ABERTURA
Breve história (da Internet,pesquisa google)
Às margens do rio Traripe viveram os primeiros colonizadores, no local um incidente trágico causou a morte de um jesuíta, o que fez os moradores se deslocarem para um local próximo, onde construíram uma capela para Santo Amaro (hoje dedicada à Santa Luzia). Neste ponto desenvolveu-se a cidade. O primeiro núcleo de povoamento data de 1557 e a região foi importante produtora de cana-de-açúcar, fumo e mandioca, surgindo engenhos, casas de farinha e pequenos beneficiamentos de fumo.Em 1837 transforma-se em cidade, com o nome oficial de Leal Cidade de Santo Amaro, hoje Santo Amaro ou como muitos falam, Santo Amaro da Purificação.Distante das praias e em meio a uma paisagem de uma das cidades do Recôncavo Baiano, talvez Santo Amaro tenha tido projeção mundial apenas por causa de dois filhos ilustres: Caetano Veloso e Maria Bethânia.Além das vozes e poesias que ecoam nos quatro cantos do mundo, saídos dos irmãos, Santo Amaro tem belas atrações naturais como cachoeiras e grutas e praia fluvial, além de algumas construções históricas, principalmente igrejas, a principal delas a de Nossa Senhora da Purificação. No mês de fevereiro, nesta igreja acontece a tradicional lavagem da escadaria, organizada por dona Canô (mãe de Caetano e Bethânia) com a participação de mais de 400 baianas.
RECOLHIMENTO NOSSA SENHORA DOS HUMILDES
Dados colhidos do artigo de Fr. Bonifácio Müller: Frei Bento de Maria Santíssima, ofm 1804 – 1880
Em Revista Santo Antônio, publicação interna da Província de Santo Anônio do Brasil, Ano 7, Nº 2, Recife, 1949, páginas 301 – 309.
A ORIGEM DO “RECOLHIMENTO DOS HUMILDES" - “O Recolhimento dos Humildes deve sua existência ao zelo de um santo sacerdote da então Vila de Santo Amaro, Pe. Inácio Teixeira dos Santos Araújo, nascido em 1769 e falecido em 1841.
Seu pai, Dr. Thomás, fôra educado no colégio dos Jesuítas na Bahia; expulsos os mestres, voltou à terra natal, tomando conta de uma farmácia. Dissuadido de seguir o que julgava ser a sua vocação, contraiu casamento do qual lhe nasceram 7 filhos, dos quais 3 foram sacerdotes. Enviuvando, reviveu-lhe na alma o desejo de ser padre. Dedicou-se ao estudo de Teologia e, graças à sua constância, conseguiu cantar Missa Nova, servindo 2 filhos ao altar, e ocupando o púlpito o 3.º, nosso Pe. Inácio, orador de renome no lugar.
O Pe. Inácio, desde a mocidade, fomentava o ideal de favorecer o nível religioso de sua terra. Tratava de construir uma pequena capela junto do rio, derrubada diversas vezes pela enchente. Seu pai quis adverti-lo que mais convinha recuar a capela do rio. Teimava, porém, o filho dizendo: “Não; aqui é que deve ser edificada”. Disse essas palavras com tal convicção que levava a crer numa revelação ou ordem de Nossa Senhora.
O próprio pai deixou à disposição do filho pedreiros e carpinteiros para levantar a capela em fundamentos sólidos de pedra e cimento. Compareceu o Vigário indagando pelo titular da nova capela, “É de Nossa Senhora”, respondeu o jovem. Dias depois, recebeu de presente uma imagem de Nossa Senhora, trazida pelo dito Vigário que acrescentou: “Coloque no altar de sua capela; é Nossa Senhora dos Humildes!” de fato, a invocação condizia bem com a simplicidade e pobreza da construção. Aí rezava todos os dias o terço, com outras pessoas e fazia novenas em desagravo dos pecados alheios.
Feito sacerdote, concebeu a idéia de reconstruir e ampliar a igreja, juntando-lhe um Recolhimento de virgens consagradas a Deus e votadas ao desagravo dos pecados dos homens, fazendo adoração diante do Santíssimo Sacramento.
Apenas se divulgava o plano, quando se apresentavam uma moças, atraídas pelo tão nobre ideal, ao passo que os inimigos da religião se encarregavam de espalhar as mais infames calúnias e denúncias. Conseguiram até a remoção do Padre para a ilha de Maré.”
OBSTÁCULOS DA AUTORIDADE CIVIL -Reabilitado e animado pelo Senhor Arcebispo, teve de enfrentar os obstáculos da autoridade civil.
El-Rei D. João VI não admitia tal fundação no Brasil, a não ser que fosse motivada por uma necessidade pública, p. ex. hospital ou orfanato (destaque nosso).
Empenhou-se seu próprio irmão, Pe. Miguel, fazendo uma viagem até Lisboa, para entender-se com a Côrte, mas nada conseguiu neste sentido.
Contudo, o Pe. Inácio aprontou o Convento das Recolhidas. Quando menos esperava, 10 anos depois, em 1817, chegou a licença régia, anexa, porém, a dupla condição de angariar patrimônio suficiente à manutenção das Recolhidas, e a de abrir um educandário ou orfanato (destaque nosso).”
VITÓRIA DO PE. INÁCIO - “Sua vontade dinâmica, ao lado da generosidade de algumas pessoas venceu tudo, de modo que, afinal, aos 8 de dezembro de 1818, o Convento abriu as portas, tanto às Recolhidas como às órfãs, no educandário anexo que levou o nome de Seminário.
130 ANOS DE ADORAÇÃO NOTURNA – “Como fosse do maior interesse do fundador que houvesse uma reparação contínua dos sacrilégios contra o SS. Sacramento, sobretudo cometidos por pessoas consagradas a Deus, instituiu a adoração noturna de 8 horas da noite até às 5 horas da manhã, assistida tanto a abertura como o encerramento por toda a comunidade, revezando-se os grupos de moradores nas demais horas da noite. Até hoje [1919] – escreve Frei Bonifácio -durante 130 anos, nunca aconteceu ficar sem adoração o Augusto Sacramento do Altar.”
AMOR A NOSSA SENHORA – “Ao lado da devoção ao SS. Sacramento, o Pe. Inácio se distinguia pelo amor a Nossa Senhora, segurando, habitualmente, nas mãos, um pequeno quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, sua melhor conselheira e inspiradora. Após sua morte, o Exmo. Senhor. Arcebispo fez questão de ficar com esta lembrança.”
MORTE E SEPULTAMENTO DO PE. INÁCIO – “O Pe. Inácio terminou seus dias em 1841, com 72 anos de idade, deixando sua instituição em condições de perdurar uns séculos. Ficou enterrado ao pé do altar-mor; seus restos mortais foram depois recolhidos numa urna de prata, reposta no mesmo lugar.”
OBSERVAÇÃO DE UM COPISTA ANÔNIMO – “É digna de nota” - escreve Frei Bonifácio Müllerr - uma observação feita em 1860 por um franciscano anônimo, confrade e amigo de Frei Bento de Maria Santíssima, o sucessor do Pe. Inácio na direção do Recolhimento dos Humildes: [1]
Essa casa [dos Humildes]...foi sempre o objeto que atraíu todas as complacências do nosso Arcebispo [D. Romualdo Seixa], não só pelo amor que consagrava a tais corporações, como pela piedade que aí reina. Guardamos o judicioso dito que ouvimos da boca do Exmo., quando assistimos ao funeral que ali se celebrou no aniversário dêsse fundador, em que S. Excia. Oficiara de pontifical: Se pudesse, em vez de Ofício de Defuntos, cantava-lhe o Ofício dos Confessores " (Destaque nosso).
CONCLUSÃO – “Referindo-se ao sucessor de tão benemérito fundador, escreve Frei Bonifácio, “o copista citado informa: Em um dos mais reformados [por afamados] Recolhimentos desta Província [Bahia], e não sei se diga: de todo o Império, serve de Diretor outro Religioso nosso, se bem que incorporado [2], em cujo emprego [entenda-se: ofício] se acha [há] 14 ou 15 anos”.
OBSERVAÇÃO DO ORGANIZADOR DESTAS NOTAS - Espero, com esta divulgação, haver contribuído para o conhecimento de uma das mais belas páginas da história religiosa da Bahia. Faço votos que surjam pesquIzadores e estudiosos, principalmente entre jovens universitários e estudantes diocesanos e religiosos (principalmente franciscanos e franciscanas) que levem adiante este e outros estudos que se encontram em meu Blog.
Frei José Milton, OFM
[1] Manuscrito do Arquivo da Província Franciscana de Santo Antonio por Frei Bonifácio Müller e publicado na citada Revista Santo Antôio, pg. 304..
[2] “Incorporado”, porque Frei Bento de Maria Santíssima era de outra Província Franciscana de Portugal e passou para a de Santo Antônio do Brasil,não como hóspede, mas com todos os direitos e deveres.
Em Revista Santo Antônio, publicação interna da Província de Santo Anônio do Brasil, Ano 7, Nº 2, Recife, 1949, páginas 301 – 309.
A ORIGEM DO “RECOLHIMENTO DOS HUMILDES" - “O Recolhimento dos Humildes deve sua existência ao zelo de um santo sacerdote da então Vila de Santo Amaro, Pe. Inácio Teixeira dos Santos Araújo, nascido em 1769 e falecido em 1841.
Seu pai, Dr. Thomás, fôra educado no colégio dos Jesuítas na Bahia; expulsos os mestres, voltou à terra natal, tomando conta de uma farmácia. Dissuadido de seguir o que julgava ser a sua vocação, contraiu casamento do qual lhe nasceram 7 filhos, dos quais 3 foram sacerdotes. Enviuvando, reviveu-lhe na alma o desejo de ser padre. Dedicou-se ao estudo de Teologia e, graças à sua constância, conseguiu cantar Missa Nova, servindo 2 filhos ao altar, e ocupando o púlpito o 3.º, nosso Pe. Inácio, orador de renome no lugar.
O Pe. Inácio, desde a mocidade, fomentava o ideal de favorecer o nível religioso de sua terra. Tratava de construir uma pequena capela junto do rio, derrubada diversas vezes pela enchente. Seu pai quis adverti-lo que mais convinha recuar a capela do rio. Teimava, porém, o filho dizendo: “Não; aqui é que deve ser edificada”. Disse essas palavras com tal convicção que levava a crer numa revelação ou ordem de Nossa Senhora.
O próprio pai deixou à disposição do filho pedreiros e carpinteiros para levantar a capela em fundamentos sólidos de pedra e cimento. Compareceu o Vigário indagando pelo titular da nova capela, “É de Nossa Senhora”, respondeu o jovem. Dias depois, recebeu de presente uma imagem de Nossa Senhora, trazida pelo dito Vigário que acrescentou: “Coloque no altar de sua capela; é Nossa Senhora dos Humildes!” de fato, a invocação condizia bem com a simplicidade e pobreza da construção. Aí rezava todos os dias o terço, com outras pessoas e fazia novenas em desagravo dos pecados alheios.
Feito sacerdote, concebeu a idéia de reconstruir e ampliar a igreja, juntando-lhe um Recolhimento de virgens consagradas a Deus e votadas ao desagravo dos pecados dos homens, fazendo adoração diante do Santíssimo Sacramento.
Apenas se divulgava o plano, quando se apresentavam uma moças, atraídas pelo tão nobre ideal, ao passo que os inimigos da religião se encarregavam de espalhar as mais infames calúnias e denúncias. Conseguiram até a remoção do Padre para a ilha de Maré.”
OBSTÁCULOS DA AUTORIDADE CIVIL -Reabilitado e animado pelo Senhor Arcebispo, teve de enfrentar os obstáculos da autoridade civil.
El-Rei D. João VI não admitia tal fundação no Brasil, a não ser que fosse motivada por uma necessidade pública, p. ex. hospital ou orfanato (destaque nosso).
Empenhou-se seu próprio irmão, Pe. Miguel, fazendo uma viagem até Lisboa, para entender-se com a Côrte, mas nada conseguiu neste sentido.
Contudo, o Pe. Inácio aprontou o Convento das Recolhidas. Quando menos esperava, 10 anos depois, em 1817, chegou a licença régia, anexa, porém, a dupla condição de angariar patrimônio suficiente à manutenção das Recolhidas, e a de abrir um educandário ou orfanato (destaque nosso).”
VITÓRIA DO PE. INÁCIO - “Sua vontade dinâmica, ao lado da generosidade de algumas pessoas venceu tudo, de modo que, afinal, aos 8 de dezembro de 1818, o Convento abriu as portas, tanto às Recolhidas como às órfãs, no educandário anexo que levou o nome de Seminário.
130 ANOS DE ADORAÇÃO NOTURNA – “Como fosse do maior interesse do fundador que houvesse uma reparação contínua dos sacrilégios contra o SS. Sacramento, sobretudo cometidos por pessoas consagradas a Deus, instituiu a adoração noturna de 8 horas da noite até às 5 horas da manhã, assistida tanto a abertura como o encerramento por toda a comunidade, revezando-se os grupos de moradores nas demais horas da noite. Até hoje [1919] – escreve Frei Bonifácio -durante 130 anos, nunca aconteceu ficar sem adoração o Augusto Sacramento do Altar.”
AMOR A NOSSA SENHORA – “Ao lado da devoção ao SS. Sacramento, o Pe. Inácio se distinguia pelo amor a Nossa Senhora, segurando, habitualmente, nas mãos, um pequeno quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, sua melhor conselheira e inspiradora. Após sua morte, o Exmo. Senhor. Arcebispo fez questão de ficar com esta lembrança.”
MORTE E SEPULTAMENTO DO PE. INÁCIO – “O Pe. Inácio terminou seus dias em 1841, com 72 anos de idade, deixando sua instituição em condições de perdurar uns séculos. Ficou enterrado ao pé do altar-mor; seus restos mortais foram depois recolhidos numa urna de prata, reposta no mesmo lugar.”
OBSERVAÇÃO DE UM COPISTA ANÔNIMO – “É digna de nota” - escreve Frei Bonifácio Müllerr - uma observação feita em 1860 por um franciscano anônimo, confrade e amigo de Frei Bento de Maria Santíssima, o sucessor do Pe. Inácio na direção do Recolhimento dos Humildes: [1]
Essa casa [dos Humildes]...foi sempre o objeto que atraíu todas as complacências do nosso Arcebispo [D. Romualdo Seixa], não só pelo amor que consagrava a tais corporações, como pela piedade que aí reina. Guardamos o judicioso dito que ouvimos da boca do Exmo., quando assistimos ao funeral que ali se celebrou no aniversário dêsse fundador, em que S. Excia. Oficiara de pontifical: Se pudesse, em vez de Ofício de Defuntos, cantava-lhe o Ofício dos Confessores " (Destaque nosso).
CONCLUSÃO – “Referindo-se ao sucessor de tão benemérito fundador, escreve Frei Bonifácio, “o copista citado informa: Em um dos mais reformados [por afamados] Recolhimentos desta Província [Bahia], e não sei se diga: de todo o Império, serve de Diretor outro Religioso nosso, se bem que incorporado [2], em cujo emprego [entenda-se: ofício] se acha [há] 14 ou 15 anos”.
OBSERVAÇÃO DO ORGANIZADOR DESTAS NOTAS - Espero, com esta divulgação, haver contribuído para o conhecimento de uma das mais belas páginas da história religiosa da Bahia. Faço votos que surjam pesquIzadores e estudiosos, principalmente entre jovens universitários e estudantes diocesanos e religiosos (principalmente franciscanos e franciscanas) que levem adiante este e outros estudos que se encontram em meu Blog.
Frei José Milton, OFM
[1] Manuscrito do Arquivo da Província Franciscana de Santo Antonio por Frei Bonifácio Müller e publicado na citada Revista Santo Antôio, pg. 304..
[2] “Incorporado”, porque Frei Bento de Maria Santíssima era de outra Província Franciscana de Portugal e passou para a de Santo Antônio do Brasil,não como hóspede, mas com todos os direitos e deveres.
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