sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ENGENHO TABATINGA DE IPOJUCA

A capela atual do Engenho Tabatinga situa-se numa pequena colina com longa escadaria, mas tão bem feita que os portadores de bengalas ou mesmo muletas sobem por ela com prazer.
Aí se venera Santa Luzia, cuja festa acontece a 13 de dezembro. Tudo leva a crer que a pequena imagem barroca, muito linda, que se vê no altar seja a original do século 17. Mas a capela não é mais a primitiva cujas ruínas ainda hoje se conservam dentro de uma das matas (que encantadoras matas!) a que se pode chegar a pé ou carro (se o tempo não for de chuva). Todos os anos a procissão sai da atual capela com a imagem, percorrendo cerca de 3 km (ou uma çlégua de ida e volta) subindo e descendo ladeiras, passando pelas ruínas da primitiva igreja cujas pedras ciclópicas e bem talhadas ali se amontoam de mistura com tijolos de cerca de 2 palmos por um de tamanho e aproximadamente 8 cm de espessura, pesando não menos de 5 kl. Ainda podem ser vistos restos das paredes em meio aos troncos de árvores centenárias num emaranhado galhos de todos os tamanhos e grossura, recamados de musgos, avencas, líquens, bromélias e orquídeas, numa festa de sombras e de luzes tropicais, ao estrídulo das cigarras, ao canto dos sabiás e aos zumbidos de milhares de insetos de cores as mais variegadas, voejando para todos os lados. Aqui e ali, as clareiras que nos deixam descortinar os vales cobertos de canaviais e encimados por restos da mata atlântica escapos à furia dos machados e tratores. Creio que ainda se podem ver o mar, a barra de SUAPE, a orla marítima de Porto de Galinhas, Maracaípe, Nossa Senhora do Oiteiro. Podem ser vistos também um açude e a barragem que abastece de água potável a região.
UMA HISTÓRIA A SER RESGATADA - Voltando a algumas das nossas postagens:
EGENHOS DA FREGUESIA DE IPOJUCA
CONFORME RELATÓRIO HOLANDÊS
DOS ANOS DE 1637 A 1639. Documento 5,
[1]
[1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 83 ss.
- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente.

DO DOCUMENTO 4 DOS RELATÓRIOS HOLANDESES:
INVENTÁRIO DE TODOS OS ENGENHOS SITUADOS ENTRE O RIO DAS JANGADAS E O RIO UMA, EM PERNAMBUCO, FEITO PELO CONSELHEIRO WILLEN SCHOTT EM 1636. - Sobre o Engenho Tabatinga:
Engenho de Tabatinga, de Santa Luzia, pertencente a Cosme Dias da Fonseca, que fugiu, situado calculadamente duas milhas distante do Cabo. Mói com água e tem um belo açude. A casa de purgar e a casa das caldeiras são de alvenaria, mas muito velhas e começam a decair. Tem também cerca de uma milha e meia de terra com uma boa várzea, bem plantada com canavial, que anualmente pode produzir cerca de 5.000 a 6.000 arrobas de açúcar; as caldeiras e os tachos foram todos retirados.” [3]
- Sobre o Engenho dos Salgados: “...do mesmo Cosme Dias, situado uma milha e meia distante do antes citado engenho, tem cerca de uma milha de terra, na maioria várzeas, das quais se obtêm boas canas.. Mói com bois e tem duas moendas e, pela comodidade do rio Ipojuca, que corre bem perto, pode moer o ano inteiro. Tem fornecido 5.000 arrobas e paga de recognição 30 arrobas de açúcar branco e encaixado; a casa de purgar tem paredes de taipa, mas está totalmente destruída, como também as moendas; as caldeiras foram retiradas e escondidas.” [4]
[1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp.142 a 143,
[2] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 47 ss.; sobre Ipojuca: pp. 61 ss.
[3] Id. Ibd. p. 61.
[4] Id. Ibd. p.61.- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente.

PESQUISA GOOGLE: “ AMADOR DE ARAÚJO DO ENGENHOTABATINGA”!
ABRINDO:
PDF]
IPOJUCA
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Visualização rápidade Ipojuca já contava com muitos engenhos de açúcar, ... O encontro com as forças pernambucanas ocorreu no dia 23 de julho de 1645, no engenho Tabatinga. ... seguida, o capitão-mor Amador de Araújo e sua tropa marcharam até a Várzea, ...www.portais.pe.gov.br/c/document_library/get_file?folderId

ABRINDO:

"Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM
Município IPOJUCA
Prefeitura Municipal
Prefeito: PEDRO SERAFIM DE SOUZA FILHO
Vice-prefeito: Fernando Eduardo Alves da Silva
Endereço da Prefeitura Municipal de IPOJUCA
Rua Cel. João de Souza Leão, s/n CEP: 55.590-000
Fone: (81) 3551 1156/1147 Fax: (81) 3551 0207
E-mail: ipojuca@zaz.com.br
Site: www.ipojuca.pe.gov.br
Eleitorado
Número de eleitores – 2008
Total Masculino Feminino Não informado
56.606 28.127 28.444 35
Fonte: TRE.
Aspectos Históricos
Criação da vila de Ipojuca: 09/05/1864 Lei Provincial nº 587
Data cívica (aniversário da cidade): 30/03
A povoação da área do município de Ipojuca é bastante remota; embora não se possuam dados exatos acerca da
fundação da localidade, supõe-se que tenha surgido ainda no primeiro século da colonização, através da doação de
sesmarias. Entre as famílias que se estabeleceram inicialmente na várzea do Ipojuca mencionam-se: Lacerda,
Cavalcanti, Rolim e Moura.
O distrito foi criado anteriormente a 1608, com a denominação de Nossa Senhora do Ó de Ipojuca, confirmado pela
Lei Municipal nº 2, de 12 de novembro de 1895. Por ocasião da invasão holandesa, toda a região do atual município
de Ipojuca já contava com muitos engenhos de açúcar, graças à fertilidade de suas terras, ricas em massapê. Em 17
de julho de 1645 começou a luta em Ipojuca para a expulsão dos batavos, dirigida pelo capitão-mor Amador de Araújo
que dispunha de apenas 16 homens armados. A luta teve início em decorrência de um incidente entre um judeu e um
morador da localidade, aproveitando-se os habitantes desse fato para combater os invasores. O destacamento
holandês tentou manter a ordem, mas o povo, incentivado por Amador de Araújo, mesmo sem armas apropriadas,
incendiou o quartel holandês e matou muitos soldados. Do Recife foi enviado um reforço holandês, comandado pelo
coronel Haus. O encontro com as forças pernambucanas ocorreu no dia 23 de julho de 1645, no engenho Tabatinga.
Nesse dia, os revoltosos de Ipojuca atacaram os holandeses numa emboscada, derrotando-os completamente. Em
seguida, o capitão-mor Amador de Araújo e sua tropa marcharam até a Várzea, a fim de se juntar às forças de
Fernandes Vieira. Posteriormente, tomaram parte no combate de Tabocas."

O MARTÍRIO DO CAPELÃO - Em seu livro "Terra Pernambucana" (São Paulo, 9ª Edição), o escritor Mario Sette, no Capítulo "O Sino da Capela", nos conta a história do trucidamento pelos holandeses do capelão de um engenho situado em Ipojuca. O inimigo havia descido de Sirinhaém, ocupando as terras do engenho de Ipojuca. Não diz o nome do engenho. Mas não pode ser outro, a não ser o Engenho Tabatinga, na éppoca, do bravo Amador de Araújo. Era o único Engenho de Ipojuca a manter um Capelão morando no lugar.
Sabemos que em 24 de janeiro de 1594 já era falecido o primeiro vigário de Ipojuca de que temos conhecimento, o Padre Gaspar Neto, que desde 1589 regia a Freguesia, ocupando o seu lugar o Padre Paulo Róiz de Távora. Este permanece à frente da Paróquia até 1608. Seu sucessor foi o Padre Domingos Vieira de Lima de 1646 a 1650, seguido do Padre José Vieira de Melo. São dados colhidos por Frei Venâncio Willeke e que figuram na breve história da Paróquia constituído pelo Capítulo IV de sua obra "Convento de Santo Antônio de Ipojuca" (Rio de Janeiro, 1956). Serviu de fonte a Frei Venâncio principalmente o livro "Denunciações de Pernambuco", do Tribunal da Inquisição, órgão eclesiástico encarregado de averiguar os casos de heresia. Consta nesse livro o nome de vários Capelães do Engenho Tabatinga de Ipojuca. Pelõs autos das várias denunciações citadas ´por Frei Venâncio, "verifica-se que já em 1591, havia, além do viogário,.um Capelão com residência no Engenho de Santa Luzia (Tabatinga)".
O Padre Paulo Róiz de Távora e o Padre Cosme Neto eram respectivamente, Vigário de ipojuca Capelão de Santa Luzia de Tabatinga em 1594.
Já vimos, pelos relatórios holandeses, que em 1636 eles já haviam tomado o Engenho Tabatinga. Nessa época o Vigárioo de SãoMigueel de Ipojuca era o Padre Sebastião Rodrigues. O Engenho Tabatinga pertrencia, então, a Cosme Dias da Fonseca, que fugiu commatias de Albuquerque para Alagoa do Sul (hoje Marechal Deodoro).
Voltemos ao que já foi por nós citado nesta postagem:
"EGENHOS DA FREGUESIA DE IPOJUCA CONFORME RELATÓRIO HOLANDÊS DOS ANOS DE 1637 A 1639. Documento 5,[1] [1] Apud MELL O, José Antônio Gonçalves de, A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004, pp. 83 ss.
- Engenho Santa Luzia, confiscado e vendido a Amador Araújo. É d´água e moente. "
Creio que o martírio do capelão se deu entre 1636 e 1639. Quem teria sido o Capelão martirizado?
Teria sido o Padre o Padre Cosme Neto, aquele que em fevereiro de 1594 era o Capelão de Santa Luzia em Tabatinga?
Suponhamos quie, como capelão, ele tivese de 30 a 33 anos de idade (se ordenavam muito moços então!).
Se o trucidamento do capelão se deu entre 1636 a 1639, ele teria
sido morto entre os 72 e 74 anos de vida, o que me parece razoável. Na próxima postagem contaremos como se deu o martírio do capelão, fato giuardado na memória de alguns ipojucanos.


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