terça-feira, 22 de junho de 2010

GUERRA HOLANDESA - MÁRTIRES DA PARAIBA



Maurício de Nassau
A CONQUISTA DA PARAÍBA PELOS HOLANDESES

FREI MANUEL DA PIEDADE

“Na Paraíba entraram os holandeses aos 24 de dezembro de 1634. Encontraram a cidade deserta, porque os moradores, inclusive o Governador Antônio de Albuquerque, retiraram-se por falta de meios de defesa. Acompanharam-nos os religiosos, em cuja frente estava Frei Francisco de Santo Antônio [...]. O convento passou a servir de estalagem aos holandeses; só uma vez ou outra assistiram aí alguns religiosos.”[1]
“Na Paraíba tombou o primeiro mártir desta época, Frei Manuel da Piedade, que, com todo zelo, com o crucifixo na mão, confortava os soldados que defendiam o forte de Cabedelo.” [2] Morreu na frente de combate.

TOMADA DO CONVENTO FRANCISCANO

O que diz um relatório holandês sobre a tomada do convento franciscano da Paraíba, cujo nome eles mudaram para “Frederica”. A cidade, ao ser fundada, teve o nome de Nossa Senhora das Neves, “o qual nome e título se lhe deu por causa dos incômodos que passaram, de tormentas, chuvas e ventos, até o dia em que começaram a estabelecer-se aí e a construir casas [1585].”[3] Ao tempo do Domínio Espanhol passou a ser chamada Filipéia de Nossa Senhora das Neves, por causa de Filipe, Rei da Espanha, “até que por parte de Suas Altas Potências os Srs. Estados Gerais, o Príncipe de Orange e a Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, foi tomada pelos capitães a seu serviço no Brasil [...}, porquanto então substituiu-se a denominação que tinha pela de Frederica ou Frederikstad, em virtude do nome de Sua Alteza o Sr. Príncipe de Orange, e por deliberação de todos foi posto aí o Conselheiro político Servaes Carpentier, como Diretor das duas Capítanias da Paraíba e Rio Grande.” [4]
Relata o autor da Descrição da Capitania da Paraíba, Elias Herckmans, que em Frederika [Paraiba] havia 6 igrejas e 3 conventos, sendo o Convento de S. Francisco “o maior e o mais belo”. O dos Carmelitas não estava ainda de todo acabado, mas os frades já moravam nele. O de São Bento também ainda estava em construção; quando os neerlandeses o ocuparam faltava-lhe o telhado. Os conventos dos beneditinos e dos franciscanos foram fortificados para a defesa holandesa.[5]

FREI MANUEL DE SANTA MARIA

“No ano de 1636, os frades [franciscanos] e particularmente o guardião, Frei Manoel de Santa Maria, tendo-se metido a escrever cartas a Matias de Albuquerque, governador do rei, as quais caíram em poder dos neerlandeses, expulsou-se da terra o Guardião; e como os soldados do rei, capitaneados por Francisco Rabelo, invadiram a Capitania, os frades de São Francisco foram retirados do convento em virtude da resolução tomada pelos Conselheiros Políticos. E o convento fortificado para servir de asilo e refúgio aos mercadores neerlandeses em ocasião de necessidade.”[6]
Todos estes franciscanos certamente tiveram a mesma sorte daqueles que foram embarcados para as Ilhas de Espanha (Antilhas).
[1] MUELLER, Fr. Bonifácio, Apud Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil – Edição comemorativa do Tricentenário – 1657 – 1957”, Volume I, Provincialado Franciscano, Recife / PE, 1957, pg. 90.

[2] Id. Ibd. pg. 185 . Conf. também: Província... pg. 90 e Administração da Conquista p. 65.
[3] Da Descrição Geral da Capítania da Paraíba, de Elias Herckmans, transcrito e comentado por MELLO, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife / 2004, pg. 64 e pg. 110, nota 5, para o citado ano de 1585,
[4] MELLO, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife / 2004, pg. 64 – 65.
[5] Da Descrição Geral da Capítania da Paraíba, de Elias Herckmans, transcrito e comentado por MELLO, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife / 2004, pg. 65 – 66.
[6] Da Descrição Geral da Capítania da Paraíba, de Elias Herckmans, transcrito e comentado por MELLO, José Antônio Gonçalves de, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife / 2004, pg. 65

Um comentário:

  1. Frei Milton.

    Sou um Biólogo e Professor mineiro. Criamos o Verde Vida com o propósito de tratar da causa ambiental/humana. Visite-nos e participe do grupo.

    Felicidades em sua bela jornada.

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