CONSPECTO HISTÓRICO
PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO FREI
CASIMIRO
1. OS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS DO BRASIL - Foram os franciscanos os
primeiros evangelizadores do Brasil. Já em 1500, o franciscano Frei Henrique de
Coimbra celebrou a primeira missa na Terra de Santa Cruz. O Brasil só conheceu
missionários franciscanos até a chegada do Primeiro Governador Geral com os
primeiros jesuítas em 1549.
2. FUNDAÇÃO DA CUSTÓDIA DE SANTO ANTÔNIO – Mas só em 1584 foi criada a Custódia
de Santo Antônio do Brasil, dependente da Província Franciscana do mesmo nome
de Portugal. Os fundadores chegaram a Olinda a 12 de abril de 1585, chefiados
por Frei Melquior de Santa Catarina. Tomaram posse, a 4 de outubro do mesmo
ano, do Convento de Nossa Senhora das Neves, construído para eles pela
terciária franciscana Maria da Rosa.
3. AS PRIMEIRASA ATIVIDAdES DOS FUNDADORES – Fundaram muitos conventos que
ainda hoje são preciosas relíquias do passado e inúmeras Missões entre os
índios. Fundaram obras sociais, escolas e davam atenção especial aos hospitais
e leprosários. Pregavam também Missões populares.
4. CRIAÇÃO DA PROVÍNCIA – A 24 de agosto de 1657 o Papa Alexandre VII elevou a
Custódia de Santo Antônio à categoria de Província autônoma.
5. PROVÍNCIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO - Em 1675, com a ajuda da Província de
Santo Antônio, foi criada a Província da Imaculada Conceição, no Sul do Brasil.
6. DECADÊNCIA DAS ORDENS RELIGIOSAS NO BRASIL – Desde o século XVIII as Ordens
Religiosas no Brasil sofriam grande repressão por parte do poder régio. Mas o
golpe de morte foi o Decreto de D. Pedro II em 1845 proibindo a admissão de
noviços. Com isto, os conventos foram fechando por falta de frades. Ao chegar a
República, havia apenas 9 franciscanos no Brasil, 8 no Nordeste e 1 no Sul.
7. A RESTAURAÇÃO – a República separou a Igreja do Estado. Foi uma libertação.
O último Ministro Provincial da Província de Santo Antônio, Frei Antônio de
Lellis, fez inúmeros apelos ao Ministro Geral da Ordem Francisacana para que
mandasse frades da Europa para restaurarem as Províncias Franciscanas do
Brasil. A Província Franciscana da Saxônia (Alemanha) aceitou esta missão. A 27
de dezembro de 1892 chegavam à Bahia os primeiros restauradores. A 2 de março
de 1893 foi decretado o início da reforma e restauração da Província
Franciscana de Santo Antônio. Foram muitas expedições de frades jovens e velhos
que vieram povoar os conventos abandonados. Das cinzas ia surgindo a vida com
vigor.
8. A PROVÍNCIA RESTAURADA - Finalmente, a 14 de setembro de 1901, o Governo
Geral da Ordem Franciscana publicava um decreto considerando restaurada a
Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil.
9.
FREI CASIMIRO FOI UM DOS MISSIONÁRIOS RESTAURADORES.
Resumo de sua caminhada:
Nasceu a 10 de março de 1868, numa
pequena Fazenda do Município de
Luedinghausen, na Westfália / Alemanha, no seio de uma família pobre, mas de
sólida formação religiosa. Filho de Bernardo e
Gertrudes Brochtrup. No Batismo, a criança recebeu o nome de Hermano.
Dos 6 aos 14 anos freqüentou a Escola Pública. Fez Curso
pedagógico para ser professor. Cumpriu o seu tempo de serviço militar.
Dedicou-se ao ensino.
Aos 26 anos de idade, resolveu procurar os franciscanos,
desejoso de servir melhor a Deus. Sabendo que a Província da Santa Cruz da
Saxônia havia aceito trabalhos no Brasil,
foi admitido, com outros aspirantes, a 7 de janeiro de 1894, ao
Noviciado, no Colégio Seráfico de Harreveld, na Holanda, para servirem como
Missionários no Brasil. Recebeu o nome de Frei Casimiro.
Frei Casimiro Brochtrup nasceu aos 10
de março de 1868, na zona rural da pequena cidade de Lüdingenhausen, na Westfália (Alemanha). Era
de uma família pobre e sinceramente
religiosa. Os pais, Bernardo e Gertrudes Brochtrup, primavam em
transmitir aos filhos os ensinamentos da Igreja Católica e eram os primeiros a
praticá-los. Recebeu na pia batismal o
nome de
Hermano. Dos
6 aos 14 anos de idade, o garoto
freqüentou a escola pública do lugar.
Fez depois o curso pedagógico para
exercer o magistério. Foi
professor até se decidir a entrar na
vida religiosa. Um fato contribuiu para isto: a experiência junto a um
companheiro de caserna que sofria de
tuberculose, no período em que, pela Lei,
teve de prestar o serviço militar. O biógrafo dele, o confrade Fr.
Matias Teves, registra, como
manifestação de seu bom caráter,
a fidelidade com que cumpria todos os deveres militares e a caridade para com o colega de
quartel. Tendo assistido aquele
companheiro doente como enfermeiro e lhe prestado todo conforto espiritual até
aos últimos instantes de vida,
sentiu o jovem Hermano
como a vida é transitória e que
devia empregá-la a serviço de uma causa maior.
Vale a pena assinalar as palavras da mãe, quando lhe confidenciou a resolução de ser
religioso:
Meu
filho, logo que me casei, vinha pedindo a Nosso Senhor, e principalmente por
ocasião da consagração, a graça de ter um filho sacerdote. Nunca disse uma
palavra sobre este meu desejo a nenhum de vocês, esperando que Deus haveria de
atender os meus rogos; nunca desanimei, e hoje vejo que N. Senhor atendeu as
minhas súplicas.
Sob o impulso da graça de Deus, não foi difícil
ao moço romper com os laços mais ternos, deixar a família e os queridos
alunos para internar-se no Colégio Seráfico dos franciscanos. Foi admitido e tomou o hábito no dia 7 de janeiro de 1894 com o
nome religioso de Frei Casimiro
A 21 de junho de 1894, embarcou para o Brasil, num grupo de
51 Missionários (Noviços, Clérigos, Irmãos Leigos e Sacerdotes).
A 10 de julho de 1894,
chega à Salvador / Bahia.
A 8 de janeiro de 1895,
Foi admitido à Profissão dos Votos Simples (temporários). Começou a
caminhada para o sacerdócio, preparando-se pelos cursos de Filosofia e
Teologia.
Em princípio de 1896, teve que interromper os estudos, devido
à epidemia de febre amarela, que começou na Bahia, estendo-se logo para o
Recife. Frei Casimiro foi destacado como enfermeiro dos confrades atingidos
pela peste. Cuidou, com competência e extrema caridade, primeiramente dos
enfermos do Recife, depois, dos de Salvador. Foram muitas as vidas de jovens
frades ceifadas pela febre.
A 31 de janeiro de 1898, emitiu a profissão dos Votos
Perpétuos (solenes). Continuou, em Salvador, os estudos de Teologia.
A 19 de outubro de 1899, ordenou-se sacerdote. Foi logo
nomeado Professor dos alunos do Colégio Seráfico fundado no Convento de São
Francisco. Seu primeiro campo de
trabalho apostólico foram as comunidades pobres do bairro operário de
Plataforma, subúrbio da Capital baiana.
Em 1904, foi nomeado Definidor pelo Congresso Capitular do
Primeiro Capítulo Provincial da Província restaurada.
Em 1906, ainda Definidor, foi transferido para Penedo /
Alagoas, como Superior do Convento de Nossa Senhora dos Anjos. Ficou em Penedo
de 1 de fevereiro de 1906, a
18 de junho de 1907.
Em julho de 1907, o Congresso Capitular o transferiu como Guardião do Convento de Santo Antônio do
Recife. Deixou também de ser Definidor.
Em 1909, é confirmado como Guardião do Convento do Recife.
Em 1910, no Congresso Capitular, deixa o cargo de Guardião
daquele Convento e é eleito, pela 2ª vez, Definidor Provincial.(a 1ª vez foi de
1904 a
1907)., “e vem designado, pela primeira vez, na Tabela Capitular, como
Missionário.”
Em 1913, figura na Tabela Capitular como membro da Comunidade
do Convento de São Francisco de Salvador
e como Missionário.
Em 1914, no Congresso Definitorial , é transferido para o
convento de Sirinhaém, Zona da Mata pernambucana, como Superior e Administrador
da Paróquia.
Em 1917, é transferido de Sirinhaém para o Convento do Recife.
Em 1918, é transferido para Olinda, “onde foi desempenhar o
cargo de Vigário da Casa, e de onde partia para as suas Missões Populares”.
O I º Livro de Crônica do Convento de Olinda (1920) registra que, no fim do mês
de maio, Frei Casimiro acompanhou o Bispo do Maranhão nas Visitas pastorais, só
voltando a 17 de dezembro (p. 82). Fica no Convento de Olinda até 1923. A partir do ano de 1918 até 1926, a vida de Frei
Casimiro é inteiramente tomada pela pregação de Missões Populares. É o seu
trabalho predileto. Prega nos
Sertões de quase todos os Estados
do Nordeste.
A 10-10-1919, desembarca em Penedo Fr. Casimiro.
Permanece 3 dias em seu antigo Convento. No dia 14, viaja para o Sertão, em Visita Pastoral do
Sr. Bispo D. Jonas Batinga,
voltando a 2 de dezembro.
De 29 a
31 de dezembro de 1919, volta ao seu
antigo rebanho de Penedo para pregar o Tríduo Eucarístico na igreja do
Convento.
A 29-2-1920, chega Frei Casimiro a Penedo, com o Sr. Bispo D.
Jonas Batinga, e começa uma Santa Missão no Barro Duro, a pedido do Vigário;
mas já no dia 4 de março teve de interromper a Missão, chamado por telegrama a
Olinda.
No final de 1922, fora para Ipojuca o Pe.
Definidor Frei Matias Teves a fim de
substituir o Superior daquela Casa, temporariamente, até a chegada de
Frei Casimiro em janeiro de 1923.
A 26 de janeiro de1923, é mandado para Ipojuca, chegando lá
no dia seuinte, como registra o livro de Crînica do Convento. em substituição
do Superior da Casa, “por motivos conhecidos” ,
e como Administrador da Paróquia de São Miguel,
até o Capítulo Provincial que teve lugar no Convento de São Francisco
de Salvador a 28 de abril de 1923.
Em fins de dezembro de 1923 Frei Casimiro
foi transferido para o Convento do Recife.
Em julho de 1923, já faz parte da comunidade do Convento do
Recife.
Em maio1924, é mandado para o Convento de Ipojuca, como
Administrador provisório da Paróquia, substituindo Fr. Estanislau Cleven, que
se encontrava na Alemanha, tratando-se de doença contraída no Amazonas, como
se lê no Livro de Crônica daquela
Casa (1924).
Em Ipojuca deveria ficar até a volta de Frei Estanislau, que retornou em fins de agosto. Mas os Superiores
mandam-no ao Ceará: a 29 de junho, viaja para o Crato, a fim de pregar o retiro
do Clero e acompanhar o Sr. Bispo na Visita Pastotral.
Pode-se dizer que, a partir de 1924, o Convento de Frei. Casimiro é o do
Recife. Mesmo assim, vive mais fora,
pois nunca deixou de ser mandado a ajudar os Senhores Bispos em suas Visitas Pastorais.
E, ao assumir a “Missão Permanente” de Santo Amaro e Campo
Grande, no Recife, residia mais no seu campo de trabalho do que no Convento. O
Cronista do Convento do Recife registra que eram apenas 5 os sacerdotes daquela
comunidade, sendo que Frei Roberto viajara à Alemanha e que Frei Casimiro vivia
pregando Missões e que, por isso, ficavam 3 Padres sobrecarregados de
trabalhos.
No ano de1925, vemo-lo no Convento do Recife.
O ano de 1925 foi ano que marcou a opção de
Frei Casimiro pela “Missão Permanente”
entre os operários do Recife. Com o apoio do Ministro Provincial
Frei Eduardo Heberhold, o pedido de Frei Casimiro é levado ao Capítulo da
Província que aprova ficasse Frei
Casimiro inteiramente liberado para aquela grande Missão.
Em 1926, ANO DA ABERTURA DA MISSÃO PERMANENTE: O novo
Ministro Provincial, que assumiu em 1926, Frei Cornélio Neises, é quem vai
abençoar a “MISSÃO PERMANENTE” INAUGURADA NO BAIRRO DE SANTO AMARO, NO RECIFE,
A 15 DE NOVEMBRO DE 1926. Depois, A “Missão Permanente” se estenderá ao bairro de Campo Grande.
DE 1926 ATÉ O DIA 25 DE MAIO DE 1944, ESTEVE À FRENTE DA
“MISSÃO PERMANENTE”. NAQUELE DIA DE MAIO, FOI SURPREENDIDO PELA IRMÃ MORTE, COM
76 ANOS DE IDADE, 50 DE VIDA FRANCISCANA, E 45 DE SACERDÓCIO.
Eis o que sobre Frei Casimiro escreveu um grande amigo e
admirador dele, Agamenon Magalhães:
. Agamenon Magalhães e Frei Casimiro
Entre os muitos artigos publicados na
Imprensa do Recife, a propósito do falecimento de Fr. Casimiro Brochtrup no dia
29 de maio de 1944, merece destaque o do Governador, jornalista Agamenon
Magalhães, pelo testemunho desinteressado sobre o frade amigo a quem tanto
admirava e ajudava, pelo exemplo de humildade, pelo serviço religioso e social
que mostrou em prol dos operários nos bairros de Santo Amaro e Campo Grande, e
a quem considerava grande colaborador e inspirador no projeto de reformas
sociais que o Governo empreendia, junto às populações mais carentes da Capital
pernambucana.
Inspirou-se em Frei Casimiro, como este, em Carlos Allberto de
Menezes. Mas, sem dúvida, a própria formação cristã, social e política do
Governador, dava-lhe o esteio e o impulso para as reformas que pretendia a bem
do operariado, assim como o espírito franciscano embasava e tornava criativo o
dinamismo apostólico de Frei Casimiro. Escreve Frei Romeu Peréa:
Agamenon quis, na medida do possível, ressuscitar aquilo que ainda se poderia
aproveitar da Idade Média, isto é, seu espírito, em benefício de todos, mas
sobretudo, das classes mais abandonadas, daquelas que sempre são as que mais
sofrem, e têm menos defesa, tanto nas suas pessoas, como na reinvidicação de
seus direitos, pessoais ou de classe.
Daí a criação da Vila das Lavadeiras, das Costureiras e de
tantas classes, como os Centros para operários, classes humildes, portadoras
também de direitos e merecedoras de participarem da economia de seu povo, como
membros da sociedade, garantidas, igualmente, nos seus direitos e com órgãos
para a reinvidicação de seus interesses de classe, de grupo humano, de partido,
enfim, da sociedade.
Fale o próprio Governador do que o ligava ao Missionário
Franciscano:
O APÓSTOLO
DOS MOCAMBOS
Agamenon
Magalhães
(Para a Folha da Manhã e Rádio Clube de Pernambuco)
A Cruzada Social Contra o Mocambo perdeu, com a morte de frei Cassimiro
(sic), um dos seus pioneiros. Levado pelo seu coração e pelo seu braço, é que
conhecemos a Macaxeira, o arraial mais denso e mais triste de miséria e
abandono social.
Já ele tinha erigido
ali uma igreja e uma escola. “Comece por aqui”, dizia-me frei Cassimiro, “a sua
obra contra o mocambo”. Atendemos ao seu apelo, e iniciamos a construção da
Vila das Cozinheiras. Depois a Vila dos Estivadores. Depois a Vila Popular. Depois
a Vila da Tecelagem de Seda. Depois outras vilas. As construções foram se
multiplicando, abençoadas por Deus e pelos homens, aumentando o fervor
apostólico do missionário, que não tinha medo da pobreza e que vivia os seus
sofrimentos, pobreza que ocupou cinqüenta anos de sua vida, iluminada pela
caridade e a fé.
Quando inauguramos a primeira vila da Macaxeira, a Vila das Cozinheiras, ele
nos pediu, com aquela humildade, que só os santos sabem ter, para falar ao
povo. A sua oração foi simples, dizendo, em resumo, o seguinte: “Quem pede a Nosso Senhor, não pede em vão,
os pobres souberam esperar e vão ter a sua casinha, isso era motivo para dar
graças a Deus e confiar sempre mais na sua divina misericórdia”.
Frei Cassimiro realizou o seu destino na terra e a sua obra
social e cristã continuará depois dele. A caridade de hoje será a justiça de
amanhã. Os seus olhos ainda viram esta verdade. A Macaxeira foi transformada.
Os mocambos que cercava a sua igreja e a sua escola, ele os viu cair um a um,
como viu surgirem, no seu lugar, as centenas de casas populares, que tornam
hoje aquele sítio tão festivo e tão feliz.
Depois da caridade de frei Casimiro é que surgiu a justiça do
Estado. Foi apóstolo dos mocambos. Sentiu, como nenhum outro, a aflição dos que
não tinham casa. (Grifos nossos).
* * *
Fr. Romeu Peréa reproduz, na íntegra,
o artigo publicado em jornal do Recife, artigo a que ele aludiu no Diálogo I
com Agamenon Magalhães. Creio não estar abusando da paciência do leitor
ao transcrevê-lo, para nos ajudar a compreender melhor a riqueza da pessoa e do
empreendimento social do Apóstolo dos Operários.
Ei-lo:
FAZER O ELOGIO DE FREI CASIMIRO equivale, indiretamente, a tecer
comentários, igualmente, elogiosos em torno da figura, nem sempre
compreendida, do Prof. Agamenon
Magalhães que viu logo no modesto franciscano um de seus maiores colaboradores
no Governo do Estado, sem demagogia, nem interesses particulares de espécie
alguma.
Antes do Prof. Agamenon
Magalhães começar a luta contra a moradia pobre e imunda dos mocambos,
encontrou ali frei Casimiro a moralizar aquele ambiente, levando a seus
moradores palavras de compreensão e amor, de justiça e de paz.
Abriu frei Casimiro,
por entre os Mocambos, Centros de Catecismo e improvisou Capelas de palha
suficientes para nelas reunir as crianças a fim de aprenderem o verdadeiro
sentido da vida e ficarem certas do amor que deviam a Deus, apesar de sua
pobreza, por ser Deus o único valor e riqueza que voga nesta e na outra vida.
Frei Casimiro, neste
sentido, o verdadeiro precursor da chamada Liga Social Contra o Mocambo, embora
em outro estilo como depois se continuou e levou a cabo, pois ao ilustre e
virtuoso franciscano não interessava única e exclusivamente a distribuição de casas
populares que, diga-se em sua honra, ele queria, também, mas seguindo o
critério da caridade, e não o da política interesseira e partidária.
Com outras palavras,
atendendo, de preferência, os pedidos dos mais necessitados e não o dos
privilegiados de sempre, daqueles que encontram - necessitados ou não! - um bom
padrinho.
E com a distribuição de
casas, queria também o virtuoso filho de S. Francisco a distribuição do
alimento do espírito, para aquelas almas; alimento tão necessário à alma,
quanto as casa aos corpos.
Os Centros Educativos,
por outro lado, não eram tão pouco os Centros que queria frei Casimiro,
justamente, para as finalidades de
cultura, de educação e assistência, tudo
isso com uma boa dose de catecismo, sobretudo, para as crianças.
Seu ideal, era mais
alto, talvez mais prático e menos dispendioso...
Mas, como sempre
acontece, a política prevaleceu sobre a caridade.
O resultado foi os
poderosos vencerem o frade que contava com menos facilidades, embora gozasse de
maior prestígio.
Sua missão era a de
pedir e suplicar; e a dos outros, a de mandar e ordenar, que é diferente.
Em todo caso, seu
esforço, seu sacrifício, seu heroísmo floresceram em frutos que davam na vista
de todos até o ponto de o Governador do Estado proclamá-los em artigo assinado
para a “Folha da Manhã”.
Esta, uma das atitudes
de Agamenon Magalhães para com frei Casimiro.
De outra feita,
chamou-o em Palácio para pedir-lhe que não só continuasse a colaborar com ele,
mas o ajudasse, também, na direção de sua própria consciência e,
ainda, fosse seu assessor para assuntos,
ou problemas mistos, sobretudo, os relacionados, ou mais ligados à moral e à
política.
Infelizmente aquela
orientação do virtuoso franciscano durou pouco porque a morte arrebatou o servo
de Deus do nosso convívio, sem dúvida para Deus recompensar seus méritos no
exercício do apostolado entre os pobres mais pobres do Recife - os moradores
dos mocambos.
Agamenon foi um dos que mais sentiram sua morte, pegando
reverente e emocionado no caixão do heróico religioso como se todo o Estado se
curvasse, na sua pessoa, ante a majestade da virtude do heroísmo cristão”. (Grifos nosso)
Foram surgindo novos
conventos. A prioridade era promover as vocações nacionais. Para isto foram
fundados o Colégio Seráfico de Ipuarana (Lagoa Seca / PB) em 1940, além de
Escolas Apostólicas ou Preparatórias .
Também na Alemanha foi fundado o Colégio de Bardel (1921) e a Residência de
Mettingen (1960), para mandarem vocações européias para o Brasil.
O Concílio Vaticano II promoveu ma grande reforma na Igreja. A Província
Franciscana de Santo Antônio achou por bem fechar o Seminário e as Escolas
Apostólolicas, renovando a sua pastoral vocacional.
Temos hoje, em cada Estado do Nordeste as equipes vocacionais, empenhadas em
envolver na promoção vocacional todas as Paróquias confiadas aos Franciscanos.
Uma grande esperança de que a comemoração dos 800 Anos do Carisma Franciscano
impulsione mais ainda a promoção vocacional, não somente em termos de aumento
numérico, mas sobretudo em termos de
Os
primeiros decênios da Restauração da Província Franciscana de Santo Antônio do
Brasil foram muito marcados pela falta de “mão-de-obra” para os trabalhos
apostólicos e missionários. As transferências dos frades se multiplicam à
medida do volume de compromissos que vai
aumentando sempre mais, da Bahia ao Pará. A esperança de que se multipliquem as
vocações na Europa e no Brasil faz com que o Governo da Província atenda
generosamente os pedidos dos Bispos interessados no trabalho dos frades. As
“Atas dos Frades Menores” de janeiro de 1895 ( pp. 21-22) publicam, para toda a
Ordem, a lista dos franciscanos que partiram para as Missões no Brasil nos dias
21 de junho e 14 de novembro de 1894: grande número de Sacerdotes, Clérigos e
Irmãos Leigos, entre eles o jovem Casimiro Brochtrup. As “Atas” de agosto de
1903 (pp.128-129) fornecem alguns dados estatísticos: Catalogus
Provinciarum et Custodiarum per circunscriptiones distributaram”, que
contemplam, entre outras, a Província de Santo Antônio do Brasil, com 6 Casas
(já ocupadas), 38 Sacerdotes, 6 Clérigos, 19 Leigos, Noviços – (nenhum),
Terciários (Oblatos): 3, ao todo: 66 membros. Para a Província da Imaculada
Conceição: 9 Casas, 67 Sacerdotes, 8 Clérigos, 40 Irmãos Leigos, Noviços
Clérigos: nenhum, Noviços Leigos: 3, Terciários (Oblatos):12, total: 130
religiosos. O total da Ordem no mundo era de 16.482 frades. Hoje, os frades
(Sacedotes, Clérigos, Irmãos Leigos, Noviços, Diáconos Permanentes, Terciários
(Oblatos), somam 17.064 (Cf. Acta Ordinis Fratrum Minorum. Januarii-Aprilis /
2001, pp. 71-93).
O guardião [Frei Serafim Funke] deixara
a Ordem franciscana, em 1922. A 16.II.1922 Frei Matias veio substituí-lo, como
lemos no 1º Livro de Crônica do Convento
de ipojuca.