quinta-feira, 11 de junho de 2009

CONVENTO DE IPOJUCA - RESTAURAÇÕES

II) - RESTAURAÇÃO DAS IMAGENS MAIS PRECIOSAS DO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO DE IPOJUCA E OUTROS DADOS HISTÓRICOS SOBRE AS OBRAS DE ARTE DO MESMO CONVENTO


1. AS RESTAURAÇÕES

A Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, representada pelas pessoas de Frei Valter Schraiber (Guardião do Convento de Ipojuca) e Frei Carlos Alberto Breis (Vigário da Paróquia de São Miguel), é a primeira resposável pela restauração das imagens do Senhor Morto e do Senhor Santo Cristo de Ipojuca. Não podemos esquecer o empenho de Frei Roberto, responsável pelo Patrimônio Franciscano no Nordeste. Frei Francisco Robério, Guardião da Casa de Ipojuca, está dando continuidade ao processo de restauração.
A restauração foi confiada aos trabalhos técnicos, altamente especializados do Restaurador Enos Omena Ribeiro. Enos Omena é especialista em Iconografia e Iconologia e está se dedicando, no momento, à área franciscana.
Seu Atelier de Eestauração se localiza na Praça Fleming, na Jaqueira, Recife. Enos trabalha com uma equipe formada de 8 pessoas: 2 Restauradores (um Arquiteto e outro Historiador); 2 Marceneiros; 1 Entalhador; e dois motoristas – Gilmar MarIa do Rego e Zuza; e Enos Omena, Coordenador e Executor.
A fiscalização dos trabalhos é com o IPHAN (Instituto do Patriomômio Artístico Nacional), a quem cabe, por direito, acompanhar a restauração da imagens, dos painéis e de tudo que pertença ao monumento tombado pela Unidade Federativa.
Em Ofício De 19 de janeiro de 1938, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional comunicava ao Guardião Frei Venâncio Willeke o tombamento do Convento Franciscano de ipojuca como monumento nacional.

A imagem do Senhor Morto é do século XVIII, como se conclui pela junção das articulações, típica daquele século. Era usado em dois ritos: no da descida da Cruz e na Procissão da Sema Santa.
Provavelmente foi obra de artistas locais.
Sobre ela pouco se sabe historicamente falando. Frei Venâncio diz apenas que era conservada na Capela dos Milagres.
Conforme Jaboatão, os ex-votos se conservavam na Capela do Bom Jesus, onde se encontrava o Senhor Santo Cristo, e eram testemunho da devoção de todo Pernambuco e até de outras capitanias ao Senhor Santo Cristo de ipojuca.
Talvez no Livro de Crônica do Convento conste o ano em que foram transferidos para a Sala dos Milagres onde se encontra o esquife do Senhor Morto.
Conforme testemunhas do incêndio de 1935, na época já se encontravam na Sala dos Milagres e, inexplicavelmente, os ex-votos escaparam ao incêndio até mesmo os de cera, que não chegaram a se derreter apesar de todo o calor. Teria sido mais um milagre na Sala dos Milagres!
A imagem do Senhor Morto foi levada para a rerstauração a 02 de dezembro de 2008, voltando restaurada a 17 de março de 2009.
Sua policronia revela que foi danificada pelo incêndio de 1935.
Foram removidas dela 5 camada de tinta, sendo restaurada a penúltima.
Vai continuar na Sala dos Milagres, emoldurada por uma urna de vidro que será brevemente confeccionada.
A sala dos Milagres passará por uma reforma, quando serão removidas as telhas de amianto que tornam o ambiente inadequado para a conservação da imagem ( o calor é intenso no Verão).
A imagem do Senhor Santo Cristo foi levada juntamente com o a Cruz para a restauração a 17 de março de 2009, voltando, ambas restauradas, a 02 de junho deste mesmo ano. .
O Senhor Santo Cristo e a Cruz foram danificados pelo incêndio de 1935. À semelhança da do Senhor Morto, ambas resgatadas milagrosamente pelos ipojucanos na noite do incêndio. Ainda vive um dos heróis que, com risco de vida, removeram o Senhor Santo Cristo, da Capela do Bom Jesus, chamuscado pelo calor das chamas que se alastravam rapidamente, destruindo toda a igreja, menos as estalas do coro dos religiosos.
Foram removidas da Cruz 5 camadas de tinta, sendo que a última não foi possível restaurar; daí ficarem com a penúltima.
O Santo Lenho é um tronco esteticamente desgalhado em madeira de lei portuguesa, pinho de riga (em italiano "riga" é linha), aplicada laca sobre folha de prata. Mede 3 metro de altura. Vê-se que a intenção do artista foi reproduzir da melhor maneira o próprio Lenho da Cruz. O pinho de riga, prestou-se muito bem para isso. A restauração deixou a Cruz como era originalmente até onde se pôde chegar: laca vede sobre folha de prata. Ficaram uma manchas laterais que são originais.
A idéia do tronco desgalhado é a idéia do Santo Lenho. É o que está no fundo da tradição da Cruz inteiriça talhada na mata do Engenho Trapiche.
Já vimos que em maio de 1763, escrevia Fr. Jaboatão, ter sido a cruz do Senhor Santo Cristo examinada a seu pedido e o estudo ter revelado ser ela, realmente, inteiriça.
Frei Venâncio diz que a cruz não é mais a original:
“Ao ser feita a nova encarnação da imagem, em 1937, partiu-se a trave transversal da cruz, deixando patente a emenda artificial.”
Que os estudiosos opinem sobre o caso.

A Cruz e o Senhor Santo Cristo voltaram à originalidade das peças pós incêndio.
A imagem do Senhor Santo Cristo é em cedro e mede 1,90m de altura.. Vê-se que ela passou por duas carnações após o incêndio: a anterior ao incêndio foi totalmente danificada no incêndio de 1935. A primeira depois do incêndio aconteceu, segundo Frei Venâncio, em1937, quando então foi aplicada uma nova base sobre a imagem e feita a carnação. Depois veio mais uma carnação (não sabemos em que década). Foi esta segunda carnação pós-incêndio que agora foi removida. Na primeira carnação pós incêndio havia também áreas de repintura nos braços, no tórax e nas pernas. Foram agora removidas .
A primeira carnação pós- incêndio é a que foi agora recuperada.
A representação da pele na imagem é perfeita, conservando um ligeiro brilho natural. As manchas de sangue são discretas. A coroa de espinho alcançou a beleza original. Os cravos voltaram à cor primitiva: mental branco. Agora não foi aplicado verniz à imagem.
Quanto ao custo financeiro das restaurações (orçadas em R$14.295,00), temos que ver o que foi objeto de recuperação e o preço de cada peça restaurada.
Peças restauradas:
- A imagem do Senhor Morto importou em R$ 7.235,00.
- 0 esquife do Senhor Morto importou em R$ 485,00.
- A imagem do Senhor Santo Cristo importou em R$ 5.630,00
- A Cruz do Senhor Santo Cristo importou em R$ 945,00
Total: R$ 14.295,00
Trabalhos que, no mercado, não sairiam por menos de R$20.000,00.
Tudo financiado pela Paróquia de São Miguel de Ipoojuca.
O preço estipulado acima, foi uma concessão aos franciscanos. Deveria ser pago em 2 prestações. Na realidade, porém, foram 5 as prestações. Foi um trabalho realmente realizado por amor.

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