sábado, 13 de junho de 2009

II. PARÓQUIA DE SÃO MIGUEL DE IPOJUCA


A igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos é conhecida, atualmente como Matriz de S. Miguel.





Escreve Sebastião Galvão:- “IPOJUCA –– Povoação - Sede da Freguesia de São Miguel do Ipojuca, mas não é a cabeça do mun., que é a villa de Nossa Senhora do Ó, d´onde aquela dista 6 kilometros e 11 do litoral.”
Mais adiante explicaremos essa anomalia: a precariedade tos títulos de vila e de povoação, dependendo da política.

ANO DA FUNDAÇÃO

Ainda Sebastião Galvão:
“IPOJUCA – História – Em 1881 o vigario da freg. Firmino d´Araujo Figueiredo informou ao bispo D. José da Silva Barros que fora creada em 1596, mas não diz em virtude de que acto, sendo certo que em 1608 era vigário o padre Sebastião Rodrigues.” (GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Edição fac-similar, Governo de Pernambuco, Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Recife, 2006, Volume I, 2.a Edição, p. 313).
- “Povoação muito antiga; diz a tradição que foi fundada no fim do século XVI pelas famílias Cavalcanti, Rolim, Lacerda, Accioly, Moura e outras. Certo, porém, é que no princípio do século XVII já estava ereta em Freguesia, porque, já povoada, tinha merecimento para tal classificação. É notável esta povoação pela derrota que experimentaram os partidários de Domingos José Martins, em 1817. [...] Está plantada na base e encosta de uma colina; consta de 150 fogos, pouco mais ou menos; edificação irregular, Apresentando vestígios da antiguidade local. Na extremidade oriental da colina, onde finda a rua central, vê-se a antiga matriz de Ipojuca incendiada em 1814 e reconstruída em 1857, mas não acabada, , por Frei Sebastião de Messina; em um dos ângulos da rua SO está o Convento de S. Francisco, edificado em 1606 no alto do monte e em boa parte conservado, do qual foi o primeiro Guardião Frei Boaventura de São Thomaz, com um grande templo, onde, ao lado direito, há uma capelinha em que se vê a imagem do Senhor Santo Christo, tradicionalmente ali venerado pelos romeiros de diversos pontos; ao lado esquerdo da rua e ao NO, está a igreja de N. S. do Livramento que, há muitos anos, provisoriamente, tem servido de matriz; e, finalmente, no centro, e do mesmo lado, vê-se a igreja de N. S. do Rosário, desmoronada há muitos anos. Existe ahi um cemitério com 40m de frente e 50m de fundo, construído em 1869. Possue uma população de 700 almas , pouco mais ou menos.” [1]
Para compreensão do texto citado de Sebastião Galvão, é bom lembrar que a obra estava sendo escrita por volta de 1889 e foi reeditada na ortografia original, Daí entendermos porque diz o autor que Ipojuca ainda era povoação e Nossa Senhora do Ó já era Vila e sede do município Ó (realmente, o foi por pouco tempo e isto aconteceu várias vezes no século XIX, dependendo da política reinante); e porque registra o autor que a freguesia tinha, quando ele escrevia o seu Dicionário (1889), tão poucos habitantes (700 almas) e havia na povoação tão reduzido número de casas de moradia (159 fogos). Na época, Nossa Senhora do Ó já era Vila e sede do município, mas possuía apenas “umas 250 casas e, calculadamente, umas1500 almas”, com mais habitantes, portanto, que Ipojuca.[2] Escreve o Padre Manoel da Costa Honorato: “A Lei n.o 203, de 26 de julho de 1848 transferiu a sede desta freguesia para a capela filial de Nossa Senhora do Ó. A Lei n.o 225, de 30 de agosto do mesmo ano deu novos limites à freguesia. A Lei n.o 236, de 22 de maio de 1849 transferiu a sede da freguesia para a povoação do seu nome [Ipojuca], revogando a Lei n.o 303 supra. A Lei n.o 238 de 26 de maio de 1949 revogou a lei n.o 225 e de a esta freguesia os mesmos limites que dantes tinha.”[3] Quanto a “Nossa Senhora do Ó de Ipojuca” (como também era conhecida), escreve o mesmo Pe. Honorato no final do verbete dedicado àquela povoação: “Finalmente, a Lei n.o 499, de 29 de maio de 1821 elevou-a de povoação à categoria de Vila...” [4]

Vejamos o que escreve o maior conhecedor da história de Nossa Senhora do Ó: “De 1846 a 1891, durante 45 anos, a sede do Município oscilou entre São Miguel de Ipojuca e Nossa Senhora do Ó de Ipojuca. O combate final deu-se em 1891, quando as tropas da polícia de Pernambuco, aliada aos jagunços dos Senhores de Engenho, derrotam na Rua da Batalha as tropas da polícia de Nossa Senhora do Ó, comandadas pelo Sargento José Jerônimo, que eram independentes de Pernambuco e do Brasil (grifo nosso).
Naquela derrota perde-se Desde sempre e para sempre ou até quando o desejo de uma parcela ou de todo povo em pensar que era possível ao povo brasileiro viver independente do sistema econômico mundial, pelo menos naquelas circunstâncias.” [5]

Por decisão do Sr. Arcebispo de Olinda e Recife D. José Cardoso Sobrinho, foi criada, aos 26 de outubro de 2005, a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, desmembrada da de São Miguel de Ipojuca.

- A CRIAÇÃO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO Ó

Afinal os filhos de Nossa Senhora do Ó viram realizado o sonho de terem a sua terra como sede de uma freguesia. Foi criada a 30 de outubro de 2005 a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, desmembrada da Paróquia de São Miguel de Ipojuca. O Decreto de Ereção Canônica acha-se transcrito no Livro de Crônica do Convento de Ipojuca. [6]
Frei Francisco Robério Ferreira de Souza, OFM, Administrador Paroquial de São Miguel de Ipojuca, concelebrou na Eucaristia de instalação da paróquia de Nossa Senhora dom Ó. Quanto aos limites, patrimônio e outros assuntos relacionados com a nova Paróquia, estão relatados, nos competentes livros paroquiais.
[1] GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Edição fac-similar, Governo de Pernambuco, Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Recife, 2006, Volume I, 2.a Edição, p. 316.
[2] GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Edição fac-similar, Governo de Pernambuco, Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Recife, 2006, Volume I, 2.a Edição, p. 402.
[3] HONORATO, Manoel da Costa, Dicionário Topográfico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco, Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Educação e Cultura, 2.a Edição, Recife, 1979, p. 58.
[4] HONORATO, Manoel da Costa, Dicionário Topográfico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco, Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Educação e Cultura, 2.a Edição, Recife, 1979, p. 76.
[5] SOUSA LEÃO, Antônio Geraldo de, A Geografia e a História de Ipojuca: Aqui Começa, Nossa Senhora do Ó – Ipojuca, 2004, p. 33.
[6] Segundo Livro de Crônica do Convento de S. Antônio de Ipojuca, pp. 88 v. a 89 v..

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