quinta-feira, 29 de abril de 2010

DE NOVO: PEDOFILIA E CELIBATO

Já havíamos postado nossa posição diante do tema CELIBATO E PEDOFILIA, quando tivemos conhecimento do que Frei Aloísio Fragoso, OFM, havia publicado na Imprensa do Recife sobre o mesmop assunto.. Também só hoje pudemos ler a vagar o artigo do nosso Arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido sobre "Aborto e Pedofilia", publicado no "Jornal do Commercio", em sua edição de 18.04.2010.
Permita-me o confrade Frei Aloísio Fragoso, transcrever nesta postagem o seu artigo publicado no Jornal do Commercio do Recife em 28/03/2010, e amplamente divulgado pela Internet. Os destaques vão por nossa conta:
FREI ALOÍSIO FRAGOSO, O F M

AUTOR DO ARTIGO:
"ESCÂNDALO NA IGREJA "

O noticiário sobre escândalos na Igreja Católica volta a ocupar espaços da mídia, polêmico, repetitivo, devastador. Afora alguns poucos casos, não se trata de uma sucessão de novos delitos; trata-se, antes, de uma espécie de devassa de arquivos: fatos de 10, 20, 30, 60 anos atrás, redivivos, requentados, como se fossem da véspera, confirmando uma das mais velhas lições da História: “nada há de encoberto que não venha ser revelado” (MT. 10,26).
A Igreja Católica não faz exceção a uma péssima estratégia de grandes Instituições, a saber, arquivar graves pecados internos com o fim de evitar turbulências em sua imagem pública. Esforço inútil. Passam-se anos, séculos, milênios, algum dia a mão implacável da Justiça desenterra as vítimas e abre o seu clamor.
Ditas estas coisas, há outras também a serem levadas em conta. Uma delas é a manipulação dos números.eja-se o exemplo mais recente da Irlanda: 15.000 casos de pedofilia. Eis aí um número de arrepiar a consciência coletiva e desmoralizar qualquer instituição religiosa. Contudo a mídia passa ao largo de outros dados. Trata-se de fatos acontecidos ao longo de 60 anos, em centenas de instituições de todo um país.
Ao concluir-se o quadro estatístico geral, chegamos a números bem menos estarrecedores. Isso não vale como desculpa, pois a nossa indignação se fundamenta em razões de consciência, independente da quantidade de delitos. No entanto, há segundas intenções na manipulação dos números.
Toda Instituição religiosa, mesmo reconhecendo os seus próprios pecados, não pode recusar sua função de consciência moral da coletividade. Isso incomoda a um modelo de Economia e Sociedade que não admite limites morais para sua cupidez de lucro. Parte da mídia concentra-se na morbidez dos assuntos sexuais e cala-se frente aos desmandos de uma política econômica geradora da exclusão e da fome de milhões, em países mais pobres. Afinal, a vida de crianças inocentes exterminadas na guerra do Afeganistão e do Iraque também interpela a consciência humana, assim como as vítimas da pedofilia.
Que pese sobre os responsáveis pela Igreja Católica o dever de punir com o rigor da Justiça os seus ministros hierárquicos que atentaram contra crianças e adolescentes. Que a vergonha daí decorrente seja também sua penitência, enquanto o exigir a defesa das vítimas. Mas que não se generalize, transferindo-se a abjeção moral de crimes de pedofilia para a imagem de toda a Instituição. Nem se vincule a pedofilia ao celibato, pondo em cheque o sacerdócio católico, como se ele mesmo fosse gerador de pedófilos.
A verdade é outra: são pedófilos que buscam abrigo ou esconderijo numa tradicional instituição religiosa. O erro grave de alguns bispos foi não ter sabido lidar com tais fatos. Segundo a conceituada revista alemã “Herald Korrespondenz”, de março deste ano, 90% dos casos de pedofilia no mundo acontecem dentro das famílias, envolvendo parentes.
No meio do clero, 4% são acusados de envolvimento em tais crimes, segundo a mesma revista. Os outros 96% constituem uma proporção suficiente para refazer a credibilidade da Instituição, desde que ela se penitencie, aperfeiçoe seus métodos de seleção de candidatos ao clero e aprenda as lições que a História, mestra da vida, não cessa de proporcionar.
Frei Aloísio Fragoso, frade franciscano (ofm)
Arquivado em: Últimas Notícias Etiquetado: artigo, FRANCISCANO, pedofilia, Religião

quarta-feira, 28 de abril de 2010

RECOLHIMENTOS


O RECOLHIMENTO DE MACAÚBAS / MG

INTRODUÇÃO – A história dos Recolhimentos no Brasil ainda está por se escrever.
No século XVIII sabemos do Recolhimento de Macaúbas, em Minas Gerais (1711) em território da recém criada Vila de Nossa Senhora da Conceição de Sabará; do Recolhimento do Caraça (1770), no parque Natural do Caraça, localizado no Estado de Minas Gerais, no contraforte da Serra do Espinhaço nos munícipios de Catas Altas e Santa Bárbara; do Recolhimento de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo da Bahia (1793).
No século XIX, temos conhecimento do Recolhimento da Fazendinha, à margem direita do Rio Ipojuca, em Bezerros, no Agreste pernambucano (1830?), obra do Padre Francisco José Correia de Albuquerque, como vimos em outras postagens.
Ainda so século XIX, com o nome de Casas de Caridade, os Recolhimentos do Padre José Antônio de Maria Ibiapina, a começar de 1860, com a fundação da primeira das Casa de Caridade, a da povoação de Gravatá do Jaburu, hoje Gravatá do Ibiapina, distrito de Taquaritinga do Norte / PE. A Casa de Caridade de Bezerros (Agreste de Pernambuco), foi iniciada em 1867 e inaugurada a 11 de setembro de 1870. Foram 22 as Casas de Caridade levantadas pelo Padre Ibiapina nas Províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, para acolher meninas e moças, principalmente órfãs. Diga-se de passagem, ele teve um precursor na figura do Padre Francisco José! Oportunamente abordaremos aqui a obra do Padre Ibiapina.
Nesta postagem vamos focalizar o Recolhimento de Macaúbas, atualmente Mosteiro das Irmãs Concepcionistas da Ordem da Imaculada Conceição de Santa Beatriz da Silva.
O Mosteiro de Macaúbas há quase três séculos vem dando “o testemunho histórico do desenvolvimento de Minas Gerais; apresenta fases distintas: ora como Recolhimento ora como Educandário e agora como Mosteiro e Casa de Retiros, a qual oferece toda infra-estrutura para quem deseja fazer retiros espirituais. ”
(htt: // http://www.concepcionistasde/ salvador.blogspot.com)

PADRE FRANCISCO JOSÉ CORREIA DE ALBUQUERQUE








SUGESTÃO PARA PATRONO DE UMA DAS CADEIRAS
DA ACADEMIA DE LETRAS, ARTES E OFÍCIO MUNICIPAIS DE BEZERROS







Para os dados biográficos do Pe. Francisco José, nos baseamos principalmente no que escreve o Padre Teotônio Ribeiro, em seu Escorço Biográfico do grande Missionário.
Filho de José Francisco, ao que tudo indica, natural de Bezerros (PE), casado com Teresa Correia, provavelmente de Penedo (AL), onde também faleceu. O Pe. Francisco teria nascido “em ano que se ignora – talvez em 1757 – num obscuro subúrbio desta cidade de Penedo, geralmente conhecido por Saboeiro.” Pelo fato de, como Missionário, não ter residência fixa em nenhum lugar, e por “muitos outros motivos de ordem secundária, houve quem o imaginasse oriundo de Sirinhaém, Bezerros e S. Brás, tudo isto, no entanto, sem vislumbres de verdade e por mero equívoco.” [1]
No V.º Volume da obra O Clero no Parlamento, no Índice de pessoas, consta que ele é “natural de Alagoas, Província que representou como Deputado na 2.ª legislatura.” [2] Já o Padre Lino do Monte Carmelo Luna, em sua MEMÓRIA HISTÓRICA E BIOGRÁFICA DO CLERO PERNAMBUCANO, dedicada pelo Autor à Sua Majestade Imperial D. Pedro II, a 14 de março de 1858 (cerca de 9 ou 10 anos após o falecimento do Pe. Francisco), escreve sobre o Missionário por ele biografado: “Francisco José Correia, natural da cidade do Recife de Pernambuco...”
Parece não restar dúvidas que o Pe. Francisco é alagoano de Penedo, embora os que o afirmem não apresentem documentos comprobatórios.
Missionário que marcou a história eclesiástica do Brasil, especialmente em Alagoas e Pernambuco, o Pe. Francisco José desempenhou papel muito importante em Penedo, como pacificador, por ocasião da Revolução pernambucana de 1817; foi Deputado Geral por Alagoas (1831), Deputado na 1.ª Legislatura da Assembléia Legislativa de Pernambuco (1835-1837); foi o pacificador do movimento sebastianista de “Pedra Bonita” ou da “Pedra do Reino Encantado de Dom Sebastião (1838)”; fundador de uma Casa de Caridade ou Recolhimento em Bezerros (já antes do Pe. Ibiapina!) no sítio Fazendinha (com um convento de freiras, capela, cemitério, cujas ruínas ainda podem ser percebidas); e morreu na Fazendinha em 1847 ou 1848, sendo os seus restos mortais, por ordem diocesana, transferidos da igreja do Rosário de Bezerros para o Recife, talvez com a intenção de se evitar fanatismo religioso em torno de sua sepultura, medida retrógada (para nós hoje) que fez com que sua memória se perdesse, substituída pela do Pe. Ibiapina, um dos seus fiéis imitadores!
Pe. Francisco Correia foi escolhido como Patrono da Cadeira N° 6 da Academia de Letras da histórica cidade de Penedo, cadeira hoje ocupada pelo Dr. Tobias Medeiros. Reconhecendo as virtudes daquele sacerdote, o então Governador de Alagoas, Dr. Osman Loureiro, através do Decreto 2292 de 16 de novembro de 1.937, deu o nome do Pe. Francisco Correia a uma escola de Santana do Ipanema, hoje uma unidade de ensino que é um referencial no Estado."Tobias Medeiros relata que foi lançado na Paróquia de Santana do Ipanema, para comemorar os 170 anos de fundação daquela Paróquia (1836, - 2006), o seu livro A Freguesia da Ribeira do Panema. "O importante é que foi lançada a campanha, por iniciativa do autor do livro, para a beatificação do Pe. Francisco José Correia de Albuquerque, o 1° Vigário da Paróquia de Santana do Ipanema".
“Na lendária cidade sertaneja de Santana do Ipanema, o padre Francisco José Correia de Albuquerque missionário pernambucano, plantou no século XVIII, o núcleo de evangelização e catequese. Ao longo dos passos da história desse povoamento remoto, verificou-se a construção da Capela que se transformou em Matriz, pela criação da freguesia em 24 de Fevereiro de 1836, pela lei Nº 9, ao ensejo do período Regencial.”
“24 de Fevereiro de 1836 – Pe.Francisco José Correia de Albuquerque, pernambucano, da cidade de Bezerros, foi o primeiro pároco e fundador da Matriz de Santana. A capela foi construída pelo Padre na fazenda de Martinho Rodrigues Gaia no ano de 1786. Com grande veneração entre os fazendeiros, vaqueiros e também nos meios políticos-administrativos, onde teve grande fama de conhecedor das terras e das gentes do interior alagoano. Pe. Francisco Correia foi escolhido membro do conselho geral da província, logo após a proclamação da independência do Brasil. Com aproximadamente 71 anos, foi nomeado o primeiro pároco da Matriz em 24 de fevereiro de 1836, sempre esteve voltado para os grandes problemas do homem sertanejo, sobretudo em defesa dos pobres e necessitados. Em 1842 passou o cargo de administrador da paróquia para o Frei Manoel, retornando para sua terra natal, onde faleceu.”



Texto Extraído do Jornal Tribuna do Sertão - Edição 1989

2001/2005 - Portal Maltanet - Todos os direitos reservados.

O Padre Francisco José era escultor de imagens. Consta que na face do Cristo crucificdo
de Santana do Ipanema ele imprimiu os traços do seu próprio rosto.
É considerado fundador de São Bento do Una, pois foi depois de uma missão pregada por ele em 1830, que teve início a construção da capela do Senhor Bom Jesus dos Pobres que deu origem ao povoado.
O início da construção da capela se deu a 12 de novembro de 1831.
Pode-se dizer que, praticamente, o lugar passou a Povoação a partir da construção da Capela, como normalmente acontecia em outras regiões. Sendo assim, pode-se considerar o Padre Francisco José como um dos fundadores de São Bento do Uma, como o foi de Santana do Ipanema. [3]

Frei José Milton de Azevedo Coelho, OFM


Texto Extraído do Jornal Tribuna do Sertão - Edição 1989

2001/2005 - Portal Maltanet - Todos os direitos reservadoas



Texto Extraído do Jornal Tribuna do Sertão - Edição 1989

2001/2005 - Portal Maltanet - Todos os direitos reservadoas

[1] Escorço Biográfico d0o Missionário Apostólico Doutor Francisco José Correia de Albuquerque, Presbítero Secular do Hábito de S. Pedro, vulgarmente conhecidp por “Santo Padre Francisco”, 2.ª edição, Casa Ramalho Editora, Maceió / AL, 1958.
[2] O Clero no Parlamento Brasileiro, obra editada pela Câmara dos Deputados, Centro João XIII (IBRADES) e Fundação Casa Rui Barbosa, Brasília – Rio de Janeiro – 1980, V.º Volume - Câmara dos Deputados ( 1861 – 1889), p. 291.
[3] Fonte: Ivete de Morais Cintra, Adalberto Paiva, Pe. João Firmino, São Bento do Uma: Formação Histórica, Centro de Estudos de Hist[ória Municipal. Recife, 1984.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

CELIBATO E PEDOFILIA


MUITO SENSATAS AS REFLEXÕES DE FELIPE JUCÁ EM SEU SITE “ RECANTO DAS LETRAS” . PARTEM DA FÉ E DO SEU AMOR À IGREJA. FAÇO RESTRIÇÕES, PORÉM, À ARGUMENTAÇÃO DE LEONARDO BOFF. ELE, CERTAMENTE SEM MALDADE, USA DE SOFISMAS, DE SILOGISMO INCOERENTE. A PEDOFILIA E O HOMO-SEXUALISMO NADA TÊM A VER COM O CFELIBATO.
O CELIBATO TAMBÉM NÃO REPRESENTA, COMO QUER BOFF, EXPRESSÃO DO PODER DA IGREJA. TEMOS QUE DISTINGUIR CARISMA E PODER. NÃO ESTÃO A SERVIÇO UM DO OUTRO, MAS CADA UM TEM A SUA IMPORTÂNCIA. O ESPÍRITO DO SENHOR COMANDA OS DOIS. RESTA-NOS NÃO JOGÁ-LOS, COMO FAZ BOFF, UM CONTRA O OUTRO, MAS SERMOS SENSÍVEIS AO ESPÍRITO DO SENHOR.
HÁ NA IGREJA HOMENS E MULHERES DE VALOR QUE GOSTARIAM DE VER ABOLIDA A LEI DO CELIBATO EM FAVOR DO PRÓPRIO CELIBATO. MAS, ENQUANTO ISSO NÃO ACONTECE, RESTA-NOS ACATAR HUMILDEMENTE A LEI DO CELIBATO.
“HUMILDEMENTE” NÃO QUER DIZER RESIGNADAMENTE
. CABE AOS BISPOS, SACERDOTES E LEIGOS PROCURAR OS CAMINHOS DO BOM PASTOR: OLHAR AO REDOR PARA DESCOBRIR AS NECESSIDES DO REBANHO... CERTAMENTE HÁ OUTRAS COISAS MAIORES A FAZER, INCLUSIVE PARA QUE O CELIBATO SEJA EXPRESSÃO DO AMOR MAIOR, NÃO PELA IGREJA COMO PODER, MAS COMO SERVIDORA.
DIZER QUE O PAPA SE FAZ DEUS, NO SENTIDO HUMORÍSTICO DA EXPRESSÃO DE BOFFF, É HUMOR DE MAU GOSTO.
A IRONIA DE BOFF ATRIBUINDO AO PAPA O NOME DE DEUS, LEVA-NOS A JO 10, 34, QUANDO O PRÓPRIO JESUS, AO SER CRITICADO PORQUE SE FEZ DEUS, CITA AOS INIMIGOS O SL 82,6:TODOS VÓS SÓIS DEUSES E FILHOS DO ALTÍSSIMO”. O SENHOR QUERIA FAZÊ-LOS PERCEBER QUE, SE OS JUÍZES INÍQUOS MERECERAM O NOME DE DEUSES (POIS, COMO REPRESENTANTES DE DEUS, AGIAM COMO SE FOSSEM DEUSES!), QUANTO MAIS O FILHO DO HOMEM QUE RESPONDE À ASPIRAÇÃO DE JUSTIÇA DA ALMA HUMANA, COMO MESSIAS ENVIADO PELO PAI, PARA A LIBERTÇÃO DA MENTIRA E DE TODA MALDADE!
E NÃO LEMOS NA SAGRADA ESCRITURA, SOBRE A GRANDEZA DO SER HUMANO:
TU O FIZESTE UM POUCO INFERIOR A UM SER DIVINO,
TU O COROASTE DE GLÓRIA E ESPLENDOR (SL 8, 6)?
OS SANTOS PADRES COSTUMAVAM DIZER, E A LITURGIA O REFLETE, QUE O HOMEM É DEUS, PORQUE PARTICIPANTE DA NATUREZA DIVINA DE CRISTO, ASSIM COMO ELE PARTICIPA DE NOSSA HUMANIDADE.
COM QUE SIMPLICIDADE DE PALAVRAS E PROFUNDEZA TEOLÓGICA O BISPO SANTO HILÁRIO (SÉC. IV),. EM SEU TRATADO SOBRE A TRINDADE, PROCLAMA A UNIÃO NATURAL DOS FIÉIS EM DEUS PELA ENCARNAÇÃO DO VERBO E PELO SACRAMENTO DA EUCARISTIA!
SÓ UMA AMOSTRA:
“ ... TODOS SOMOS UM SÓ, PORQUE O PAI ESTÁ EM CRISTO E CRISTO ESTÁ EM NÓS ... O PRÓPRIO CRISTO O AFIRMA QUANDO DIZ: POUCO TEMPO AINDA E O MUNDO NÃO MAIS ME VERÁ, MAS VÓS ME VEREIS, PORQUE EU VIVO E VÓS VIVEREIS, POIS EU ESTOU NO MEU PAI E VÓS EM MIM E EU EM VÓS” (JO 14,19.20)...NÓS ESTAMOS UNIDOS A CRISTO, QUE É INSEPARÁVEL DO PAI, E CRISTO, SENDO INSEPARÁVEL DO PAI, PERMANECE UNIDO A NÓS. DESTE MODO, TEMOS ACESSO À UNIDADE COM O PAI. PORQUE SE CRISTO ESTÁ POR NATUREZA NO PAI, PÓR TER SIDO GERADO POR ELE, E SE NÓS POR NATUREZA ESTAMOS EM CRISTO, ENTÃO DE CERTA MANEIRA, TAMBÉM NÓS ESTAMOS POR NATUREZA NO PAI ATRAVÉS DE CRISTO.” [1]
[1] EM LITURGIA DAS HORAS, OFÍCIO DAS LEITURAS DA QUARTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DO TEMPO PASCAL.
POR QUE NÃO PODERÍAMOS APLICAR AO PAPA “TU ÉS DEUS”, UMA VEZ QUE O LEGÍTIMO REPRESENTANTE DE CRISTO À FRENTE DE SUA IGREJA?
MAS NEM O PAPA E NEM OS CATÓLICOS O CHAMAM DE DEUS.

E NEM ELE PROCEDE MOTIVADO PELO PODER, MAS PELA CONSCIÊNCIA DO SERVIÇO PRESTADO À IGREJA E AS HOMENS.
VOLTANDO AO CELIBATO:
A LEI DO CELIBATO É DE CARÁTER DISCIPLINAR, SEM DÚVIDA. NÃO HAVIA NOS TEMPOS APÓSTÓLICOS SENÃO COMO OPÇÃO PESSOAL A EXEMPLO DE JESUS E DE MARIA. MAS FOI SE IMPONDO PELO COSTUME, DE ACORO COM OS TEMPOS E LUGARES. ENTRE OS ANOS 300 E 303 ACONTECEU NA ESPANHA O CONCÍLIO DE ELVIRA, NO CÂNON 33, INTRODUZIU A LEI DO CELIBATO. DEPOIS DISTO, NO OCIDENTE, MUITOS OUTROS CONCÍLIOS REPETIRAM A PROIBIÇÃO DO CASAMENTO PARA SACERDOTES E BISPOS. A PRÁTICA SE GENERALIZOU A PONTO DE SE TORNAR LEI PARA TODA A IGREJA NO OCIDENTE. NO ORIENTE SE PERMITIA O CASAMENTO AOS PRESBÍTEROS, MAS ERA NEGADO AOS BISPOS.
OS CHAMADOS “CONSELHOS EVANGÉLICOS” JÁ ERAM OBSERVADOS NA ÍNTEGRA PELOS RELIGIOSOS. O DO CELIBATO PASSOU AO CLERO DIOCESANO OU SECULAR COMO LEI, UMA VEZ QUE O PRÓPRIO JESUS O APRESENTOU COMO UM IDEAL A QUEM O QUISESSE SEGUIR MAIS DE PERTO. LEI DISCIPLINAR, É CERTO, MAS UM APELO À DEDICAÇÃO INTEGRAL A SERVIÇO DO REINO.
ATUALMENTE, NO RITO LATINO, É PERMITIDA A ORDENAÇÃO DE HOMENS CASADOS COMO DIÁCONOS, MAS NÃO COMO PRESBÍTEROS. O RECEIO DE QUE ISTO PUDESSE LEVAR A COMUNIDADE ECLESIAL A EXIGIR A ABOLIÇÃO DA LEI DO CELIBATO PARA OS PRESBÍTEROS, FEZ COM QUE O CARDEAL OTTAVIANI, NA AULA CONCILIAR DO VATICANO II, SE OPUSESSE À INTRODUÇÃO DOS DIÁCONOS PERMANENTES. SEM DÚVIDA SERIA MAIS UM PASSO Á FRENTE NESSA DIREÇÃO.
O SANTO PADRE PAULO VI PENSAVA NA ORDENAÇÃO DOS HOMENS CASADOS MAS NÃO NO CASAMERNTO DOS ORDENADOS. NÃO ESTARIA PENSANDO EM ABRIR CAMINHO PARA ESTUDOS FUTUROS SOBRE A POSSIBILIDADE DA ABOLIÇÃO DO CELIBATO COMOLEI? NÃO TERIA SIDO POR ISSO QUE, PARA NÃO QUEIMAR ETAPAS, CHEGOU A TIRAR DE PAUTA OFICIAL O ESTUDO DO CELIBATO COMO LEI DISCIPLINAR? CREIO EU QUE O PRIMEIRO PASSO SERIA, MA MENTE DO PAPA, A ORDENAÇÃO DAS LIDERANÇAS DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE. PENITENCIO-ME SE ESTOU INDO ALÉM DO QUE POSSO E DEVO.
O BISPO DOM CLEMENTE ISNARD, PASSADOS OS 90 ANOS DE IDADE, LANÇOU UM LIVRO (“REFLEXÕES DE UM BISPO”) EM QUE EXPRESSA “O QUE MUITOS BISPOS PENSAM MAS NÃO PODEM DIZER” (PADRE COMBLINN).
O PRÓPRIO AUTOR ESCREVE: “SÃO GRANDES OS PROBLEMAS DA IGREJA HOJE: A NOMEAÇÃO DOS BISPOS, OS BISPOS AUXILIARES E OS EMÉRITOS, O CELIBATO SACERDOTAL E A EXCLUSÃO DAS MULHERES DO SACRAMENTO DA ORDEM, DESSES CINCO ASSUNTOS É QUE TRATA O LIVRO QUE SERÁ LANÇADO NA IGREJA DAS FRONTEIRAS EM RECIFE. [...] A IGREJA TEM UM ORGANISMO EM ROMA ENCARREGADO DE EXAMINAR A DOUTRINA DOS LIVROS QUE SE PUBLICAM NO MUNDO INTEIRO. MAS O MEU LIVRO NADA TEM CONTRA A DOUTRINA DA IGREJA. É UM LIVRO NÃO DE DOUTRINA, MAS DE DISCIPLINA DA IGEREJA QUE TEM VARIADO INCESSANTEMENTE NESSES DOIS MIL ANOS DE VIDA, E AINDA RECENTEMENTE TEVE UM CONCÍLIO ECUMÊNICO DE REFORMA, O VATICANO II.”
VÊ-SE QUE O CELIBATO É APENAS UM DOS TEMAS. A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS LIGADOS A ELE, DEPENDE TAMBÉM DE OUTROS COMO, POR EXEMPLO, A NOMEAÇÃO DOS BISPOS SEM A PARTICIPAÇÃO POPULAR.
UM BISPO, COMO DOM CLEMENTE ISNARD, PODE FALAR SEM MEDO, NÃO SÓ PELA IDADE PROVECTA, COMO TAMBÉM PELA FORMAÇÃO BENEDITINA, PELA LONGA EXPERIÊNCIA EPISCOPAL NO BRASIL, NA AMÉRICA LATINA E NO MUNDO.

NUMA DAS IGREJAS CATÓLICAS ROMANAS DE RITO ORIENTAL O SACERDÓCIO NÃO ESTÁ VINCULADO AO CELIBATO. ISTO JÁ ACONTECE. NA IGREJA CATÓLICA ROMANA DE RITO LATINO, O NOSSO CASO, EM QUE JÁ SE PERMITE QUE OS CASADOS CONVERTIDOS DE OUTRAS CONFISSÕES RELIGIOSAS CRISTÃS OU NÃO (POR EXEMPLO: EVANGÉLICOS, JUDEUS E OUTROS), SENDO ORDENADOS PRESBÍTEROS, CONTINUEM COM AS SUAS ESPOSAS, NÃO OBRIGADOS AO CELIBATO POR LEI.
NA VISÃO DESTE HUMILDE COMENTARISTA, O OUTRO PASSO SERIA NÃO OBRIGAR AO CELIBATO POR LEI AQUELES PRESBÍTEROS QUE NÃO DESEJASSEM CONTINUAR NO ESTADO LAICAL.
POR OUTRO LADO, QUEM SABE TAMBÉM SE OS FILHOS DOS PADRES FORA DO MINISTÉRIO NÃO TERIAM MAIS CONDIÇÕES DE ASSUMIREM O CELIBATO QUE OS PAIS?
DEPOIS DE TODA ESSA CAMINJHADA PODERIA ATÉ SER SUPRESSA A LEI DO CELIBATO.
DE QUALQUER FORMA, O CELIBATO CONTINUARIA, COMO É LÓGICO, A VIGORAR NAS ORDENS E CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS MASCULINAS E FEMININAS E NOS INSTITUTOS SECULARES, FORA DOS CONVENTOS, NO EXERCÍCIO DE SUAS PROFISSÕES NO MEIO DO MUNDO.
ESTAMOS COM FREI BOFF QUANDO DIZ:
SÓ UM PROJETO ÉTICO E HUMANÍSTICO DE VIDA (O QUE QUEREMOS SER) PODE DAR DIREÇÃO A ESSA DIALÉTICA E TRANSFORMÁ-LA EM FORÇA DE HUMANIZAÇÃO E DE RELAÇÕES FECUNDAS.
NÃO CONCORDAMOS COM PAUL RICOEUR, CITADO POR BOFF, QUANDO AFIRMA QUE “A SEXUALIDADE POSSUI UM VIGOR VULCÂNICO. [...] ESCAPA AO CONTROLE DA RAZÃO, DAS NORMAS MORAIS E DAS LEIS.”
COMO PESSOAS SENSATAS E DE FÉ, PODEMOS ACEITAR ESSE ABSOLUTISMO DA SEXUALIDADE?
A MORAL, A ÉTICA, PODEM SER REGIDAS POR MECANISMOS DESSE QUILATE?
COMO TEÓLOGO, BOFF SABE MUITO BEM QUE NOSSO LIVRE ARBÍTRIO É CONTINGENTE, MAS NÃO NOS ABSOLVE DE TODA A CULPA: CONTINUAMOS LIVRES E RESPONSÁVEIS. O PECADO ENTRA NA HISTÓRIA HUMANA. MAS NÃO PODEMOS PERDER DE VISTA QUE DEUS NÃO MANDOU SEU FILHO PARA JULGAR O MUNDO, MAS PARA QUE O MUNDO SEJA SALVO POR ELE (JO 3, 17). DEUS O FEZ PECADO POR NÓS PARA NOS JUSTIFICAR (IICOR 5,21). ELE É O BOM PASTOR (JO 10, 11). NELE A MISERICÓRDIA E A TERNURA DE DEUS VÃO À PROCURA DA OVELHA PERDIDA E SE ALEGRAM MAIS POR ELA DO QUE PELAS QUE NÃO SE EXTRAVIARAM (MT 18, 12-14).
MAS NOS ALERTA: “VIGIAI E REZAI PARA NÃO CAIRDES EM TENTAÇÃO. O ESPÍRITO ESTÁ PRONTO, MAS A CARNE É FRACA” (MT 26,41.

sábado, 24 de abril de 2010

PÁGINA DAS MAIS BELAS DA HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL


ABERTURA



Breve história (da Internet,pesquisa google)



Às margens do rio Traripe viveram os primeiros colonizadores, no local um incidente trágico causou a morte de um jesuíta, o que fez os moradores se deslocarem para um local próximo, onde construíram uma capela para Santo Amaro (hoje dedicada à Santa Luzia). Neste ponto desenvolveu-se a cidade. O primeiro núcleo de povoamento data de 1557 e a região foi importante produtora de cana-de-açúcar, fumo e mandioca, surgindo engenhos, casas de farinha e pequenos beneficiamentos de fumo.Em 1837 transforma-se em cidade, com o nome oficial de Leal Cidade de Santo Amaro, hoje Santo Amaro ou como muitos falam, Santo Amaro da Purificação.Distante das praias e em meio a uma paisagem de uma das cidades do Recôncavo Baiano, talvez Santo Amaro tenha tido projeção mundial apenas por causa de dois filhos ilustres: Caetano Veloso e Maria Bethânia.Além das vozes e poesias que ecoam nos quatro cantos do mundo, saídos dos irmãos, Santo Amaro tem belas atrações naturais como cachoeiras e grutas e praia fluvial, além de algumas construções históricas, principalmente igrejas, a principal delas a de Nossa Senhora da Purificação. No mês de fevereiro, nesta igreja acontece a tradicional lavagem da escadaria, organizada por dona Canô (mãe de Caetano e Bethânia) com a participação de mais de 400 baianas.

RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES



Dados colhidos do artigo de Fr. Bonifácio Müller: Frei Bento de Maria Santíssima, ofm 1804 – 1880
Em Revista Santo Antônio, publicação interna da Província de Santo Anônio do Brasil, Ano 7, Nº 2, Recife, 1949, páginas 301 – 309.

A ORIGEM DO “RECOLHIMENTO DOS HUMILDES" - “O Recolhimento dos Humildes deve sua existência ao zelo de um santo sacerdote da então Vila de Santo Amaro, Pe. Inácio Teixeira dos Santos Araújo, nascido em 1769 e falecido em 1841.
Seu pai, Dr. Thomás, fôra educado no colégio dos Jesuítas na Bahia; expulsos os mestres, voltou à terra natal, tomando conta de uma farmácia. Dissuadido de seguir o que julgava ser a sua vocação, contraiu casamento do qual lhe nasceram 7 filhos, dos quais 3 foram sacerdotes. Enviuvando, reviveu-lhe na alma o desejo de ser padre. Dedicou-se ao estudo de Teologia e, graças à sua constância, conseguiu cantar Missa Nova, servindo 2 filhos ao altar, e ocupando o púlpito o 3.º, nosso Pe. Inácio, orador de renome no lugar.
O Pe. Inácio, desde a mocidade, fomentava o ideal de favorecer o nível religioso de sua terra. Tratava de construir uma pequena capela junto do rio, derrubada diversas vezes pela enchente. Seu pai quis adverti-lo que mais convinha recuar a capela do rio. Teimava, porém, o filho dizendo: “Não; aqui é que deve ser edificada”. Disse essas palavras com tal convicção que levava a crer numa revelação ou ordem de Nossa Senhora.
O próprio pai deixou à disposição do filho pedreiros e carpinteiros para levantar a capela em fundamentos sólidos de pedra e cimento. Compareceu o Vigário indagando pelo titular da nova capela, “É de Nossa Senhora”, respondeu o jovem. Dias depois, recebeu de presente uma imagem de Nossa Senhora, trazida pelo dito Vigário que acrescentou: “Coloque no altar de sua capela; é Nossa Senhora dos Humildes!” de fato, a invocação condizia bem com a simplicidade e pobreza da construção. Aí rezava todos os dias o terço, com outras pessoas e fazia novenas em desagravo dos pecados alheios.
Feito sacerdote, concebeu a idéia de reconstruir e ampliar a igreja, juntando-lhe um Recolhimento de virgens consagradas a Deus e votadas ao desagravo dos pecados dos homens, fazendo adoração diante do Santíssimo Sacramento.
Apenas se divulgava o plano, quando se apresentavam uma moças, atraídas pelo tão nobre ideal, ao passo que os inimigos da religião se encarregavam de espalhar as mais infames calúnias e denúncias. Conseguiram até a remoção do Padre para a ilha de Maré.”

OBSTÁCULOS DA AUTORIDADE CIVIL -Reabilitado e animado pelo Senhor Arcebispo, teve de enfrentar os obstáculos da autoridade civil.
El-Rei D. João VI não admitia tal fundação no Brasil, a não ser que fosse motivada por uma necessidade pública, p. ex. hospital ou orfanato (destaque nosso).
Empenhou-se seu próprio irmão, Pe. Miguel, fazendo uma viagem até Lisboa, para entender-se com a Côrte, mas nada conseguiu neste sentido.
Contudo, o Pe. Inácio aprontou o Convento das Recolhidas. Quando menos esperava, 10 anos depois, em 1817, chegou a licença régia, anexa, porém, a dupla condição de angariar patrimônio suficiente à manutenção das Recolhidas, e a de abrir um educandário ou orfanato (destaque nosso).”

VITÓRIA DO PE. INÁCIO - “Sua vontade dinâmica, ao lado da generosidade de algumas pessoas venceu tudo, de modo que, afinal, aos 8 de dezembro de 1818, o Convento abriu as portas, tanto às Recolhidas como às órfãs, no educandário anexo que levou o nome de Seminário.

130 ANOS DE ADORAÇÃO NOTURNA – “Como fosse do maior interesse do fundador que houvesse uma reparação contínua dos sacrilégios contra o SS. Sacramento, sobretudo cometidos por pessoas consagradas a Deus, instituiu a adoração noturna de 8 horas da noite até às 5 horas da manhã, assistida tanto a abertura como o encerramento por toda a comunidade, revezando-se os grupos de moradores nas demais horas da noite. Até hoje [1919] – escreve Frei Bonifácio -durante 130 anos, nunca aconteceu ficar sem adoração o Augusto Sacramento do Altar.”
AMOR A NOSSA SENHORA – “Ao lado da devoção ao SS. Sacramento, o Pe. Inácio se distinguia pelo amor a Nossa Senhora, segurando, habitualmente, nas mãos, um pequeno quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, sua melhor conselheira e inspiradora. Após sua morte, o Exmo. Senhor. Arcebispo fez questão de ficar com esta lembrança.”

MORTE E SEPULTAMENTO DO PE. INÁCIO – “O Pe. Inácio terminou seus dias em 1841, com 72 anos de idade, deixando sua instituição em condições de perdurar uns séculos. Ficou enterrado ao pé do altar-mor; seus restos mortais foram depois recolhidos numa urna de prata, reposta no mesmo lugar.”

OBSERVAÇÃO DE UM COPISTA ANÔNIMO – “É digna de nota” - escreve Frei Bonifácio Müllerr - uma observação feita em 1860 por um franciscano anônimo, confrade e amigo de Frei Bento de Maria Santíssima, o sucessor do Pe. Inácio na direção do Recolhimento dos Humildes: [1]
Essa casa [dos Humildes]...foi sempre o objeto que atraíu todas as complacências do nosso Arcebispo [D. Romualdo Seixa], não só pelo amor que consagrava a tais corporações, como pela piedade que aí reina. Guardamos o judicioso dito que ouvimos da boca do Exmo., quando assistimos ao funeral que ali se celebrou no aniversário dêsse fundador, em que S. Excia. Oficiara de pontifical: Se pudesse, em vez de Ofício de Defuntos, cantava-lhe o Ofício dos Confessores " (Destaque nosso).

CONCLUSÃO – “Referindo-se ao sucessor de tão benemérito fundador, escreve Frei Bonifácio, “o copista citado informa: Em um dos mais reformados [por afamados] Recolhimentos desta Província [Bahia], e não sei se diga: de todo o Império, serve de Diretor outro Religioso nosso, se bem que incorporado [2], em cujo emprego [entenda-se: ofício] se acha [há] 14 ou 15 anos”.

OBSERVAÇÃO DO ORGANIZADOR DESTAS NOTAS - Espero, com esta divulgação, haver contribuído para o conhecimento de uma das mais belas páginas da história religiosa da Bahia. Faço votos que surjam pesquIzadores e estudiosos, principalmente entre jovens universitários e estudantes diocesanos e religiosos (principalmente franciscanos e franciscanas) que levem adiante este e outros estudos que se encontram em meu Blog.
Frei José Milton, OFM

[1] Manuscrito do Arquivo da Província Franciscana de Santo Antonio por Frei Bonifácio Müller e publicado na citada Revista Santo Antôio, pg. 304..
[2] “Incorporado”, porque Frei Bento de Maria Santíssima era de outra Província Franciscana de Portugal e passou para a de Santo Antônio do Brasil,não como hóspede, mas com todos os direitos e deveres.




quinta-feira, 22 de abril de 2010

PÁGINA DE NOSSA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA




RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES
EM SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO / BA

SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO HOJE É MAIS CONHECIDA POR SER A TERRA DE CAETANO VELOSO. OS QUE NAVEGAM PELAM INTERNET CERTAMENTE JÁ CONHECEM A HISTORIADORA ZILDA PAIM E, POR MEIO DELA, AS MUITAS BELEZAS DE SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO. MAS MUITO POUCO SE CONHECE DA HISTÓRIA DO RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DOS HUMILDES. O MENINO JESUS DO "RECOLHIMENTO" E OUTRAS IMAGENS DOS SEUS TEMPLOS JÁ FAZEM PARTE DO PATRIMÔNIO NACIONAL. MAS QUEM CONHECE A HISTÓRIA DO FUNDADOR E CONSTRUTOR DO RECOLHIMENTO, UMA DAS FIGURAS MAS VENERÁVEIS DE LEIGO E DEPOIS SACERDOTE DA IGREJA DO BRASIL NO SÉCULO XVIII? MAS DESCONHECIDA AINDA É A FIGURA DE UM FRANCISCANO MENOR DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DA BAHIA, QUE POR MUITOS ANOS DIRIGIU O DESTINO DAQUELE RECOLHIMENTO E VEIO A MORRER EM ODOR DE SANTIDADE, AMADO POR TODOS, SOBRETUDO PELA POBREZA DAQUELA TERRA. E QUEM JÁ OUVIU FALAR NAS RECOLHIDAS OU FREIRAS DAQUELA CASA RELIGIOSA, DOS SERVIÇOS PRESTADOS DE DIA E DE NOITE AOS MAIS CARENTES MÁXIME NOS MOMENTOS DE GRANDES PROVAÇÕES PESSOAIS OU COLETIVAS ? E QUEM SABE DO QUE NAQUELA CASA DE ORAÇÃO SE REALIZAVA DIARIAMENTE EM PRECES E SACRIFÍCIOS EM REPARAÇÃO À EUCARISTIA PELOS PECADOS DA IGREJA E DO MUNDO? COMO SE EMPENHAVAM PELA PALAVRA, PELA ORAÇÃO E PELA VIDA NA CONVERSÃO DOS PECADORES! E A DEDICAÇÃO DE TODOS OS QUE FAZIAM O RFECOLHIMENTO À FORMAÇÃO CRISTÃ E HUMANA DAS CRIANÇAS E JOVENS! QUANTAS MOCINHAS, PRESERVADAS DA PROSTITUIÇÃO, SE PREPARAVAM PARA SER ESPOSAS E MÃES IDEAIS!
E ISTO ANTES DO MISSIONÁRIO APOSTÓLICO PADRE FRANCISCCO JOSÉ CORREIA DE ALBUQUERQUE E DO PADRE IBIAPINA NO SÉCULOM 19!
ISTO NOS LEVA AO QUE, CERTAMENTE POR DESÍGNIO DA PROVIDÊNCIA DIVINA, ACONTECEU, MAIS OU MENOS AO MESMO TEMPO EM MINAS GERAIS: A FUNDAÇÃO DO RECOLHIMENTO ( DEPOIS MOSTEIRO ) DE MACAÚBAS, PELO LEIGO DE PENEDO (NAQUELE TEMPO DE PE, DEPOIS DE AL) FÉLIX DA COSTA, GRANDE DEVOTO DA IMACULADA CONCEIÇÃO. LEVANTOU EM TERRITÓRIO DA RECÉM CRIADA VILA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE SABARÁ, NO SÍTIO MACAÚBAS, O CÉLEBRE RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA COM O CONVENTO DAS IRMÃS DA ORDEM DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE BEATRIZ DA SILVA, HOJE SANTA CANONIZADA. O RECOLHIMENTO FOI APROVADO POR DONA MARIA I DE PORTUGAL
ESTES EVENTOS DE NOSSA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA AINDA ESTÃO PARA SER PASSADOS AO NOSSO POVO.
NESTE BLOG VOLTAREMOS A ELES.

REMETO O LEITOR À PESQUISA GOOGLE:

Resultados da pesquisa
1. Zilda Paim: POSTAL HISTÓRICO - RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES

domingo, 22 de março de 2009
POSTAL HISTÓRICO - RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES

Postado por Zilda Paim às 16:12
Marcadores: Autodidata, Bahia, Educadora, Educação, Escritora, Folclorista, Historiadora, História, Paim, Pintora, Professora, Recôncavo, Santo Amaro, Zilda, Zilda Costa Paim, Zilda Paim
Postar um comentário.
COMENTÁRIO DE FREI JOSÉ MILTON OFM




A AUTORA ZILDA PAIM, A QUEM MUITO ADMIRO, PARECE DESCONHECER O FRANCISCANO FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA, NASCIDO EM 1804 E FALECIDO EM 1880, E QUE FOI CAPELÃO DO RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DOS HUMILDES. O HISTORIADOR FRANCISCANO FREI BONIFÁCIO MÜLLER ESTEVE EM SERVIÇOS PASTORAIS EM SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO POR VOLTA DE 1919 (QUEM SABE SE NÃO FOI ELE QUE BATIZOU A MENINA ZILDA PAIM QUE NASCERA A 3 DE AGOSTO DAQUELE ANO?), QUANDO TEVE OPORTUNIDADE DE CONHECER A HISTÓRIA DO RECOLHIMENTO, INCLUSIVE A DITA DE TRAVAR CONHECIMENTO COM DUAS RECOLHIDAS, AINDA MORADORAS DO RECOLHIMENTO, QUE FORAM DIRIGIDAS DE FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA. “AS DUAS MADRES ALUDIDAS – ESCREVE FREI BONIFÁCIO – TORNARAM-SE ELOQÜENTES, EVOCANDO O TEMPO DE SUA MOCIDADE, QUANDO O PADRE MESTRE FREI BENTO DIRIGIA OS DESTINOS DA CASA. O QUE MAIS AS HAVIA IMPRESSIONADO, FORA O EXEMPLO DE PIEDADE E PENITÊNCIA. SOLITÁRIO, VIVIA NO SEU SOBRADINHO, PAREDE-MEIA AO CONVENTO; APONTARAM-ME A JANELINHA DE ONDE DESCIA NA CORDA A CESTINHA PARA RECEBER O ALMOÇO E O JANTAR. NENHUMA RELIGIOSA OU MENINA PISAVA JAMAIS NO SEU QUARTO. ERA DOS SEUS HÁBITOS REZAR MUITO E CONVERSAR POUCO; MAS, QUANDO FALAVA, ERA COM UMA UNÇÃO TAL QUE TOCAVA OS CORAÇÕES. DESEJOSAS DE SATISFAZER-ME O INTERESSE, AS BOAS RELIGIOSAS ME CEDERAM UMA CÓPIA DA AUTOBIOGRAFIA DE FREI BENTO, ASSIM COMO UM ARTIGO DA IMPRENSA, PUBLICADO A TÍTULO DE NECROLÓGIO, QUE, EM SEGUIDA, SERÃO PUBLICADOS NA ÍNTEGRA.” [1]
EM 1860, UM COPIADOR ANÔNIMO, DA PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL, A PEDIDO DO MINISTRO PROVINCIAL DA ORDEM, DEDICOU-SE A COPIAR MANUSCRITOS DE VALOR, A FIM DE OS PRESERVAR.
ENTRE OS DOCUMENTOS QUE TEVE EM MÃOS, HAVIA PÁGINAS ALUSIVAS AO RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DOS HUMILDES EM SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO.
REFERINDO-SE AO SUCESSOR DO VENERÁVEL PADRE INÁCIO TEIXEIRA ARAÚJO, FUNDADOR DO RECOLHIMENTO, O COPISTA INFORMA:
EM UM DOS MAIS REFORMADOS [ POR AFAMADOS? ] RECOLHIMENTOS DESTA PROVÍNCIA, E NÃO SEI SE DIGA, DE TODO O IMPÉRIO, SERVE DE DIRETOR OUTRO RELIGIOSO NOSSO, SE BEM QUE INCORPORADO [2] , EM CUJO EMPREGO SE ACHA [A] 14 OU 15 ANOS.
REFERIA-SE AO PADRE FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA.
REGISTRA AINDA QUE, TENDO IDO A SANTO AMARO PRESTAR SOCORRO AO DIRERTOR DAQUELE RECOLHIMENTO, NOSSO IRMÃO DE HÁBITO [FREI BENTO], POR OCASIÃO DO RECRUDESCIMENTO DO FLAGELO DO “COLERA-MORBUS”, SENTI A MAIS PUNGENTE DOR E O CORAÇÃO SE ME COBRIA DE TRISTEZA AO CONTEMPLAR, OU ANTES, AO OBSERFVAR A DESOLAÇÃO DAQUELA CIDADE... RUAS INTEIRAS ESTAVAM DESERTAS, SEUS DOMICÍLIOS FECHADOS OU ABANDONADOS; UM SILÊNCIO COMO DE MORTE MAGOAVA A ALMA, AFINAL UM ÂNIMO, O MAIS VARONIL, SE ENTERNECIA COM A LÚGUBRE VISTA DESSAM SEGUNDA CIDADE DESTA BELA PROVÍNCIA.
E COMENTA O QUE ACONTECERA EM 1856, COM O PRIMEIROM SURTO DE “COLERA-MORBO”, DEIXANDO, CONFORME CÁLCULO APROXIMADO, 20 MIL VÍTIMAS FATAIS NA PROVÍNCIA DA BAHIA. E PASSA A RELATAR O QUE SE PASSOU, ENTÃO, NA CIDADE DE SANTO AMARO:
NA CIDADE DE SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO FOI TÃO AVULTADO O NÚMERO DOS MORTOS, QUE AS FOGUEIRAS SUBSTITUIRAM AS SEPULTURAS. AÍ DESENVOLVERAM O MAIOR HEROÍSMO DUAS IRMÃS DE CARIDADE [DO RECOLHIMENTO], QUE, NÃO OBSTANTE A DELICADEZA E FRAGILIDADE DE SEU SEXO, VOARAM DE UNS A OUTROS LUGARES PARA PRESTAREM OS DEVIDOS SOCORROS AOS ENFERMOS, E MUITAS VEZES FORAM VISTAS VERGADAS COM O PESO DOS CADÁVERS QUE CONDUZIM SOBRE OS SEUS DÉBEIS OMBROS, CAMINHANDO PARA AS SEPULTURAS. DUAS DESTAS CASTAS VIRGENS, FORAM VÍTIMAS DA CARIDADE EVANGÉLICA, SUCUMBINDO AFETADAS DO CONTÁGIO E JAZEM SEUS CORPOS EM UM CORREDOR DA IGREJA DE N. S. DOS HUMILDES DA DITA CIDADE. R. I. P.”
FAÇAMOS UM RESUMO DA AUTO-BIOGRAFIA “TRAÇOS DE UMA VIDA”, ESCRITOS 3 ANOS ANTES DE SUA MORTE:
NASCEU EM PORTUGAL E FOI BATIZADO DE EMERGÊNCIA, DEVIDO AO PRECÁRIO ESTADO DE SAÚDE, NO DIA DO NASCIMENTO, A 28 DE DEZEMBRO DE 1804, COM O NOME DE JOSÉ. SUA MADRINHA FOI N. SENHORA DA SAÚDE. ATÉ A IDADE DE 15 ANOS VIVEU COM O PAIS NA FREGUESIA DA VILA FRANCA D´ASEITÃO. DOS SEIS AOS SETE ANOS FOI COM SUA FAMÍLIA PARA LISBOA ONDE PASSARAM SEIS MESES SOB O RECEIO DA INVASÃO DOS FRANCESES. ASSIM QUE OS FRANCESES LEVANTARAM O ASSÉDIO DE LISBOA, O PAI, QUE ENTÃO SE OCUPAVA DO COMISSARIADO DO EXÉRCITO, VEIO A LISBOA E RECONDUZIU A FAMÍLIA PARA SUA CASA DE AZEITÃO.
AÍ FREQÜENTOU A ESCOLA RÉGIA, PASSOU A ESTUDAR NO CONVENTO DE S. DOMINGOS, VOLTOU À ESCOLA RÉGIA, ESTUDOU LATIM COM O VIGÁRIO DE SUA FREGUESIA. AOS 15 ANOS FOI PARA LISBOA ONDE CONTINUOU O ESTUDO DO LATIM COM OS PADRES DA CONGREGAÇÃO DEM S. FELIPE NERI. SUSPENDEU POR ALGUM TEMPO AS AULAS DE LATIM, PENSANDO EM DESISTIR DA CARREIRA ECLESIÁTICA, POIS DESDE MENINO PRETENDIA ENTRRAR NA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO DE SÃO VICENTE DE PAULO, ISSO POR INSISTÊNCIA DO FUTURO BISPO DE BRAGANÇA, PARENTE DE SEU PAI, E ENTÃO SUPERIOR DAQUELA CONGREGAÇÃO.
MAS LOGO SE ARREPENDEU E VOLTOU AO ESTUDO DO LATIM COM AO PADRES NA “CASA DAS NECESSIDADES”. A ESSA ALTURA, ESTAVA RESOLVIDO A ENTRAR NA VIDA RELIGIOSA MAS NÃO SABIA EM QUE ORDEM OU CONGREGAÇÃO. COMO SEU PAI SABIA QUE ELE NÃO QUERIA A CONGREGAÇÃO DA MISSÃO, SE OFERECEU PARA FALAR AOS SEUS AMIGOS FRANCISCANOS. VEIO LOGO, POR CARTA A ACEITAÇÃO.
CHEGAVA AOS 20 ANOS QUANDO RECEBEIU A CARTA DE ADMISSÃO AO SEMINÁRIO DE BRANCANES.
. PRESTOU EXAMES ANTES DE ENTAR NO NOVICIADO.
MAS SÓ CONSEGUIU O INGRESSO A 19 DE MAIO DE 1827, AOS 22 ANOS DE IDADE.
ERAM SÓ DOIS NOVIÇOS.
TOMOU O HÁBITO COM O NOME DE FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA, EM O COMPANHEIRO COM O NOME MDE FREI FRANCISCO DE APIS.
PROFESSOU EM 1828. ESTUDOU TEOLOGIA POR 4 ANOS E MEIO. ORDENOU-SE SACERDOTE COM 26 ANOS DE IDADE.
EM 1883 RECEBEU PATENTE DE MISSIONÁRIO APOSTÓLICO.
ERA CAÓTICA A SITUAÇÃO POLÍTICA DE PORTUGAL, COM A LUTA DE DONA MARIA II E DE SEU TIO DOM MIGUEL PELO TRONO.
SUCUMBE O PARTIDO DESTE, QUE É EXILADO PARA A ALEMANHA. E DONA MARIA II É EMPOSSADA EM LISBOA (1834).
EM 1832, DOM PEDRO IV (I DO BRASIL) FECHAVA TODOS OS CONVENTOS E CONFISCAVA OS BENS DOS RELIGIOSOS.[3]
PODEMOS IMAGINAR O COMPLETO TRANSTORNO NA VIDA DAS ORDENS RELIGIOSAS. OS FRANCISCANOS SE DISPERSARAM, VIVENDO COMO HÓSPEDES NAS CASAS DOS PARENTES E AMIGOS OU SOB A PROTEÇÃO DE ALGUM BISPO. MAS NÃO DEIXAVAM O MINITÉRIO. PODEMOS ENTENDER A RAZÃO POR QUE FREI BENTO OPTOU PELA MISSÃO NO BRASIL: TINHAM PERMISSÃO DOS SUPERIORES DE ESCOLHER TAMBÉM OUTRAS COLÔNIAS PORTUGUESAS, NA ÀFRICA, ÍNDIA.
A OPÇÃO PELO BRASIL FOI MOTIVADA PELAS INFORMAÇÕES QUE TINHA DO FLORESCIMENTO DA VIDA FRANCISCANA NO BRASIL. ERA TAMBÉM MUITO DURA A PRIVAÇÃO POR QUE TODOS PASSAVAM EM PORTUGAL DE VIVEREM FORA DE SEUS CONVENTOS E COMUNIDADES RELIGIOSAS. NO BRASIL PODERIA REALIZAR O SONHO MAIOR DE SUA VIDA: O CLAUTRO FRANCISCANO.
O PRÓPRIO FREI BENTO ESCREVE QUE AS LONGAS CONVERSAÇÕES QUE TIVERA COM UM RELIGIOSO EM LISBOA SOBRE OS FRANCISCANOS DO BRASIL ME ACENDERAM UM FOGO DE DESEJO DE REALIZAR COM O INGRESSO PARA O CLAUSTRO AQUELA NORMA DE VIDA DE QUE HAVIA SIDO, COMO TODOS OS REGULARES, OBRIGADO A LARGAR COM O DECRETO DE EXTINÇÃO LAVRADO PELO MINISTRO AGUIAR EM NOME DO EX-IMPERADOR DO BRASIL ENTÃO REGENTE NAQUELE REINO POR SUA FILHA DONA MARIA II.
AQUELE RELIGIOSO ERA UM FRANCISCANO QUE ESTAVA DISPOSTO A BUSCAR SUA ANTIGA PROVÍNCIA DE SANTO ANTÕNIO DO BRASIL E O CONVIDOU A ACOMPANHÁ-LO.
FREI BENTO NÃO PÔDE RESISTIR AO CONVITDE. DEPOIS DE COLOCAR EM DIA TODA A DOCUMENTAÇÃO DE QUE PRECISAVA E DE SE DESPEDIR DOS PARENTES QUE RELUTARAM EM ACEITAR SUA DECISÃO, EMBARCOU PARA O BRASIL COM FREI ANTÕNIO DA CONCEIÇÃO NO DIA 31 DE DEZEMBRO DE 1840, E APORTARAM NA BAHIA NO DIA 10 DE FEVEREIRO DE 1841. VIAJARAM NO BRIGUE TORUJO QUE FAZIA A SUA PRIMEIRA VIAGEM DEPOIS DE CONSTRUÍDO
ASSIM QUE DESEMBARCARAM, PROCURARAM O CONVENTO DE S. FRANCISCO, ONDE FORAM MUITO BEM RECEBIDOS PELO PADRE GUARDIÃO FREI BERNARDINO DE SENA E FREI ANTÔNIO DO PARAÍSO. FOI ADMITIDO COMO RELIGIOSO DA PROVÍNCIA DE SANTO ANTÕNIO DESTE IMPÉRIO DEPOIS DE TER PRESTADO O JURAMNTO À CONSTITUIÇÃO IMPERIAL NA PRESENÇA DO MINISTRO PROVINCIAL FREI MANUEL DE S. FELIPE REGO E DO SEU DEFINITÓRIO. FOI RECEBIDO NA CATEGORIA DE PREGADOR. VESTIU O HÁBITO COM O SEU COMPANHEIRO NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS E COMEÇARAM A SEGUIR A VIDA COMUM.
VIVIA MUITO FELIZ NA COMUNIDADE FRANCISCANA DA BAHIA, QUANDOM VAGARAM AS DIRETORIAS DO RECOLHIMENTO DOS HUMILDES E DOS PERDÕES E O SENHOR ARCEBISPO DOM ROMUALDO SE DIRIGIU A FREI BENTO PROPONDO-LHE ACEITASSE UMA DAQUELAS DIRERTORIAS. NÃO FORAM ACEITAS AS OBJEÇÕES QUE ACHOU POR BEM MANIFESTAR PARA SEREM APRECIADAS POR SUA EXCELÊNCIA E O MINISTRO PROVINCIAL DE ENTÃO, FREI JERÔNIMO DE S. PEDRO DE ALCÂNTARA. E ASSIM, LHE FOI PASSADA PROVISÃO CANÔNICA DE DIRETOR E CAPELÃO DO RECOLHIMENTO DE N. SENHORA DOS HUMILDES, AONDE CHEGOU A 7 DE SETEMBRO DE 1843. E CONCLUI: “E AQUI ME ACHO EXERCENDO ESTE CARGO ATÉ O PRESENTE. CALO O QUE SE TEM PASSADO ATÉ AGORA POR ESTAR NO DOMÍNIO DO POVO. PORÉM, EM TODAS AS VICISSITUDES DE MINHA VIDA, NUNCA EXPERIMENTEI UMA QUE ME CAUSASSE MAIOR IMPRESSÃO E AMARGURA DO QUE A QUE PASSEI QUANDO ME FOI OBRIGADO A DEIXAR O CONVENTO QUE TINHA BUSCADO COM TANTO EMPENHO, TRABALHO E INCÔMODO E VIR PARA O LUGAR EM QUE ME ACHO. N. SENHOR SEJA LOUVADO.
16 DE NOVEMBRO DE 1877.”
NECROLÓGIO
O JORNAL DE NOTÍCIAS DE SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO DE 12 DE JULHO DE 1880, PUBLICAVA ARTIGO NOTICIANDO O FALECIMENTO DE FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA, ARTIGO ESTE QUE AS IRMÃS DO RECOLHIMENTO OFERTARAM A FREI BONIFÁCIO MÜLLER, COMO JÁ DISSEMOS. O HISTORIADOR FRANCISCANO PUBLICOU INTEGRALMENTE O PRECIOSO DOCUMENTO JUNTAMENTE COM SUA AUTOBIOGRAFIA NA JÁ CITADA REVISTA SANTO ANTÔNIO, ÓRGÃO INTERNO DA SUA PROVÍNCIA FRANCISCANA. PUBLICOU TAMBÉM A FOTOGRAFIA DE FREI BENTO, FRUTO DO EMPENHO DO SENHOR ARCEBISPO DOM JOAQUIM GONÇALVES DE AZEVEDO QUE, A SUA REVELIA, O MANDARA RETRATAR. ESTE PEQUENO RETRATO FREI BONIFÁCIO O VIU NA RESIDÊNCIA DO CAPELÃO DO RECOLHIMENTO. CONSTA NO NECROLÓGIO DO JORNAL DE NOTÍAS QUE FREI BENTO NUNCA PERMITIU QUE O FOTOGRAFASSEM, A NÃO SER DAQUELA VEZ, EM OBEDIÊNCIA AO SENHOR ARCEBISPO. SABEMOS, POR INFORMAÇÃO DE UMA DAS RECOLHIDAS A FRI BONIFÁCIO, QUE HOUVE RETRATISTA POR OCASIÃO DO ENTERRO.
NO “JORNAL DE NOTÍCIAS”, ESCREVCE O ARTICULISTA: SUA MORTE ENCHEU DE PESAR TODA ESTA CIDADE, QUE EXPANDIU-SE NAS MAIORES DEMONSTRAÇÕES DE AFETO, DE SAUDADE, DE GRATIDÃO E RESPEITO À MEMÓRIA DO VENERANDO RELIGIOSO. [...]COM OS SEUS 49 ANOS DE SACERDÓCIO, FEITO NO DIA 4 DE JULHO, E TODA A SUA LONGA VIDA DE 75 ANOS E MEIO, SEUS DERRADEIROS DIAS FORAM ESCOLA EXEMPLAR DE PIEDADE EDIFICANTE PARA QUANTOS O VISITARAM, ESCOLA QUE NÃO SOFRIA INTERRUPÇÃO, NEM QUANDO SURGIA-LHE O DELÍRIO, PORQUE ENTÃO MESMO NA ABUNDÂNCIA DO CORAÇÃO TÃO DE DEUS E TODO DE DEUS E DO AMOR ARDENTE DA FÉ E ESPÍRITO DIVINO A ALMA PRORROMPIA-LHE EM VOZES SEGUINTES: “ACENDAM ESTAS VELAS, OLHEM O SACRÁRIO, ENFEITEM OS ALTARES, FLORES, DEITEM MAIS FLORES”! – E OUTRAS VOZESS SEMELANTES COMO SE ESTIVESSE PRESIDINDO OS PREPARATIVOS DE ALGUMA DAS FESTAS DO RECOLHIMENTO, TÃO RICAS DE PIEDADE, DE SENTIMENTO E BELEZA RELIGIOSA. [...] VIERAM DA BAHIA 4 RELIGIOSOS FRANCISCANOS QUE AINDA TIVERAM A CONSOLAÇÃO DE O DESCER À SEPULTURA.
O RELATO DA RECOLHIDA DIZ QUE O PE. MESTRE FREI BENTO FALECEU NO DIA 5 DE JULHO DE 1880, NA SEGUNDA-FEIRA, ÀS 9 HORAS DO DIA; SEPULTOU-SE NO DIA 6 ÀS 8 HORAS DA NOITE, DEPOIS DA CHEGADA DO VAPOR COM AS PESSOAS ESPERADAS: O RETRATISTA COUTO, 4 FRADES E O PADRE ROMUALDO SANTOS E ARAÚJO, VIGÁRIO DA MADRE DE DEUS. QUEM ASSISTIU A SUA MORTE FORAM CÔNEGO ANTÔNIO AUGUSTO PALMA E O VIGÁRIO DA MATRIZ PADRE JOÃO OTAVÁRIO DE ARAÚJO. ESTIVERAM PRESENTES NO ENTERROS, ALÉM DOS JÁ CITADOS, MAIS 8 SACERDOTES DE SANTO AMARO.
LEMBRA QUE O POVO CORTAVA PEDACINHOS DO SEU HÁBITO COMO RELÍQUIAS.
SABEMOS O QUE POSSIBILITOU TÃO LONGA ESPERA PARA O SEPULTAMENTO: O CORPO FORA CUIDADOSAMENTE EMBALSAMADO PELOS ACADÊMICOS DO SEXTO ANO REINALDO APRÍGIO E PEDRO DE ALCÂNTARA, IRMÃOS DO VIGÁRIO PADRE JOÃO OTAVIANO, QUE AMAVA O FALECIDO COMO UM FILHO AO PAI. AJUDARAM NA FELIZ OPERAÇÃ O ACADÊMICO DO TERCEIRO ANO JOSÉ BONIFÁCIO DA CUNHA E O FARMACÊUTICO HENRIQUE GOMES DE MENEZES.
A IRMÃ RECOLHIDA ASSIM CONCLUI O SEU RELATÓRIO:
ESQUECEU-SE DE DIZER QUE, NO DIA DA MORTE, VEIO UM FRADE DA VILA [VILA DE SÃO FRANCISCO DO CONDE?] PARA DAR-LHE AS ÚLTIMAS ABSOLVIÇÕES DA REGRA.
[...] NA PEDRA MORTUÁRIA LÊEM-SE ESTAS PALAVRAS: “RESTOS MORTAIS DO REVMO. FR. BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA, MISSIONÁRIO APOSTÓLICO E EXAMINADOR SINODAL, CAPELÃO E DIRETOR DESTE RECOLHIMENTO.”


[1] MÜLLER, FREI BONIFÁCIO, OFM, FREI BENTO DE MARIA SANTÍSSIMA, OFM, 1804 – 1880, em REVISTA SANTO ANTÔNIO, ÓRGÃO INTERNO DA PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL, ANO 7, N.º 2, RECIFE, 1949. PÁGINAS 301 – 309.
[2] “Incorporado”, porque Frei Bento era de outra Província e passou à jurisdição da Prov. de Santo Ant. do Brasil.
[3] IRIART, Lázaro, O.F.M. Cap.,História Franciscana, Petrópolis, VOZES, 1985, p. 457.








sábado, 3 de abril de 2010

FREI VENÂNCIO E OS ESCRAVOS DO CONVENTO DE MIPOJUCA

CAPÍTULO XV DE SUA HISTÓRIA DO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO DE IPOJUCA:

“Poucas notas históricas relatam a existência de escravos no 2onvento de Ipojuca. 0 guardião frei João do Pilar (1718-1419) adquiriu quatro negros, levantando uma senzala para os escra­vos casados (1), na atual rua do convento (2). Em 1796, contava convento onze escravos (3). _X. medida que os conventos do Brasil se despovoavam, diminuia também o número dos seus escravos. até que o capitulo provincial de 7 de dezembro de 1872, num rasgo de generosidade, alforriou todos quantos ainda existiam nas casas da província de Santo Antônio (4).
Aliás, as leis da província franciscana sempre garantiram tratamento humano aos escravos dos conventos; o capitulo provincial de 7 de janeiro de 1741 renovava a determinação de ser celebrada missa pelo descanso eterno de cada escravo fa­lecido (5).
Não admira que em tais condições os escravos sentissem menos a falta da preciosa liberdade, reputando-se servos dos santos e prestando de bom grado seus trabalhos nos diversos ofícios que exerciam com rara habilidade.
Hoje em dia, estranhamos que até os conventos possuíssem escravos; não só os franciscanos, senão também as demais ordens religiosas. Quando estas se estabeleceram no Brasil, já encon­traram a escravidão introduzida, do mesmo modo que em Portugal havia cativos negros desde o descobrimento e a explo­ração da costa ocidental da África central (1416) (6).
O motivo principal por que os religiosos ocupavam o braço do negro, residia na grande falta de irmãos leigos. Enquanto as vocações sacerdotais brasileiras em todas as ordens eram suficientes, notava-se entretanto a escassez de irmãos, porque o trabalho manual era desprezado como indigno de homem livre, conceito errôneo que fora refutado pelo próprio Cristo-Operário.”


NOTAS AO CAPÍTULO XV (página 90):

1. LIVRO DOS GUARDIÃES DE IPOJUCA (LGI, 24.)
2. Contam os antigos que no local da atual Casa dos Romeiros ficava a senzala, da qual se vêem ainda restos de alicerces.
3. Memórias, I, 39-40. Arquivo racional.
4. ARQUIVO PROVINCIAL IPOJUCQA (AP I, 12, f. 67.)
5. AP I.
6. Haebler. Die Anfange der Sklaverei in Amerika, 176 e ss.
FONTE:
WILLEKE, Convento de Sto. Antônio de Ipojuca, Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, 1956, páginas 47 a 48 e página 90.