PARA O BLOG DE FREI JOSÉ MILTON:
A CAPELA CAPITULAR DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
Na década de 30 Frei Matias Teves voltava a Olinda como Professor de Filosofia. Possivelmete dessa época são os seus escritos sobre o Convento de Olinda: história, arquitetura, pinturas, azulejos...
Desta vez, vamos transmitir o que ele nos legou sobre a “Capela Capitular” ou, como é mais conhecida, a “Capela do Capítulo”.
É uma pequena capela, único resto do primitivo Convento. Com azulejps de duas cores com desenhos geométricos; no fundo, entre duas janelas, destaca-se o altar de Nossa Senhora, ladeada de São Francisco e de santo Antônio. As obras de talha, em parte estragadas, em parte renovadas no mesmo estilo, revelam o desejo dos religiosos de zelar as obras antigas e, por outro lado, a falta de recursos, porque “a verba solicitada por Frei Matias” (destaque nosso) há poucos anos, e obtida do Governo, não era suficiente para levar a termo o trabalhão iniciado de restauração.
Dignos de nota são ainda os painéis do teto, assim como a lápide de mármore em frente ao altar que, desde o ano de 1656 tem guardado os restos mortais do patrono da Capela: Capitão Francisco do Rego Barros e de sua esposa Dona Arcanja da Silveira. Além dos dizeres alusivos, o epitáfio ostenta em relevo o seu brasão d´darmas.
Até aqui o que devemos a Frei Matias Teves. Na mesma década de trinta, como catedrático da Escola de Belas Artes de Pernambuco (ele foi um dos fundadores) recebeu muitas veze o encargo de pedir auxílio financeiro ao Presidente Getúlio Vargas, para não ver a Escola fechar as portas. Em 1940 vai pessoalmente ao Rio para angariar recursos da Presidência para a Escola de BelasArtes. Estava, pois tarimbado para conseguir verba para o seu querido Convento de Olinda.
Aqui, gostaríamos de emitir uma opinião sobre o costume de adotar patronos para as obras de arte dos Conventos.
Os religiosos não contavam com meios financeiros para a coservação do patrimônio artístico. Recorriam a benfeitores ricos que patrocinavam um altar ou uma capela, como legado, obtendo o direito de sepultura com lápide, recebendo, os benefícios espirituais garantidos pelo Direito da Igreja e da Ordem.
Muitas vezes, porém, os herdeiros não cumpriam suas obrigações, caindo muitos legados no esquecimento.
Temos o exemplo de Ipojuca: o benfeitor Francisco Dias Delgado (doador do terreno para a construção do Convento) e sua Esposa D. Catarina Moreno fizeram doação ao Convento de Ipojuca de muitas léguas de terra, com gado vacum, em Porto de Galinhas e Oiteiro de Maracaípe para manutenção do Convento, especialmente da sustentação do culto à imagem milagrosa do Senhor Santo Cristo. Os herdeiros se negaram a realizar a vontade dos doadores e os frades perderam tudo.
Até o terreno do Convento extramuros foi roubado pelo dono de um Engenho vizinho que mudou a posição dos marcos e nunca devolveu a escritura que um Guardião ingenuamente lhe confiara, acreditando que iria servir para
confirmar os limites, sobre os quais haveria a dúvidas.
Se o Convento ainda fosse possuidor dessas terras, hoje poderia reparti-las do com os pobres como gostaria de fazê-lo.
Frei Fulgêncio (soube isto de um grande amigo dele advogado), vigário de mão cheia em Ipojuca na década de 50, conseguiu boa soma de dinheiro na Alemnha, para a construção de casa para os pobres de Ipojuca. Não chegou a levantar uma única casa. A razão: o usineiro da Usina Salgado que também era Prefeito, não cedeu um palmo de terra para o projeto do Vigário. O dinheiro foi devolvido aos doadores.
Nossa Senhora do Oiteiro passou ao Patrimônio Diocesano.
Já os Currais de São Miguel, foi doação feita ao Patrimônio do Padroeiro da Paróquia e ainda hoje rende em benefício da Paróquia de Nossa Senhora do Ó (!), embora sua administração tenha sido confiada ao Vigário de Ipojuca.
Voltando à Capela do Capílulo, e pensando em outras riquezas arquitetônicas do Convento, poderíamos perguntar de onde vinha tanto dinheiro para essas obras que hoje admiramos.
Quem nos vai responder é a escritora Sylvia Tigre de Hollanda Cavalcanti, no livro, fruto de sua pesquisa e texto: O Azulejo na Arquitetura Religiosa de Pernambuco - Séculos XVII e XVIII (São Paulo, 2006, Metalivros), quando, à página 16, escreve: “O grande repertório do acervo de azulejos é o Nordeste, com destaque para Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara associa os círculos econômicos nordestino à profusão dos nossos azulejos, A região era mesmo próspera e rica nos séculos em que a arte se propagou” (pg. 16).
Mas, não se pode explicar tudo pela riqueza de Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara, acrescenta ainda três fatores: o social, o político e o geográfico.
Os templos pernambucanos são beneficiados pelo fator social: o surto de ufanismo, a renovação do sentimento religioso católico. Mas não bastava isso: a riqueza advinda da cana de açúcar e o propósito dos senhores de engenho de manter sempre boas relações o com a Igreja Católica “de marcante presença na sociedade daquela época foi fundamental para o recebimento pelas Ordens religiosas, de grandes doações financeiras, heranças em testamento etc. Os recursos se refletiam no embelezamento dos templos religiosos como o ouro que tanto enriquece as talhas da igrejas e capelas, na imaginária e nas pinturas e, claro, Também na azulejaria” (p. 17).
Já na Bahia predominou o fator político. Capital da Colônia desde 1763, esteve em liderança durante todo o período de expansão da arte de azulejaria. Claro que isto beneficia sobejamente os patrimônios históricos e artísticos baianos, em quantidade e qualidade, opina Dora Alcântara.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
CONVENTO DAS NEVES DE OLINDA
A CAPELA CAPITULAR DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
Na década de 30 Frei Matias Teves voltava a Olinda como Professor de Filosofia. Possivelmete dessa época são os seus escritos sobre o Convento de Olinda: história, arquitetura, pinturas, azulejos...
CAMPA SEPULCRAL DO
CAPITÃO FRANCISCO
DO REGO BARROS E ESPOSA
PATRONOS DA CAPELA
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Desta vez, vamos transmitir o que ele nos legou sobre a “Capela Capitular” ou, como é mais conhecida, a “Capela do Capítulo”.
É uma pequena capela, único resto do primitivo Convento. Com azulejps de duas cores com desenhos geométricos; no fundo, entre duas janelas, destaca-se o altar de Nossa Senhora, ladeada de São Francisco e de santo Antônio. As obras de talha, em parte estragadas, em parte renovadas no mesmo estilo, revelam o desejo dos religiosos de zelar as obras antigas e, por outro lado, a falta de recursos, porque “a verba solicitada por Frei Matias” (destaque nosso) há poucos anos, e obtida do Governo, não era suficiente para levar a termo o trabalhão iniciado de restauração.
Dignos de nota são ainda os painéis do teto, assim como a lápide de mármore em frente ao altar que, desde o ano de 1656 tem guardado os restos mortais do patrono da Capela: Capitão Francisco do Rego Barros e de sua esposa Dona Arcanja da Silveira. Além dos dizeres alusivos, o epitáfio ostenta em relevo o seu brasão d´darmas.
Até aqui o que devemos a Frei Matias Teves. Na mesma década de trinta, como catedrático da Escola de Belas Artes de Pernambuco (ele foi um dos fundadores) recebeu muitas veze o encargo de pedir auxílio financeiro ao Presidente Getúlio Vargas, para não ver a Escola fechar as portas. Em 1940 vai pessoalmente ao Rio para angariar recursos da Presidência para a Escola de BelasArtes. Estava, pois tarimbado para conseguir verba para o seu querido Convento de Olinda.
Aqui, gostaríamos de emitir uma opinião sobre o costume de adotar patronos para as obras de arte dos Conventos.
Os religiosos não contavam com meios financeiros para a coservação do patrimônio artístico. Recorriam a benfeitores ricos que patrocinavam um altar ou uma capela, como legado, obtendo o direito de sepultura com lápide, recebendo, os benefícios espirituais garantidos pelo Direito da Igreja e da Ordem.
Muitas vezes, porém, os herdeiros não cumpriam suas obrigações, caindo muitos legados no esquecimento.
Temos o exemplo de Ipojuca: o benfeitor Francisco Dias Delgado (doador do terreno para a construção do Convento) e sua Esposa D. Catarina Moreno fizeram doação ao Convento de Ipojuca de muitas léguas de terra, com gado vacum, em Porto de Galinhas e Oiteiro de Maracaípe para manutenção do Convento, especialmente da sustentação do culto à imagem milagrosa do Senhor Santo Cristo. Os herdeiros se negaram a realizar a vontade dos doadores e os frades perderam tudo.
Até os terrenos do Convento extramuros foram roubados pelo dono de um Engenho vizinho.
Em uma informação ministrada ao Governo civil pelo Guardião Frei Jerônimo do Patrocínio de S. José, consta o seguinte: os terrenos extramuros doados aos frades por Francisco Dias Delgado, com seus marcos, esteve sempre na posse dos religiosos até o ano de 1822. "Tendo o senhor do Engenho naquele tempo, Joaquim Pedro do Rego de levantar outro Engenho anexo às nossas terras, denominado Bom Jesus da Conceição Nova, - escreve ao Governador o mesmo Frei jerônimo - pediu em confiança, os títulos de nossas trerras ao prelado atual, que era naquele tempo o padre pregador Frei Antônio de Santa Margarida, o qual lh´os deu, como ele mesmo confessou perante testemunhas. E tendo de entregar o Convento a outro Guardião, e , com ele, os títulos das terras, este (Joaquim Pedro do Rego) foi protelando com desculpas, que afinal nem àquele nem a outro algum Guardião, os entregou mais, e subrepticiamente as anexou ao seu Engenho Conceição Nova, que é hoje dos herdeiros da viúva de Domingos Costa do Engenho Emboasica, esbulhado, dese modo, ao Convento o direito de suas terras. Afirmo estas circunstâncias ouvidas, não só por ser notórias, como mesmo por me ter contado o mesmo Frei Margarida, no ano de 1826, mais ou menos".
Se o Convento ainda fosse possuidor dessas terras, hoje poderia reparti-las com os pobres como gostaria de fazê-lo.
Frei Fulgêncio (soube isto de um grande amigo dele advogado), vigário de mão cheia em Ipojuca na década de 50, conseguiu boa soma de dinheiro na Alemanha, para a construção de casas para os pobres de Ipoojuca. Não chegou a levantar uma única casa. A razão: o usineiro da Usina Salgado que também era Prefeito, não cedeu um palmo de terra para o projeto do Vigário. O dinheiro foi devolvido aos doadores.
Nossa Senhora do Oiteiro passou ao Patrimônio Diocesano.
Já os Currais de São Miguel, foi doação feita ao Patrimônio do Padroeiro da Paróquia e ainda hoje rende em benefício da Paróquia de Nossa Senhora do Ó (!), embora sua administração tenha sido confiada ao Vigário de Ipojuca.
Voltando à Capela do Capílulo, e pensando em outras riquezas arquitetônicas do Convento, poderíamos perguntar de onde vinha tanto dinheiro para essas obras que hoje admiramos.
Quem nos vai responder é a escritora Sylvia Tigre de Hollanda Cavalcanti, no livro, fruto de sua pesquisa e texto: O Azulejo na Arquitetura Religiosa de Pernambuco - Séculos XVII e XVIII (São Paulo, 2006, Metalivros), quando, à página 16, escreve: “O grande repertório do acervo de azulejos é o Nordeste, com destaque para Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara* associa os círculos econômicos nordestino à profusão dos nossos azulejos, A região era mesmo próspera e rica nos séculos em que a arte se propagou” (pg. 16).
PEDRA SEPULCRAL NO CLAUSTRO DO CONVENTO
Mas, não se pode explicar tudo pela riqueza de Pernambuco e Bahia. Dora Alcântara, acrescenta ainda três fatores: o social, o político e o geográfico.
Os templos pernambucanos são beneficiados pelo fator social: o surto de ufanismo, a renovação do sentimento religioso católico. Mas não bastava isso: a riqueza advinda da cana de açúcar e o propósito dos senhores de engenho de manter sempre boas relações com a Igreja Católica “de marcante presença na sociedade daquela época foi fundamental para o recebimento pelas Ordens religiosas, de grandes doações financeiras, heranças em testamento etc. Os recursos se refletiam no embelezamento dos templos religiosos como o ouro que tanto enriquece as talhas da igrejas e capelas, na imaginária e nas pinturas e, claro, Também na azulejaria” (p. 17).
Já na Bahia predominou o fator político. Capital da Colônia desde 1763, esteve em liderança durante todo o período de expansão da arte de azulejaria. Claro que isto beneficia sobejamente os patrimônios históricos e artísticos baianos, em quantidade e qualidade, opina Dora Alcântara.
Quanto ao fator geográfico, "ele foi determinante não apenas nos dois Estados já referidos, como em todos os outros que dispunham de porto marítimo (do Pará ao Rio de Janeiro) e que, em maior ou menor escala, têm os bens culturais acrescidos em valor e beleza pelos azulejos portuguêses.
CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
* Dora Monteiro e Silva de - Patrimônio Azulejar Brasileiro: Aspcto Histórico e de Conservação. Azulejo, Documento da nossa Cultura. Brasília: Monumenta BID / Ministério de Cultura, 2001, p. 28.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
A CAPELA DA SENHORA SANT´ANA
DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
Entrando pela porta da rua, está-se num vasto salão artisticamente decorado. Na parede de frente encontra-se o altar. Ricamente lavrado e dourado, encimado por valiosa imagem do orago. As paredes da Capela revestidas estão de grandes azulejos, apresentando cenas da vida de Sant´Ana, inspiradas em antigos apócrifos. São de caráter ingenuamente simples. O maior cuidado, parece, mereceu dos arrtistas a pintura do teto que, num grande painel apresenta o estado da Ordem naquele tempo. Vemos São Francisco enlaçando com o cíngulo de três nós o mundo, na figura dos quatro continentes até então conhecidos pelo artista (faltando a Oceania). Intitula-se o painel “Novo Orbe Seráfico”. Encontram-se na pintura, os algarismos indicando o número de Papas, cardeais, bispos, mártires, santos e bem-aventurados franciscanos, sendo tudo isso ilustrado pelas figuras correspondentes.
Mas vamos colocar em destaque os conjuntos de azulejos em torno da vida de Sant´Ana, de Nossa Senhora, São José...
É isto que resumimos do artigo de Frei Matias Teves, um especialista em arte religiosa, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1932.
DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
A devoção à Senhora Sant´Ana deve ter sido muito intensa pelos meados do século XVIII, quando foi construída a sua Capela no pavimento térreo da nova parte do Convento, no ano de 1754, como diz um inscrição no frontispício. O conjunto é maravilhoso e bem conservado. Assim se expressa Frei Matias Teves num breve escrito sobre o Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinnda.
Entrando pela porta da rua, está-se num vasto salão artisticamente decorado. Na parede de frente encontra-se o altar. Ricamente lavrado e dourado, encimado por valiosa imagem do orago. As paredes da Capela revestidas estão de grandes azulejos, apresentando cenas da vida de Sant´Ana, inspiradas em antigos apócrifos. São de caráter ingenuamente simples. O maior cuidado, parece, mereceu dos arrtistas a pintura do teto que, num grande painel apresenta o estado da Ordem naquele tempo. Vemos São Francisco enlaçando com o cíngulo de três nós o mundo, na figura dos quatro continentes até então conhecidos pelo artista (faltando a Oceania). Intitula-se o painel “Novo Orbe Seráfico”. Encontram-se na pintura, os algarismos indicando o número de Papas, cardeais, bispos, mártires, santos e bem-aventurados franciscanos, sendo tudo isso ilustrado pelas figuras correspondentes.
Mas vamos colocar em destaque os conjuntos de azulejos em torno da vida de Sant´Ana, de Nossa Senhora, São José...
É isto que resumimos do artigo de Frei Matias Teves, um especialista em arte religiosa, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1932.
"Orbe Seráfico”: parte do grande painel no teto da capela de Sant’Ana do Convento de n. Senhora das Neves de Olinda, provavelmente do século XVIII. Representa S. Francisco enlaçando os quatro Continentes (África, América, Europa e Ásia, sem a Oceania) com o “cordão de S. Francisco”, destacando-se as figuras de egrégios vultos da Igreja e da Ordem Seráfica. Trata-se, na verdade de um projeto de evangelização universal da ordem a que o idealizador (no séc. XVII?) deu o nome de “ORBE SERÁFICO” , projeto este que sugeriu a Fr. Jaboatão o título de sua grande obra.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
OS AZULEJOS DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DE OLINDA
Um dos elementos arquitetônicos da era colonial, assim como o alpendre na Casa Grande e nas igrejas, era o Claustro do Convento, o pátio interior em forma de quadrado.
Escreve Frei Matias Teves: “Obedecendo ao plano dos conventos de Portugal, também o Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda se desenvolve em redor do claustro, sendo a igreja a conclusão do lado norte. O claustro forma um ambiente de recolhimento e de paz, completamente afastado do sussurro de fora. Simples e bem proporcionado, as paredes são cobertas de azulejos que representam cenas da vida de São Francisco.”
O claustro do Convento Franciscano de Olinda abre quatro arcadas sustentadas por colunas, tudo de arenito esculpido sendo que às colunas do pátio térreo, correspondem outras tantas do pavimento superior.
Logo após a construção da igreja e sacristia, cerca de 1725, procederam à do claustro.
2. OS AZULEJOS DO CLAUSTRO
O revestimento das paredes do pavimento térreo, foi deixado para tempos posteriores, aguardando a remessa dos azulejos encomendados em Portugal.
Estes azulejos contam, em 16 painéis, a vida de São Francisco, sem respeitar a ordem cronológica, como os quadros da preciosa coleção que lhes serviram de modelo e que pertence à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Essa coleção é composta de 20 folhas , levando no frontispício o nome de “Philip pus Galeus”. Na seguinte folha lemos: “F. Harrewyn Inventor sculp. Lisboa 1730”.
Na 3ª folha aparece a firma: “Franc° van den wijngaarde ox.”
Trata-se, portanto de desenhistas ou gravadores flamengos.
Reúne cada composição diversos assuntos, subordinados a uma idéia comum, marcadas por uma letra do ABC, à qual corresponde a citação ao pé do quadro. Por aí verificamos que as fontes aproveitadas foram a Legenda Maior de São Boaventura, publicada em 1262 e o Livro das conformidades da vida de São Francisco com a de Nosso Senhor, publicada por Frei Bartolomeu de Pisa em 1390.
3. AS CÓPIAS REPRODUZIDAS NOS AZULEJOS
Confrontando as gravuras com as cópias reproduzidas nos azulejos, não poderá escapar à nossa atenção a liberdade com que o ceramista português tratou seu assunto. Substituiu as molduras por outras mais vistosas, modificou a paisagem, melhorou a posição de algumas pessoas, dispensou parte do conteúdo de um quadro, transferindo-o para outro, desenvolveu algum assunto secundário no intuito de lhe prestar mais realce. De modo geral, reduziu o número de fatos indicados na gravura, receoso de sobrecarregar o quadro a ponto de cansar a vista.
Fundos do Conveto, vendo-se o "gigante" sustentando a parede da sacristia. Esse arrimo não existe mais, ficou na tela para a memória.
Óleo sobre tela de Fr. J. Milton, 1977.
A coleção tendo saído do prelo em 1730, pouco depois de conhecida teria de ser aproveitada, de modo que é de supor que tenham sido colocados estes azulejos no lugar que hoje ocupam, entre 1735 e 1745.
Mede cada quadro 3 m de largura com 2,50 de altura, variando o número de azulejos entre 298 e 387.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
ORIENTAÇÃO TURÍSTICA
ORIENTAÇÃO TURÍSTICA
Vamos nos colocar em caminhada, a começar pela
FACHADA DO CONVENTO
É constante a primeira pergunta dos que avistam a fachada do convento: - De que ano é?
Bem poucos reparam a inscrição esculpida nas cornijas das duas janelas da Portaria: “Anno – 1754”. Esta data, porém, longe de nos revelar a época da fundação, apenas marca o ano em que se concluiu a reconstrução.
Vista da Sè com o Cruzeiro do Convento
Óleo sobre tela de Silva Netto
Restabelecida a ordem pela Restauração de Pernambuco em 1654, os frades cogitaram na reedificação da casa e igreja mais amplas, tal qual hoje se apresentam. Traçada a planta, trataram de angariar materiais e donativos para iniciar os trabalhos em 1712, que letamente prosseguiram, pois só em 1754 terminaram. A principal razão que fez demorar a conclusão foi a divergência das opiniões a cerca da altura deste trecho. Julgavam uns que não devia exceder a altura da igreja; outros opinaram que deveria acompanhar a ala lateral na descida da ladeira. Afinal adotaram o parecer de levantar o trecho da Portaria como hoje se encontra. No entanto não carecia de base a ideia contrária, pois a igreja ficou um tanto prejudicada na sua arquitetura, assim do lado do Convento como do outro lado da Ordem Terceira, cuja porta de entrada leva a legenda de 1818.
Destaca-se, no alto do frontespício, a imagem de Nossa Senhora dentro do nicho e feita de pedra.
Entre a igreja e a Ordem Terceira avistamos uma cruz de pedra que provavelmente não entrara na planta original, por ser uma peça isolada da via-sacra, como se lê no pedestal:
“Esta 2ª estação representa o lugar onde leram a sentença a Jesus Christo e lhe puzeram a cruz as costas. Anno D. 1735”.
No Livro de Atas da Ordem Terceira lemos que, na sessão de 14 de setembro de 1862, o Pe. Comissario
Óleo sobre tela de Fr. J. Milton
fosse transferida para o centro do cemitério. Na sessão seguinte de 20 desse mês ficou resolvido que o cruzeiro ficasse no seu lugar em memória da antiguidade, e por ser um distintivo ao entrar da nossa Ordem. Vale dizer que nos meados do século passado não faltava quem considerasse esta cruz de pedra parte integrante da fachada.
O cruzeiro do convento é um monumento bem acabado, mas o que lhe diminue a importância é tanto a distância como o nível mais baixo que a igreja do Convento.
NICOLAU DE LYRA
FRANCISCANISMO
ESCOLÁTICOS EM DEFESA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
Nos anos anteriores, a mesma sala tinha servido de aula de Filosofia, como ainda hoje lembram os belos quadros de pintura bem conservados do teto..."
Assim consta num escrito do Arquivo Conventual.
Na década de 1950, funcionou como Capela, com o SS. Sacamento.
É que os religiosos transferiram a Capela do andar superior para a primitiva sala de aula em vista de ser mais ventilada. Aí passaram a rezar o Divino Ofício, a fazer a meditação, a celebrar a santa missa, e os demais exercícios espirituais da Comunidade.
1. Cardeal S. Boaventura, chamado Doctor Seraphicus.
3. Guilherme de Ockam, Doctor Invencibilis, nominalista.
4. Duns Scotus, Doctor Subtilis, especial defensor da Imaculada Conceição.
5. Raymundus Lulus, Doctor Iluminatus, da Ordem Terceira.
6. Nicolaus Lyra, Doctor Planus et Utilis, , fundador da Escola Expositiva.
7. Card. Arceb. Petrus Aureolus, Doctor Facundus.Passemos, agora, especialmente para
NICOLAUS DE LYRA
Mais uma vez recorro à Internet para completar meus dados sobre os filósofos franciscanos que defenderam a Imaculada Conceição.
Nicolaus de Lyra (1270-1349), ou Lirano, da Ordem dos Frades Menores, nasceu em Lyra. Foi professor de Teologia em Paris e chamado doctor planus ou doctor utillis. Ele não admitia como canônicos os livros Deuterocanônicos. Sua importância como exegeta consistiu em que ele reconheceu corretamente a distinção entre o sentido literal e o sentido místico, e o levou à prática. Esclareceu quase toda a Sagrada Escritura. Sua Postilla Litteratis exerceu grande influência. Ele foi o melhor exegeta da Idade Média tardia, e o elo de união entre a Exegese da Idade Média e dos novos tempos. Ele foi uma natureza profundamente piedosa e toda penetrada do ideal de Francisco de Assis no amor a Cristo, na humildade, no trabalho e na submissão ao magistério da Igreja. (Lexicon Für Theologie und Kirche, Fribourg: 1962). Obras: Postilla Litteralis et Moralis; Tractatus de Differentia nostrae Tramslatinis ab Hebraica Littera Veteris Testamenti; Probatio Adventus Christi; Responsio ad Quemdam Judeum; De Visione Beatifica; Oratio Seu Contemplatio ad Honorem S. Francisci; Commentariuus in sententias Petri Lombardi. Doctor Planus. Regente em Paris, insigne escriturista, autor das Postillas Perpetuas in Universam Sacram Scrituram, obra que exerceu grande influência; escreveu também vários tratados dirigidos aos hebreus (IRIARTE, Lázaro OFM. História Franciscana. Petrópolis: Vozes/CEFEPAL, 1995. (Estudos Franciscanos. p. 203). Segundo Gemelli “o pensamento franciscano assinalou sua entrada na literatura informativa e divulgativa do século XVI com o Postilla Perpetuae in Universam Sacram Scrituram e com o Repertorium Super Bibliam de Nicolau de Lyra o doutíssimo exegeta normando, docente da Sorbonne, tão conhecido, que dele se dizia: Si Lyranus non lyrasset, totus mundus delirasset...” (GEMELLI, Frei Agostinho. O Franciscanismo. Petrópolis, Vozes, 1944. 468 páginas. p. 121).Retornaremos ao assunto.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
SANTO TOMÁS DE AQUINO
Oleo sobre tela, provavelmente da autoria de Frei Ambrósio, que se acha num dos corredores do 1º pavimento do Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda. Numa placa ao lado se lê:
Santo Tomás de Aquino (Itália 1225 - 1274)
Santo Tomás de Aquino (Itália 1225 - 1274)
Dominicano, Teólogo, Filósofo
Festa: 28 de janeiro.
Canonizado em 1323 por Joãp XXII. Foi o mais distinto expoente da Escolástica. Ecreveu a Summa Theoógica. Foi proclamado Doutor da Igreja em 1567 e cognominado "Doctor Communis" ou "Doctor Angelicus". Em 1879, o Papa Leão XIII promulgou a Encíclica Aeterni Patris, ordenando que os escritos de Santo Tomás fossem estudo obrigatório a todos os padres e estudantes de Teologia.
Canonizado em 1323 por Joãp XXII. Foi o mais distinto expoente da Escolástica. Ecreveu a Summa Theoógica. Foi proclamado Doutor da Igreja em 1567 e cognominado "Doctor Communis" ou "Doctor Angelicus". Em 1879, o Papa Leão XIII promulgou a Encíclica Aeterni Patris, ordenando que os escritos de Santo Tomás fossem estudo obrigatório a todos os padres e estudantes de Teologia.
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