sexta-feira, 12 de junho de 2009

IPOJUCA ENGENHOS DA REGIÃO

Santo Antônio dos Montes (Engenho Velho) – Com a palavra agora o historiador Fernando Pio, em seu escrito “A Caminho da Histórica Ipojuca”, no livro Resumo Historico do Convento de Santo Antonio e do Santuario do Senhor Santo Christo de Ipojuca, edição comemorativa do Jubileu do Santuário *1663 – 1938), organizado por Frei Venâncio Willeke, Ipojuca, 1938, pp.16-17:
“ Interessante a lenda que nos refere Jaboatão no seu Novo Orbe Seráfico a respeito desta igrejinha: conta-nos o cronista franciscano que a milagrosa imagem de Santo Antônio, ali venerada, fora encontrada em plena mata. Não existindo, ainda, naquela época, capela ou igreja no engenho, levaram a imagem para a capelinha de São José, nas imediações da cidade do Cabo. Qual não foi a surpresa, entretanto, no dia seguinte, ao constatarem, que a imagem já não se encontrava no altar em que fora colocada. E onde estava a imagem? Em plena mata, no mesmo local em que vivia anteriormente.... Pela segunda vez repuzeram-na em seu altar na igrejinha de São José. Novamente a imagem desapareceu. E voltou ao seu pouso primitivo. Uma terceira tentativa ainda foi experimentada. Novo insucesso. Compreenderam, assim, os moradores do engenho que o santo havia escolhido por habitação de sua imagem aquele local e, deste modo, apressaram-se a levantar, sem demora, a sua capelinha. E esta é a igrejinha que avistamos com o sugestivo título de Santo Antônio dos Montes do Engenho Velho. ”
Mas vamos um pouco adiante na narrativa de Fernando Pio. Santo Antônio dos Montes do Engenho Velho é um engenho muito ligado a história do célebre Frei Cosme de São Damião, e. portanto, ao Convento de ipojuca:
“Foi neste engenho que antes de abraçar a vida franciscana viveu durante sete anos o piedoso Frei Cosme de São Damião.
Filho de colonos portugueses, dedicou-se, na mocidade, à vida agrícola e, conforme nos refere Jaboatão, do campo à casa de purgar Cosme Manuel, o mancebo, pelo seu bom gênio officioso e devoto já demonstrava a piedosa vocação religiosa que o faria amanhã o estimado frade franciscano.
Até há poucos anos, existia neste referido engenho um retrato a óleo de Fr. Cosme de São Damião.”
Falando sobre este engenho a uma paroquiana de Ipojuca, ela me contou que o tal engenho fica em Ponte dos Carvalhos, e que, quando criança, foi com seus pais visitar a Capela do Engenho, levados pela devoção a Santo tão milagroso, que escolhera aquele lugar para morar.
Segundo Josias, fica no Cabo de Santo Agostinho, após a Destilaria do Cabo, sentido Recife (lado esquerdo).


Jurissaca –Este engenho ficava no Município do Cabo. Vem do início do século XVII, conforme Fernando Pio. Num alto, mais à frente encontram-se as ruínas de uma capelinha dedicada a São Gonçalo, célebre pelo fato de alguns restauradores pernanbucanos terem promovido aí as primeiros reuniões com o fito de expulsar os invasores holandeses. Na época em que Fernando Pio redigiu este escrito, a capelinha não podia ser vista da estrada, pois se erguia no meio da mata. Será que ainda existe em nossos dias? De acordo com Sebastião Galvão, o dito engenho pertencia a João Paes Barreto, tinha uma capela sob a invocação de São João Batista instituída primitivamente em1626. João Paes Barreto foi o fidalgo português que se destacou entre os colonizadores das terras do Cabo de Santo Agostinho e da Vila de Santo Antônio do Cabo. Veio para Pernambuco ainda bem jovem e solteiro em 1557. Casou-se com Dona Inês Guardez de Andrade, filha do rico colono Francisco Carvalho de Andrade. “De posse das doações de grandes lotes de terra, fundou ele um engenho a que deu o nome de Madre de Deus, situado em uma légua de terra, - à margem do rio Arassuagipe nos brejos do Cabo de Santo Agostinho – e sucessivamente os de Jurissaca, Algodoais, Trapiche, Guerra, Ilha e Santo Estêvão. Em 28 de outubro de 1580, instituiu João Paes Barreto um morgado [...] conhecido depois por Morgado dos Paes ou do Cabo. O engenho Madre de Deus veio a chamar-se também Engenho Velho.
Algodoais – Engenho sem expressa histórica, segundo Fernando Pio merendo ser lembrado por guardar em sua capela um altar “lembrando o gótico”, (!) que pertenceu ao Santuário do Santo Cristo de Ipojuca e que, depois do incêndio deste templo, foi para ali transferido, como doação do Rev. Frei Venâncio, Guardião do Convento de ipojuca”. Deve ter sido um dos altares de madeira construído pelos frades alemães restauradores, como os que vemos na fotos da igreja incendiada. Segundo Sebastião Galvão, era um engenho “no Município do Cabo, fundado por Miguel Paes antes da invasão holandesa, fica ao Sul as sede e tem uma capela dedicada a S. Francisco”.[1] À época da referida doação aquele engenho pertececeria à Freguesia de São Miguel de Ipojuca? Outra pergunta: e como explicar o altar tipo “gótico” que ainda hoje se vê na capela restaurada do Engenho Penderama? Certamente foi para lá após o incêndio da igreja do Convento. Das duas uma: ou Fernando Pio se enganou ao dar como destino daquele altar a capela de Algodoais e não a de Penderama, ou esta última teria merecido também um dos altares da igreja do Senhor Santo Cristo. Fica, porém, um problema a ser resolvido, pois consta que todos os altares da igreja do Convento foram destruídos pelo incêndio. Defendo a hipótese que seriam os antigos altares (não mais os primitivos) que os alemães encontraram e dele se desfizeram para dar lugar aos novos, góticos, que vemos nas fotos de antes do incêndio. Mas é, de qualquer forma, estranho que fossem altares “góticos” e não barrocos como deveriam ser, e como, por sinal, o é o altar-mor da Matriz de Miguel, que fora do Convento para lá, como reza outra tradição.
[1] GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, Edição fac-similar, Governo de Pernambuco, Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Recife, 2006, Volume I, 2.a Edição, p. 20.

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