quinta-feira, 11 de outubro de 2012


OS AZULEJOS DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA




1. O CLAUSTRO DO CONVENTO

 



Um dos elementos arquitetônicos da era colonial, assim como o alpendre na Casa Grande e nas igrejas, era o Claustro do Convento, o pátio interior em forma de quadrado.

Escreve Frei Matias Teves: “Obedecendo ao plano dos conventos de Portugal, também o Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda se desenvolve em redor do claustro, sendo a igreja a conclusão do lado norte. O claustro forma um ambiente de recolhimento e de paz, completamente afastado do sussurro de fora. Simples e bem proporcionado, as paredes são cobertas de azulejos que representam cenas da vida de São Francisco.”

O claustro do Convento Franciscano de Olinda abre quatro arcadas sustentadas por colunas, tudo de arenito esculpido sendo que às colunas do pátio térreo, correspondem outras tantas do pavimento superior.

Logo após a construção da igreja e sacristia, cerca de 1725, procederam à do claustro.

2. OS AZULEJOS DO CLAUSTRO


O revestimento das paredes do pavimento térreo, foi deixado para tempos posteriores, aguardando a remessa dos azulejos encomendados em Portugal.


Estes azulejos contam, em 16 painéis, a vida de São Francisco, sem respeitar a ordem cronológica, como os quadros da preciosa coleção que lhes serviram de modelo e que pertence à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Essa coleção é composta de 20 folhas , levando no frontispício o nome de “Philip pus Galeus”. Na seguinte folha lemos: “F. Harrewyn Inventor sculp. Lisboa 1730”.
 Na 3ª folha aparece a firma: “Franc° van den wijngaarde ox.”

Trata-se, portanto de desenhistas ou gravadores flamengos.

Reúne cada composição diversos assuntos, subordinados a uma idéia comum, marcadas por uma letra do ABC, à qual corresponde a citação ao pé do quadro. Por aí verificamos que as fontes aproveitadas foram a Legenda Maior de São Boaventura, publicada em 1262 e o Livro das conformidades da vida de São Francisco com a de Nosso Senhor, publicada por Frei Bartolomeu de Pisa em 1390.


3. AS CÓPIAS REPRODUZIDAS NOS  AZULEJOS 


Confrontando as gravuras com as cópias reproduzidas nos azulejos, não poderá escapar à nossa atenção a liberdade com que o ceramista português tratou seu assunto. Substituiu as molduras por outras mais vistosas, modificou a paisagem, melhorou a posição de algumas pessoas, dispensou parte do conteúdo de um quadro, transferindo-o para outro, desenvolveu algum assunto secundário no intuito de lhe prestar mais realce. De modo geral, reduziu o número de fatos indicados na gravura, receoso de sobrecarregar o quadro a ponto de cansar a vista.


Fundos do Conveto, vendo-se o "gigante" sustentando a parede da sacristia. Esse arrimo não existe mais, ficou na tela para a memória. 


Óleo sobre tela de Fr. J. Milton, 1977.





A coleção tendo saído do prelo em 1730, pouco depois de conhecida teria de ser aproveitada, de modo que é de supor que tenham sido colocados estes azulejos no lugar que hoje ocupam, entre 1735 e 1745.

Mede cada quadro 3 m de largura com 2,50 de altura, variando o número de azulejos entre 298 e 387.

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