CEMITÉRIO EM RUÍNAS
Volta às páginas dos jornais o descalabro em que se encontra o Patrimônio Natural de Maracaípe. Veja o que estampa, com grandes fotos, o JC de ontem, em sua secção "Cidades", pg. 4, da autoria de Verônica Falcão, admiradora do carisma ecológico franciscano:
"MÃE NATUREZA
DEVASTAÇÃO AMEAÇA RESERVA EM MARACAÍPE
DEVASTAÇÃO AMEAÇA RESERVA EM MARACAÍPE
Pontal de Maracaíope
Publicado em 19.12.2010, no Jornal do Commercio Cinco anos depois de tomar dos franciscanos uma reserva de 76,21 hectares em Maracaípe, Ipojuca, na Região Metropolitana da capital, a Arquidiocese de Olinda e Recife devolveu, mês passado, a propriedade sem cerca, sem porteira e com mais de 20 casas construídas irregularmente. O lugar, única unidade de conservação particular do Estado que reúne Mata Atlântica, restinga e manguezal, é ainda alvo de queimadas, desmatamento e passeios turísticos de buggy e cavalo. Sem manutenção, a estrada que dá acesso à igrejinha localizada na parte mais alta da área, de onde se avista a vegetação nativa, o mar e rio, encontra-se intrafegável. Uma das laterais do templo, devotado a Nossa Senhora da Conceição, está desmoronando. Na outra, há um cemitério onde a comunidade do entorno ainda enterra seus mortos, mas o muro que separava os túmulos da mata desmoronou. O único vigia que fiscaliza os 130 hectares da propriedade diz que não tem controle sobre os sepultamentos. Um dia desses a prefeitura veio aqui e me disse para informar ao povo que só é para enterrar se tiver atestado de óbito. Mas se chegar um bandido para enterrar alguém aí de noite, não vai encontrar dificuldades. A propriedade não tem nem porteira, alerta José Francisco da Silva, que toma conta do lugar há 15 anos. O impasse entre a arquidiocese e os franciscanos, hoje desfeito, teve início em 2005, quando o então arcebispo, dom José Cardoso Sobrinho, instituiu a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, em Ipojuca. Ele definiu que todas as terras da igreja da PE-60 em direção ao litoral, inclusive a reserva, passassem a ser da nova paróquia, pertencente à diocese. Já os imóveis religiosos existentes da rodovia estadual em direção ao continente, continuariam sendo dos franciscanos. Com isso, a reserva dos frades passou para a Paróquia de Nossa Senhora do Ó. Nesses cinco anos, três padres se revezaram à frente da paróquia, sem que nenhum tomasse conta da unidade de conservação. Eles não deram atenção ao lugar, constata o franciscano Robério Ferreira da Silva, responsável pela Paróquia de São Miguel, no mesmo município. Os frades criaram a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe em setembro de 2000. A portaria do Ministério do Meio Ambiente foi publicada no Diário Oficial da União no dia 27 de setembro. A unidade de conservação teve origem no ideário do santo italiano São Francisco de Assis (1182-1226), considerado o patrono da ecologia. Estávamos usando o local para formar, através de educação ambiental, uma geração de frades comprometidos com a conservação. Quase 20 frades chegaram a fazer cursos lá. Infelizmente, o projeto foi interrompido quando perdemos a gestão do lugar, relata frei Sinésio Araújo, idealizador da RPPN. Como esse tipo de reserva, por lei, tem caráter perpétuo e irrevogável, os franciscanos deixaram de gerenciar a área, mas a reserva não deixou de existir. O imbróglio teve fim em setembro, qu..."
Publicado em 19.12.2010, no Jornal do Commercio Cinco anos depois de tomar dos franciscanos uma reserva de 76,21 hectares em Maracaípe, Ipojuca, na Região Metropolitana da capital, a Arquidiocese de Olinda e Recife devolveu, mês passado, a propriedade sem cerca, sem porteira e com mais de 20 casas construídas irregularmente. O lugar, única unidade de conservação particular do Estado que reúne Mata Atlântica, restinga e manguezal, é ainda alvo de queimadas, desmatamento e passeios turísticos de buggy e cavalo. Sem manutenção, a estrada que dá acesso à igrejinha localizada na parte mais alta da área, de onde se avista a vegetação nativa, o mar e rio, encontra-se intrafegável. Uma das laterais do templo, devotado a Nossa Senhora da Conceição, está desmoronando. Na outra, há um cemitério onde a comunidade do entorno ainda enterra seus mortos, mas o muro que separava os túmulos da mata desmoronou. O único vigia que fiscaliza os 130 hectares da propriedade diz que não tem controle sobre os sepultamentos. Um dia desses a prefeitura veio aqui e me disse para informar ao povo que só é para enterrar se tiver atestado de óbito. Mas se chegar um bandido para enterrar alguém aí de noite, não vai encontrar dificuldades. A propriedade não tem nem porteira, alerta José Francisco da Silva, que toma conta do lugar há 15 anos. O impasse entre a arquidiocese e os franciscanos, hoje desfeito, teve início em 2005, quando o então arcebispo, dom José Cardoso Sobrinho, instituiu a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, em Ipojuca. Ele definiu que todas as terras da igreja da PE-60 em direção ao litoral, inclusive a reserva, passassem a ser da nova paróquia, pertencente à diocese. Já os imóveis religiosos existentes da rodovia estadual em direção ao continente, continuariam sendo dos franciscanos. Com isso, a reserva dos frades passou para a Paróquia de Nossa Senhora do Ó. Nesses cinco anos, três padres se revezaram à frente da paróquia, sem que nenhum tomasse conta da unidade de conservação. Eles não deram atenção ao lugar, constata o franciscano Robério Ferreira da Silva, responsável pela Paróquia de São Miguel, no mesmo município. Os frades criaram a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe em setembro de 2000. A portaria do Ministério do Meio Ambiente foi publicada no Diário Oficial da União no dia 27 de setembro. A unidade de conservação teve origem no ideário do santo italiano São Francisco de Assis (1182-1226), considerado o patrono da ecologia. Estávamos usando o local para formar, através de educação ambiental, uma geração de frades comprometidos com a conservação. Quase 20 frades chegaram a fazer cursos lá. Infelizmente, o projeto foi interrompido quando perdemos a gestão do lugar, relata frei Sinésio Araújo, idealizador da RPPN. Como esse tipo de reserva, por lei, tem caráter perpétuo e irrevogável, os franciscanos deixaram de gerenciar a área, mas a reserva não deixou de existir. O imbróglio teve fim em setembro, qu..."
NOSSO COMENTÁRIO
Votamos ao tema por um questão de compromisso com a verdade. De parabéns está o JC pela atualidade e qualidade da reportagem. Poucas vezes um tema ligado à Igreja é tratado com tanto esmero e, tecnicamente, impecável. Mas achamos por bem completar o artigo com alguns comentários que ajudarão os leitores a avaliar a quem cabem as responsabilidades na devastação da reserva de Nossa Senhora do Oiteiro.
Votamos ao tema por um questão de compromisso com a verdade. De parabéns está o JC pela atualidade e qualidade da reportagem. Poucas vezes um tema ligado à Igreja é tratado com tanto esmero e, tecnicamente, impecável. Mas achamos por bem completar o artigo com alguns comentários que ajudarão os leitores a avaliar a quem cabem as responsabilidades na devastação da reserva de Nossa Senhora do Oiteiro.
Segundo Frei Sinésio Araújo, o descaso com a área teve início com o afastamento de Frei Sinésio, idealizador e gestor da RPPM. Frei Sinésio e de seus colaboradores Frei Gilton Rezende, Frei João Pereira e os Noviços Franciscanos de Ipojuca, deixaram a reserva em situação invejáveçl. Com a criação da Paróquia de Nossa Senhora do Ó e seu desmembramento da Paróquia- mãe (São Miguel de Ipojuca), tanto os Currais de São Miguel, como Nossa Senhora do Oiteiro caíram em completo abandono.
Não valeram as preces que Frei Sinésio dirigia a Nossa Senhora do Oiteiro em seu santuário quatro vezes secular, para que defendesse a reserva. Onde falta o humano, pouco vale o divino. Videant consules.
Hoje, a administração do patrimônio constituído pelos Currais de São Miguel e Nossa Senhora do Oiteiro voltou aos franciscanos, sinal do reconhecimento do Governo Arquidiocesano da validade do trabalho dos frades nessas áreas.
Também os limites das Paróquias de São Miguel de Ipojuca e de Nossa Senhora do Ó serão reestudados.
O Vigário Frei Francisco Robério já concluíu a restauração da Capela do Oiteiro e junto a D. Fernando Saburido procura uma solução para os patrimônios ameaçados dos Currais de São Miguel e de Nossa Semnhora do Oiteiro de Maracaípe.
Também os limites das Paróquias de São Miguel de Ipojuca e de Nossa Senhora do Ó serão reestudados.
O Vigário Frei Francisco Robério já concluíu a restauração da Capela do Oiteiro e junto a D. Fernando Saburido procura uma solução para os patrimônios ameaçados dos Currais de São Miguel e de Nossa Semnhora do Oiteiro de Maracaípe.
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