sábado, 24 de abril de 2010

PÁGINA DAS MAIS BELAS DA HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL


ABERTURA



Breve história (da Internet,pesquisa google)



Às margens do rio Traripe viveram os primeiros colonizadores, no local um incidente trágico causou a morte de um jesuíta, o que fez os moradores se deslocarem para um local próximo, onde construíram uma capela para Santo Amaro (hoje dedicada à Santa Luzia). Neste ponto desenvolveu-se a cidade. O primeiro núcleo de povoamento data de 1557 e a região foi importante produtora de cana-de-açúcar, fumo e mandioca, surgindo engenhos, casas de farinha e pequenos beneficiamentos de fumo.Em 1837 transforma-se em cidade, com o nome oficial de Leal Cidade de Santo Amaro, hoje Santo Amaro ou como muitos falam, Santo Amaro da Purificação.Distante das praias e em meio a uma paisagem de uma das cidades do Recôncavo Baiano, talvez Santo Amaro tenha tido projeção mundial apenas por causa de dois filhos ilustres: Caetano Veloso e Maria Bethânia.Além das vozes e poesias que ecoam nos quatro cantos do mundo, saídos dos irmãos, Santo Amaro tem belas atrações naturais como cachoeiras e grutas e praia fluvial, além de algumas construções históricas, principalmente igrejas, a principal delas a de Nossa Senhora da Purificação. No mês de fevereiro, nesta igreja acontece a tradicional lavagem da escadaria, organizada por dona Canô (mãe de Caetano e Bethânia) com a participação de mais de 400 baianas.

RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES



Dados colhidos do artigo de Fr. Bonifácio Müller: Frei Bento de Maria Santíssima, ofm 1804 – 1880
Em Revista Santo Antônio, publicação interna da Província de Santo Anônio do Brasil, Ano 7, Nº 2, Recife, 1949, páginas 301 – 309.

A ORIGEM DO “RECOLHIMENTO DOS HUMILDES" - “O Recolhimento dos Humildes deve sua existência ao zelo de um santo sacerdote da então Vila de Santo Amaro, Pe. Inácio Teixeira dos Santos Araújo, nascido em 1769 e falecido em 1841.
Seu pai, Dr. Thomás, fôra educado no colégio dos Jesuítas na Bahia; expulsos os mestres, voltou à terra natal, tomando conta de uma farmácia. Dissuadido de seguir o que julgava ser a sua vocação, contraiu casamento do qual lhe nasceram 7 filhos, dos quais 3 foram sacerdotes. Enviuvando, reviveu-lhe na alma o desejo de ser padre. Dedicou-se ao estudo de Teologia e, graças à sua constância, conseguiu cantar Missa Nova, servindo 2 filhos ao altar, e ocupando o púlpito o 3.º, nosso Pe. Inácio, orador de renome no lugar.
O Pe. Inácio, desde a mocidade, fomentava o ideal de favorecer o nível religioso de sua terra. Tratava de construir uma pequena capela junto do rio, derrubada diversas vezes pela enchente. Seu pai quis adverti-lo que mais convinha recuar a capela do rio. Teimava, porém, o filho dizendo: “Não; aqui é que deve ser edificada”. Disse essas palavras com tal convicção que levava a crer numa revelação ou ordem de Nossa Senhora.
O próprio pai deixou à disposição do filho pedreiros e carpinteiros para levantar a capela em fundamentos sólidos de pedra e cimento. Compareceu o Vigário indagando pelo titular da nova capela, “É de Nossa Senhora”, respondeu o jovem. Dias depois, recebeu de presente uma imagem de Nossa Senhora, trazida pelo dito Vigário que acrescentou: “Coloque no altar de sua capela; é Nossa Senhora dos Humildes!” de fato, a invocação condizia bem com a simplicidade e pobreza da construção. Aí rezava todos os dias o terço, com outras pessoas e fazia novenas em desagravo dos pecados alheios.
Feito sacerdote, concebeu a idéia de reconstruir e ampliar a igreja, juntando-lhe um Recolhimento de virgens consagradas a Deus e votadas ao desagravo dos pecados dos homens, fazendo adoração diante do Santíssimo Sacramento.
Apenas se divulgava o plano, quando se apresentavam uma moças, atraídas pelo tão nobre ideal, ao passo que os inimigos da religião se encarregavam de espalhar as mais infames calúnias e denúncias. Conseguiram até a remoção do Padre para a ilha de Maré.”

OBSTÁCULOS DA AUTORIDADE CIVIL -Reabilitado e animado pelo Senhor Arcebispo, teve de enfrentar os obstáculos da autoridade civil.
El-Rei D. João VI não admitia tal fundação no Brasil, a não ser que fosse motivada por uma necessidade pública, p. ex. hospital ou orfanato (destaque nosso).
Empenhou-se seu próprio irmão, Pe. Miguel, fazendo uma viagem até Lisboa, para entender-se com a Côrte, mas nada conseguiu neste sentido.
Contudo, o Pe. Inácio aprontou o Convento das Recolhidas. Quando menos esperava, 10 anos depois, em 1817, chegou a licença régia, anexa, porém, a dupla condição de angariar patrimônio suficiente à manutenção das Recolhidas, e a de abrir um educandário ou orfanato (destaque nosso).”

VITÓRIA DO PE. INÁCIO - “Sua vontade dinâmica, ao lado da generosidade de algumas pessoas venceu tudo, de modo que, afinal, aos 8 de dezembro de 1818, o Convento abriu as portas, tanto às Recolhidas como às órfãs, no educandário anexo que levou o nome de Seminário.

130 ANOS DE ADORAÇÃO NOTURNA – “Como fosse do maior interesse do fundador que houvesse uma reparação contínua dos sacrilégios contra o SS. Sacramento, sobretudo cometidos por pessoas consagradas a Deus, instituiu a adoração noturna de 8 horas da noite até às 5 horas da manhã, assistida tanto a abertura como o encerramento por toda a comunidade, revezando-se os grupos de moradores nas demais horas da noite. Até hoje [1919] – escreve Frei Bonifácio -durante 130 anos, nunca aconteceu ficar sem adoração o Augusto Sacramento do Altar.”
AMOR A NOSSA SENHORA – “Ao lado da devoção ao SS. Sacramento, o Pe. Inácio se distinguia pelo amor a Nossa Senhora, segurando, habitualmente, nas mãos, um pequeno quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, sua melhor conselheira e inspiradora. Após sua morte, o Exmo. Senhor. Arcebispo fez questão de ficar com esta lembrança.”

MORTE E SEPULTAMENTO DO PE. INÁCIO – “O Pe. Inácio terminou seus dias em 1841, com 72 anos de idade, deixando sua instituição em condições de perdurar uns séculos. Ficou enterrado ao pé do altar-mor; seus restos mortais foram depois recolhidos numa urna de prata, reposta no mesmo lugar.”

OBSERVAÇÃO DE UM COPISTA ANÔNIMO – “É digna de nota” - escreve Frei Bonifácio Müllerr - uma observação feita em 1860 por um franciscano anônimo, confrade e amigo de Frei Bento de Maria Santíssima, o sucessor do Pe. Inácio na direção do Recolhimento dos Humildes: [1]
Essa casa [dos Humildes]...foi sempre o objeto que atraíu todas as complacências do nosso Arcebispo [D. Romualdo Seixa], não só pelo amor que consagrava a tais corporações, como pela piedade que aí reina. Guardamos o judicioso dito que ouvimos da boca do Exmo., quando assistimos ao funeral que ali se celebrou no aniversário dêsse fundador, em que S. Excia. Oficiara de pontifical: Se pudesse, em vez de Ofício de Defuntos, cantava-lhe o Ofício dos Confessores " (Destaque nosso).

CONCLUSÃO – “Referindo-se ao sucessor de tão benemérito fundador, escreve Frei Bonifácio, “o copista citado informa: Em um dos mais reformados [por afamados] Recolhimentos desta Província [Bahia], e não sei se diga: de todo o Império, serve de Diretor outro Religioso nosso, se bem que incorporado [2], em cujo emprego [entenda-se: ofício] se acha [há] 14 ou 15 anos”.

OBSERVAÇÃO DO ORGANIZADOR DESTAS NOTAS - Espero, com esta divulgação, haver contribuído para o conhecimento de uma das mais belas páginas da história religiosa da Bahia. Faço votos que surjam pesquIzadores e estudiosos, principalmente entre jovens universitários e estudantes diocesanos e religiosos (principalmente franciscanos e franciscanas) que levem adiante este e outros estudos que se encontram em meu Blog.
Frei José Milton, OFM

[1] Manuscrito do Arquivo da Província Franciscana de Santo Antonio por Frei Bonifácio Müller e publicado na citada Revista Santo Antôio, pg. 304..
[2] “Incorporado”, porque Frei Bento de Maria Santíssima era de outra Província Franciscana de Portugal e passou para a de Santo Antônio do Brasil,não como hóspede, mas com todos os direitos e deveres.




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