aí, nordestinos de todos os rincões, se preparavam para a entrada na Ordem Franciscana.

Quase 1.500 alunos passaram por Ipuarana nos 30 anos de sua existência como seminário. Destes, apenas 72 chegaram ao sacerdócio; 30 perseveraram na Ordem, dos quais 5 já faleceram; 11 se ordenaram para o clero diocesano (padres seculares) dos quais um é Bispo; um é beneditino.[1]
Mas não se pode fugir à eterna e indefectível pergunta: Por que o Seminário de Ipuarana teve que fechar? [...] É bom lembrar que, a essa altura, todas as Escolas Apostólicas já haviam sido extintas: Triunfo, Tianguá, João Pessoa.
E muitos seminários seculares e de outras Ordens religiosas também já haviam fechado. Não existiam mais fontes param fornecer inquilinos para Ipuarana., nem Ipuarana possuía um sistema de recrutamento próprio, resultando daí que foram aceitos candidatos sem uma melhor seleção e preparo, só com o objetivo de se chegar a um número razoável. Boa parte dos frades, sobretudo os mais novos, já não acreditavam mais em seu sistema vocacional.

A Direção da província, depois de debater a situação com os educadores, ainda pediu o parecer por escrito de cada um. Todos foram unânimes em que, ao menos por enquanto, não tinha sentido o Seminário de Ipuarana continuar funcionando. Na opinião dos últimos professores, os alunos estavam sendo antes prejudicados que favorecidos pelo ambiente do Colégio. E o Definitório, de 3 de dezembro de 1971, resolveu fechar por algum tempo o Seminário e “instituir uma Comissão Especial para estudar o que fazer , no futuro, com o Colégio Seráfico, excluída a possibilidade de deixá-lo sem aproveitamento”.
Hoje a prova mais importante de que Ipuarana continua viva pode ser encontrada no bom número de seus ex-alunos que continuam atuando e dando o seu testemunho da vocação religiosa, como frades e sacerdotes na Província de Sto. Antônio.

“Mas nem seus ex-padres deixam de contar pontos para Ipuarana, seja pelo tempo em que trabalharam como sacerdotes e religiosos (não raro eles foram bons sacerdotes e religiosos – e o bem que foi realizado ninguém pode apagar), seja como os demais ex-alunos, quando por sua vida profissional e familiar dão em seu ambiente um testemunho de fé cristã e franciscanismo.[2] Concluindo – escreve Frei Hugo - podemos afirmar que o seminário de Ipuarana representou para a Província de Santo Antônio um marco de singular importância em sua obra de restauração”.[3]
O atual Guardião de Ipuarana, Fr. Osmar da Silva, tem cuidado, com um zelo admirável e muito bom gosto, do Convento e do antigo Colégio, adaptando-os, de maneira prática e harmoniosa, à nova realidade de Centro de Treinamento. É um prazer hospedar-se em Ipuarana!

Frei José Milton de Azevedo Coelho, OFM


BIBLIOGRAFIA:
Cf. PEREIRA, Carlos Almeida -, Ipuarana 2000, - Refazendo uma Caminhada , Lagoa Seca / PB, - Belém / PA, 1999, p. 79 - 81
- Cf. PEREIRA, Carlos Almeida -, op. ci. pp. 68 – 75..
-FRAGOSO, Fr. Hugo -, OFM, op. cit. p. 194.
Apud FRAGOSO, Fr. Hugo -, OFM, Uma contribuição para a história vocacional da Província Franciscana de Santo Antônio, apud: AZZI, Riolando - (Organizador),Vida Religiosa no Brasil – Enfoques Históricos”, Edições Paulinas, São Paulo, 1983, p. 180.
Cf. I Livro de Crônica do Convento de Nossa Senhora das Neves, de Olinda, 1904, p. 2.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OITEIRO DE MARACAÍPE





Resumo da História de um Espaço Protegido – Reserva Particular do Patrimônio Natural Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe pertencente à Paróquia de São Miguel de Ipojuca / PE.

A propriedade de Nossa Senhora do Oiteiros de Maracaípe
, localizada no Município do Ipojuca pertencente à Paróquia de São Miguel secularmente confiada aos cuidados dos frades franciscanos da Província de Santo Antônio do Brasil, possui aproximadamente 130 hectares com vegetação do Bioma da mata atlântica com restinga e manguezal e possuidora de uma rara beleza cênica contemplada através de um morro de 50 metros de altura onde se localiza a capela de Nossa Senhora do Oiteiros de Maracaípe. Este patrimônio foi transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis através da portaria 156 em 26 de setembro de 2000.

Para transformar este patrimônio em Reserva Particular do Patrimônio Natural aconteceram fatos marcantes de frades que desenvolveram ações nessa direção. Então, vejamos:

Frei Hermano Wiggenhorn, OFM: Foi vigário da Paróquia de São Miguel nos anos 80 do século 20. A Propriedade de Nossa Senhora do Oiteiros de Maracaípe encontrava-se em regime de arrendamento ao senhor Fulgêncio Wanderlei, mediada com cláusulas expressas de que não deveria acontecer desmatamento, venda de areia e argila. Tais cláusulas estavam sendo desobedecidas, motivo pelo qual Frei Hermano acionou judicialmente o arrendatário. Devido a este litígio, Frei Hermano sofreu várias ameaças e teve que ser transferido desta Paróquia, sendo sucedido por Frei Jerônimo Gomes de Souza.

Frei Aloísio Domingos Barros: Deu continuidade à ação judicial movida por Frei Hermano para reaver a propriedade, dando o judiciário ganho de causa à Paróquia de São Miguel. Este frade fez a regularização fundiária dos posseiros existentes na propriedade não permitindo moradias e construções novas.

Frei Sinésio Araújo, irmão leigo, fora transferido para Ipojuca juntamente com Frei Romualdo Bezerra, vigário da Paróquia de São Miguel e Guardião do Convento de Santo Antônio e Frei Francisco Coelho Costa, vigário Paroquial. Para dar continuidade ao processo da regularização fundiária iniciado por frei Hermano e continuado por frei Aloísio, Frei Sinésio Araújo, propôs ao Definitório Provincial através de Frei Afonso, então Ministro Provincial, que transformasse a propriedade em Reserva Particular do Patrimônio Natural, com as seguintes argumentações:

1. A Paróquia de São Miguel é proprietária do Patrimônio de Nossa Senhora do Oiteiros de Maracaípe e a orientação da Arquidiocese de Olinda e Recife é que os vigários Paróquias não podem vender a propriedade sem a aquiescência do Arcebispo. Acontece que, tal proposta não tira a propriedade da Paróquia de São Miguel mais a área protegida de aproximadamente de 76 hectares será de caráter perpétuo e irrevogável assim como rege a legislação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação através da lei 99885/2000. Isto significa que, a área será transformada em Unidade de Conservação de uso sustentável da categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural.

2. Esta proposta combina perfeitamente com o carisma franciscano, pois São Francisco é considerado padroeiro dos que batalham pela ecologia.

3. A propriedade pode ser usada como referência de um centro de educação ambiental para a formação de novos frades e para a comunidade. Estes foram os argumentos que convenceram o Ministro Provincial e seus Definidores.


Frei Sinésio Araújo recebeu delegação para tomar, como de fato tomou, todas as medidas cabíveis junto aos órgãos públicos, tendo até que viajar a Brasília a fim de agilizar o decreto expedido pelo Ministério do Meio Ambiente, e assim aconteceu em 20 de setembro de 2000 através da portaria 156.

O irmão de Frei Sinésio Araújo, Adenauer Araújo e o Mestre de Noviços Frei José Gilton Resende foram colaboradores importantíssimos neste projeto de transformação da propriedade de Nossa Senhora do Oiteiros de Maracaípe em Reserva Particular do Patrimônio Natural. Quando Frei José Gilton Resende era o Mestre do Noviciado, encarregou Frei Sinésio Araújo de ministrar aulas de educação ambiental aos noviços de então. O espaço ecológico de Oiteriro era também usado para a realização dos retiros espirituais e jornadas de oração e recolhimento para os noviços, sob a orientação do Frei José Gilton Resende. Os jovens franciscanos ficavam maravilhados em participar destas experiências num local onde encontravam silêncio e contemplação da natureza à moda franciscana.

É fato que a transformação da área em Reserva Particular do Patrimônio Natural teve grande destaque na imprensa escrita e televisiva, pois se tratava de uma experiência única desenvolvida pelos frades.

Enquanto Frei Sinésio Araújo esteve à frente, como gestor da administração da Reserva Particular do Patrimônio Natural, tudo fazia crer no sucesso do empreendimento. Mas ele foi transferido para Sirinhaém, onde outros projetos relacionados com o meio ambiente e as populações carentes o aguardavam. Foi também criada a Paróquia de Nossa Senhora do Ó e a Reserva Particular ficou com a nova Paróquia aos cuidados do vigário diocesano nomeado pelo Arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho. Pesou também a falta de diálogo entre as partes. É lamentável o estado de abandono em que se encontra este espaço protegido. A Falta de compreensão do projeto à luz do carisma dos próprios frades, a falta de visão do futuro, contribuíram decisivamente para que esta surpreendente experiência fosse interrompida, chegando a este triste fim.

Frei Sinésio Araújo, OFM



Sirinhaém, 26 de novembro de 2009.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SAPUCAIA DE BEZERROS













Pedras sepulcrais do Cemitério do Rosário, em Bezerros: acima, a do Copmandante Francisco Xavier de Lima. Aí repousam também os restos mortais de sua esposa Theresa Maria de Jesus.
Abaixo: a de Dona Francisca Xavier de Lima, a índia da Serra da Camaratuba (Sapucaia - Bezerros) com quem viveu antes do casamento com Theresa, a qual teria adotado (tradição da família) a filha da índia, Maria Francisca Leite, da qual se originam, entre outras, a Família Bezerra e Silva do Agreste pernambucano.
Em cima e ao lado: 4 imagens da Pedra da Índia, onde o jovem Francisco Xavier de Lima teria, numa caçada, encontrado a garota índia a quem batizou como Francisca Xavier de Lima.

SAPUCAIA,
BERÇO GENEALÓGICO DO AGRESTE PERNAMBUCANO


Este casal tenente Manoel de Azevedo Caldeira e Maria Pais de Castro é tronco dos Azevedo Lira, Azevedo Silva, Azevedo Caldeira, e Pais de Lira, de Bezerros e Região (Confira: Iony Sampaio, AS FAMÍLIAS AZEVEDO LIRA, AZEVEDO SILVA, AZEVEDO CALDEIRA E PAES DE LIRA, DA REGIÃO DE BEZERROS, Recife, maio de 2008) .

Diziam os pais de Lili [Gina, esposa de meu primo Gastão] que todas as famílias da Sapucaia eram descendentes do casal Francisco Xavier de Lima e da índia da Serra da Camaratuba Francisca Xavier de Lima.
Diz minha prima Socorro Laurentino que sua tataravó Maria Francisca de Lima está sepultada também na Matriz de S. José de Bezerros e que era da Sapucaia.
Trata-se da sepultura de Maria Francisca Leite e de José Joaquim Bezerra da Silva, que deram origem à grande família Bezerra e Silva do Agreste pernambucano. De acordo com a tradição destas famílias, Maria Francisca Leite era a filha única da índia Dona Francisca Xavier de Lima e do Comandante Francisco Xavier de Lima que a batizou e lhe deu o próprio nome. Ainda novinha, teria sido adotada por Theresa Maria de Jesus, com quem o Comandante se casou talvez no mesmo ano do nascimento da menina. (Fr. José Milton, Genealogia, pg. 109).
Os leitores perceberão a importância geográfica de lugares como, por exemplo, a Sapucaia, a Serra Negra. Muitas famílas do Agreste pernambucano tiveram seu berço nessas paragens, ainda hoje muito belas e férteis. Fazem lembrar o paraíso bíblico tanto pela sua beleza como pela gênesis de tantas famílias que aí tiveram o seu berço. A Sapucaia é um berço privilegiado como vamos demostrar de maneira suscinta, trazendo à baila personagens, de primeira grandeza uns, humildes e quase anônimos outros, dos quais descendem quase todas as famílias mais antigas de Bezerros e da região.
No que toca às tradições orais, Gostaria de destacar, especialmente, o muito que devo a Papai e Mamãe (Heriberto Coelho e Inês), cujas conversas, desde 1955, tenho escritas ou gravadas; aos tios e tias João Batista, Toinho, Marieta e Emília; os primos da Sapucaia Gastâo e Plácido...

Comecemos pela 4ª filha do casal mais remoto de que temos conhecimento em Bezerros e região, segundo Yony Sampaio, o tronco Manoel de Azevedo Caldeira, casado com Maria Pais de Castro.

F4 – Margarida Pais de Lira. Casou com o Tenente José Gomes da Silva. José Gomes da Silva aparece como confinante, em terras sitas no Altinho. Mas não há outro registro deste casal, sendo padrinhos ou testemunhas. Seus três filhos conhecidos nasceram no final da década de 1740 a década de 1750. O Capitão, depois Comandante e por fim Sargento-mor João Paes de Lira nasceu entre 1749 e 1754, residia no Mimoso, entre Caruaru e Bezerros, ainda solteiro, e já casado, no final do século XVIII e até falecer na sua fazenda Sapucaia, encravada em Bezerros. O Tenente Manoel de Azevedo Silva nasceu cerca de 1857 e teve terras na Fazenda Agreste, em Altinho, tendo residido, já casado, no Pé da Serra do Mendes, na atual Agrestina, terras da sua esposa, de herança paterna, tendo este as recebido do sogro, Capitão Antônio Vieira de Mello. Em solteiro teve duas filhas naturais. O terceiro filho, Maria do Rosário da Encarnação, devia ser mais jovem, e residiu, casada, em Santo Antão, onde deixou filhos.
(YONY, Sampaio, As Famílias Azevedo Lira, Azevedo Silva, Azevedo Caldeira de Lira da região de Bezerros – Recife, maio de 2008, pg. 13).

***


F5 – Pedro Pais de Lira. Já como Sargento-mor em 1781, reside em Bezerros. Morou do Mimoso e no inicio do século XIX na Sapucaia, onde também reside seu sobrinho João Paes de Lira. Deixou 13 filhos, relacionados em inventário.
(YONY, op. cit. pg. 13).

***
Bn 4.1.5 – Teresa Maria Cavalcanti. Em inicio de 1803 é madrinha, sendo padrinho seu pai o capitão comandante João Pais de Lira. Theresa de Jesus Maria ou Theresa Maria de Jesus casou com Francisco Xavier de Lima. Esta informação é comprovada por registro do sítio Sapucaia, feito por Francisco Xavier de Lima, a 18.04.1858, no qual declara que herdou o sítio “dos meus falecidos sogros, João Paes de Lira e D. Francisca Xavier”. Em 1812 Francisco Xavier de Lima já residia na Sapucaia, possuindo escravos. Francisco Xavier de Lima faleceu a 6 de fevereiro de 1879, e Theresa Maria de Jesus a 27 de dezembro de 1884.
Francisco Xavier foi político importante no Agreste, com destaca participação no município de Bezerros, onde sempre residiu, desde que casou, no sítio Sapucaia. Quando do registro de terras, em 1858., declara ser possuidor do sitio Sapucaia, o qual recebeu dos sogros. Em 1866 era presidente da Câmara do Bonito.
(Fr. José Milton, Genealogia, p. 99).

Den YonY:

Pais de 12 filhos, com a seguinte situação em 1879:
Tn 4.1.5.1 – Francisca Leite de Lima, viúva.
Tn 4.1.5.2 – Theresa de Jesus Lima, viúva.
Tn 4.1.5.3 – Joana Francisca Lima, casada com João Francisco de Vasconcellos.
Tn 4.1.5.4 – José Esperidião Xavier de Lima, casado.
Tn 4.1.5.5 – Antônio Fernandes Xavier de Lima, casado.
Tn 4.1.5.6 – Maria Lucinda Francisca Lima, casada com José Francisco de Azevedo Lira.
Tn 4.1.5.7 – Maria Joaquina Xavier de Lima, solteira.
Tn 4.1.5.8 – Joaquim Pantaleão Xavier de Lima, casado.
Tn 4.1.5.9 – Maria Francisca Lima, já falecida, foi casada com o major Joaquim José Bezerra da Silva.
Tn 4.1.5.10 – Manoel Eustaquio Xavier de Lima. Já falecido.
Tn 4.1.5.11 – Theotonia Francisca Lima, já falecida, foi casada com o Tenente João Antônio Pinheiro de Lira ou Antônio Paes de Lira.
Tn 4.1.5.12 – Ignez Francisca Lima, já falecida, foi casada com João Braz de Vasconcelos.

Houve mais:
Tn – Rita. Batizada com um mês, no lugar da Sapucaia, a 18.10.1820, filha do Alferes Francisco Xavier de Lima e D. Theresa Maria de Jesus, moradores no mesmo lugar, sendo padrinhos o Capitão Manoel Francisco da Silva e Azevedo, morador em Santo Antão, e D. Mariana Joaquina dos Prazeres, moradora no Bonito, ambos casados.
Tn – Rita. Batizada com 12 dias, a 1 de maio de 1825, sendo padrinhos João Francisco Xavier, solteiro, e Ana Francisca.

Por data de nascimento tem-se:
1. Francisca
2. Theresa
3. Joana
4. Manoel. Batizado a 1.11.1821.
5. José. Batizado a 28.12.1822.
6. Theotônia. Batizada a 25.2.1824.
7. Rita. Batizada a 1.5.1825.
8. Ignes. Batizada a 14.5.1826.
9. Antônio. Batizado a 2.7.1827.
10. Joaquim. Batizado a 5.8.1828.
11. Maria Lucinda.
12. Maria Joaquina.
13. Maria Francisca.


Alguma coisa da descendência detalhada:

Tn 4.1.5.1 – Francisca Leite de Lima. Viúva em 1879. Casou com o Capitão José Faustino Paes de Lira, Bn 6.5.1, filho do Capitão Joaquim José de Torres Galindo e de Maria Madalena de Jesus. Moradores na Sapucaia.
Pais de:
Qr 4.1.5.1.1 – Joaquim. Faleceu a 21.12.1833, com 2 meses, filho de José Faustino Pais de Lira e sua mulher Francisca Leite Lima.
Qr 4.1.5.1.2 – José. Batizado a 18 de janeiro de 1835, com 15 dias, sendo padrinhos o Tenente-Coronal Francisco Xavier de Lima e D. Theresa Maria de Jesus, moradores na Sapucaia. Creio ser José Faustino Paes de Lyra Júnior, que em 1872 era Alferes da segunda companhia de Infantaria de Bezerros, e casou com Rufina Francisca Pais de Lira, Qr 4.1.5.1.9.1.
Qr 4.1.5.1.3 – Zeferina. Batizada a 1 de setembro de 1839, com 7 dias, sendo padrinhos Francisco Xavier dos Santos e Theresa Francisca Leite, moradores em Angelim.
Qr 4.1.5.1.4 – Francisca. Batizada a 9.11.1841, com 8 dias, filha do Capitão José Faustino Pais de Lira e Francisca Leite Lima, sendo padrinhos Joaquim José de Azevedo e Joaquina Rufina Maria de Jesus.
Qr 4.1.5.1.5 – Antônio. Batizado a 6.11.1842, com 5 dias, filha de José Faustino Paz de Lira e Francisca Leite Lima, moradores na Sapucaia, sendo padrinhos Manoel Espiridião Xavier de Lima e (sua mulher) Antonia Maria de Jesus.
Qr 4.1.5.1.6 – Antônio. Batizado a 5.11.1843, com 6 dias, filho de José Faustino Pais de Lira e Francisca Leite Lima, moradores na Sapucaia, sendo padrinhos José Francisco Pais de Mello, viúvo, e Teresa Clara Dornelis, solteira, moradores na Lagoa da Guariba.
Qr 4.1.5.1.7 – Joaquim. Faleceu a 30 de fevereiro de 1848, sendo sepultado na matriz de Bezerros.
Qr 4.1.5.1.8 – Francisca. Faleceu com 16 dias, de espasmo, a 10.2.1851, filha de José Faustino Paes de Lira e de Francisca Leite Lima, moradores na Sapucaia.
Qr 4.1.5.1.9 – Ana Francisca Paes de Lyra. Casou, a 7.3.1886, no oratório privado da Sapucaia, com Joaquim Pantaleão Xavier de Lima, dispensados de parentesco, sendo testemunhas Joaquim José Bezerra da Silva (Filho) e Firmino Leite Torres Jardim.
(Yony, apud Fr. F. M. Genealogia, p. 99 e seguintes).

***

N 6.10 – Josefa Maria do Espírito Santo. Nasceu cerca de 1783. Madrinha com o pai, sargento-mor Pedro Pais de Lira, em 1805, ainda solteira. Em 1808, solteira, declarada filha do sargento-mor Pedro Pais, é madrinha com Manoel Gomes da Silva, também solteiro. Sempre residente na Sapucaia. Casou com o Capitão Luiz José de Vasconcellos. Em 1811 Luiz José de Vasconcellos ainda era solteiro. Em 1841 são dados como residentes na Sapucaia. Não teriam tido filhos. Josefa Maria do Espírito Santo faleceu a 8.4.1851, com 68 anos, casada com Luis José de Vasconcellos. O Capitão Luiz José de Vasconcellos casou, poucos dias depois, a 12.5.1851, com Emilia Guilhermina de Azevedo, Qr 4.1.4.1.4. Preserva a tradição familiar que, apesar de casada por 19 anos, este casamento nunca se consumou carnalmente. Emilia teria casado a segunda vez de branco, como viúva virgem.
A informação não foi correta qunto ao vestido: Emília, como viúva que era, casou de verde, um longo que hoje está na moda e é conservado como relíquia. Mas que poderia casar de véu e capela, não há dúvida!
O Capitão Luiz José de Vasconcellos tem presença constante nos livros de Bezerros e Bonito, como testemunha, padrinho ou atuante como Juiz substituto. Padrinhos a 6.5.1804, na matriz de Bezerros, Luiz José de Vasconcellos, solteiro, e Maria de Nazareth, casada [com Carlos José de Vasconcellos]. Em 1809 é padrinho, ainda como solteiro, com Theresa Maria, viúva, de filho de Manoel Ignácio da Silva e Ana Francisca. Padrinhos a 16.6.1811 Luiz José de Vasconcellos, solteiro, e Brites de Campos, casada.
(YONY, op. cit. pg. 13 - 14).

***
Descendentes do casal Joaquim José Bezerra e Silva. e Joaquina Francisca Bezerra e Silva (também chamada, segundo Otávio Bezerra e Sila, seu neto, “Joaquina Mateus”) :
Bn1 - Manoel Zeferino Bezerra e Silva, solteiro, 16 anos.(o mesmo Manoel Bezerra e Silva ou Neco Jaca de que me falou Otávio Bezerra e Silva a 21-12-1994?).
Bn2 - Joaquim Leonel Bezerra e Silva, solteiro, 14 anos, por ocasião do Inventário. Casado, segundo Socorro Laurentino, à primeira vez com... (?) da qual teve a filha (segundo mamãe, a mais velha dele) :
Trin1 - Maria de Lourdes Leonel, casada com José Laurentino Gonçalves da Silva (da Serra Negra), tio de Socorro Laurentino.
“Joaquim Leonel aprendeu a ler e a escrever de pitada, isto é, “pedindo aqui e ali para lhe ensinarem. E chegou a ser Tabelião em Bezerros!” Otávio me contou algumas coisas sobre os negros, escravos ou libertos, da Família Bezerra e Silva e Xavier de Lima. Otávio conheceu na Sapucaia a alguns deles: Carolinda, França, Fortunato.
Pai de:
- Adão, casado com uma irmã de Silvina Maria, mãe de Otávio
Pais de:
- 1. João Adão, que morava na Camaratuba da Sapucaia. Zuzu Coelho, que tinha sítio na Sapucaia, gostava muito dele, aliás era muito estimado por todos. Era sobrinho da mãe de Otávio, Silvina Maria. Casado com...Teve os filhos:
- Odete, moradora na Encruzilhada de São João.
- Severino, já falecido, também da Encruzilhada.
2. Idelfonso, já falecido, morava na Sapucaia, deixando filhos lá.
3.José Fortunato
4 Joaquim Fortunato,
5. Manoel Fortunato.

(Fr. F. M. Genealogia, p. 116).


Bn3- Claudino Francisco Xavier de Lima, casado com Antônia Maria.
O batizado dele aconteceu na Matriz de São José de Bezerros a 21 de agosto de 1847, quando o Vigário Manoel Clemente batizou solenemente com os Santos Óleos a Claudino, branco, com dez dias de idade, filho legítimo de Monoel Eustaquio Xavier de Lima e Antônia Maria, moradores no Mondé, sendo Padrinhos: João Antônio... (ilegível), casado, e Francisca Xavier, moradores em Sapucaia (no 16.º Livro de Batismo – de 1843 a 1855, fls. 21).

(Fr. F. M. Genealogia, p. 127).


N2- José Francisco da Silva Azevedo (ou José Francisco de Azevedo Lyra)
Casou com Maria Lucinda Francisca Lima. Em 1840, Maria Lucinda é madrinha, ainda solteira, com seu irmão José Espiridião, de escravo do Capitão José Faustino Pais de Lira. Casou, a 17 de abril de 1855, em oratório particular em casa de Francisco Xavier de Lima, na Sapucaia, dispensados no 2º , 3º e 4º graus de consagüinidade, com o Tenente José Francisco de Azevedo Lira, Tn 4.1.4.6, sendo testemunhas Manoel Francisco de Azevedo Lira e Francisco Santino de Azevedo Lira. Ainda vivos em 1905, quando vendem propriedade no riacho do Castanho, à margem do rio Ipojuca. Lucinda Xavier de Lira faleceu a 11 de março de 1907, deixando três filhos como herdeiros. Mas tiveram pelo menos 9 filhos.

(Fr. F. M. Genealogia, Ed. Definit. III, p. 15).

“João, filho legitimo de Manoel Francisco da Silva e de Inês de Santa Anna, moradores na Sapucaia”.
(Fr. F. M. Genealogia, Ed. Definit. III, p. 18).

Tn 4.1.5.3 – Joana Francisca Lima. Casou, a 22.6.1840, no oratório da Sapucaia, onde a noiva reside, com João Francisco de Vasconcellos, Bn 6.4, filho de Antônio Manoel Torres e Joana Francisca da Silva, ambos já falecidos, sendo testemunhas ..... de Vasconcellos e Miguel Bezerra da Silva. Moradores na Sapucaia. Pais de:
Qr 4.1.5.3.1 – Maria. Batizada a 20.1.1843, na matriz de Bezerros, com 9 dias, filha de João Francisco de Vasconcellos e Joana Francisca Lima, sendo padrinhos Francisco Xavier de Lima e Theresa Maria de Jesus (avós).

(Yony, apud Fr. F. M. Genealogia, p. 101).

Tn 4.1.5.3 – Joana Francisca Lima. Casou, a 22.6.1840, no oratório da Sapucaia, onde a noiva reside, com João Francisco de Vasconcellos, Bn 6.4, filho de Antônio Manoel Torres e Joana Francisca da Silva, ambos já falecidos, sendo testemunhas ..... de Vasconcellos e Miguel Bezerra da Silva. Moradores na Sapucaia. Pais de:
Qr 4.1.5.3.1 – Maria. Batizada a 20.1.1843, na matriz de Bezerros, com 9 dias, filha de João Francisco de Vasconcellos e Joana Francisca Lima, sendo padrinhos Francisco Xavier de Lima e Theresa Maria de Jesus (avós).
Qr 4.1.5.3.2 – José. Faleceu com 5 anos , a 24.10.1850, sendo sepultado na matriz de Bezerros.
Qr 4.1.5.3.3 – Alminda. Faleceu com 30 dias, a 12.7.1850, filha de João Francisco de Vasconcellos e Joana Francisca de Lima, moradores na Sapucaia.
Qr 4.1.5.3.4 – Ana. Faleceu com 5 meses, de espasmo, a 19.10.1851, filha de João Francisco de Vasconcellos e Jana Francisca Lima, moradores na Sapucaia.

Tn 4.1.5.4 – José Esperidião Xavier de Lima. Batizado com 15 dias de nascido, a 28 de dezembro de 1822, sendo padrinhos Manoel Gomes dos Santos e Ana Theresa de Jesus, moradores na Sapucaia. Padrinho em 1840, ainda solteiro. Já casado em 1879.

Tn 4.1.5.5 – Antônio Fernandes Xavier de Lima. Batizado com 34 dias de nascido, a 2 de julho de 1827, sendo padrinhos José Pedro de Lira e Francisca Xavier. Já casado em 1879.

Tn 4.1.5.6 – Maria Lucinda Francisca Lima, casada com José Francisco de Azevedo Lira, Tn 4.1.4.6. Em 1840 é madrinha, ainda solteira, com seu irmão José Espiridião, de escravo do Capitão José Faustino Pais de Lira. Casou, a 17 de abril de 1855, em oratório particular em casa de Francisco Xavier de Lima, na Sapucaia, dispensados no 2º , 3º e 4º graus de consaguinidade, com o Tenente José Francisco de Azevedo Lira, Tn 4.1.4.6, sendo testemunhas Manoel Francisco de Azevedo Lira e Francisco Santino de Azevedo Lira. Ainda vivos em 1905, quando vendem propriedade no riacho do Castanho, à margem do rio Ipojuca. Lucinda Xavier de Lira faleceu a 11 de março de 1907, deixando três filhos como herdeiros. Mas tiveram pelo menos 9 filhos.

Tn 4.1.5.7 – Maria Joaquina Xavier de Lima. Solteira, de maior, em 1879. Muito provavelmente faleceu solteira.

Tn 4.1.5.8 – Joaquim Pantaleão Xavier de Lima. Batizado, com 17 dias a 5 de agosto de 1828, sendo padrinhos João Guilherme de Azevedo e Francisca Leite do Amor Divino. Em 1872 era Alferes da primeira companhia de Infantaria de Bezerros. Já casado em 1879, com Ana Francisca de Jesus. Pais de:
Qr 4.1.5.8.1 – José Pantaleão Xavier de Lima. Casou com Joaquina Bezerra e Silva, Qr.
Qr 4.1.5.8.2 – Francisco Pantalião Xavier de Lima.
Qr 4.1.5.8.3 – Joaquim Pantaleão Xavier de Lima (homônimo do pai!). Casou, a 7.3.1886, no oratório privado da Sapucaia, com Ana Francisca Paes de Lyra, dispensados de parentesco, sendo testemunhas Joaquim José Bezerra da Silva (Filho) e Firmino Leite Torres Jardim.


Tn 4.1.5.9 – Maria Francisca Lima ou Maria Conceição Lima. Nasceu cerca de 1813. Casou, em data anterior a 1838 ( pois neste ano é testemunha de casamento da cunhada Teresa), com o Alferes Joaquim José Bezerra da Silva.Maria Francisca faleceu a 11.10.1880, com 67 anos. Em 1842 é batizado escravo do Tenente Joaquim José Bezerra da Silva, sendo padrinho Francisco Xavier de Lima, da Sapucaia. O major Joaquim faleceu em 1877, com 68 anos. Se acham sepultados no corredor da Matriz de Bezzerros. Maria Francisca Lima, de acordo com a tradição da família, era filha biológica de Francisco Xavier de Lima com a índia da Serra da Camaratuba na Sapucaia com quem conviveu antes de casar com a legítima esposa, e a quem batizou dando-lhe o seu nome, Francisca Xavier de Lima e que se acha sepultada no mesmo túmulo, ao ladon dele e de sua esposa e mãe adotiva da índia, Theresa Maria de Jesus. Esta é também a hipótese de Frei José Milton de Azevedo Coelho. Ainda hoje se pode ver a Pedera da Índia, na serra da Camaratuba, na Sapucaia, de onde se descortina paisagem encantadora, como a dizer ao visitante: - Foi neste paraíso que o jovem Francisco Xavier de Lima, numa caçada, descobriu a garota índia que o
encantou, a quem batizou, educou e que lhe deu a filha Maria Francisca de Lima.

No inventário de Francisco Xavier de Lima, de 1879, Maria Francisca e o Alferes Joaquim já eram falecidos, sendo representados por 9 filhos:
1. Rufina Francisca Pais de Lira.
2. Maria Francisca, casada com Manoel Francisco Paes de Mello.
3. Joaquim José Bezerra e Silva, Coronel Quincas Joça.(Fr. J. M.: o Coronel Quincas Jaca foi o primeiro Prefeito de Bezerros!).
4. Major Francisco Apolinário Bezerra e Silva, casado com Maria Nazaré Bezerra e Silva.
5. Major Miguel Arcanjo Bezerra e Silva.
6. Antonia Maria Bezerra e Silva, casada com Francisco Coelho.
7. Ana Bezerra da Silva, casada com José Francisco da Silva Vieira.
8. Joaquina Bezerra e Silva, casada com José Pantaleão Xavier de Lima.
9. Maria Lourença da Silva. Solteira.

Detalhando:
Pais de:
1 – Rufina Francisca Pais de Lira. Casou com José Faustino Pais de Lira.
2 – Joaquim José Bezerra da Silva Júnior. (J. M.:Qincas Jaca). Nasceu cerca de 1839. Em 1872 era Tenente Quarte – Mestre do Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional de Bezerros. Ainda como Tenente era proprietário do Engenho Sapucaia, com 100 escravos, em 1882. Primeiro prefeito de Bezerros. Faleceu a 5.8.1918, com 87 anos. Casou com Joaquina Francisca Bezerra e Silva. Faleceu a 15.3.1881.
3 – Manoel. Batizado com 15 dias, a 25 de março de 1840, sendo padrinhos José Rodrigues Leão e Antonia Marcella da Silva, moradores no Riachão. Deve ter falecido criança.
4 Maria Francisca. Casou com Manoel Francisco Paes de Mello.
5 – Antonia Maria Bezerra e Silva. Batizada a 9.10.1842, na matriz de Bezerros, com 10 dias, filha de Joaquim José Bezerra da Silva e Maria Francisca Lima, moradores na Sapucaia, sendo padrinhos Manoel Bezerra dos Santos e Rufina Josefa de Freitas Lima. Casou com o Capitão José Francisco Coelho, Cazuza, filho de João Francisco Vieira de Mello Coelho.
6. Major Francisco Apolônio Bezerra e Silva, casado com Maria Nazaré Bezerra e Silva.
7– Major Miguel Arcanjo Bezerra e Silva. Batizado a 28.12.1843, com 8 dias, filho de Joaquim José Bezerra e Theresa Leite (sic.), moradores na Sapucaia, sendo padrinhos .... Xavier dos Santos, morador na ..., e Delfina Maria, solteira. Faleceu a 21.4.1912. Casou com Olímpia Pulcidônia da Silva Lima, Qr 4.1.5.11.2 . filha de João Antônio Pinheiro Paes de Lyra e Theotônia Francisca Lima. Pais de:
8 – Arcemina Olympia Bezerra da Silva. Faleceu a 31.10.1919. Casou com Manoel Francisco Coelho, nascido a 18.5.1872 e falecido a 11.1.1934. Avós de Frei José Milton.
9 - Maria Lourença da Silva, solteira.

(Yony, apud Fr. F. M. Genealogia, pp. 101 -104).

Tn 4.1.5.10 – Manoel Eustaquio Xavier de Lima. Manoel foi batizado com 20 dias, a 1 de novembro de 1821, sendo padrinhos Luiz José de Vasconcellos e Josefa Maria de Jesus. Casou a 19.7.1841, no oratório das Pedras Miúdas, com Antonia Maria de Jesus, filha de Francisco Bezerra de Vasconcellos Silva e da finada Antonia Maria de Jesus, dispensados de parentesco, sendo testemunhas Luiz José de Vasconcellos e Francisco Xavier. Antônia faleceu em 1861.
Em 1879, no inventário do inventário do Comandante Francisco Xavier de Lima, Manoel Eustáquio já era falecido, sendo representados por 8 filhos.
Qr 4.1.5.10.2 – Antonia. Batizada na matriz de Bezerros, a 8.5.1842, com 6 dias, sendo padrinhos o Tenente-Coronel Francisco Xavier de Lima e Theresa Maria de Jesus, moradores na Sapaucaia.

Qr 4.1.5.12.1 – Francisco. Faleceu com 8 meses, a 1.5.1850, filho de João Braz de Vasconcellos e Ignez Francisca de Lima, moradores na Sapucaia.


(Yony, apud Fr. F. M. Genealogia, pg.104 -106).

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

OITEIRO DE MARACAÍPE NA INTERNET

RPPN Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe - ambientebrasil ...
Localizada no litoral sul do estado de Pernambuco, na cidade de Ipojuca, a reserva Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe ocupa 76 hectares de uma fazenda de ...www.ambientebrasil.com
ABRINDO:

Reserva Particular do Patrimônio Natural Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe

Região: NordesteEstado: Pernambuco Município: IpojucaBioma: Floresta AtlânticaÁrea: 76,20 haCriação: Portaria 58 (2000)Unidade de Uso Sustentável
Localizada no litoral sul do estado de Pernambuco, na cidade de Ipojuca, a reserva Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe ocupa 76 hectares de uma fazenda de 130 hectares. A reserva protege remanescentes da Floresta Atlântica e seus ecossistemas associados de restinga e manguezal.
No Estado de Pernambuco só existem 4,6% de manchas desse bioma que sofreu o processo de devastação principalmente em função da cultura da cana-de-açúcar e do desenvolvimento desordenado do turismo. A área da reserva pertence aos frades franciscanos que a administram desde o século XVIII e foi reconhecida como RPPN no dia 26 de setembro de 2000 - portaria 58 pelo Diário Oficial da União. Trata-se da primeira Reserva Ecológica da Ordem Franciscana fundada por São Francisco de Assis.
A motivação da Ordem dos Franciscanos é tornar este lugar um centro de referência em educação ambiental dentro dos princípios de São Francisco de Assis e formar e educar os novos frades e a comunidade dentro desta mentalidade. Em pouco tempo de existência, já despertou atenção da comunidade científica para a pesquisa por parte da Universidade no aspecto florístico e de fauna, como também do curso de turismo. A área ainda não está aberta para a visitação porque necessita realizar algumas obras de infra-estrutura como também cercar toda propriedade e realizar o plano de manejo. Umas das características marcantes é sua beleza cênica devido a uma ampla visão de uma montanha de 50 metros para o litoral e a mata.

MARACAÍPE - PORTO DE GALINHAS - OITEIRO

IGREJAS E CAPELAS SOB OS CUIDADOS DOS FRANCISCANOS

O 1º Livro de Crônica do Convento de Ipojuca apresenta uma lista das igrejas e capelas aos cuidados dos frades:

Matriz de São Miguel: (e Na. Sra. do Livramento)
Santuário do Santo Cristo: (Santo Antônio)
Igreja de . Sra. do Ó: (ou da Expectação)
Capela Sra. dos Oiteiros: (Na. Sra. da Conceição)
Capela da Usina Salgado: (N. Sra. de Nazaré e S. João)
Capela da Usina Ipojuca: (N. Sra. da Conceição)
Capela de Camela (S. Antônio)
Capela do Engenho Maranhão: (Na. Sra. da Penha)
Engenho Pará: (Na. Sra. das Vitórias)
Engenho Gaipió: (São José)
Engenho Belém: (Na. Sra. da Conceição)
Engenho Bonfim: (Nosso Senhor do Bonfim)
Capela do Engenho Pindoba: (São Tomé)
Engenho Fernandes: (Na. Sra., da Conceição)
Engenho Sibirozinho: (Sagrada Família)
Engenho Cachoeira: (Na. Sra. da Conceição)
Capela do Engenho Água Fria: (Na. Sra. da Conceição)
Engenho Arimbi: (Sant’Ana)
Capela do Engenho Tapera: (Cosme e Damião)
Capela do Engenho Penderama: (N. Sra. da Conceição)
Capela do Engenho Ilha das Mercês: (Sra. das Mercês)
Capela da Praia do Cupe: (São Sebastião)
Capela da Praia de Maracahype: (S. Francisco de Assis)
Capela do Cemitério de Na. Sra. do Ó:
Capela do Engenho Jundiá: (Escada)
Engenho Esmeralda (Escada)

AS CAPELAS –
Sebastião Galvão enumera as seguintes capelas ou templos da Freguesia de Ipojuca:
De Santo Antônio, do Convento Franciscano do mesmo nome (e não de São Francisco como o chama Sebastião Galvão; hoje, Santuário do Senhor Santo Cristo), de Nossa Senhora da Conceição de Camela ( engano; deveria ter dito “de Santo Antônio de Camela); do Senhor Bom Jesus, no Cemitério de Ipojuca; do Senhor do Bonfim, no Engenho Salgado [hoje: Nossa Senhora de Nazaré e São João Batista); de Nossa Senhora das Mercês, no Engenho Mercês; de Nossa Senhora da Penha, no Engenho Maranhão; de Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Genipapo; de São Tomé, no Engenho Pindoba; de Nossa Senhora da Conceição, nos Engenhos Caeté, Utinga de Baixo, Sibiró de Santa Cruz, do Cavalcante e Fernandes; dos Santos Cosme e Damião, no Engenho Tapera; de Santo Antônio, no Engenho Caetés; de Jesus, Maria, José, no Engenho Saco; de Nossa Senhora da Coceição, nos Engenhos Água Fria, Penderama e Cachoeira; da Piedade, no Engenho Bom Fim; de Nossa Senhora do Desterro, no Engenho Matas do Ipojuca; de Nossa Senhora do Rosário, no Engenho do Meio; de Nossa Senhora da Ajuda, no Engenho Utinga; de Sant´Ana nos Engenhos Arendepe e Arimbu; de Nossa Senhora da Guia, no Engenho Boassica; de Nossa Senhora da Estrela, no Engenho Ilha do Álvaro; de São José, “do pequeno povoado de Gaipió”; de Sant´Ana, de Serrambi; de Nossa Senhora de Maracaípe (hoje, de São Francisco, em ruínas); Nossa Senhora do Outeiro, no Porto de Galinhas.
MARACAÍPE - PORTO DE GALINHAS - OITEIRO - CUPE
A Capela de Maracaípe: sobre ela escreve Manoel da Costa Honorato em 1863:“Povoação situada à beira do mar, banhada pelo ribeiro deste nome.Tem uma capela cuja torre se acha na lat. 8° 29´ 26´´ S. e long. 37° 19´52´´ OC. Pertence ao Termo de ipojuca e tem uma subdelegacia de polícia deste Termo.” [1]No mesmo ano, escrevendo Honorato sobre a freguesia de Ipojuca, assim enumera suas igrejas: " A sua igreja matriz é dedicada a São Miguel, e existe na povoação um convento dos religiosos de Santo Antônio [por São Francisco!], no qual está a milagrosa imagem do Santo Cristo; além destas há mais três filiais: Nossa Senhora do Ó, São Francisco, na praia de Maracaípe e Nossa Senhora da Conceição num oiteiro da mesma praia. (Obra ncitada abaixo, pgs. 58-59)Já Sebastião Galvão, 34,0 anos mais tarde, tem a sua versão:“Maracaype – Povoação – Situada na costa, próxima à foz do rio do mesmo nome e à marg. setentrional dele, 8° 32´ e 20´´ de lat. s. e 8º 7´ 12´´ de long. É, junto à ponta do mesmo nome, baixa, coberta de arvoredos e de coqueiros; de longe, parece alagada, fica a mais de 6 milhas ao sudoeste do Cupe. É pequena povoação e nela existe uma igreja dedicada a N. S. da Conceição. A ponta de Maracaípe é guarnecida de um lanço de recife na distância de meia milha da praia.” [2]Ao tratar da freguesia de Ipojuca, Sebastião Galvão enumera entre as suas capelas a de "N. S. de Maracahype, e a de N. S. do Outeiro do Porto de Galinhas" (obra abaixo citada, pg. 315). Sobre Cupe, pouco diz Honorato: ‘Cupe, (ponta de) ua légua ao norte do Porto de Galinhas, na lat. 8° 23´16´´ S. e long. 37º 18´55´´ Oc. Neste lugar existe uma pequena povoação.” [3] Isto em 1863. Parece que de lá para cá não passou de pequena povoação da família Monteiro, antigos donos da usina de Cucaú. Não sabemos de quando é a Capela. Talvez trenha sido posterior ao que escreve Honorato. Sebastião Galvão acrescenta pouca coisa: “a 15 kilms. De S. Miguel de ipojuca e a 16 da vila de N. S. do Ó, sede do mun., é pequena a povoação e está à borda do mar, a 6 milhas da extrema oriental do Cabo de s. Agostinho, tendo em sua frente baixos cômoros de areia e alguns coqueiros. Existe aí um ligeiro pontal...” [4] A Capela é dedicada a S. Sebastião, acrescentamos nós.[1] HONORATO, Manoel da Costa, Dicionário Topográfico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco , 2ª Edição, Governo do Estado de Pernambuco, Recife, 1976, p. 68. [2] GALVÃO, Sebastião Vasconcellos, DicionárioCorográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Volume I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife, 2006, pg. 377-278. A 1ª edição foi de 1897, “quase quarenta anos depois do Dicionário de Honorato”., escreve José Antônio Gonçalves de Mello no Prefácio.[3] HONORATO, Manoel da Costa, Dicionário Topográfico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco , 2ª Edição, Governo do Estado de Pernambuco, Recife, 1976, p. 42.[4] GALVÃO, Sebastião Vasconcellos, DicionárioCorográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Volume I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife, 2006, pg. 211.







sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SIRINHAÉM

HISTÓRIA DA CIDADE E DA PARÓQUIA
Sebastião Galvão em seu “Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco” (Volume 4, 2ª edição, Governo de Pernambuco, Recife, 2006, páginas de 102 a 116), trata da Cidade e da Paróquia de Sirinhaém.
Resumidamente, os dados de Sebastião Galvão:
Sirinhaém é a sede do Município e da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Sirinhaém.
A povoação de Sirinhaém teve começo no princípio do século XVII (o século de 1600), com as famílias Accioly, Lins, Siqueira, Uchôa, Peres, Campello e Barros.
Em 1614 foi construída a capelinha de São Roque, o primeiro testemunho da fé católica do seu povo.
A povoação foi crescendo a ponto de em 20 de janeiro de 1620 ser lançada a primeira pedra da igreja da Padroeira Nossa Senhora da Conceição. Foi erguida rapidamente com a ajuda de todos os senhores de engenho da região.
Em que local? Provavelmente no alto, à esquerda da atual Matriz, onde havia também o cemitério. Hoje, no mesmo lugar, funciona o "Centro Educacional Cristo Redentor".
Em 1621 já estava praticamente construída e funcionando como Capela.
Nesse mesmo ano de 1621 foi criada a paróquia pelo Bispo do Brasil Dom Marcos Noronha e a Capela de Nossa Senhora da Conceição foi elevada a Matriz.
Seu primeiro Vigário foi o padre Simão Pitta Calheiros e o seu Coadjutor era o Padre Matheus Soares.
A Paróquia foi instalada, provisoriamente, na capela do Engenho Palma. Isto faz supor que a igreja de Nossa Senhora da Conceição ainda não estava em condições de funcionar como Matriz. Faltavam as obras de acabamento.
Em 12 de novembro de 1622, o Senhor Jacques Peres e sua mulher Dona Catharina Álvares fizeram doação ao Padre Cooperador Matheus Soares das terras do Patrimônio de Santo Amaro, onde foi construída uma Capela dedicada àquele Santo, Capela filial da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sirinhaém. Com a fundação da Capela, surgiu o povoado de Santo Amaro. A Capela se tornou importante Santuário de romarias. A Capela de Santo Amaro foi reedificada em 1796 (veja a obra citada de Sebastião Galvão, pg. 24).
A 19 de junho de 1627, Duarte Coelho (4º Donatário as Capitania) elevou a povoação a Vila, com a prerrogativa de muito nobre e sempre leal Vila de Serinhaém. O ato de instalação da Vila se deu a 1 de julho do mesmo ano.
A 11 de abril de 1635, Matias de Albuquerque fez seu acampamento na Vila Formosa de Serinhaém e aí venceu em batalha um forte batalhão do General holandês Segismundo Van-Scop (ou Von Schkoppe).
O Convento de São Francisco da Vila Formosa de Sirinhaémj foi fundado em 1630.
Qual a sorte do Convento Franciscano de Sirinhaém durante a guerra holandesa?
Os Conventos de ipojuca e de Sirinhaém nada sofreram até 1635. Neste ano foi evacuado o Convento de Sririnhaém, retirando-se o guardião com os religiosos para o convento da Bahia; isto a conselho do Pe. Custódio e do General Matias de Albuquerque. Só tornaram a ocupar o Convento de Ipojuca em 1645 e o de Sirinhaém no ano de 1647.

domingo, 18 de outubro de 2009

ESCLARECENDO SIT

Fico muito grato ao amigo Rui Ferreira, pesquisador abalizado da história de nossa região, pelo esclarecimento que agora passo aos leitores dos meus blogs:

"Frei José Milton,

A igreja que foi dita em site como sendo as ruínas da igreja de Maracaípe, na realidade é a Igreja São José de Botas, na Praia de Tamandaré.

Com sua bênção, Rui"

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Link da homenagem da Paróquia de São Miguel a Frei Beto Breis, ofm.

http://www.youtube.com/watch?v=5Hp1iG_WHY4

sábado, 3 de outubro de 2009

A CONCENTRAÇÃO MARIANA NA USINA SALGADO E EM NOSSA DENHORA DOM Ó


Igreja de N. Sra. do Ó Capela da Usina Salgado Capela de N. Sra. das Mercês


O ANO SANTO MARIANO

Na capela do Engenho Mercês, pertencente hoje à Paróquia de Nossa Senhora do Ó, está sepultado o padre Salesiano Luís Marinho Falcão, filho da Usina Salgado. Quando ele era menino, seu pai veio de Paudalho, com a família, trabalhar na Usina Salgado. Moravam no Engenho Mercês. Foi aí que nasceu a vocação religiosa do garoto. Sua mãe era Dona Nitinha. Era croinha na igreja de Nossa Senhora do Ó. Sentindo-se chamado à vocação sacerdotal, foi estudar com os Salesianos. Ordenou-se sacertode e nunca esqueceu a terra de sua infância: o Engenho Mercês, a Usina Salgado e Nossa Senhora do Ó. Seus restos mortais se encontram na capela das Mercês certamente a pedido da família
Sobre o Engenho Mercês e a família do Padre Luís Marinho Falcão, consulte o meu blog de abril de 2008: “Os Engenhos de Ipojuca na guerra holandesa”.

A CONCENTRAÇÃO MARIANA NA USINA SALGADO E EM NOSSA SENHORA DO Ó

A História de Nossa Senhora do Ó não pode deixar de registrar em seus anais a grande Concentração Mariana promovida pelo Padre Luís Marinho Falcão, com o apoio de Frei Oto, e registrada por este no Livro de Crõnica do Convento de Ipojuca, à pg. 253. O evento teve lugar no dia 06 de janeiro de 1954, dando abertura ao Ano Mariano de 1953-1954.
Demos a palavra ao cronista Frei Oto:

"À tarde do Dia de Reis, realizou-se, na esplanada da Usina Salgado, uma imponente Concentração Mariana, cuja idéia tinha sido sugerida pelo neo-sacerdote salesiano o Revmo. Pe . Luís Marinho Falcão, filho de Salgado. Apoiamos a idéia do Padre, a qual surtiu, deveras, um efeito que foi além do que esperávamos. Na presença de quatro sacerdotes, das Filhas de Maria de Ipojuca e de Nossa Senhora do Ó e de numeroso povo afluído daquelas redondezas, houve a Coroação da imagem de Nossa Senhora do Ó, ouvindo-se a palavra entusiasmada do Vigário Fre Lino e demais padres e alguns representantes do operariado revesada pelo canto das Filhas de Maria e do povo devoto. Foi espetacular esta manifestação de amor e veneração à Virgem Imaculada, como também a procissão de lanternas precedida por um cortejo de 20 cavaleiros montados em briosos corcéis que todos iam reconduzir a Nossa Senhora cingida de sua coroa de ouro para o seu temploatravés das plagas arenosas de N. Senhora do Ó. Foi assim que demos inícioi ao nosso Ano Mariano de 1953-1954".
O encerramento do Ano Mariano se deu em Ipojuca, no dia 8 de dezembro de 1854, Dia da Imaculada Conceuição. Escreve Frei Oto: "8 de dezembro foi o dia em que pusemos um brilhante ponto final ao nosso Ano Mariano de Ipojuca com a Coroação à Imaculada. Para esta brilhantíssima cerimônia, retocara Frei Tarcísio a linda imagem que fica à entrada da sacristia. O importante espetáculo teve lugar no pátio [externo] do Convento, onde, diante de grande multidão do povo, puseram mãos inocentes na fronte de Nossa Senhora uma coroa dourada e rutilante de pedras de cores, presente oferecido pela usineira D. Lourdes Dubeux Monteiro [Dourado] (Livro de Crônica pgs 256)..








quinta-feira, 1 de outubro de 2009

NOSSA SENHORA DO Ó - FREI OTO, OFM

TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE FREI OTO STOHLDREIER, OFM

Henrique Stohldreier, assim se chamava Frei Oto, nasceu no dia 27 de agosto de 1908 na cidade alemã de Gelsenkirchen. Alimentava o desejo de tornar-se rodoviário. Depois de concluir a Escola Primária, ingressou no Curso de Artes Mecânicas. Concluído o aprendizado, foi surpreendido pela pregação de um sacerdote franciscano. Causou-lhe tão profunda impressão que resolveu ser missionário franciscano. Pediu ao pai que fosse com ele a um convento franciscano que ficava próximo de sua terra. Frei Eleutério, o frade que os atendeu, encaminhou o jovem Henrique para o Seminário Franciscano e Missionário de Bardel. Henrique se mostrou bom aluno. Tinha muita facilidade para línguas. No desempenho das atividades curriculares e disciplinares, mostrou que era um candidato certo para o Noviciado. Feito o exame chamado de Madureza (uma espécie de vestibular), passou no mesmo com êxito. A 15 de abril de 1930, entrou então na Ordem Francisacana ou tomou o hábito como se dizia então, com o nome de Frei Oto, pois era costume mudar o nome com a entrada no Noviciado. Sob a direção de Frei Querubino Mones, concluiu o ano de Noviciado, emitiu os primeiros votos ou a chamada "profissão temporária" a 16 de abril de 1931, e viajou para o Brasil com mais 12 confrades. Em Olinda estudou dois anos de Filosofia no Convento de Nossa Senhora das Neves, o primeiro Convento Franciscano do Brasil (de 1585). Seguiu para a Bahia, onde cursou Teologia por quatro anos no Convento de São Francisco de Salvador. Na Bahia emitiu os votos perpétuos ou a chamada Profissão Solene a 16 de abril de 1934. Queria isto dizer que seria franciscano por toda a vida. No dia 06 de junho de 1936 é ordenado sacerdote em Salvador. Já no ano seguinte é transferido para Canindé, no Ceará, onde passou a exercer o cargo de Professor e Diretor de uma Escola Particular de formação humanística, com um currículo de 5 anos. Aí permaneceu pelo espaço de dois anos e meio.
Em 1940, Frei Oto foi transferido para Olinda, na qualidade de cura d´almas em Salgadinho.
Em janeiro de 1941 é transferido como Vigário Cooperador de Itajuípe, na zona do cacau, na Bahia.
Emm1942, o Brasil entrou na Segunda Grande Guerra Mundial. Desencadeou-se no Brasil grande perseguição a alemães e italianos. O Convento de Itajuípe foi invadido. Frei Oto e mais dois confrades foram maltratados e levados presos para a cadeia de Ilhéus. Os dois companheiros depois de alguns dias foram soltos, mas Frei Oto permaneceu detido por três meses.
Por natureza, era Frei Oto acostumado à luta e a dizer o que pensava. Diante das péssimas condições higiênicas da cadeia e da precaria alimentação que estavam afetando a sua saúde, certamente não deixou de reclamar. Toda a limpeza da cadeia era feita por ele. Ao tomar conhecimento da lamentável situação em que se encontrava Frei Oto na detenção, um Irmão Franciscano, Frei Sigberto Herberhold, irmão do Bispo de Ilhéus Dom Eduardo, levava-lhe os alimentos de que tanto precisava. Quando foi finalmente libertado, Frei Oto foi para Salvador, onde exerceu seu sacerdócio até 1943.
Podemos imaginar a humilhação por que passaram tantos franciscanos alemães, que trocaram a família e a pátria pelo Brasil, país que amavam de todo coração, ao serem tratados como traidores e quintas-colunas, ao verem tantas pessoas a quem se dedicaram retribuir-lhes os benefícios com injúrias e calúnias, afastando até os filhos do catecismo e das igrejas franciscanas. Isso aconteceu, por exempolo em Ipojuca e teria havido coisas piores se o Interventor Agamenon Magalhães não houvesse tomado a defesa dos frades e evitado a invasão e depredação dos conventos. Frei Oto ainda não estava em Ipojuca, mas deve ter ficado muito contente ao saber que em Nossa Senhora do Ó a população católica permaneceu ao lado dos frades.
A partir de maio de 1943, Frei Oto passou a trabalhar como Vigário-Cooperador na Paróquia Franciscana de Aracaju. Em maio de 1944 foi transferido para Penedo (AL) e em outubro já está em Ipuarana (Lagoa Seca - PB). Em Junho de 1944, já com a saúde muito abalada, trabalha em Sirinhaém.
Em março de 1945 já vamos encontrá-lo em Ipojuca. Em fins de setembro de 1946 assume a capelania de Nossa Senhora dom Ó com a qual já vinha namorando desde que chegara a Ipojuca em março de 1946. Vai permancer como tal até dezembro de 1956. Foram 10 anos de missão permanente em Nossa Senhora dso Ó. Muitos confrades estiveran a seu lado no apostolado de Nossa Senhora do Ó, especialmente o seu primeiron Guardião em ipojuca Frei Eusébio que lhe prestava incondicional apoio.
Dez anos de pastoreio muito fecundo, cujos frutos ainda hoje permanecem.
No dia 15 de fevereiro de 1954, voltando de N. Senhora do Ó para Ipojuca, sofreu um acidente com a motocicleta que dirigia. Na derrapada, fraturou, do lado esquerdo, a clavícula e uma costela. Não foi a médico nem a hospítal. Ele mesmo nos conta, no Livro de Crônica (pg. 254) que não precisou de intervenção cirúgica. Apos oito dias se considerou bom. Tratou-se certamente com remédios caseiros. Quando se julgou curado, precisou de fazer uma consulta médica no Recife. Ele mesmo escreve que escara de um acidente fatal, e caíra noutro fatal: estava diabéico, com 03, 87 gr. de açúcar no sangue! Desde então, todos os dias se medicava, tomando a quantidade de insulina prescrita pelo médico.
De Ipojuca , foi em 1957 para Canindé e depois para Fortaleza. Já planejava construir uma igreja em Paramoti. Vai de férias na Alemanha em abril de 1958. Regressa a Fortaleza. Sofre mais um acidente de motocicleta que lhe causou um ferimento na cabeça. Em março de 1959 já o vemos em Campo Formoso no Sertão da Bahia trabalhando ao lado de Frei Lino seu antigo Guardião e Vigário em Ipojuca e que lhe dera muito apoio no apostolado em Nossa Senhora dom Ó. Em Campo Formoso exerce as mais diversas atividades: confessor de freiras, Diretor Espiritual do Seminário, professor de Latim num estabelecimento particular destinado à formação de futuras professoras.
A 6 de junho de 1961 celebrou o Jubileu de Prata de Ordenação Sacerdotal.
Em junho de 1964, foin transferido para a terra natal. Em Mettingen, Alemanha, precisava-se dele como professor no Intituto Franciscano que havia sido fundadado para as Vocações ditas tardias, isto é, para a formação de adultos que desejassem ingressar na Ordem Franciscana. Ensinava particularmente Latim e Música. Mas não se descuidava dos trabalhos pastorais, dando assistência no Hospital , Pregando a Palavra de Deus, sendo confessor de freiras. E ainda encontrava tempo para arranjar "um dinhierinho" para igrejas, escolas e instituioções do Nordeste Brasileiro. Nossa Senhora do Ó não lhe saía do coração.
A 2 de 0utubro de 1972, o seu estado de saúde se agravou. Foi transferido para o Convento de Bardel, onde tinha começado a sua vida franciscana. Permaneceu aí apenas por alguns dias. Foi levado para uma Casa de Saúde perto de Muenster (Vestfália), onde não lhe faltavam visitas dos confrades e amigos de Mettingen e de Bardel.
No dia 28 de agosto de 1973, faleceu em paz, depois de receber os sacramentos das mãos do Padre Guardião de Bardel. O enterro se realizou em Bardel, a 29 de agosto, na presença dos parentes, confrades de Bardel, de Mettingen e do Brasil que estavam de férias na Alemanha.
A missa de corpo presente foi concelebrada por 14 confrades sacerdotes.

JUBILEU DO COLÉGIO FREI OTO STOHLDREIER, OFM






* 27 de agosto de 1908

+ 28 de agosto 1973



Transcorreu a 27 de agosto de 2008 o Centenário de nascimento de Frei Oto Stohldreier, OFM, o Apóstolo de Mossa Senhora do Ó. Faleceu na Alemanha a 28 de agosto de 1973, com 65 qnos de idade. Nem os seus irmãos de hábito de Ipojuca, nem a Paróquia de Nossa Sernhora do Ó se lembraram de comemorar o jubileu de um frade que por 10 anos seguidos dedicou integralmente a sua Vida à Paróquia de São Miguel de Ipojuca, especialmente a Nossa Senhora do Ó, cuja capelania era a menina dos seus olhos. Amou Nossa Senhora do Ó como se fosse a sua terra natal, queria um bem tão grande aos seus paroquianos que não media esforços para vê-los felizes. Desejava mais do que ninguém a autonomia política e religiosa do seu povo e, port causa disto mesmo foi perseguido e caluniado por alguns que se julgavam donos do mundo pelo fato de terem dinheiro e poder a sua disposição. Anunciar e denunciar é a missão profética, dizia domingo passado o nosso Arcebispo Metropolitano Dom Fenando Saburido, em missa transmitida pela Rádio Olinda. Foi precisamente o que fez Frei Oto, de saudosa memória. Tive a felicidade de conhecer Frei Oto em Campo Formoso, alto Sertão da Bahia. Eu era Diácono franciscano e Frei Oto Cooperador do Vigário Frei Lino, justamente aquele que fora Guardião e Vigário de Frei Oto em Ipojuca, um frade querido de todos nesta região ipojucana, e que deu todo apoi a Frei Oto, seu Coadjutor em Nossa Senhora do Ó.
O lema de Frei Oto em seu apostolado em nossa região era "Sem Justiça não é possível a Paz", podemos concluir pelo que ele escreve no Livro de Crônica do Convento. Lamenta que os pequenos se degladiem em favor os grandes (intrigas entre os distritos de Camela e Nossa Senhora do Ó, e destes com pojuca), "grandes que querem a paz mas não querem fazer justiça".

Condenou o desvio o dinheiro público para obras de fachada ou que não visavam ao bem do povo. Denunciou a exploração do latifúndio que deixava tanta gente sem instrução e com fome. Lamentava que a Usina Salgado não cumprisse o seu papel social. Denunciou a grave injustiça cometida contra Nossa Senhora do Ó por um "Prefeito da Ditadura" (1937) que desmembrou Camela do seu território, juntamente com as praias e engenhos que, em virtude de sua própria natureza sempre pertenceram a Nossa Senhora do Ó. Que que é duro para um padre ouvir o que Frei Feliciano Trigueiro ouviu de um Prefeito de Ipojuca quando lhe foi pedir alguma coisa em benefício de Nossa Senhora do Ó: "O senhor me peça tudo, menos em benefício de Nossa Senhora do Ó!" (Livro de Crônica, pg. 264).
Como não teve ter exultado no céu o bom do Frei Oto com a criação da Paróquia de Nossa Senhora do Ó! Como desejava naquele tempo (de stembro de 1946 a dezembrom de 1956) o crescimenrto econômico e, sobretudo, religioso do seu povo! Como apoiou Frei Lino, seu Superior e Vigário, a regularizar o patrimônio de Oiteiro e a começar a colocar em dia o Patrimônio de Nossa Senhora do Ó, principalmente os Sítios de Canoas! O Livro de Crônica do Convento de Iojuca, apresenta farta matéria sobre o Apostolado de Frei Oto e demais frades em Nossa Senhora do Ó.

Não vou terminar esta matéria sem enfatizar o seu empenho pela educação da Juventude. Por todos os recantos da Província Franciscana de Santo Antônio por onde Frei Oto passava, deixava a marca do seu carisma que era o de professor. Na Alemamnha, para onde fora transferido em 1964, e donde não mais voltou, dedicou-se ao ensino em Mettinggen, onde os franciscanos mantinham uma Casa de Formação para vocações adultas. Em Nossa Senhora do Ó, com a permissão do Ministro Provincial Franciscano e do Senhor Arcebispo, fundou em fins de 1949 ou princípio de 1950, uma Escola Paroquial "a qual foi instalada no oitão desocupado da igreja" (1° Livro de Crônica do Convento Santo Antõnio de Ipojuca, pg. 246). Conforme a tradição oral de Nossa Senhora do Ó, foi esta Escola Paroquial que deu origem ao "Colégio Frei Oto". É que, tendo conhecimento da situação financeira apertada por que passava a Escola, mandou da Alemanha uma boa quantia que conseguiu de benfeitores, verba com a qual o frade que o sucedeu no apostolado de Nossa Senhora do Ó resolveu construir um grande Colégio ao qual foi dado o nome de frei Oto, hoje, não se sabe por que, chamado de ´"Colégio Padre Pedro Souza Leão", nome de um grande filho da terra, sem dúvida, mas que poderia ter sido dado ao colégio que hoje tem o nome de frei Oto. Fica aqui a sugetão de Frei José Milton: façam a permuta do nome, será bom para a memória de Frei Oto e também para a memória do meu saudoso amigo Pe. Pedro Souza Leão, o grande apóstolo de Pontezinha. Qual o frade que sucedeu Frei Oto em Nossa Senhora do Ó? Logo depois de Frei Oto, foi Frei Benjamin Soares de Alcântara, que muito fez pela conservação da igreja. Teria sido ele o construtor do Colégio? Teria sido o seu sucessor Frei Valentin A. Pereira? Há um lamentável hiato no Livro de Crônica: nada se registrou de 25 de setembro de 1958 a 8 de novembro de 1960. Não teria sido dessa época a construção do "Colégio Frei Oto"? E, por fim, um evento que serve para mostrar de sabejo, o zelo missionário de Frei Oto : as Santas Missões realizadas em outubro de 1956 (Em N. Sra. do Ó a partir de 15 de outubro): os próprios Missionários ficaram surpresos com o resultado: a participação macissa dos homens (maior que a das mulheres!) pá diz tudo. A igreja sempre cheia nas celebrações, boa participação nas palestras para homens e mulheres, no catecismo de jovens e crianças. A procissão de encerramento foi uma apoteose. Nos Engenhos e praias a participaçãon tambem fou muito boa. Na opinião dos mais velhos, nunca houve Missão tão concorrida em Nossa Senhora do Ó como aquela. O bom êxito superou o das Santas Missões pregadas anteriormente em Ipojuca, sede da Paróquia (de 7 a 14 de outubro). Onde estava o segredo do grande sucesso das Missões? Na preparação esmerada do Capelão com os seus colaboradores. Mas, sem dúvida nenhuma, o que pesou mais foi o fato de Frei Oto passar meses visitando, a cavalo, um por um todos os Engenhos, uma por uma, todas as praias, convidando o povo para a Santa Missão (1° Livro de Crônica do Convento de Santo Antônio de Ipojuca, pg. 263).

Esperamos que ainda este ano se comemore o Jubileu de Frei Oto, ou seja a festa dos 100 ano do seu nascimento já que em 2008 passou em branca nuvem.
E que já se comece a preparar a comemoração ainda este ano, dos 60 anos (Bodas de Diamante) da Escola Paroquial fundada por Frei Oto em 1949, ou, no próximo ano, o da sua instalação em fevereiro de 1950. Foi esta Escola que deu origem ao "Colégio Frei Oto".

Voltaremos com uma pequena biografia de Frei Oto.