quinta-feira, 1 de outubro de 2009

NOSSA SENHORA DO Ó - FREI OTO, OFM

TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE FREI OTO STOHLDREIER, OFM

Henrique Stohldreier, assim se chamava Frei Oto, nasceu no dia 27 de agosto de 1908 na cidade alemã de Gelsenkirchen. Alimentava o desejo de tornar-se rodoviário. Depois de concluir a Escola Primária, ingressou no Curso de Artes Mecânicas. Concluído o aprendizado, foi surpreendido pela pregação de um sacerdote franciscano. Causou-lhe tão profunda impressão que resolveu ser missionário franciscano. Pediu ao pai que fosse com ele a um convento franciscano que ficava próximo de sua terra. Frei Eleutério, o frade que os atendeu, encaminhou o jovem Henrique para o Seminário Franciscano e Missionário de Bardel. Henrique se mostrou bom aluno. Tinha muita facilidade para línguas. No desempenho das atividades curriculares e disciplinares, mostrou que era um candidato certo para o Noviciado. Feito o exame chamado de Madureza (uma espécie de vestibular), passou no mesmo com êxito. A 15 de abril de 1930, entrou então na Ordem Francisacana ou tomou o hábito como se dizia então, com o nome de Frei Oto, pois era costume mudar o nome com a entrada no Noviciado. Sob a direção de Frei Querubino Mones, concluiu o ano de Noviciado, emitiu os primeiros votos ou a chamada "profissão temporária" a 16 de abril de 1931, e viajou para o Brasil com mais 12 confrades. Em Olinda estudou dois anos de Filosofia no Convento de Nossa Senhora das Neves, o primeiro Convento Franciscano do Brasil (de 1585). Seguiu para a Bahia, onde cursou Teologia por quatro anos no Convento de São Francisco de Salvador. Na Bahia emitiu os votos perpétuos ou a chamada Profissão Solene a 16 de abril de 1934. Queria isto dizer que seria franciscano por toda a vida. No dia 06 de junho de 1936 é ordenado sacerdote em Salvador. Já no ano seguinte é transferido para Canindé, no Ceará, onde passou a exercer o cargo de Professor e Diretor de uma Escola Particular de formação humanística, com um currículo de 5 anos. Aí permaneceu pelo espaço de dois anos e meio.
Em 1940, Frei Oto foi transferido para Olinda, na qualidade de cura d´almas em Salgadinho.
Em janeiro de 1941 é transferido como Vigário Cooperador de Itajuípe, na zona do cacau, na Bahia.
Emm1942, o Brasil entrou na Segunda Grande Guerra Mundial. Desencadeou-se no Brasil grande perseguição a alemães e italianos. O Convento de Itajuípe foi invadido. Frei Oto e mais dois confrades foram maltratados e levados presos para a cadeia de Ilhéus. Os dois companheiros depois de alguns dias foram soltos, mas Frei Oto permaneceu detido por três meses.
Por natureza, era Frei Oto acostumado à luta e a dizer o que pensava. Diante das péssimas condições higiênicas da cadeia e da precaria alimentação que estavam afetando a sua saúde, certamente não deixou de reclamar. Toda a limpeza da cadeia era feita por ele. Ao tomar conhecimento da lamentável situação em que se encontrava Frei Oto na detenção, um Irmão Franciscano, Frei Sigberto Herberhold, irmão do Bispo de Ilhéus Dom Eduardo, levava-lhe os alimentos de que tanto precisava. Quando foi finalmente libertado, Frei Oto foi para Salvador, onde exerceu seu sacerdócio até 1943.
Podemos imaginar a humilhação por que passaram tantos franciscanos alemães, que trocaram a família e a pátria pelo Brasil, país que amavam de todo coração, ao serem tratados como traidores e quintas-colunas, ao verem tantas pessoas a quem se dedicaram retribuir-lhes os benefícios com injúrias e calúnias, afastando até os filhos do catecismo e das igrejas franciscanas. Isso aconteceu, por exempolo em Ipojuca e teria havido coisas piores se o Interventor Agamenon Magalhães não houvesse tomado a defesa dos frades e evitado a invasão e depredação dos conventos. Frei Oto ainda não estava em Ipojuca, mas deve ter ficado muito contente ao saber que em Nossa Senhora do Ó a população católica permaneceu ao lado dos frades.
A partir de maio de 1943, Frei Oto passou a trabalhar como Vigário-Cooperador na Paróquia Franciscana de Aracaju. Em maio de 1944 foi transferido para Penedo (AL) e em outubro já está em Ipuarana (Lagoa Seca - PB). Em Junho de 1944, já com a saúde muito abalada, trabalha em Sirinhaém.
Em março de 1945 já vamos encontrá-lo em Ipojuca. Em fins de setembro de 1946 assume a capelania de Nossa Senhora dom Ó com a qual já vinha namorando desde que chegara a Ipojuca em março de 1946. Vai permancer como tal até dezembro de 1956. Foram 10 anos de missão permanente em Nossa Senhora dso Ó. Muitos confrades estiveran a seu lado no apostolado de Nossa Senhora do Ó, especialmente o seu primeiron Guardião em ipojuca Frei Eusébio que lhe prestava incondicional apoio.
Dez anos de pastoreio muito fecundo, cujos frutos ainda hoje permanecem.
No dia 15 de fevereiro de 1954, voltando de N. Senhora do Ó para Ipojuca, sofreu um acidente com a motocicleta que dirigia. Na derrapada, fraturou, do lado esquerdo, a clavícula e uma costela. Não foi a médico nem a hospítal. Ele mesmo nos conta, no Livro de Crônica (pg. 254) que não precisou de intervenção cirúgica. Apos oito dias se considerou bom. Tratou-se certamente com remédios caseiros. Quando se julgou curado, precisou de fazer uma consulta médica no Recife. Ele mesmo escreve que escara de um acidente fatal, e caíra noutro fatal: estava diabéico, com 03, 87 gr. de açúcar no sangue! Desde então, todos os dias se medicava, tomando a quantidade de insulina prescrita pelo médico.
De Ipojuca , foi em 1957 para Canindé e depois para Fortaleza. Já planejava construir uma igreja em Paramoti. Vai de férias na Alemanha em abril de 1958. Regressa a Fortaleza. Sofre mais um acidente de motocicleta que lhe causou um ferimento na cabeça. Em março de 1959 já o vemos em Campo Formoso no Sertão da Bahia trabalhando ao lado de Frei Lino seu antigo Guardião e Vigário em Ipojuca e que lhe dera muito apoio no apostolado em Nossa Senhora dom Ó. Em Campo Formoso exerce as mais diversas atividades: confessor de freiras, Diretor Espiritual do Seminário, professor de Latim num estabelecimento particular destinado à formação de futuras professoras.
A 6 de junho de 1961 celebrou o Jubileu de Prata de Ordenação Sacerdotal.
Em junho de 1964, foin transferido para a terra natal. Em Mettingen, Alemanha, precisava-se dele como professor no Intituto Franciscano que havia sido fundadado para as Vocações ditas tardias, isto é, para a formação de adultos que desejassem ingressar na Ordem Franciscana. Ensinava particularmente Latim e Música. Mas não se descuidava dos trabalhos pastorais, dando assistência no Hospital , Pregando a Palavra de Deus, sendo confessor de freiras. E ainda encontrava tempo para arranjar "um dinhierinho" para igrejas, escolas e instituioções do Nordeste Brasileiro. Nossa Senhora do Ó não lhe saía do coração.
A 2 de 0utubro de 1972, o seu estado de saúde se agravou. Foi transferido para o Convento de Bardel, onde tinha começado a sua vida franciscana. Permaneceu aí apenas por alguns dias. Foi levado para uma Casa de Saúde perto de Muenster (Vestfália), onde não lhe faltavam visitas dos confrades e amigos de Mettingen e de Bardel.
No dia 28 de agosto de 1973, faleceu em paz, depois de receber os sacramentos das mãos do Padre Guardião de Bardel. O enterro se realizou em Bardel, a 29 de agosto, na presença dos parentes, confrades de Bardel, de Mettingen e do Brasil que estavam de férias na Alemanha.
A missa de corpo presente foi concelebrada por 14 confrades sacerdotes.

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