Convento de Igaraçu
Pintura do artista holandês Post
O cerco de Olinda em 1630
TESTEMUNHO DE FREI JOÃO DA CRUZ, DE FREI JUNÍPERO DE S. PAULO E MUITOS OUTROS
Na noite de 30 de abril de 1632, 1500 holandeses guiados por Calabar invadiram Igarassu. Era o dia dos Apóstolos S. Filipe e S. Tiago e havia missa festiva no convento franciscano. Uma mulher gritou que os holandeses estavam chegando. O celebrante consumiu logo a hóstia e as partículas consagradas enquanto os outros frades tratavam de esconder as alfaias os vasos e os objetos sagrados. O povo ainda estava na igreja quando os hereges a tomaram e levaram presos o celebrante e um frade velho que não pôde correr. Estes dois foram levados de canoa para Itamaracá foram desterrados para as Indias Espanholas (Antilhas).
O Guardião Frei Pedro da Purificação fugiu com os demais frades. O convento ficou abandonado até 1635, quando foi nomeado Guardião para um triênio, Frei Antônio de Sã Paulo. Terminada a sua gestão, sucedeu-lhe Frei João da Cruz. Foi quando aconteceu o caso das correspondências mandas por Frei João da Cruz pelo Irmão leigo Frei Junípero para Frei Cosme de São Damião e outros frades que se encontravam na Bahia “sem licença nem passaporte dos Senhores do Conselho”, como diz Fr. Bonifácio. Até à Bahia correu tudo em paz. Mas na volta, em princípios de 1639, o portador Frei Junípero foi descoberto com as respostas às cartas. Isto acarretou uma ordem de prisão para ele e seu Superior Frei João da Cruz. Provaram pelo conteúdo das respostas que a correspondência só tratava de assuntos internos da Ordem. De nada valeram as justificativas. Foram condenados à forca pelo Conselho. Mas, por intervenção de pessoas da simpatia do Conde Maurício de Nassau, a pena foi comutada em degredo. “Admira que, dois anos depois, alguém tivesse coragem de se dirigir a Nassau no intuito de conseguir a volta do mesmo Frei João da Cruz.” Não só dele, mas também de seu companheiro Frei Francisco de Santo André. A carta se conserva no arquivo de Aya, escrtita em Lisboa com data de 14 de março de 1642, assinada por M. de Montalvão. Fr. Bonifácio a transcreve. “Parece [poderia ter dito ´é certo´] que Frei João da Cruz voltou sempre ao Brasil, pois Frei Manoel Calado, que no Valeroso Lucideno se ocupa com o mesmo caso, conta no Iº Volume o fato acima narrado, e, no IIº Volume (pg. 45) conta o seguinte:“Este Frei João era Pregador e havia sido degredado com outros religiosos (que todos morreram no mar à mão dos holandeses) e ele escapou, porque foi para a Holand“O convento de Igarassu ficou deserto até a completa restauração em 1654.” Foi quando, nesse ano de 1639, o Conselho, em reação a benevolência de Nassau, deu expansão aos sentimentos anticlericais, recolhendo na ilha de Itamaracá franciscanos de todos os outros conventos e também religiosos de outras Ordens (beneditinos e carmelitas). “Teriam sido 37 ao todo, e dixaram-nos despidos e maltratados durante um mês. Em seguida todos, inclusive Frei João da Cruz e Frei Junípero, foram transportados para as ilhas da América Espanhola [ou Índia de Castela = Antilhas]. Neste trajeto alguns morreram à míngua, outros sucumbiram aos maus tratos e, dos que escaparam, poucos voltaram à Custódia.” Frei Calado conta como terminaram muitos deles: jogados ao mar com pedras atadas aos pés! Poderiam todos ser canonizados, como foram beatificados os do Rio Grande do Norte!
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